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quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Governo sem juízo dá prejuízo - Percival Puggina

O governo Lula passou a régua no estrago e chegou à conclusão de que o prejuízo ficou maior em R$ 177 bilhões.  
Note-se que esse rombo partiu de um superavit de R$ 60 bilhões no exercício anterior. Que falta faz um Paulo Guedes![déficit atualizado: R$ 237 bilhões.]
 
Como também era de se prever, há déficit entre as empresas estatais
O ano fecha com um buraco de R$ 6 bilhões, somadas as empresas Dataprev, Eletronuclear, Emgeprom e Correios.  
As estatais, sejam federais, estaduais ou municipais são reverenciadas e estimadas pelos esquerdistas que mantêm, com elas, um amor eterno enquanto dura. 
A relação só é discutida quando seus fundos de pensão são investidos com o mesmo desmazelo com que seus companheiros tocam o país.
Durante os anteriores governos petistas, os fundos de pensão das estatais foram usados para apoiar projetos das empresas beneficiadas por dinheiro barato porque escaladas pelo governo para desempenhar o papel de “campeãs nacionais”.  
Nas últimas páginas do livro de narrativas para boi dormir em que essa estória é contada, ficou o prejuízo para os servidores que pagam a conta com aportes adicionais.

O problema dos fundos de pensão, apesar dos seus muitos dígitos, resulta pequeno diante do rombo maior ocorrido naquele período como consequência dos feitos investigados no “Mensalão” e na “Lava Jato”, hoje jogada no cadafalso do opróbrio por ter proporcionado à nação o encontro da Esperança com a Decência.

A corrupção motivou a Lei das Estatais (2016) e, nela, aos preceitos que visavam impor condições positivas e negativas rigorosas aos ocupantes de cargos de direção e de conselho dessas empresas. 
As condições positivas diziam respeito à experiência e à competência dos indicados; as condições negativas exigiam um afastamento de 36 meses de funções político-partidárias para quem fosse indicado a cargo de administrador de empresa pública ou sociedade de economia mista, bem como conselhos da administração.
 
O resultado pôde ser lido em eficiência, decência e lucratividade. Acabaram os prejuízos, os escândalos e as estatais passaram a dar lucro. Bom demais para durar. 
Quando tudo ia bem, a estação foi fechada e um viaduto judicial desviou a esperança por cima e para um lado, enquanto a decência cruzou por baixo, levada para outro lado. Bye bye!

O Supremo, no próximo dia 6 retoma o julgamento da constitucionalidade das referidas exigências derrubadas pelo ex-ministro Lewandowski em decisão monocrática. Se valer a experiência, o viaduto continuará operando.

Imagine o que estaria sendo dito se esses fatos tivessem ocorrido entre 2019 e 2022...

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.


terça-feira, 29 de agosto de 2023

Ideologia, sim! - Sílvio Lopes

               

                Verificamos hoje que nós, que defendemos valores da cristandade afinados com o espírito que nos anima enquanto criaturas de Deus, relaxamos ao ignorar, sobre nosso pensar e agir, o peso, a influência e a sedução das ideologias marxistas de combate e destruição dos seres humanos, ameaça e propósito do mal desde o começo do mundo.

O " matar, roubar e destruir" constitui, sim, e antes de tudo, poderoso arsenal de  armas diabólicas lançadas contra a criação divina, exatamente nós, eu, você. Desde a Revolução Francesa, por Antoine de Tracy, filósofo à época, o termo ideologia passou a cunhar a chamada teoria liberal ampla do indivíduo, da sociedade e da política. No seu livro "Fundamentos da Ideologia", foram praticamente lançadas as bases da libertação dos homens do ferrolho da escravidão física e intelectual.

O marxismo, de sua parte, defendeu a submissão deste, lançando-o no cadafalso da escravidão e absorção intelectual de um Estado opressor e inclemente,  sob a promessa (cínica e hipócrita) de libertá-lo das correntes do capitalismo "desumano e cruel".

Ideologia importa, sim, discutir e, se necessário - como hoje se percebe, clara e objetivamente - combater com firmeza e destemor. 
Por longo tempo evitamos sequer nos referir ao termo, como se isso o condenasse ao ostracismo e desinteresse. 
A ideologia move o mundo e pavimenta a estrada por onde milhões passaram ou estão prestes a caminhar, conscientes ou não do que irão encontrar na estação de chegada. 
Os exemplos aí estão, muitos deles próximos, outros distantes de nós. Todos, contudo, apontam e  sintetizam  para uma realidade de extrema miséria humana em todos os sentidos e dimensões de nossas vidas a que  nos conduz a ideologia de esquerda.
 
Queremos isso prá nós? Se nada fizermos, se continuarmos a desprezar o poder do mal sobre nossas vidas, nosso futuro, logo deixaremos de partilhar a sala de espera para mergulhar, inapelavelmente, nas profundezas do inferno.  
E aí nada mais irá importar senão o choro e o ranger de dentes. 
Com tristeza, constato que já vivemos, sim, esse transcendental momento em nossas vidas. 
Muitos ignoram, outros desacreditam e até há os que contestam. Seja qual for sua posição, todos nós seremos atingidos pelas consequências de nossa ação. Ou omissão. Pense nisso!

Liberais e Conservadores - O autor, Sílvio Lopes, é jornalista, economista, professor e palestrante.


sábado, 26 de março de 2022

Sobre o assunto aquele - Percival Puggina

O fato é que estamos sob censuras e ameaças. Existem questões importantíssimas a respeito das quais é perigoso falar. Quem criou isso – pasmem! – foi o ... . Esses temas, quando mencionados, acionam controles no território patrulhado das redes sociais e nas agências de checagem; ouve-se o bater de pregos no cadafalso do ... e alguns dos seus ... entram em surto.

É o caso do assunto que quero abordar, tomando as precauções necessárias, como percebem, porque não sou louco, não rasgo dinheiro e entendi os recados. Vêm daí essas lacunas que, prudentemente, estou deixando no texto, confiando em que o leitor, com o discernimento que tem, fará a sua parte. Peço que não me levem a mal pelo trabalho que lhes estou atribuindo, mas fazer o quê?

Refiro-me àquele dispositivo adicional que permite a ... dos votos. Isso está fora de questão para as próximas ... , mas nesse mundo de incertezas que se instalou no país, parece que o tema veio para ficar.

Beira as raias do inacreditável saber que o topo do poder ... até hoje não tenha percebido o efeito de sua rasgada interferência num tema de natureza legislativa e de tanto interesse para a legitimação do poder político em todas as suas dimensões. Inclusive, por tabela, para o próprio ... .

Como esquecer a substituição de quase duas dezenas de representantes partidários na CCJ da Câmara dos Deputados?  
Como esquecer que o fato ocorreu logo após a visita do presidente do ... ?  
Como esquecer que essa visita reverteu um quórum que até então era favorável à adoção das ... com o tal dispositivo adicional que permite a ... dos votos?

A extrema imprensa considerou aquilo expressão visível da independência e harmonia dos ... . Eu não. Na minha perspectiva foi um ato de invasão do espaço aéreo e terrestre de outro ... .

O que ouço no meu círculo de relações, expressa, também, o sentimento de que uma ... sem possibilidade de contagem dos ... tem significado a realização do sonho de consumo de quem organiza esses eventos. Usadas desde o longínquo ano de 1996, ano em que a GM lançou o Corsa e ano de lançamento do celular Motorola Startac de tampa e anteninha, as ... brasileiras são a segurança de ... sem possibilidade de encrenca, atraso e retrabalho. A menos que um ... resolva se instalar no meio dos computadores do ... .

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

“CRIMES” E “CRIMINOSOS” QUE MAIS PREOCUPAM O STF Percival Puggina

Outro dia resolvi listar crimes inexistentes em nosso Código Penal e que, apesar disso, tiram o sono dos nossos ministros do STF. Medidas drásticas são tomadas contra quem caia na desgraça de ser enquadrado numa dessas condutas que tanto perturbam suas excelências.

Comparados à sinistra criminalidade real e à maldita corrupção, os fatos, em si, são de pouquíssima monta, nada é sério, mas enérgicas ações de contenção são adotadas. Há gente presa preventivamente por “crimes” em virtude dos quais ninguém vai para a cadeia. Muitos comunicadores tiveram suas vidas e suas empresas devassadas por caça-fantasmas. Instalou-se no país um clima de insegurança e medo, infeliz combinação que não infunde respeito. Apresento a seguir um resumo dessas condutas que excitam a imaginação de vários ministros do nosso Supremo. Observe que todos esses supostos crimes recebem denominações com efeito publicitário, sendo fartamente utilizadas nos sites e entre a militância de esquerda.

- Milícias Digitais
A palavra “milícia” remonta à campanha de 2018 e “miliciano” foi uma das etiquetas que lhe tentaram colar no candidato Bolsonaro. Posteriormente, ressurgiu num desses inquéritos aberto no STF, que a Corte faz questão de manter aberto como intimidador cadafalso erguido na praça.

- Atos Antidemocráticos
Atos antidemocráticos são manifestações propondo o fechamento do STF ou do Congresso, são os fogos de artifício sobre o prédio do Supremo. Um povo a quem os poderes de Estado voltam as costas, sem vislumbrar saída pelo curso da política, talvez expresse assim sua inconformidade. Penso que os poderes de Estado, bem antes de abrir inquéritos, deveriam ponderar as razões desse desalento. Elas não estão na população.

- Discursos de Ódio
Discursos não são tramas de bastidores.
Existem bastidores onde se instalou um ódio que raramente aparece em discurso. É convenientemente sutil a diferença entre indignação e ódio. Tratar a tudo como “discurso de ódio”, algo criminoso, tem o poder de inibir a justa e necessária manifestação de indignação, própria das democracias.

