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terça-feira, 4 de julho de 2023

Pastor que sugeriu morte de gays abre nova guerra entre direita e esquerda

Flávio Dino, Gleisi Hoffmann e Fabiano Contarato pedem punição de André Valadão por fala em culto; 

Flávio Bolsonaro e Feliciano veem perseguição religiosa

A polêmica – para dizer o mínimo – fala do pastor André Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha, durante um culto em Orlando (EUA), na qual sugere a morte de pessoas LGBT+, detonou uma nova guerra entre direita e esquerda na política brasileira. [Opinião de um leigo  no juridiquês, e católico
- o fato ocorreu na Flórida, EUA, e certamente pelas leis locais não é crime; ao que sabemos quando é solicitada àquele país a extradição de um brasileiro ela só é concedida pelos norte-americanos se o fato pelo qual o brasileiro foi condenado,  seja considerado, pelas leis de lá, crime. Caso contrário sem extradição. Por analogia, não tem sentido o Brasil condenar alguém por ter praticado,  em solo estrangeiro, um ato que pelas leis locais NÃO É CRIME; e, 
- salvo engano nosso, no Brasil, quando certos comentários são  proferidos no interior de uma igreja durante cerimônia religiosa não constituem crime.]

Durante a pregação religiosa no domingo, 2, Valadão falou sobre “recomeçar do zero” a sociedade em relação às pessoas LGBT+. “Aí Deus fala ‘se eu pudesse, matava tudo e começava tudo de novo, mas já prometi para mim mesmo que não posso, então agora está com vocês'”, declarou o pastor na cerimônia transmitida pelas redes sociais.

Vários parlamentares de esquerda foram à tribuna do Congresso e ao Ministério Público Federal denunciar o líder religioso. “Por tudo que sou, pelo que acredito, pela minha família e por tudo que espero para a sociedade, não posso me calar diante do crime praticado por André Valadão. Vamos representar criminalmente para que ele responda por manipular a fé e incitar a violência”, diz o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato, que é gay. Na representação que fez ao MPF, ele pede a prisão de Valadão. “Pastor bolsonarista Andre Valadão tem que ser punido por incitar o ódio e ataques contra a comunidade LGBTQIA+. Não dá pra normalizar esse absurdo. Mentiu sobre Lula fechar igrejas nas eleições e continua praticando crimes. Não pode usar o nome de Deus para pregar a violência”, postou a deputada Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT [agora uma a toa, ops... atéia, quer dar palpites em assuntos de religião? Finge esquecer que o comunismo é  intimamente ligado ao demônio.].

“O suposto cristão que propaga ódio contra pessoas, por vil preconceito, tem no mínimo dois problemas.  Primeiro, com Jesus Cristo, que pregou amor, respeito, não violência contra pessoas. ‘Amar ao próximo como a si mesmo’, disse Jesus. Segundo, com as leis, e responderá por isso”, anunciou o ministro da Justiça, Flávio Dino.

Outros parlamentares, como a deputada Erika Hilton, primeira mulher trans eleita para a Câmara dos Deputados, também foram ao MPF denunciar o pastor.

Defesa
Do outro lado do espectro ideológico veio a defesa de Valadão. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), disse nesta terça-feira, 4, que o que está acontecendo é perseguição religiosa. 
 “Aos que estavam duvidando… a perseguição chegou dentro das igrejas, é o início do fim do resto que ainda tínhamos de liberdade religiosa”, disse, ecoando uma pregação que a direita fazia na campanha contra Lula.

O pastor e deputado Marco Feliciano (PL-SP) foi à tribuna da Câmara para dizer que Valadão é “um homem íntegro, um homem de família”, que “tem sido atacado covardemente pela extrema imprensa, que insiste em distorcer as falas, separam palavras” para “destruir a imagem e a reputação das pessoas”.

Criticou deputados de esquerda que atacaram Valadão, inclusive o pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), a quem chamou de “canalha”. Tentou, ainda, mostrar que Valadão citava um trecho bíblico relativo ao dilúvio e atacour qualquer outro tipo de união que não seja entre homem e mulher. “Não tem como as pessoas transigirem nesses assuntos”. E mandou um aviso a quem quer enquadrar Valadão. “Não se pode meter em assuntos de igreja”, disse.

Na segunda-feira, André Valadão, que está em Orlando, na Flórida, gravou um vídeo reagindo à polêmica e também disse ter sido mal interpretado. “Nunca será sobre matar pessoas, Deus nos livre deste terrível pecado”, declarou o pastor em vídeo publicado nas redes sociais, em que também se diz vítima de censura e “constrangimento”.

Blog Maquiavel - Revista VEJA


sexta-feira, 25 de março de 2022

O conto erótico do mendigo é o fundo do poço do jornalismo brasileiro? VOZES

Madeleine Lacsko

Identitarismo e Imbecilização

O resultado do jornalismo dominado pela lacração é veicular como se fosse notícia um mendigo contando detalhes íntimos de uma relação sexual. Mas a errada sou eu: falo mendigo em vez de morador de rua.

