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sexta-feira, 28 de abril de 2017

MP sugere que depoimento de Lula a Moro seja sob sigilo

Petista quer transformar o interrogatório em ato político

O ex-presidente Lula quer, de fato, transformar seu depoimento ao juiz Sergio Moro, remarcado para o dia 10 de maio, num grande ato de campanha política. Além de toda a movimentação da militância, o petista disse a interlocutores que gostaria que o depoimento fosse transmitido ao vivo.

Em geral, Moro disponibiliza os vídeos dos interrogatórios somente depois do término da sessão. No Ministério Público, há quem defenda que o juiz coloque o depoimento sob sigilo para evitar o aproveitamento político por parte de Lula.

Isso não deve acontecer porque Moro, desde a 1ª fase da Lava-Jato, tem se mostrado a favor da divulgação de fatos que julga ser de interesse público.  A situação de Lula se complicou muito nas últimas semanas em função dos depoimentos de Leo Pinheiro a Moro e da provável delação de Antonio Palocci. [Nesta Moro está certíssimo, ao impedir a divulgação do depoimento enquanto ocorre, optando pela divulgação só após a sessão terminar, tendo o réu se retirado do Fórum ou sido recolhido do presídio; 
inaceitável seria o depoimento do réu Lula ser transmitido ao vivo - seria fornecer holofotes para bandido.
Errado está  o MP de manter sob sigilo um processo que deve ser público - atender ao MP seria conceder àquele órgão o poder de dosar eventuais vazamentos.]

Fonte:  Mauricio Lima -Radar On-Line

 

sexta-feira, 7 de abril de 2017

O financiamento da política

É um engano achar que decisões como tirar dinheiro da União para bancar a campanha eleitoral financiam a democracia

Na terça-feira passada, o relator da reforma política na Câmara, deputado Vicente Cândido (PT-SP), apresentou à Comissão Especial que trata do tema parecer com suas propostas para o sistema eleitoral. Entre as alterações sugeridas está a criação de um fundo, diferente do já existente Fundo Partidário, destinado a financiar as campanhas eleitorais de cada candidato. À novidade tão benfazeja aos políticos foi atribuído o nome de “Fundo Especial de Financiamento da Democracia”, a ser constituído com recursos públicos previstos na lei orçamentária de cada ano eleitoral.

Além do nome, o fundo já tem o seu preço. O deputado Vicente Cândido pretende que, em 2018, sejam destinados R$ 2,185 bilhões ao “financiamento da democracia”. Às campanhas do primeiro turno seria destinado R$ 1,9 bilhão e às do segundo, R$ 285 milhões. O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), mostrou-se favorável à discussão do novo fundo. Segundo Maia, como não existe cultura de doação de pessoa física no Brasil, é preciso se discutir um financiamento público mínimo para as eleições. “A democracia tem seu custo”, afirmou o deputado fluminense.

Como foi proibida a doação de empresas a campanhas políticas e não existe a cultura de doação de pessoas físicas, busquemos – dizem esses políticos – o dinheiro nos cofres públicos. Ora, desse jeito, resolvendo o problema do custo das campanhas eleitorais com a inclusão de mais um item no Orçamento da União, não haverá incentivo à cultura de doação do cidadão aos partidos.

É óbvio que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecendo a inconstitucionalidade das doações de pessoas jurídicas para campanhas políticas criou um problema para os partidos. O que não é nada óbvio, no entanto, é que seja adotada a solução mais confortável aos políticos, de pôr mais dinheiro da União que deveria ser destinado para as prioridades do Paísnas mãos dos candidatos para que eles, sem grandes esforços, possam fazer tranquilamente suas campanhas.

Não se discute que a democracia tem um custo. Fazer campanha política custa dinheiro. Essa realidade irrefutável deve, no entanto, servir de estímulo para a democracia. A necessidade de financiar as campanhas deve levar os candidatos a sair às ruas, debater suas propostas, convencer a população e, depois, passar o chapéu para arrecadar os recursos necessários.

Longe de ser uma utopia, esse esforço de diálogo com o cidadão é justamente o custo da democracia. Quando políticos desistem desse processo de comunicação com a população, como se fosse difícil demais, eles estão na verdade desistindo de um dos elementos essenciais da democracia, que é a busca da identidade de propósitos entre os eleitores e os representantes que elegem. É um engano achar que soluções artificiais, como a proposta pelo deputado Vicente Cândido de tirar dinheiro da União para bancar a campanha eleitoral, financiam a democracia. Na realidade, essas propostas sacralizam o distanciamento da população em relação à política.

Nada de catastrófico virá se, em 2018, os políticos não tiverem tanto dinheiro para suas campanhas. Será uma ótima oportunidade para reduzir seus custos elevadíssimos e – quem sabe – devolver às campanhas alguma proximidade com o eleitor. Há muito que as campanhas políticas se transformaram em caros espetáculos, cuja suntuosidade mais parece disposta a falsear do que dar a conhecer as propostas de cada candidato.

Não há dúvida de que são necessárias mudanças no sistema eleitoral. Não são, no entanto, as alterações apresentadas pelo deputado Vicente Cândido que melhorarão a política nacional. O que faz falta, por exemplo, é o Congresso aprovar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 282/16, que, entre outros pontos, estabelece cláusula de barreira para os partidos políticos. Em vez de ampliar o acesso dos partidos aos recursos públicos, a moralização da política virá justamente pelo caminho oposto, distanciando o político da verba pública. Talvez assim ele se disponha a aproximar-se do cidadão.

Fonte: Editorial - O Estado de S. Paulo