Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Bancos americanos negam empréstimos para negros e latinos, mesmo contra a lei

Bancos americanos negaram mais empréstimos a negros do que a brancos para a compra da casa própria 

Manifestações violentas de grupos de extrema-direita e de supremacistas brancos em cidades como Charlottesville, na Virgínia, no ano passado, levaram a Organização das Nações Unidas (ONU) a fazer um alerta sobre o recrudescimento de uma onda de racismo nos Estados Unidos. Nas ruas isso pode ser visível. Mas as formas invisíveis são tão danosas quanto. Divulgada na semana passada, uma investigação dos jornalistas Aaron Glantz e Emmanuel Martinez na Reveal, uma publicação do The Center for Investigative Reporting, organização de jornalismo investigativo sem fins lucrativos, expôs o racismo em sua face financeira. Um levantamento feito com dados de 2015 e 2016, ainda durante o governo do presidente Barack Obama, mostra que negros e latinos recebiam mais respostas negativas do que brancos em pedidos de empréstimos feitos a bancos para compra da casa própria pelo sistema de hipoteca. Nessa modalidade, o imóvel é dado como garantia do empréstimo, o que reduz o risco de calote.




NÃO, DESCULPE
Fachada do banco Santander, em Filadélfia. Após meses, o banco negou empréstimo a Rachelle Faroul, negra, por uma conta de luz não paga (Foto: Sarah Blesener Para Reveal From The Center For Investigative Reporting)



Quando tentou novamente, um ano depois, desta vez no Santander Bank, de Boston, o processo de Faroul se arrastou por meses, sempre com pedidos de novas informações do banco. Foi então que apareceu no relatório de análise uma conta de luz não paga de US$ 284. Era de um apartamento em que ela não vivia mais. Faroul pagou a conta imediatamente, mas o banco disse que não poderia avançar.

HUMILHAÇÃO
Rachelle Faroul tem emprego e boa pontuação de crédito. Segundo a investigação, a instituição que negou seu pedido fez 90% de seus empréstimos a brancos (Foto: Sarah Blesener Para Reveal From The Center For Investigative Reporting)


A investigação baseou-se em 31 milhões de registros da The Home Mortgage Disclosure Act, lei federal que obriga os bancos a tornar públicas informações sobre empréstimos imobiliários.  

MATÉRIA COMPLETA, clique aqui




O comportamento aconteceu em pelo menos 61 regiões metropolitanas do país, como Atlanta, Detroit, Filadélfia, St. Louis e San Antonio, e ocorreu mesmo em instituições que são obrigadas pelo governo a emprestar a famílias de baixa renda. “Trouxemos para o debate uma face do racismo sobre a qual ninguém estava falando, 50 anos depois que a discriminação racial em empréstimos bancários foi proibida nos Estados Unidos por uma lei federal”, disse Glantz a ÉPOCA. “É um levantamento feito com base em 31 milhões de dados reais.” Glantz  alerta que não foram usadas informações do primeiro ano do governo do presidente Donald Trump, quando as manifestações racistas pioraram.


Quando Faroul solicitou o empréstimo, em abril de 2016, achou que reunia todas as qualificações exigidas pelo banco. Tem um diploma da Northwestern University, sua pontuação de crédito era boa e sua renda anual chegava a US$ 60 mil como professora de programação de computadores. Ainda assim, seu pedido de empréstimo inicial foi negado pela Philadelphia Mortgage Advisors, uma corretora independente, que fez quase 90% de seus empréstimos para brancos em 2015 e 2016. “Me desculpe”, escreveu a corretora Angela Tobin em um e-mail a Faroul. 

“Eu tinha uma poupança razoável, mas mesmo assim tive muitos problemas. Foi humilhante”, disse Rachelle Faroul, uma mulher negra de 33 anos, cujo pedido de crédito para comprar uma casa perto de Malcolm X Park – um bairro em Filadélfia que ganhou este nome em homenagem ao ativista que lutou pelos direitos dos negros e foi assassinado na década de 1960 – foi negado duas vezes. Nessa região da cidade, a investigação publicada na Reveal descobriu que os negros tinham quase três vezes mais chances de ver o empréstimo ser negado em relação a clientes brancos.
 

O material divulgado na Reveal mostrou que os negros enfrentaram maior resistência na busca por empréstimos em cidades do sul do país como Mobile, no Alabama, Greenville, na Carolina do Norte, e Gainesville, na Flórida – não por acaso, regiões onde mais proliferaram leis de segregação racial no passado. Já os latinos tiveram maior dificuldade em obter financiamentos em Iowa City, no estado de Iowa. Independentemente da cidade, os clientes negros que foram em busca de empréstimos para comprar a casa própria contaram histórias semelhantes à Reveal. Todas com uma série de dificuldades e obstáculos impostos pelas instituições financeiras, que pareciam mais buscar um motivo para dizer não do que liberar os recursos.


MATÉRIA COMPLETA em ÉPOCA

Nenhum comentário: