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domingo, 29 de outubro de 2023

O preço da omissão - Percival Puggina

        Faça o teste: pense em um bem não material pelo qual você tenha apreço e verifique se ele não é combatido por esquerdistas e comunistas, ou seja, por gente de mentalidade revolucionária que se diz “progressista”. Depois, pense em algo útil à ascensão social dos mais necessitados e me diga: as mesmas facções políticas que combatem seus valores e seus bens culturais e espirituais, não atacam tudo que proporciona prosperidade material e desenvolvimento social – liberdade, empreendedorismo, combate às drogas e à criminalidade, abertura de horizontes?

Você sempre os verá em salas de aula à moda Paulo Freire, olhos postos no coletivo, na instrução de militantes da classe ou da causa, sejam elas quais forem. Por isso, o Programa Nacional de Educação está convocando para 28 a 30 de janeiro, em Brasília, a conferência “Plano Nacional de Educação 2024-2034: Política de Estado para garantia da Educação como direito humano com justiça social e desenvolvimento socioambiental sustentável”.

Fala sério! “Política de Estado”? “Justiça social”? “Desenvolvimento socioambiental”? E as nossas crianças e jovens? E sua formação? 
E o desenvolvimento proveitoso das potencialidades individuais para o bem deles mesmos, de suas comunidades e do país? 
Perceberam o quanto isso é atirar o futuro aos cães, para colocar todo o aparelho educacional a serviço do palavrório ideológico e dos interesses de um partido político e seus anexos? 
Quanto isso é igual ao que acontece em Cuba!

Platão dizia que a mentira é mãe de todos os vícios, mas deveria abrir espaço para apontar a omissão dos cidadãos como vício da tolerância perante os males proporcionados pelo Estado.

Pensando sobre o tamanho de nossa omissão, dei-me conta, outro dia, de ser ela uma das causas para que tantos congressistas, uma vez eleitos, saltem olimpicamente sobre os compromissos assumidos perante os eleitores e se bandeiem para a porta do Tesouro Nacional. Representantes de eleitores omissos, omissos serão, ora essa!

O Brasil tem 150 milhões de eleitores. 
Mesmo em nossas mais impressionantes manifestações levadas a cabo entre 2019 e 2022, quando cerca de seis milhões de cidadãos saíram às ruas e praças do país, 144 milhões assumiram que aquilo não lhes dizia respeito. 
Para cada patriota de verde e amarelo, outros 96 ficaram em casa assistindo futebol. 
No pleito de 30 de outubro do ano passado, 32 milhões de eleitores se abstiveram, 3,9 milhões anularam o voto e 1,7 milhão votou em branco.

A inércia que observamos no Congresso não é diferente da que vejo na sociedade. Por isso, a tarefa mais urgente das organizações liberais e conservadoras em formação no país deve ser a conscientização sobre as sinistras evidências dos males em curso. E a definição, em cada comunidade, das formas legítimas de ação social, política e cultural.

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

 Deputados querem equiparar pet aos seres humanos

Projeto de lei, assinado por parlamentares do PP e do Patriota, se refere apenas ao caso de falecimento de cães ou gatos. Ainda não há previsão para o texto ser votado na Câmara

Diante da proximidade da relação entre pets e seres humanos, deputados propuseram que o funcionário sob o regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) tenha o direito à licença do trabalho em caso de morte do animal de estimação. No Brasil, atualmente, essa regra vale para celetistas nos caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua carteira de trabalho e previdência social, viva sob sua dependência econômica.

A esse direito, dá-se o nome de Licença Nojo. No caso do projeto de lei, haveria um acréscimo para que o falecimento de pets seja incluído na lista de direitos à licença. O texto, protocolado pelos deputados Fred Costa (Patriota-MG) e delegado Bruno Lima (PP-SP), encontra-se ainda nas suas fases iniciais de tramitação, sem previsão para ser votado.

Em perspectiva parecida com que a CLT interpreta o óbito de algum parente próximo, o projeto diz ser necessária a licença para que os trabalhadores e tutores de pet possam lidar com o luto e também resolver as questões práticas relativas à morte do animal.

Ao citar as leis trabalhistas, o projeto assume existir um paralelo entre a licença em caso de morte de cônjuge, ascendente, descendente ou irmãos com os pets.

"Podemos fazer um paralelo, respeitadas as devidas proporções, com o falecimento do cachorro ou do gato de estimação. Além das questões burocráticas que a pessoa deve resolver quando houver um falecimento do seu pet, como entrar em contato com uma clínica veterinária ou com o Centro de Zoonose da cidade para fazer uma incineração, (...) a pessoa entrará em processo de luto", diz a justificativa do PL. [o paralelo vai depender muito do valor, ou do desprezo, que o individuo beneficiado pela morte do cachorro ou do gato tenha pelo seus parentes. 
Afinal, a Suzane von Richtoffen , ou o casal Nardoni e outros do tipo certamente , valorizam um cão ou um gato do que os pais ou uma filha.]
 