Chegamos a um novo patamar do jornalismo brasileiro. Em rede nacional, um mendigo narra os mais íntimos detalhes sexuais do que alega ter sido seu encontro com uma mulher casada. 
VAR de sexo no carro é o novo patamar do shownalismo. Haja credibilidade. 
Quais serão as consequências dessa história?
 
Começo supondo que não seja uma armação completa, um combinado geral para atrair atenção do público e gerar cliques. Não é difícil que o mendigo vire deputado nas próximas eleições. O brasileiro acha que ser famoso é ter sucesso, ele já ganhou esse ponto. Além disso, o Forrest Gump é preferência nacional. Contou uma história comprida e esquisita? Já vai ter uma multidão defendendo. Otário é nosso maior patrimônio.

E a mulher? A vida dela, do marido e da filha como conhecia acabou. Não tem nenhuma chance de recuperar a vida como era antes nem se ficar comprovado que toda a história era mentira ou que ela realmente tem, como aparenta a documentação legal, problemas psiquiátricos.

 
                                  Foto: Reprodução YouTube

A primeira alternativa para a mulher é mudar de país e cobrar os danos morais e materiais de quem destruiu a vida da família por lucro. Não é informação de utilidade pública, não é jornalismo. Como entretenimento de baixíssimo calão, a entrevista do mendigo é um produto excelente. Nesse mercado, no entanto, essas coisas são combinadas e a pessoa que tem perda de imagem recebe antecipadamente a compensação financeira.

Suponhamos que a mulher resolva abrir mão de todos os princípios morais ou isso tudo tenha sido uma grande armação. Ela também pode virar deputada. Pode engatar um feminismo pela liberação sexual da mulher casada misturado com um "quem dá aos pobres empresta a Deus". Se juntar a defesa da dignidade da população de rua e apelar ao privilégio e preconceito de quem a criticou, o parque de areia antialérgica não só elege como começa a namorar mendigo. Se vestir feito um, boa parte já faz.

Quais as consequências para o jornalismo?

Foi certo ou errado fazer a entrevista?

Errado não foi, só não era jornalismo. Lidar com esse conteúdo seguindo a lógica jornalística produziu uma canalhice imensa e, talvez, um enorme passivo jurídico. A indústria da baixaria tem salvaguardas para comercializar a honra e a dignidade alheias. É o que foi feito nesse caso, algo muito diferente de jornalismo.

Você vai ver uma tentativa bizarra de defesa dizendo que muita gente se divertiu com o conteúdo. Óbvio que sim. Não tem nada que venda mais do que baixaria sexual. Os vídeos bateram a casa do milhão rapidinho, como ocorre com a indústria pornográfica, por exemplo. Esse tipo de engajamento não vem de noticiário ou credibilidade jornalística, mas de fantasia sexual e bizarrice.

Existe público consumidor disso e existe essa indústria, com regras próprias. Ao posar de paladino da moral, o jornalismo se esquece de ser minimamente ético. Se você vai expor completamente a intimidade de uma pessoa a ponto de comprometer a dinâmica da família e da profissão dela, qual o motivo? No caso, dinheiro e engajamento. Essas moedas seriam aceitas pela pessoa como compensação? Ela é quem precisaria decidir, simples assim.

Eu não vou cair aqui no moralismo porque ele leva necessariamente à mais desavergonhada canalhice. "Por trás de todo paladino da moral vive um canalha", cravou o mestre Nelson Rodrigues. O conto erótico do mendigo é uma prova científica. Existe sim uma indústria da exploração da sexualidade e da intimidade, inclusive de formas bem bizarras. É o que foi feito aqui, só que da forma menos ética possível. E existe forma ética? Explico.

Você pode gostar ou não da indústria pornô, concordar ou não com a opressão e exploração das mulheres, ponderar ou não que vicia os homens jovens num tipo de sexo que não existe. Não é disso que eu estou falando aqui. Esses são julgamentos de valores e moral, eu tenho os meus sobre o tema. Mas falo de outro tema.

Digamos que alguém queira explorar comercialmente a sexualidade e a intimidade. Esta pessoa sabe que há um custo de honra e imagem a quem se expõe, é praticamente uma escolha de vida e círculo social na maioria das sociedades. Com base na viabilidade comercial e no que cada um empenha no processo, é feito um contrato que prevê compensação financeira. As duas partes, adultos que consentem, aceitam.

No caso concreto seria, por exemplo, propor à mulher exibir o filme do flagrante no carro com o mendigo e fazer a entrevista com ele em troca de uma compensação financeira acertada entre as partes. Digamos que ela pedisse um determinado valor e a empresa aceitasse. É correto? Pense antes de responder. Pode não ser coincidente com os seus valores morais, mas é correto e muito mais ético do que as reportagens feitas.

Qual seria a comparação então de algo não ético na indústria pornô? Tenho aqui o caso perfeito, que denunciei em um artigo de janeiro de 2020. Há homens ficando milionários nas plataformas pornográficas filmando secretamente abusos sexuais que cometem no transporte público. As vítimas, muitas delas menores de idade, descobrem que estão num vídeo pornô só depois que ele está no ar. Outros postam vídeos íntimos próprios e de terceiros em que a mulher não foi consultada sobre a publicação. No Brasil, os dois segmentos faturam milhões.

