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quinta-feira, 14 de julho de 2016

O governo Temer se deu bem

Eleição de Rodrigo Maia para presidência da Câmara é uma benesse para o Planalto 

A eleição de Rodrigo Maia, do Democratas, à presidência da Câmara dos Deputados é uma benesse ao governo interino de Michel Temer. Fica maior ainda porque surgiu em meio a uma confusão na Casa, proporcionada pela renúncia do presidente afastado Eduardo Cunha, do PMDB, e após dois meses sob a gestão interina do improvável Waldir Maranhão, ainda do PP. Maia foi eleito no segundo turno, na madrugada desta quinta-feira (14), em uma disputa que começou com 12 candidatos. Havia na Casa, ainda, o resquício de que era dominada pelo Centrão, o apelidado resgatado da década de 1980 para nomear uma massa amorfa de partidos pequenos e médios, que caminhavam sob a liderança de Cunha.

Maia foi eleito em uma articulação que contou com a ajuda do Palácio do Planalto. Oficialmente, o governo repetiu – e repetirá – o clichê político de que não interferiu na disputa. Mas, como todos os governos, interferiu. Para quem observou a intervenção tosca e desastrada do governo Dilma Rousseff na eleição anterior, a do governo Temer foi discretíssima na aparência. Sem ela, Rodrigo Maia teria mais dificuldade. Ele teve os votos de seu partido e do PSDB, mas conseguiu o de muitos outros graças ao trabalho do Planalto nos gabinetes da Câmara e no telefone. Não por força do governo, mas das circunstâncias, o PT votou em Maia. Foi uma vitória inequívoca do governo, a mais importante nesse período de interinidade.

 Com Maia, Temer terá um aliado a comandar as votações, um trunfo para quem precisa aprovar matérias difíceis em pouco tempo de mandato pela frente. Rodrigo Maia é um parlamentar com opiniões alinhadas às da equipe econômica de Temer, percebe a gravidade da situação fiscal e concorda com as medidas de austeridade a serem tomadas. Será um aliado importante para votações difíceis, como a da reforma da Previdência. Tem a vantagem também de estar em um partido antigo e estabelecido, o DEM, antigo PFL, com estrutura e deputados experientes. É uma grande vantagem em uma Câmara esfacelada em 27 partidos, que vinha sendo dominada pela união de pequenos e médios. Com Eduardo Cunha incapaz de liderar como antes, essa turma custa cada vez mais caro ao Planalto. Ainda vai custar, mas sua dispersão na votação de ontem mostra que está difícil conciliar os interesses internos do grupo. Sem isso, seu poder de negociação se reduz um pouco.

Até o início da eleição, o candidato do Centrão era Rogério Rosso, líder do PSD, e também simpático ao Planalto. Rosso seria uma forma de agradar e tentar ter o Centrão fiel a governo, mas carregava o resquício de ser um aliado de Eduardo Cunha. Maia concorria com apoio dos partidos mais tradicionais. O governo frangou feio quando um pedaço do PMDB lançou a candidatura do ex-ministro Marcelo Castro: com apoio do PT e do PC do B, sua eleição colaria na testa de Temer uma derrota para Dilma; seria um possível início de ressurreição do PT. Mas Castro ficou. No final, PT e PC do B votaram em Maia, ao contrário do discurso disperso publicamente de “não votar em candidato golpista”. O pragmatismo, na política, é sempre mais poderoso.

Por isso mesmo, Rodrigo Maia não vai mudar o establishment da Câmara em sete meses. Como todos os candidatos anteriores, ele fez acordos em torno de cargos e vantagens para obter apoio dos colegas. Terá de honra-los a partir da volta do recesso, no final do mês. Como todos os antecessores, apanhará quando alguns deles forem conhecidos. Não haverá uma limpeza dos piores modos da Casa, coisa que só o eleitor pode fazer. Não será imposta uma pauta positiva, como a aprovação urgente do pacote de medidas contra a corrupção, por exemplo. A Câmara ainda tem a mesma composição, com os mesmos interesses. O que se pode esperar é uma Câmara um pouco menos instável. Menos apenas, porque o grau de instabilidade depende mais da Operação Lava Jato do que dos parlamentares.  


>> Ter nascido no Chile quase atrapalha Rodrigo Maia

 O presidente interino Michel Temer será um beneficiário da eleição de Maia. Seu aliado Eduardo Cunha, no entanto, teve outra demonstração de derrota por vir. Rodrigo Maia foi aliado de ocasião, não histórico, de Cunha. Há algum tempo defendia a renúncia de Cunha. Ao final da votação, enquanto Maia comemorava, parlamentares puxaram no plenário um coro de “fora, Cunha!”. O grito mostra claramente o destino final do pedido de cassação de Cunha, quando chegar ao plenário no segundo semestre.

Fonte: Revista Época