- Desconfiança nas instituições
O sujeito que ainda hoje deposita estrita confiança nas instituições legadas pela Constituinte de 1988 pode até ser brasileiro, mas imigrou e hoje é cidadão honorário do mundo da lua.

- Negacionismo e recusa ao mandamento vacinal
O que ainda hoje não se sabe sobre a origem do vírus SARS-CoV-2, permite severas desconfianças, suspeitas e até mesmo especulações. Não é diferente em relação às vacinas. 
Por que seria visto como “ato criminoso” manifestar em público o que tanto se discute em ambiente privado? 
Afinal, não são os próprios laboratórios que mudam, eles mesmos, suas avaliações sobre eficácia e durabilidade? 
O que estão a ensinar-nos os navios de cruzeiro que chegam ao litoral brasileiro com doentes a bordo?

- Apostasia à Nobre Ordem dos Guardiões das Urnas
Se você ainda acha inusitada a pressão do STF/TSE sobre o Congresso para evitar a aprovação das urnas eletrônicas com votos contáveis na eleição deste ano, você entrou em conflito com a Nobre Ordem dos Guardiões das Urnas. E fez isso na mais radical versão desse confronto, aquela que não aceita as garantias juradas pelo grão-mestre da ordem.

***

Você tem razão. Nada há a ser dito sobre combate à corrupção. Está fora da pauta.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

quarta-feira, 19 de maio de 2021

O chanceler - Alon Feuerwerker

Análise Política

O depoimento do ex-chanceler Ernesto Araújo à Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado da Covid-19 foi, como se esperava, um exercício permanente dos senadores oposicionistas para aproximar-se do alvo definido desde o início: o presidente da República. Até o momento, nenhum dos assessores do chefe do governo cedeu. [nem cederão, não há motivos para ceder; e o general Pazuello que depôs hoje e muitos esperavam sair preso da CPI, deu uma enquadrada no presidente e no já manjado (pelas mancadas) relator Calheiros = o general solicitou, com um tom de exigência, de comando, que não fossem apresentadas perguntas simplórias.]

A administração governamental do tema vacinas aqui no Brasil está se mostrando uma peneira. Alguém terá de responder por isso ao final. [primeiro será necessário que mostrem, como provas já que interpretações não valem - a existência de vacinas disponíveis, em prazos compatíveis, aprovadas pelos órgãos competentes  e que o Governo recusou tais ofertas.] Essa é a disputa.
É óbvio que as ações do governo brasileiro na pandemia obedeceram a um comando central, mas para CPIs não basta dizer "eu acho". Tem de achar a digital. Claro que a aritmética pode tudo. Se houver seis dos onze senadores dispostos a chancelar uma tese ela estará no relatório final. Mas sem a "bala de prata" ficará mais fácil ao governo atrair pelo menos dois dos seis na hora h.

Para inverter a hoje maioria. Aliás, é preciso tomar um certo cuidado com diagnósticos a partir da combatividade demonstrada pelos senadores. É possível que em alguns casos essa combatividade com os peixes pequenos venha a servir de atenuante para a hora em que se tiver de tomar posição sobre os grandes.

Amanhã é esperado o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Ele deverá ser inquirido sobre os dois pontos nodais da CPI até agora: vacinas e cloroquina. Como tem a prerrogativa de não responder questões cuja resposta possa incriminá-lo, será pressionado mas terá como neutralizar. A expectativa maior é sobre o que Pazuello dirá a respeito de Jair Bolsonaro. Se essa couraça não for furada no depoimento do general, restará à CPI o caminho sempre mais trabalhoso de vasculhar documentos. E nesse meio tempo o governismo prosseguirá lutando para arrastar os governadores ao cadafalso.[governadores e prefeitos que formam o grande leque das 'autoridades locais' serão levados ao cadafalso e lá vão falar - a maior parte deles encheu os bolsos com dinheiro público e quando apertados vão falar - os pequenos costumam falar no primeiro aperto.
Até hoje nenhuma pergunta foi feita sobre respiradores comprados em adegas, superfaturados, entregues parcialmente e parte dos dos entregues com defeitos sérios.
Tem muita coisa a ser explicada - criminosa mesmo; até agora o que tentaram colar no governo Bolsonaro, e fracassaram, foram erros, que se justificam com o jargão = só erra,  quem trabalha.]

Alon Feuerwerker, jornalista e analista politico

 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Governos têm de funcionar - Alon Feuerwerker

Análise Política

Passada a eleição municipal e empossados os escolhidos, começa a corrida pela vaga de Jair Bolsonaro. Competição da qual participa o próprio, muito disposto a suceder a ele mesmo. As municipais são nossas “midterm”. Nos Estados Unidos, elas elegem todos os deputados, uma parte dos senadores e dos governadores. Aqui, todos os prefeitos e vereadores. O ponto médio do período de quatro anos é a largada para a eleição seguinte.