Sob o ponto de vista da ética, a situação é muito parecida. É possível alegar que os jornalistas não forjaram a situação entre a mulher e o mendigo. Verdade. Ocorre que forjaram entrevistas em que ele fala detalhadamente sobre a relação sexual que teria mantido com ela. Ninguém nem sabe se é verdade aquilo, mas ela ficou sabendo da exposição depois de feita, a não ser que seja tudo uma grande armação.

No caso de efetivamente ser uma grande armação, eu me rendo. Realmente escapa à minha capacidade humana de compreensão o que o jornalismo ganha com isso. Talvez seja a maior reviravolta da história da comunicação e a gente ainda fique sabendo que houve uma sacada de genialidade. Mas sinto que, infelizmente, o fundo do poço chegou e a primeira coisa é parar de cavar.

A derrocada moral das redações jornalísticas
O conto erótico que ganhou status de notícia é o resultado da ideologia que dominou o jornalismo, quase uma religião, o Woke ou Identitarismo. Você divide o mundo entre bons e maus de acordo com o grau de opressão. O valor humano vem do sofrimento.

Aqui temos, de um lado, um casal branco, evangélico e com situação financeira aparentemente estável. De outro lado, um mendigo negro. Quem representa o bem e quem representa o mal na história? Dentro da ideologia imbecilizante que tomou conta da imprensa brasileira, obviamente o mendigo está certo por ser oprimido. O casal está errado por ter o privilégio branco, apoiar o patriarcado e, pior de tudo, ser evangélico.

Agora que já dividimos a realidade entre oprimido e opressor, vem o moralismo de quinta categoria: toda proteção ao oprimido e vale tudo contra o opressor. Símbolos e estética importam mais do que ação. Eu, privilegiada, já seria apedrejada por chamar mendigo de mendigo. É ofensivo, ele é morador de rua. Quem fala morador de rua, no entanto, pode fazer um relato sexual detalhado sobre uma mulher e colocar na imprensa. Pior, ainda pode dizer que é jornalismo. Então tá.

O jornalismo está colhendo os frutos de fingir ser isento e, por isso, não ter princípios. Não existe isenção humana, existe honestidade. Você sabe quais são os princípios e valores de alguém, essa pessoa ou essa instituição deixam claro, então você sabe onde pisa. Se alguém te diz que é objetivo ou isento, pode até acreditar nisso mas, na realidade, é picareta.

A indústria da comunicação vive uma mudança gigantesca desde o surgimento da internet e, mais ainda, com a chegada das redes sociais. Aqui entra um alerta feito ao jornalismo por Daniel Boorstin, diretor da biblioteca do Congresso dos EUA, por meio do livro The Image lançado na década de 1960. "O pior inimigo do conhecimento não é a ignorância, é a ilusão do conhecimento". O jornalista brasileiro tem certeza de que entende a sociedade digital.

É uma certeza patética e que levará cada um que a acalenta a quebrar a cara. Eu sei porque quebrei. Só que tomei vergonha na cara e fui estudar para compreender esse novo universo em que vivemos. Aprender sobre redes sociais, internet, algoritmos e impulsionamento é só o início. Precisamos aprender é sobre comportamento humano, cognição e ética. Sem isso, é impossível sobreviver à mudança digital.

As redes sociais nos levam a viver em grupos. Redações são geralmente dominadas pelos canceladores, gente que acha bonito apoiar projetos de bullying virtual como Sleeping Giants por alegar que briga contra o ódio. Não vai demorar muito para todo mundo aprimorar o discursinho moralista e passar a agir como canalha. É o que aconteceu aqui.

Conhecer sobre comportamento humano é ter a consciência de quem somos e de quem gostaríamos de ser. O moralista se apresenta publicamente como se fosse quem gostaria de ser. É essa confusão que extrapola para a natureza do negócio jornalístico. Jornalismo não é uma jihad contra a opressão, é credibilidade. Por isso, o jornalista não é inerentemente bom e ético, precisa ter disciplina.

Não pense que eu agora caí na armadilha do moralismo barato também. Tenho consciência dos meus defeitos, por isso faço um reexame com disciplina. Ocorre que confundir a natureza do negócio torna o jornalismo insustentável.

Digamos que os cliques sejam necessários e seja feita uma opção por um bom polemista ou uma boa polêmica. De certa forma, é o caso. Isso é shownalismo, um tipo de negócio que atrai cliques. Ele é viável economicamente quando prevê uma série de salvaguardas. No caso dos polemistas, eles têm o limite da lei em contrato. Além disso, os editores dão a palavra final.

No caso das polêmicas, é preciso avaliar caso a caso. Se alguém sair lesado, quanto seria o passivo judicial e em quanto tempo sairia a cobrança? Seria possível negociar antes da publicação? Caso seja, compensa o lucro com a publicação?