Política - Correio Braziliense

quarta-feira, 2 de março de 2022

Os pets no agronegócio - Evaristo de Miranda

Revista Oeste

A introdução dos cães, sobretudo pelas mãos dos jesuítas, inaugurou um novo tempo de sono e vida mais tranquila para os índios

Diferentes tipos de raças - Foto: Shutterstock


Bom pra cachorro!
Expressão popular brasileira

Durante séculos, o sono dos indígenas foi leve e conturbado. Animais selvagens, predadores, grupos inimigos e ameaças de todo o tipo os impediam de dormir profundamente. Era preciso estar vigilante. Suas noites só começaram a ser tranquilas com a chegada de uma nova tecnologia: os cachorros europeus. Sua capacidade excepcional de detectar intrusos e ameaças pelo ruído e pelo olfato, de latir e dar sinais nas proximidades das aldeias e de até atacar invasores transformou o sono e as noites nas redes e nas tabas.

Talvez não tenham sido facões, machados ou anzóis, as tecnologias portuguesas mais amplamente desejadas e adotadas pelos indígenas brasileiros. Foram os cães, mais úteis do que o impenetrável e irreprodutível metal dos europeus. Cães primitivos existiam na América do Norte. Eles acompanharam as migrações das diversas levas de humanas pelo Estreito de Bering, como atestam registros arqueológicos. Sua chegada à América do Sul foi mais tardia (entre 5000 e 2500 a.C.). E ficaram restritos a áreas agrícolas dos Andes, com alguma rara presença na Pampa.

As raças pré-colombianas desapareceram rapidamente com a chegada dos cães europeus. Até hoje não há uma explicação científica satisfatória sobre seu desaparecimento brusco e sua substituição por cães europeus. Uma coisa é certa: os cães europeus também conquistaram a América.

No Brasil, era diferente. Os índios não possuíam cachorros e não há vestígio de cães domésticos até a chegada dos portugueses. No século 16, a expansão territorial dos tupis ainda não estava consolidada, após a extinção de sambaquieiros e de outros povos no rastro de seu avanço. As guerras entre tribos eram marcadas pela antropofagia. Mulheres e crianças eram vítimas: fáceis de capturar, imobilizar e transportar, mais indefesas do que os guerreiros. Buscar água ou brincar longe das aldeias era um risco enorme. A vida real das mulheres e das crianças indígenas era talvez distante da mítica visão paradisíaca apresentada por alguns.

A introdução dos cães, sobretudo pelas mãos dos jesuítas, inaugurou um novo tempo de sono e vida mais tranquila para os índios. Em caso de aproximação de guerreiros inimigos, de dia ou de noite, os cachorros davam sinal e até atacavam potenciais agressores. O cão foi integrado nas tribos como o primeiro mamífero doméstico. E o mais extraordinário deles: capaz de seguir os passos do dono, obedecer a ordens e cumprir tarefas. Nessa intimidade é comum, ainda hoje, as índias amamentarem cães em seus seios ou prepará-los assados como alimento.

Os índios descobriram sua eficiência cinegética, caçando sozinho ou em matilha. O cão mudou as técnicas de caça, e até ritos de captura da onça, antes atraída para armadilhas no solo, como indicam relatos jesuíticos. Sua capacidade de farejar, perseguir e acuar as onças no alto das árvores era uma novidade. Nunca mais o índio se sentiu num mato sem cachorro.

O número de pets cresce em média 2% ao ano, acima da taxa de crescimento da população

O cão (Canis familiaris) é um mamífero carnívoro da família dos canídeos. Para a ciência, o cachorro descende de populações do lobo eurasiático (Canis lupus). Todo cão, independente da raça, é descendente longínquo de lobos selvagens e primo dos coiotes. Mesmo o mais miniaturizado, como os carregados por senhoras em suas bolsas, é descendente de um lobo. E, pela etimologia, o Canis infiltrou-se em canícula, canalha, cinismo…

Os cães são naturalmente prolíficos. Cada ninhada tem em média de seis a oito filhotes. Cios são frequentes. Fêmeas aceitam muitos machos. Às vezes, a ninhada tem filhos de vários pais. O intervalo entre partos é pequeno e permite duas crias por ano. O sucesso reprodutivo dos cães garantiu sua expansão entre as tribos. Chegaram às aldeias remotas, cujo contato com brancos só ocorreria séculos mais tarde. E prossegue a seleção canina. A Confederação Brasileira de Cinofilia lidera é a cinofilia nacional, com mais de 150 mil animais registrados

No Brasil, entre os principais animais de companhia estão os cães. São 56 milhões, a segunda maior população canina do mundo. Em segundo lugar, estão 41 milhões de aves canoras e ornamentais. Gatos somam 24 milhões e têm o maior crescimento: mais de 3% ao ano. A população de peixes ornamentais é da ordem de 19 milhões, e os pequenos mamíferos, répteis e outros animais totalizam 2,5%.

Se em sua casa tem cachorro, gato, peixinho no aquário ou passarinho numa gaiola, você integra o segmento do agronegócio dos animais de companhia. O chamado setor pet do agronegócio está relacionado ao desenvolvimento das atividades de criação, produção, comercialização e cuidados para mais de 145 milhões de animais de estimação existentes no Brasil.