O universo da política gira sempre em torno de eleições. Daí haver certa ingenuidade (ou malandragem) quando se diz ao governante, nos diversos níveis, “desça do palanque e governe”. Mais honesto seria admitir: quem desce do palanque está arriscado a enfraquecer-se. Pior. Dada a quase impossibilidade, aqui, de o eleito trazer com ele da eleição a maioria parlamentar, se descer do palanque, aumenta o risco de ser derrubado.

Quem desce do palanque não governa, ou enfrenta imensas dificuldades, inclusive porque a periodicidade e a assiduidade das eleições exigem o reabastecimento permanente e atento da expectativa de poder, o que pede ao político alimentar uma projeção de futuro. Isso é mais fácil para quem está na oposição. Pois a pergunta “se está dizendo que vai fazer, por que não fez ainda?” vive exposta na prateleira do supermercado mercadológico eleitoral.

É sempre possível, claro, dizer que não fez ainda porque não deu tempo, porque pegou a situação com muitos problemas e precisa de mais quatro anos para completar a obra. [inevitável reconhecer que fundamentos para pedir mais tempo, e ser atendido, é o que não falta ao presidente Bolsonaro; qual dos governantes brasileiros, dos últimos 50 anos,  enfrentaram uma pandemia do porte da atual? ou mesmo uma pandemia simples? se é que existe.
qual deles ao tempo que enfrenta uma pandemia, sofre um boicote sistemático - ou sofria - do Poder Legislativo, com apoio na maior parte das vezes do Judiciário?] Esse discurso colar depende de algumas coisas, duas delas muito importantes: a vida dos eleitores estar algo confortável e haver operadores eficientes empenhados na construção da narrativa “as alternativas não são boas, com elas a coisa poderia estar muito pior”.

Mas, regra geral, quem carrega a tocha da esperança é a oposição, então o governo precisa estar sempre mostrando serviço e com uma defesa bem articulada. Para fazer do presente a ponte da esperança de um futuro mais bonito. No caso de agora, Bolsonaro precisa, em 2021, mostrar serviço nas suas duas frentes principais: a vacinação e o suporte econômico aos mais vulneráveis na pandemia. Sem isso, será alvo fácil em 2022.

Todos dizem que é provável termos vacinas em grande quantidade a partir ainda deste semestre, e que isso é certo para o próximo. Se acontecer, colaborará para “retomar a retomada” econômica (até o governo já prevê retração neste começo de ano). O que pode fazer o povo chegar à eleição com um certo alívio. Se a turma estiver vacinada e a economia crescendo, o candidato a continuar terá credibilidade para falar de um futuro melhor.

Também por isso a vitória de Arthur Lira (PP-AL) foi tão estratégica. Permite a Bolsonaro atravessar estes meses mais delicados sem estar ameaçado pela guilhotina do impeachment. Se desse Baleia Rossi (MDB-SP), apesar de todas as declarações apaziguadoras, já se estaria armando o cadafalso habitual no Brasil. Mas, vamos repetir, o governo precisa funcionar. Nada, ou quase nada (na política o “quase” é importante), pode substituir isso.

Recomendamos: Um palpite sobre o teto

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Dilma, a Afastada, agora é ré e está a um passo do cadafalso

Por 59 votos a 21, Dilma vira ré em processo no Senado

[a tendência é na votação final no mínimo 4/5 dos senadores votem contra Dilma - a votação é em aberto, o placar contra Dilma só aumenta e poucos senadores terão coragem de votar para perder.]

Senado dá penúltimo passo para encerrar mandato de Dilma

Votação na Casa determinou que a presidente afastada vá a julgamento por crime de responsabilidade. Se condenada, será afastada definitivamente [e terá que responder por todos os seus crimes, incluindo a venda da Refinaria de Pasadena, no Texas; muitos anos de cárcere aguardam Dilma e Lula - como sempre este Blog tem dito, é apenas questão de tempo, Dilma e Lula serem encarcerados.]

O plenário do Senado deu na madrugada desta quarta-feira mais um passo para sepultar o mandato de Dilma Rousseffe pôr fim definitivamente à era PT no comando do país. À 1h25, o painel eletrônico da Casa anunciou: a presidente afastada tornou-se ré e será julgada por crime de responsabilidade. Fora do Planalto desde 12 de maio, Dilma terá o mandato definitivamente interrompido se condenadae ficará inelegível por oito anos. Para tanto, são necessários dois terços dos votos do plenário do Senado, ou seja 54 dos 81 parlamentares. Os 59 votos que autorizaram o julgamento indicam, portanto, que a presidente afastada será derrotada também no último passo do processo. A derradeira fase do impeachment deve ter início no final deste mês.  É difícil encontrar em Brasília, mesmo dentro do PT, alguém que acredite na volta de Dilma ao Palácio do Planalto.