Parece cínico e é. Só que a gente não gosta de ser pragmático, cínico, piorar o mundo para melhorar as finanças. Então, qual a opção? Não fazer? De maneira nenhuma. Faz igual só que arruma justificativa moral. Ia cair na opinião pública de qualquer jeito, ele é oprimido porque é negro, você é racista porque chamou de mendigo em vez de morador de rua.

Esse tipo de coisa nunca colou, mas calou as pessoas durante muito tempo. O medo de ser cancelado fez com que a lacração dominasse a comunicação e a publicidade. Ela se instalou, agora mostra a que veio. Nem os machistas mais antiquados e porcos da história da comunicação pensariam em expor uma mulher desse jeito. Hipocrisia é bicho que come o dono. Comeu.

Madeleine Lacsko, colunista  - Gazeta do Povo - VOZES

 

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Bolsonaro amplia isolamento e abre caminho para o impeachment após 7 de setembro - O Globo

Merval Pereira, Míriam Leitão e Malu Gaspar

Bernardo Mello Franco: Bolsonaro transforma 7 de Setembro em dia nacional do golpismo

Os movimentos do presidente ampliaram o seu isolamento político. Os ministros do STF se reuniram ontem depois dos atos e acertaram que o ministro Luiz Fux fará pronunciamento para hoje sobre a crise política. Entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) reagiram à possibilidade de não cumprimento de decisão judicial por parte do presidente. Juristas apontaram o cometimento de crimes pelo presidente em seus discursos. Pela primeira vez, a defesa de abertura de um pedido de impeachment passou a ser cogitada por partidos de fora do campo da esquerda, como o PSDB, que informou estar disposto a debater a hipótese.

Discurso do presidente:Retórica de Bolsonaro manipula termos democráticos para defender medidas autoritárias

Elite econômica se afasta do presidente
A alguns interlocutores de sua confiança, o presidente Bolsonaro havia prometido usar dois tons nos discursos. Seria mais forte em Brasília e menos em São Paulo. Fez o oposto. Foi beligerante nos dois, mas muito mais em São Paulo. O radicalismo assustou até aqueles políticos que pensavam ser possível montar uma ponte entre o presidente e os outros Poderes. Por isso o MDB falou em impeachment, o PSDB tenta superar suas divisões para defender o impedimento, o PSB, desde a véspera, já não descartava essa hipótese. Nos bastidores da política, PP, PL e Republicanos estão se queixando muito das atitudes do presidente. “E essas queixas são o primeiro passo” — afirmou uma fonte política. Uma fonte militar me disse: “O tom foi muito além do necessário, não se faz uma Nação avançar na anarquia.” No fim do dia, Bolsonaro estava mais isolado.

(Leia a íntegra do artigo de Míriam Leitão)

O Globo


quinta-feira, 20 de maio de 2021

Do FUNDO DO BAÚ da VEJA: O caso Noblat-Toffoli e a promiscuidade de Brasília

A República dos Fidalgos cercada pela ralé — nós todos!

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020

Recebi muitos pedidos para que escreva algo sobre o post publicado na madrugada de sábado pelo jornalista Ricardo Noblat em seu blog, relatando um episódio estupefaciente. Saía ele de uma festa, em Brasília, quando, disse, foi colhido por uma metralhadora de impropérios disparados por ninguém menos do que José Antonio Dias Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal, membro de um colegiado que distingue apenas 11 pessoas na República.

O ministro estaria descontente com uma opinião expressa por Noblat, que também havia defendido que ele se declarasse impedido de participar do julgamento. Reproduz o jornalista as palavras que teriam sido ditas pelo ministro (em vermelho):
— Esse rapaz é um canalha, um filho da puta.
Repetiu “filho da puta” pelo menos cinco vezes. E foi adiante:
— Ele só fala mal de mim. Quero que ele se foda. Eu me preparei muito mais do que ele para chegar a ministro do Supremo.

Comentar o quê?

.................................

Íntegra, clique aqui

Transcrito de Publicação da VEJA em 13 ago 2012,

NOTA do Blog Prontidão Total:  não sabemos a quantas anda o caso, se andou ou parou; 

Apenas a matéria do Noblat, Metrópoles, nos ativou os dois neurônios e lembramos. A atualização feita pelo ilustre Reinaldo, em julho 2020, ajudou na publicação dessa memória


segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Desespero na “resistência democrática” com alta na popularidade de Bolsonaro

Por Rodrigo Constantino


Bolsonaro é pop. E quem diz isso é o DataFolha! Sua aprovação subiu e sua rejeição despencou. A notícia é desesperadora para quem tem investido tanto contra o presidente e o governo. Tentaram de tudo: usaram a pandemia como palanque para acusar Bolsonaro de "genocida", contaram com Sergio Moro e Mandetta "lacradores" disparando contra o ex-chefe, usaram o tempo nobre da imprensa para pintar o homem como pior do que o vírus chinês. Deu tudo errado!

