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domingo, 4 de fevereiro de 2018

A rotina do maior acampamento de sem-teto do Brasil e o fim de uma mentira: as lideranças falam em 8 mil famílias, quando lá vivem apenas 230 pessoas

Como se organiza a ocupação onde vivem 230 pessoas – e não 8 mil famílias – lideradas pelo maior expoente da esquerda pós-PT 

Num fim de tarde de um sábado de janeiro, as calçadas do Viaduto Mário Covas, em São Bernardo do Campo, estavam tomadas por homens, mulheres e crianças caminhando a pé. O viaduto corta a Rodovia Anchieta, em uma área erma da cidade incrustada na região metropolitana de São Paulo. Aqui as avenidas são largas, rodeadas por estacionamentos e fábricas. A multidão caminhava como se estivesse em procissão, espalhando-se também pelas ruas próximas. Vestiam vermelho e, em vez de cânticos, proferiam palavras de ordem. O destino de todos era o mesmo: a Rua João Augusto de Souza, único acesso a um terreno baldio de 70.000 metros quadrados da construtora MZM, onde hoje está o maior acampamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, o MTST.

De longe, do alto, o que se vê é apenas um mar de tetos de lonas pretas e coloridas potenciais residências de passagem de cerca de 8 mil famílias cadastradas na invasão, batizada Povo Sem Medo. Entretanto, apenas 230 pessoas vivem de fato no terreno. Naquele sábado, era dia de assembleia. Em meia hora, o descampado que fica aos fundos do terreno foi ocupado por cerca de 2 mil pessoas que receberam mensagens em um entre dezenas de grupos de WhatsApp de coordenadores da invasão, usados para mobilizar a turma. 

Criado em 1997, como um braço urbano do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MTST desvinculou-se do MST. É uma organização autônoma com presença em 14 estados. Oficialmente, não contabiliza o total de casas conquistadas por meio das ocupações de militantes. [o motivo salta aos olhos: o número de moradias conquistadas é mínimo e bem inferior ao 'oficiosamente' divulgado.
A propósito, manipular dados, sempre inflando-os é a tônica do movimento do agitador Boulos, tanto que transformaram um acampamento de passagem, usado por integrantes do movimento apenas para 'trânsito' - não permanecem nem por um dia ou um pernoite - são contados e o resultado apresentado como número de moradores.

O número dos que vivem por lá, na vagabundagem, é de apenas 230 desocupados, moradores de ruas;  as oito mil famílias são apenas cadastradas e muitas sequer sabem onde fica o considerado maior acampamento e há fundadas dúvidas se realmente este cadastro de oito mil é verdadeiro.]

Às 7 da noite, Joana Darc Nunes, uma das coordenadoras, subiu ao pequeno palco de madeira – que nunca é desmontado – para conduzir a reunião. 

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Depois dos cumprimentos e de algumas palavras de ordem (“MTST!”), respondidas como num jogral pelo público (“A luta é pra valer!”), ela anunciou os últimos ganhadores da rifa da festa de fim de ano. Sem microfone nem caixa de som – queimados com a mudança de voltagem da rede elétrica, puxada de um gato na rua –, convocou os ganhadores. Os prêmios eram uma colcha de casal, uma panela elétrica e duas frigideiras de Teflon. O clima era de quermesse, e as pessoas estavam arrumadas e bem-humoradas. A cada nome sorteado, ouviam-se burburinhos de comemoração ou uivos de decepção.

Apareceu um senhor de meia-idade usando chapéu de vaqueiro e uma jaqueta verde-musgo estilo militar. Ele cantava Sérgio Reis. “Toda vez que eu viajava pela Estrada de Ouro Fino...” “Chama o Caetano Veloso!”, gracejou um, fazendo menção à badalada visita do cantor, meses antes. Na ocasião, acompanhado das atrizes Sonia Braga e Alinne Moraes, Caetano foi impedido pela Justiça de se apresentar aos sem-teto “por questões de segurança”, chamando ainda mais a atenção para o acampamento, por onde passaram os cantores Criolo e Emicida e, mais recentemente, a ex-presidente Dilma Rousseff. Em outubro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também esteve lá. [fácil perceber que por lá não falta ex, nem cantor em declínio e também sobram vagabundos.]

A    ocupação é a maior de que se tem notícia na América Latina. [maior em área invadida; mas, em número de ocupantes cabe em qualquer favela da periferia de cidade pequena; lá ocorre algo parecido com as reservas de índios: milhares de hectares para dez ou quinze índios cuidarem. Desperdício puro.] São trabalhadores, mães abandonadas, desempregados, mulheres fugindo da violência doméstica, os engajados, os poucos engajados, os enjeitados, os excluídos em geral. Estão organizados com disciplina militar, rotina espartana e luta pela igualdade social herdados da cartilha socialista. Na cabeça do movimento reina Guilherme Castro Boulos, de 35 anos, formado em filosofia, pré-candidato à Presidência pelo PSOL. Como se a ocupação fosse um experimento, uma bolha de ensaio para implementar, fermentar e espalhar suas ideias, é ali também que Boulos constrói um legado político palpável junto a uma parte da população que se sente órfã de uma liderança representativa num cenário de esquerda esfacelada. Com Lula não sendo candidato, Boulos se apresenta como uma das poucas alternativas da nova esquerda pós-PT.



>> Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana

 

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