O resultado da chamada fase de pronúncia foi anunciado após 15 horas e meia de sessão – em que apoiadores da presidente afastada lançaram mão de artifícios para retardar ainda mais os trabalhos. Já sabiam que a derrota de Dilma era certa. Abusaram, como de praxe da falsa argumentação de que a presidente afastada foi vítima de um ‘golpe’. Diante da possibilidade de manobras protelatórias e do discurso a que cada um dos 81 senadores tem direito, a previsão inicial era de que a sessão desta terça se arrastasse por 30 horas. Mas integrantes da base do governo Temer tomaram medidas para acelerar os trabalhos. No PSDB, apenas o presidente da sigla, senador Aécio Neves (MG), discursou. Seguindo o exemplo da legenda, oito parlamentares retiraram o nome da lista de inscritos para discursar.

A sessão A retirada foi articulada pelo líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), que também abriu mão de falar. Além dele, os senadores Wilder Moraes (DEM-GO), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Ciro Nogueira (PP-PI), Romero Jucá (PMDB-RR), Raimundo Lira (PMDB-PB), José Maranhão (PMDB-MA) e Zezé Perrela (PTB-MG) abdicaram do direito de discursar. Já o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) aceitou reduzir seu tempo de fala de 10 para 5 minutos. Eunício afirmou que o objetivo é evitar que o julgamento de Dilma seja concluído somente em setembro. “Estamos ganhando tempo para não postergarmos isso para o mês que vem.”

As primeiras horas da sessão foram gastas na discussão de questões de ordem. Todos os pedidos foram negados pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que presidiu os trabalhos. Membros da nova oposição apresentaram oito questionamentos. Dois deles, de autoria de Humberto Costa (PT-PE) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), pediam a suspensão da sessão para que se aguardem os desdobramentos da Operação Lava Jato com base nas delações de executivos da Odebrecht. “São questões estranhas ao objeto da presente sessão. Aqui se trata especificamente de analisar a pronúncia da presidente afastada”, disse Lewandowski.

Aliados de Dilma também pediram a suspeição do relator do impeachment, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). E que fossem retirados do relatório os dados sobre o Plano Safra. Houve ainda questionamentos para que a sessão fosse suspensa até a votação das contas do governo de 2015 pelo Tribunal de Contas da União e pelo Congresso. 

Lewandowski insistiu que questões de ordem só podem ser usadas para esclarecimentos sobre o rito, e não para mudanças que podem alterar o processo. “Não caberia ao presidente do STF de forma monocrática dizer o que deve ou não ser”, afirmou.

Após quase quinze horas de discursos, incluindo meia hora para a acusação e outra meia hora para a defesa da presidente afastada, e antes da votação do mérito do parecer de Anastasia, os questionamentos preliminares da defesa foram votados em destaques.

As reclamações a respeito da pendência do julgamento nas contas da gestão petista e a suspeição de Anastasia foram unificadas em um único debate. Os senadores Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Lindbergh Farias (PT-PR), dois contrários e dois favoráveis à aprovação das preliminares, se revezaram em encaminhamentos de cinco minutos. Depois das explanações sobre os questionamentos da defesa, os senadores decidiram por 59 votos a 21 rejeitá-las e manter o texto do tucano.

Em seguida, Humberto Costa, Cássio Cunha Lima, Jorge Vianna (PT-AC) e Simone Tebet (PMDB-MS) se intercalaram em manifestações contrárias e favoráveis ao parecer de Anastasia. Por fim, o plenário do Senado decidiu favoravelmente ao texto do mineiro também por 59 votos favoráveis e 21 contrários  e tornou Dilma Rousseff ré por crimes de responsabilidade. O presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), não votou.

Mais três votações – Depois da decisão pela continuidade do processo de impeachment contra a petista ao julgamento final, outros três destaques, que poderiam alterar a acusação contra Dilma, foram votados separadamente. As votações duraram cerca de uma hora.
O plenário do Senado apreciou, nesta ordem, os pedidos da defesa para que fossem excluídos do processo as pedaladas fiscais via Plano Safra, o decreto de 29,9 bilhões de reais assinado pela presidente afastada em junho de 2015 e o decreto de 600 milhões de reais baixado pela petista em agosto do ano passado.

Nas duas primeiras votações em separado, os senadores rejeitaram por 58 votos a 22 os questionamentos da defesa e de aliados de Dilma Rousseff. Na terceira e última, o placar foi de 59 votos a 21 pela rejeição dos pedidos. Deste modo, o texto do parecer de Antonio Anastasia foi mantido integralmente.