Mas não pensem que a "resistência democrática ao fascismo" vai rever sua estratégia - ou checar suas premissas. Não há chance de isso acontecer. Vão é dobrar a aposta, o que será o principal fator de reeleição de Bolsonaro. Seu melhor cabo eleitoral é justamente essa patota apavorada e expondo cada vez mais a própria hipocrisia.A narrativa da turma é que tudo se deve ao coronavoucher, ou seja, Bolsonaro é o novo Lula e ponto final. O discurso tangencia de leve a verdade, mas está longe de ser toda ela. O que esse pessoal não quer enxergar é que o maior cabo eleitoral de Bolsonaro é e sempre foi a mídia, a hipocrisia escancarada de quem tenta de tudo para detonar o governo lançando mão de um duplo padrão podre.

Com esses adversários, tudo que Bolsonaro precisa fazer é se manter razoavelmente calado e deixar que seus detratores se enforquem. O desespero está batendo forte, e com isso eles apelam ainda mais, o que os afunda mais ainda e ajuda Bolsonaro.
Eis, por exemplo, o método MBL de "raciocínio": 
1. vire um antibolsonarista histérico que considera até Paulo Guedes pior do que o PT; 
2. Passe o dia destilando ódio a quem vê virtudes no governo, acusando de "vendido" quem não for igualmente fanático contra o governo; 
3. Apoie até a esquerda radical e a mídia para isso; 
4. Quando der "ruim", culpe o povo "idiota" e o compare a porcos.


Em seguida, basta Bolsonaro mostrar quem são os "democratas" que se unem para combater seu "fascismo":

Enquanto isso, deixe a imprensa, em pânico, convocar um youtuber idiota que imita focas como um ícone da "resistência", dando holofote a ele em tudo que é veículo "importante", inclusive internacional. Eis o efeito prático:

O que mais Bolsonaro precisa fazer? Ah sim: poderia entender que seu silêncio, às vezes, vale ouro. Aquelas saidinhas no "cercadinho" eram um fiasco. O deputado Paulo Eduardo Martins tem um bom conselho a dar:

Diante disso tudo, até a turma da Globo terá de admitir, com bastante constrangimento, a realidade inegável:

Os inimigos do governo foram com muita sede ao pote, escancararam demais da conta seu oportunismo canalha nessa pandemia. Claro que isso teria um efeito bumerangue! Só quem ainda não entendeu nada do fenômeno que levou Trump, Bolsonaro e outros ao poder, e resultou no Brexit, poderia achar que tanta canalhice do establishment ficaria impune.

E claro, não podemos fechar sem o melhor cabo eleitoral de Bolsonaro: o  STF! Quem precisa de defensores quando aquele ministro que considera o presidente um "genocida" e um "nazista" resolve fazer uma "live" com ninguém menos do que o líder do MST, um movimento criminoso, invasor de propriedades, que atacou inclusive a propriedade de uma ministra do próprio Supremo?!

Comentei rápido sobre o caso no 3em1 desta quinta, para fechar o programa:
Sim, o Brasil cansa, não é sério, e o STF menos ainda. Com esse establishment, com esses adversários, Bolsonaro é reeleito se basicamente ficar imóvel. É uma turminha totalmente sem noção da realidade!

Rodrigo Constantino, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes


terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Um século antecipado - Merval Pereira



O que já circulava como rumor nos grupos políticos mais próximos do presidente Jair Bolsonaro, ontem virou realidade. Em entrevista ao Estadão, o articulador político do Palácio do Planalto, o ministro-chefe da Secretaria de Governo,  Luiz Eduardo Ramos, disse que uma chapa de reeleição com o ministro Sérgio Moro de vice “seria imbatível” na disputa de 2022. “Ganhava no primeiro turno, disparado”, avaliou.  Não é a primeira vez, antes de completar um ano de mandato, que Bolsonaro, que garantira na campanha ser contra a reeleição, aparece nas especulações de seu entorno, e nas suas próprias, como candidato. Mas, como costuma dizer o presidente da Câmara Rodrigo Maia, daqui a até 2002, em política, falta “um século”.

O tempo da política nada tem a ver com o calendário gregoriano, assim como o tempo da economia costumeiramente depende da situação política, e vice-versa. No momento, o governo Bolsonaro vive esse dilema. A perspectiva política é sombria em grande parte dos países, em especial aqui na América do Sul, e por isso o presidente orientou seu ministro da Economia Paulo Guedes a suspender temporariamente as reformas. Ao mesmo tempo, se a economia não reagir, “esse governo não termina”, como afirmou a senadora Simone Tebet, presidente da Comissão de Constituição e Justiça, refletindo o pensamento majoritário dos políticos.

Tudo isso para dizer que aventar a possibilidade de ter Moro como vice só serve, neste momento, para definir que o vice atual, General Hamilton Mourão, está fora dos planos do Bolsonaro. E que o prestígio popular do Moro fez com que voltasse à posição original de quase intocável.   Nesses 11 meses de governo, Bolsonaro já quis se livrar de Moro, mas verificou que seria uma perda considerável para seu apoio popular. Ele e Guedes continuam superministros, com uma diferença: tiveram que se adaptar ao estilo Bolsonaro de governar, onde qualquer observação, por menor que seja, transforma um ministro prestigiado em traidor. E as exigências de demonstrações de lealdade são permanentes. [há algum exagero no julgamento do nível de radicalização do presidente Bolsonaro, mas, é sempre oportuno lembrar que na relação ministro x presidente da República, vale o provérbio: "manda quem pode, obedece quem teu juízo".

Além do mais, 2022 está muito distante.]

Os dois são também os principais alvos do ex-presidente Lula, que também adiantou a máquina do tempo para polarizar com Bolsonaro. Já chamou Guedes de “destruidor de sonhos e de empresas públicas brasileiras”. E Moro de “canalha”.  Tanto três anos antes das eleições presidenciais é um tempo demasiadamente antecipado para avaliar a potencialidade de um candidato a presidente que tanto Ibope quanto Datafolha têm dados bastante escassos desse período em eleições anteriores. O Ibope simplesmente não faz pesquisas nesse período, e o Datafolha faz pesquisas eventuais, com um leque enorme de candidatos. Em 1999, o Datafolha fez uma pesquisa onde os candidatos do PSDB poderiam ser Mario Covas, Tasso Jereissati ou Serra. Em 2007, Serra aparecia na frente à medida que o tempo passava. Em 2015, Bolsonaro nem aparecia na listagem dos possíveis candidatos, assim como Fernando Haddad.

Paranóia
Recentemente escrevi que os deputados estavam dispostos a aprovar a prisão em segunda instância, mas, em contrapartida, aprovariam também uma lei explicitando, entre outras coisas, que a delação premiada não pode ser usada como prova.  Essa afirmação me parecia inócua, pois há decisão do Supremo nesse sentido, e orientação expressa nas cartilhas do Ministério Público. Os deputados alegam, porém, que, não estando em nenhuma lei, essa definição pode ser desobedecida a qualquer momento, de acordo com a interpretação de cada juiz.

Pois parece mais paranóia do que outra coisa. O ministro do STF Marco Aurélio Mello se encarregou de esclarecer o caso. O parágrafo 16 do artigo quarto da Lei 12850, conhecida como Lei das Organizações Criminosas, já prevê que “nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador”. O ministro Marco Aurélio foi o relator no STF quando se analisou a higidez da lei.


Merval Pereira, colunista - O Globo

LEIA TAMBÉM: Bolsonaro cogita Moro como vice em 2022 e vê chapa como “imbatível”



Jair Bolsonaro e Sérgio Moro
Superada a crise com Sergio Moro, Jair Bolsonaro tem cogitado uma chapa com o ministro como seu vice em 2022.  A aliados, Bolsonaro disse que a dupla seria imbatível nas urnas. A iniciativa tem sido apoiada pelos interlocutores do presidente.


segunda-feira, 1 de julho de 2019

Afinal quem é esse Alcolumbre?

A estreia de Alcolumbre nas ruas

Presidente do Senado é chamado de canalha


O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, já está acostumado a ser alvo de cartazes e imprecações ofensivas nas manifestações de ruas promovidas pelos seguidores de Jair Bolsonaro e do ex-juiz Sérgio Moro.

Mas David Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado, não. Jamais fora lembrado. Ontem, em Brasília, finalmente foi, segundo registro do fotógrafo Orlando Brito. Em um dos cartazes, ele apareceu como “canalha”, e Maia como “corrupto e oportunista”. [Alcolumbre responde por crimes eleitorais -  Inquérito 4353 - e Maia é acusado na Lava Jato pelo recebimento de propinas.]

[Maia é velho conhecido, filho do ex-prefeito do Rio,  César Maia - precursor do uso das fake news, com o uso do factóide - está envolvido na Lava Jata, em 2014 foi eleito por pouco e em 2018 teve setenta e mil e poucos votos;

Alcolumbre começou a carreira como vereador do AP, três mandatos de deputado federal, senador e foi eleito presidente do Senado por diferença de um voto e em uma eleição com três desistências.
Tudo indica que é um seguidor de Maia - para onde, nem ele sabe.]

Numa faixa estendida na Esplanada dos Ministérios, Alcolumbre teve a sorte de ser poupado, mas Maia, não, acusado de “bandido”. Outra faixa, essa dirigida ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal, ameaçava: “Ou intervenção ou vocês vão morrer, covardes”.  Maia e Alcolumbre atuam em parceria. Não fossem eles, a reforma da Previdência não teria a mínima chance de ser aprovada uma vez que o presidente Jair Bolsonaro pouco liga para ela. Mas nem Maia nem Alcolumbre reagiram bem aos ataques dos manifestantes. Por telefone, ontem à noite, líderes de partidos combinaram se solidarizar com os dois esta semana e defender com veemência o Congresso e a Justiça em discursos na Câmara e no Senado.

Blog do Noblat - Veja

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Bolsonaro prega união do País e repreende general Mourão publicamente - Bolsonaro chama Haddad de ‘canalha’ após proposta contra fake news



 O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, afirmou na noite desta segunda-feira, 8, ao Jornal Nacional, da TV Globo, que pretende unir o País se for eleito ao Planalto. Ele também repreendeu publicamente o vice na sua chapa, general Hamilton Mourão (PRTB). “Nós vamos pacificar e unir o povo brasileiro”, disse o candidato. Bolsonaro afirmou ainda que vai ser “escravo da nossa Constituição”.