Dilma x PT – Apesar da grita no Senado, o Partido dos Trabalhadores já pensa no pós-Dilma – sobretudo de olho nas eleições municipais de outubro. A sempre conturbada relação da petista com o próprio partido torna-se cada vez mais fria. Na semana passada a presidente afastada defendeu uma “transformação” do PT em função das denúncias de corrupção reveladas pela Operação Lava Jato e de seu próprio afastamento da Presidência. Também sugeriu que o uso de dinheiro sujo em sua campanha era um problema da sigla, não dela. Em resposta. o presidente nacional do partido, Rui Falcão, afirmou que não vê “nenhuma viabilidade” na proposta de consultar a população para a realização de novas eleições. A ideia vem sendo estudada por Dilma, que estaria preparando uma carta para defendê-la publicamente. A carta seria enviada aos senadores na tentativa de angariar votos por sua permanência. Como informa a coluna Radar, senadores que estiveram com a petista afirmam que ela está “fora da realidade” – e age como se ainda fosse possível alterar seu destino.

A nova derrota de Dilma se dá na esteira da revelação, por VEJA, de que o marqueteiro João Santana entregou ao Ministério Público na negociação de sua delação premiada um cardápio destruidor para Dilma. A principal revelação que Santana e a sua mulher, Mônica Moura, se dispuseram a comprovar é que a presidente afastada autorizou ela mesma as operações de caixa dois de sua campanha. Ou seja: não se trata de dizer que Dilma sabia do que acontecia nos bastidores clandestinos de suas finanças eleitorais, mas sim que ela própria comandava o jogo.

Votação final Atendendo a apelos do Planalto, Renan Calheiros quer dar início à etapa final do julgamento em 25 de agosto. Mas Lewandowski só pretende fazê-lo no dia 29, o que empurraria o afastamento definitivo de Dilma para setembro. Ele também já disse ao presidente da Comissão do Impeachment, Raimundo Lira (PMDB-PB), que não pretende marcar sessões no fim de semana. O Planalto pressiona pela celeridade porque Temer quer viajar para a reunião do G20 na China. no início de setembro, já como presidente da República.

A pressa do interino também atende pelo nome de Lava Jato: reportagem de VEJA desta semana revela que diretores da Odebrecht estariam dispostos a apresentar à força-tarefa documentos que comprovariam que a empreiteira entregou 10 milhões de reais em dinheiro vivo ao PMDB para a campanha de 2014. A verba teria sido pedida a Marcelo Odebrecht, então na presidência do grupo, em jantar no Palácio do Jaburu, na presença de Michel Temer e Eliseu Padilha, hoje ministro da Casa Civil. No domingo, o jornal Folha de S. Paulo informou que diretores da Odebrecht também relataram que a campanha de José Serra (PSDB), hoje ministro das Relações Exteriores, à Presidência em 2010 recebeu 23 milhões de reais da empreiteira pelo caixa dois — parte do dinheiro teria sido depositada no exterior. Em dois meses de interinidade, Temer conseguiu plantar um clima de estabilidade na política e na economia que favorece sua permanência no poder. Mas a crise é profunda e a Operação Lava Jato, irrefreável – não importa quem ocupe o terceiro andar do Palácio do Planalto.

Fonte: Revista VEJA


 

domingo, 17 de abril de 2016

Câmara define hoje o destino de Dilma - e do projeto de poder petista

Deputados votarão na tarde deste domingo se aceitam pedido de impeachment contra a presidente. Caso passe na Casa, dificilmente processo será barrado no Senado. Ainda que vença, a petista já não governará

Na tarde deste domingo, a Câmara dos Deputados decidirá sobre o prosseguimento do impeachment de Dilma Rousseff, a quarta presidente eleita desde a redemocratização do país e a segunda, depois de Fernando Collor de Mello, que pode deixar a cadeira antes do término de seu mandato, na jovem e inquieta democracia brasileira.

Um parlamentar de Roraima será o primeiro a votar. Trata-se do deputado federal Abel Mesquita Junior, o Abel Galinha, filiado ao Partido Democratas e eleito com menos de 10.000 votos. Dono de uma rede de postos de gasolina em Roraima, o deputado de primeiro mandato ri nervoso ao se ver cercado pela imprensa. "Era para começar do Sul, mas mudou. Eu vou dar o primeiro voto, né? Mas vai ser rapidinho, quero só dar um recado para o meu povo", diz ele ao site de VEJA.


Ao longo da semana que passou, o governo lançou mão de todas as armas disponíveis para enterrar o impeachment na Câmara dos Deputados. Dos discursos que qualificavam de golpe a investida contra o mandato da presidente à frenética oferta de cargos na máquina federal, como forma de cooptar apoios entre os parlamentares, nenhuma estratégia foi julgada indigna ou deixada de lado. Dilma precisa de 172 votos para barrar o impeachment. Para que o processo continue, 342 deputados devem votar pelo sim.