O candidato colocou ainda o vice em saia-justa. Ao comentar declarações polêmicas de Mourão, Bolsonaro disse que “ele é general, eu sou o capitão, mas o presidente sou eu”.
Ele disse ainda que falta tato ao vice e que ele foi infeliz em falas recentes. Bolsonaro errou ainda o nome de Mourão duas vezes – o chamou de Augusto, em vez de Hamilton.

Em um aceno ao eleitorado no Nordeste, Bolsonaro disse que é uma fake news dizer que ele vai acabar com o Bolsa Família. Ele agradeceu ainda os votos “de lideranças evangélicas, do homem do campo, dos caminhoneiros, de membros das forças armadas e policiais”.  Bolsonaro se comprometeu ainda que não pretendem recriar a CPMF e prometeu isentar de pagamento de Imposto de Renda quem ganha até cinco salários mínimos.


Bolsonaro chama Haddad de ‘canalha’ após proposta contra fake news

O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, chamou nesta segunda-feira, 8, seu rival no segundo, Fernando Haddad, do PT, de “canalha” após o ex-prefeito paulistano propor um pacto contra disseminação de notícias falsas na campanha. Segundo Bolsonaro, Haddad está inventando que ele pretende taxar os mais pobres.  “O pau mandado de corrupto me propôs assinar ‘carta de compromisso contra mentiras na internet’. O mesmo que está inventando que vou aumentar imposto de renda pra pobre. É um canalha!”, afirmou em sua conta no Twitter. Desde o início propomos (sic) isenção a quem ganha até R$ 5.000. O PT quer roubar até essa proposta.”

Mais cedo, em Curitiba, Haddad disse que gostaria que Bolsonaro assinasse uma carta de compromisso contra ataques e disseminação de mentiras nas redes.  “É muito difícil se defender de uma enxurrada, um bombardeio via WhatsApp, com mentiras ao seu respeito. Não temos dinheiro nem condições para enfrentar”, declarou o petista.

Haddad também fez um apelo para que a Justiça Eleitoral seja mais rápida no combate às notícias falsas na internet. “Vamos tentar estabelecer um protocolo ético para o tipo de abordagem que vai ser feito na campanha. Uma carta de compromisso contra difamação anônima.”

Estadão Conteúdo

 







sexta-feira, 27 de julho de 2018

Bolsonaro cadete - Como foram os anos de formação de Bolsonaro em Eldorado-Xiririca, no interior de São Paulo



O passado do candidato conservador Jair Bolsonaro numa cidadezinha do Vale do Ribeira



Por volta das 11 horas de uma manhã de junho, a estrada esburacada que leva a Eldorado, no Vale do Ribeira, em São Paulo, estava vazia. Com 15 mil habitantes, a 245 quilômetros de São Paulo, a cidade se resume a uma montanha a beira-rio, cujo topo é preenchido pela típica igreja em frente à praça com nome de santa. Fundada na segunda metade do século XVIII, foi chamada primeiramente de Xiririca — uma onomatopeia guarani que imita o barulho de água corrente. O nome de batismo foi alterado para Eldorado em 1948, em referência ao ciclo do ouro, que também inspirou os municípios vizinhos de Sete Barras, onde sete barras de ouro foram retiradas da terra, e Registro, onde o ouro era registrado. 

 Jair Bolsonaro deixou Eldorado, a cidade em que foi criado, para integrar escolas militares em Campinas e em Resende. O jovem falava em ser presidente, porque à época era coisa de militar, relatam amigos - Reprodução



Não há quem não conheça Bolsonaro por ali.  Quarto maior município paulista em extensão territorial, segundo maior índice de mortalidade infantil no estado e com 40% de seus moradores com renda abaixo de dois salários mínimos, Eldorado parece ter parado no tempo, com indicadores que contradizem o próprio nome. Os homens trabalham fora, as mulheres cuidam da casa, e a diversão se limita a comer, beber, pescar e dar voltas em torno da praça. Não fosse a Caverna do Diabo, que, com 6,5 quilômetros de extensão, é a maior do estado, nenhum turista teria motivo para aparecer na cidade.

As construções antigas em ruas largas e empoeiradas são as mesmas do tempo em que o dentista prático Percy Geraldo Bolsonaro chegou de Glicério, município do noroeste paulista, com a mulher e seis filhos — o sétimo morrera pouco depois de nascer prematuro. Terceiro dos seis irmãos (Angelo, Maria Denise, Jair, Solange, Renato e Vânia), Bolsonaro, nascido em Campinas, viveu em Eldorado até os 18 anos. Saiu de lá para ingressar na Escola Preparatória de Cadetes do Exército. Só costuma voltar à cidade em que foi criado em datas festivas, para ver a família e alguns colegas com quem passou a infância e a adolescência nas escolas estaduais Professora Maria Aparecida Viana Muniz e Doutor Jayme Almeida Paiva.