Dilma disse na semana passada que proporá um pacto de conciliação caso vença a batalha na Câmara. Se a vitória for acachapante, pode ser viável. Mas, se for por margem apertada - um cenário muito mais provável - talvez a presidente logo se veja às voltas com novas tentativas de abreviar sua estadia no Planalto. Terá sido uma vitória do fisiologismo, costurada não por ela, mas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passou a semana em Brasília oferecendo nacos da administração ao baixo clero do Congresso, em troca de apoio politico. O arranjo tende a ter vida breve, porque as condições objetivas que levaram Dilma ao cadafalso se mantêm inalteradas: índices elevados de rejeição popular (61% querem seu impeachment, segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha em 9 de abril), economia em crise profunda e investigações da Operação Lava Jato ainda a todo vapor.

Levantamentos feitos por VEJA e outros veículos, contudo, convergem para outro cenário, no qual os 342 votos necessários para o andamento são alcançados. Nesse caso, o processo será remetido ao Senado, onde passara por uma nova analise de admissibilidade. Vencida também essa etapa, a presidente terá de se afastar do cargo por 180 dias. Nesse período, será julgada pelos crimes de responsabilidade apontados no pedido de impeachment - crimes contra a gestão do orçamento público.

O caminho do impedimento de Dilma ainda é relativamente longo. Mas, se as sondagens estiverem corretas, começa no momento em que o deputado Abel Galinha subir à tribuna para passar "rapidinho", nos dez segundos reservados ao voto de cada parlamentar, o seu recado: "Eu sou a favor do impeachment".

Fonte: Veja

 

terça-feira, 6 de outubro de 2015

A tentativa de algemar o TCU é um motivo a mais para apressar o impeachment

A operação desencadeada para submeter o Tribunal de Contas da União à vontade dos delinquentes no poder é, simultaneamente, um tapa na cara do Brasil decente, uma afronta ao Estado Democrático de Direito e outra prova material de que segue em vigor o primeiro mandamento da seita que tem em Lula seu único deus: não há limites para a canalhice.

Imobilizar o xerife e livrar o bandido do castigo iminente ─ é essa, em sua essência, a estratégia que orienta a manobra concebida para afastar do processo o relator Augusto Nardes. É mais que uma chicana de deixar ruborizado qualquer rábula de porta de cadeia. É coisa de quadrilheiro transformado em roteirista de um faroeste à brasileira. É, sobretudo, a confissão de culpa que encerra o assunto.

Só procura mudar as regras do jogo em andamento gente que se sabe condenada à derrota. O golpe tramado no Planalto para impedir (ou ao menos adiar) o julgamento da contas de 2014 comprova que o estoque de espertezas dos bacharéis governistas se esgotou. As desculpas esfarrapadas e os álibis mambembes forjados por Dilma Rousseff e seus doutores foram demolidos pelos fatos.

Não há como contestar o conteúdo devastador do relatório do ministro Augusto Nardes. Infestadas de vigarices, ilegalidades orçamentárias e bandalheiras fiscais, as contas analisadas por Nardes seriam reprovadas até num exame de admissão ao Jardim da Infância. Decidida a permanecer no emprego, Dilma resolveu fazer o diabo para escapar da provável nota zero que vai reduzir a distância que a separa do cadafalso.

Ao meter-se na conspiração forjada para algemar o TCU, desonrou mais uma vez o cargo que ocupa e ampliou a lista de motivos para apressar o impeachment. Quem apunhala o regime democrático para esconder pedaladas criminosas não pode exercer o direito de ir e vir no coração do poder.

Fonte: Coluna do Augusto Nunes

 

domingo, 8 de fevereiro de 2015

A mídia estimula o terror?

Somos todos figurantes?

Para atingir seu potencial máximo, o espetáculo terrorista conta com nossa participação — seja como figurantes movidos pela curiosidade, seja como divulgadores do horror

Cada vez que jihadistas islâmicos divulgam na internet o vídeo de sua mais recente atrocidade, a mídia se vê diante de um dilema: cabe aos meios de comunicação o papel de mensageiros da barbárie? O quanto essa informação é essencial e devida a seus leitores, telespectadores, usuários da versão online? Ou trata-se apenas de material tóxico friamente calibrado para que nos tornemos todos cúmplices do macabro espetáculo encenado por terroristas? 

O dilema não é novo, até porque o fascínio do ser humano por tragédias da vida real parece ser insaciável. Mudaram apenas os atores. Em obra intitulada “Severed: a history of heads lost and heads found” (em tradução livre, “Decapitado: história de cabeças perdidas e achadas”), a antropóloga americana Frances Larson faz uma oportuna incursão em tema mais do que atual. 


Ao longo de séculos, o cadafalso foi o palco por excelência onde vida e morte eram encenados pra valer, escreve Larson. A ponto de Edmund Burke ter observado, em meados do século 18, que o público de uma peça teatral trágica sempre sairia correndo da sala se pudesse assistir a uma execução real em praça pública. “Hoje”, diz a autora, “a internet nos permite assistir às execuções mais macabras como se estivéssemos sentados nas primeiras fileiras".