                     Bolsonaro como cadete com familiares em Eldorado - Reprodução



Estão em Eldorado-Xiririca os anos de formação do político que assombra grande parte do país, enquanto arrola número significativo de simpatizantes. Candidato a presidente pelo nanico PSL, Jair Messias Bolsonaro, de 63 anos, atinge 20% das intenções de voto, postando-se como nome forte na sucessão. Com 30 anos de atuação político-parlamentar e passagem por sete partidos, Bolsonaro cultivou a polêmica para destacar-se. Entrou na política depois de ser acusado de liderar um plano para colocar bombas em quartéis como forma de pressionar a União por aumentos salariais para a tropa. Usou a fama repentina para tornar-se a voz dos militares, primeiro como vereador e depois como deputado federal.

Em 1993, mesmo no Parlamento defendia a ditadura e o fechamento temporário do Congresso Nacional. Alegava o deputado que a existência de muitas leis atrapalhava o exercício do poder e que, “num regime de exceção, o chefe, que não precisa ser um militar, pega uma caneta e risca a lei que está atrapalhando”. No ano seguinte, disse preferir “sobreviver no regime militar a morrer na democracia”. Afirmou que “a situação do país seria melhor se a ditadura tivesse matado mais gente”, incluindo na lista o então presidente Fernando Henrique Cardoso.

No início de 2000, Bolsonaro defendeu a pena de morte para qualquer crime premeditado e a tortura em casos de tráfico de drogas, afirmando que “um traficante que age nas ruas contra nossos filhos tem de ser colocado no pau de arara imediatamente. Não tem direitos humanos nesse caso”. Para sequestradores, indicava: “O cara tem de ser arrebentado para abrir o bico”. Atacou homossexuais, dizendo não admitir “abrir a porta do meu apartamento e topar com um casal gay se despedindo com beijo na boca, e meu filho assistindo a isso”. Reclamou dos que têm pouco dinheiro: “Pobre não sabe fazer nada”.

Deputado federal em sétimo mandato, fez discursos no plenário em que qualificava adversários como “canalha”, “patife”, “imoral”, “terrorista” e “delator”. Cunhou cartazes debochados quando da discussão legislativa sobre desarmamento “Entregue suas armas: os vagabundos agradecem” e desaparecidos políticos “Araguaia: quem procura osso é cachorro”. Ria com prazer ao ver seu nome associado à violação dos direitos humanos. Abertamente já defendeu a pena de morte, a prisão perpétua, o regime de trabalhos forçados para condenados, a redução da maioridade para 16 anos e um rígido controle da natalidade como maneira eficaz de combate à miséria e à violência. [controle de natalidade sem aceitar o aborto é perfeitamente correto - será baseado na prevenção sem tolerar o assassinato de seres humanos inocentes e indefesos.]

Debochou das acusações de nepotismo quando empregou parentes em seu gabinete e procura transferir prestígio para os filhos na política — Flávio, de 37 anos, é deputado estadual fluminense e candidato ao Senado; Eduardo, de 34, é deputado federal por São Paulo; Carlos, de 32, é vereador no Rio de Janeiro. Bolsonaro se refere aos filhos como 01, 02 e 03, na ordem crescente de idade.  Seu passado antes da carreira política estridente segue nebuloso. Em busca dele, ÉPOCA investigou por dois meses as origens dos Bolsonaros, flor emergente de Eldorado-Xiririca.

No fim da estrada de acesso à cidade, num posto de combustíveis, o frentista estudou com Jair Bolsonaro. “Ele era goleiro”, contou Tirço. “Ruim de bola.” Da turma, só o presidenciável ficou famoso. Os outros tornaram-se frentistas, secretárias, agricultores e donas de casa. Narcisa dos Santos, de 63 anos, mesma idade de Bolsonaro, rememorou o tempo em que o presidenciável, ainda menino, corria nu pela praça da cidade, irritado com as irmãs. “De mim ele apanhava”, disse ela. Já naquele tempo, Bolsonaro tinha uma metralhadora na língua. “Batia nele quando me chamava de gorda, baleia, saco de areia”, contou Narcisa. “Ele saía louco correndo sem calça na praça.”

O negócio do hoje presidenciável era estudar e pescar, lembrou outro colega de escola, Celso Leite. “Era quietão”, disse. “Mas já falava que ia ser presidente do Brasil, porque naquele tempo os presidentes eram militares.” Quando soldados baixaram em Eldorado à procura do guerrilheiro Carlos Lamarca, no início dos anos 1970, Bolsonaro passou a admirar o Exército — até hoje se orgulha de ter ajudado a guiar os militares pelas matas que conhecia desde criança na caça ao comunista Lamarca.

Logo na entrada de Eldorado há um quilombo com cerca de 300 quilombolas, que foi visitado por Bolsonaro em 2017. Numa palestra no Rio de Janeiro, o deputado disse que o “afrodescendente mais leve” de lá “pesava 7 arrobas” e “nem para procriador servia mais”. As declarações fizeram a PGR denunciá-lo ao STF por racismo. Ele também foi condenado pela Justiça Federal a pagar R$ 50 mil por danos morais ao Fundo Federal de Defesa dos Direitos Difusos.