No passado, eram essencialmente os criminosos que tinham as cabeças decepadas. Hoje, são criminosos que decapitam, fuzilam e imolam inocentes da forma mais espetaculosa possível. A escalada da brutalidade e a dimensão do dilema da mídia só têm aumentado desde a resposta do Ocidente ao atentado do 11 de setembro.

Em 2002, quando o repórter do “Wall Street Journal" Daniel Pearl foi feito refém no Paquistão e o vídeo de sua decapitação começou a circular na internet, apenas um semanário de Boston forneceu a seus leitores o link de acesso à cena ao vivo. Foi ruidosamente criticado. Dois anos mais tarde, a agência noticiosa Reuters colocava no ar a íntegra do vídeo da execução do segundo refém americano, o engenheiro Nick Berg. Causou barulho menor.

Paralelamente, o site do grupo terrorista al-Qaeda, primeiro a veicular as imagens da decapitação de Berg, teve de ser fechado pela empresa da Malásia que o abrigara — não por pruridos humanitários, mas por excesso de tráfego. O vídeo da execução liderou a lista dos tópicos mais procurados no Google, Lycos e Yahoo durante uma semana inteira, à frente de “American idol”. 

Com o tempo, também a grande imprensa e as redes noticiosas de televisão passaram a veicular algumas cenas editadas de novas execuções. Mas se abstinham de incluir o desfecho, deixando que hordas de internautas satisfizessem a curiosidade caçando o link certo na privacidade de suas casas. 

Esta semana o dique foi rompido. A Fox News, canal noticioso de maior audiência nos Estados Unidos, exibe em sua página na internet a íntegra do vídeo da execução mais sádica já perpetrada pelo grupo Estado Islâmico — a do piloto jordaniano Muadh al-Kasabeh. Seu caça F-16 caíra em território sírio controlado pelos jihadistas do EI e na terça-feira ele foi queimado vivo, enclausurado numa jaula de ferro. “O fato de podermos dar às pessoas a opção de verificar por conta própria a barbárie do EI nos pareceu mais forte do que as legítimas objeções à natureza gráfica do vídeo”, declarou o editor-executivo da Fox, John Moody, justificando a decisão da empresa. Foi a primeira vez que o canal, fortemente alinhado com a direita, deixou de levar em consideração o impacto das imagens sobre a família, amigos, colegas, opinião pública no país da vítima. Coincidência ou não, desta vez o refém não era americano. 


A perplexidade dos especialistas não foi pequena. “É exatamente o que o EI queria. Esses grupos precisam de uma plataforma. Precisam da mídia para disseminar o terror (...), aterrorizar as mentes das pessoas globalmente”, sustenta o diretor do instituto Terror Asymmetrics Project on Strategy, Tactics and Radical Ideology, ouvido pelo diário “The Guardian".

Desta vez conseguiram o impacto emocional desejado, embora com desdobramentos políticos e militares talvez indigestos. O vídeo definido por um membro do governo da Jordânia como “pornografia em alta definição” é quase um média-metragem: tem 22 minutos de duração. Foi realizado com esmero cinematográfico.  Tem roteiro, faz uso de mais de duas câmeras, funde efeitos especiais com cenas reais, alterna planos abertos e fechados, slow motion e travellings, som direto e efeitos sonoros, insere cartelas, mapas Google, sequencias em cor e preto e branco. 

Tudo é minuciosamente encenado, com todos os participantes desempenhando um papel. Inclusive a vítima. Coube ao refém fazer a narração detalhada de sua missão de bombardeio, desde a decolagem de uma base aérea na Jordânia até a queda do F-16 perto de Raqqah, quando Muadh se ejetou do avião, caiu no Rio Eufrates e foi capturado.
A locação de sua execução foi escolhida a dedo: entre as ruínas dos prédios que ele e sua esquadrilha teriam bombardeado. Com flashes de bebês e adultos calcinados, o piloto é filmado perambulando entre os escombros como que a refletir sobre seu destino. 

A execução pelo fogo só começa no 18º minuto. Ela dura 180 intermináveis segundos e não merece ser descrita. Ao final, um texto em árabe e inglês oferece uma recompensa de 100 dinares de ouro (perto de R$ 55 mil) para quem matar algum dos pilotos da missão de Muadh, cujos nomes, fotos e endereços são listados.

Para atingir seu potencial máximo, o espetáculo terrorista conta com nossa participação — seja como figurantes movidos pela curiosidade, seja como divulgadores do horror. Não faltarão novos testes de elenco. Segundo fontes de inteligência dos Estados Unidos, ainda há perto de 20 reféns estrangeiros em mãos do Estado Islâmico. 

Na sexta feira, os jihadistas espalharam a notícia conveniente (para eles) de que um dos bombardeios jordanianos destinados a vingar o piloto imolado teria causado a morte da agente humanitária Kayla Mueller, americana de 26 anos, capturada 18 meses atrás.


Por: Dorrit Harazim é jornalista