Os animais de estimação são criados para o convívio com humanos por razões principalmente afetivas. Eles têm como destinações principais: companhia, lazer, terapia, auxílio a portadores de necessidades especiais, esportes, segurança, torneios, exposições, conservação, socorrismo e trabalhos especiais. O número de pets cresce em média 2% ao ano, acima da taxa de crescimento da população.

Graças às bases industriais do agronegócio brasileiro, à organicidade crescente de suas diferentes atividades produtivas e à reciclagem de seus produtos e resíduos, a maioria dos animais pode receber o que há de melhor em nutrição, medicina veterinária, alojamento, canis, transporte, identificação, treinamento e bem-estar animal. Por obra do agronegócio, sobretudo para os cães, a vida anda boa pra cachorro.

O agronegócio pet registrou um bom crescimento em 2021. O lockdown e o isolamento social impostos recentemente levaram os tutores de animais a uma maior proximidade com seus pets e a demandar mais alimentos completos e balanceados, cujo consumo cresceu 8% em 2021. Até alimentos vegetarianos para cães são produzidos para respeitar convicções de seus donos. Segundo o Instituto Pet Brasil (IPB), em 2020, o conjunto do mercado pet registrou crescimento de 13,5%, com faturamento de R$ 40 bilhões. Em 2021, o crescimento foi de 22% e o faturamento ultrapassou R$ 50 bilhões.

Simplificadamente, três áreas compõem esse mercado: alimentação animal (pet food) representa 73% do faturamento; produtos veterinários (pet vet) alcançam 19%; cuidados e bem-estar animal (pet care) somam 8%. Pequenos e médios pet shops são o principal canal de acesso aos produtos e representam quase metade das vendas do setor (48%); seguidos por clínicas e hospitais veterinários (17,9%); lojas agropecuárias (10,2%); varejo alimentar (8,9%); pet shops de grande porte (7,4%); e-commerce (5,4%); e outros, como clubes de serviço, lojas de conveniência e hotelaria (2,2%). Em 2020, as empresas do setor pet ultrapassaram 272 mil estabelecimentos, segundo a Abinpet. Todo o setor se aproxima a 0,4% do PIB brasileiro.

Os cães deixam cada vez mais o quintal para viver dentro das casas. Até em razão da verticalização nas cidades e da vida em apartamentos. Animais de estimação são considerados parte da família. Muitos casais sem filhos ou pessoas idosas, cuja expectativa de vida aumenta, buscam a companhia de um pet. Ao reduzir a solidão, os pets assumem outras dimensões na vida das pessoas. Cães participam de tratamentos terapêuticos, acompanham o humano em sua existência e, em muitas culturas, guiam na morte, como psicopompos (Anúbis, Cérbero, Xoloti…). Presentes na vida de santos, os cães inspiram a vida espiritual.

Por milênios, em sua interdependência crescente, cães e humanos compartilharam comidas, doenças, ócio, trabalho, inimigos e ameaças. Filhotes foram trazidos para dentro das cabanas e das cavernas. E o simétrico foi sonhado: lobos amamentando humanos, desde a fundação de Roma até Mogli, o menino-lobo. Sem falar em lobisomem, Lassie ou Rin Tin Tin. E a fecunda parceria prossegue no campo e na cidade. No agronegócio brasileiro, a caravana passa e os cães vão junto. Felizes e bem tratados.

Leia também “De tudo um porco

Evaristo de Miranda,  colunista - Revista Oeste


sábado, 18 de dezembro de 2021

Robôs armados: o sonho e o pesadelo - Revista Oeste

Spot, o cachorro robô | Foto: Boston Dynamics
Spot, o cachorro robô - Foto: Boston Dynamics 

Se você pensou em adquirir um robô desses, sinto muito. O vídeo acima é uma encenação produzida por um estúdio de efeitos especiais. Mas o conceito, mesmo que fictício, fica valendo: um “policial” ou “segurança” que obedecem a todas as nossas ordens, é infalível, indestrutível, capaz de acertar no alvo correto com um único tiro, sem que nenhuma bala se perca. E incapaz de agir por impulso, nervosismo ou falha.

É bom ir se acostumando com a ideia. O processo ainda está no início, mas é irreversível. A combinação de robôs e armas já é uma realidade. Veja o exemplo do “cão robô armado” apresentado recentemente numa feira de artigos militares e de segurança realizada em Washington.

Este é um modelo ainda sem nome do “robô quadrúpede” Vision 60, construído pela Ghost Robotics e equipado com uma arma da Sword International. A arma possui zoom 30X, câmera termal e alcance de 1.200 metros. Eles já estão sendo testados pelos militares americanos. Segundo o site The Verge, esse cachorrão mecânico mal-encarado está patrulhando o perímetro da base Tyndall, da Força Aérea. A ideia inicial dos militares foi usar o robô para vigiar locais que não são “desejáveis para seres humanos nem veículos” — como o pântano da Flórida, onde está localizada a base.

Enxames de drones
O futuro desses robôs militares inclui funcionar como torres móveis de sinal de celulares, desarmar bombas e detectar armas CBRN (químicas, biológicas, radiológicas e nucleares). Ou simplesmente dar tiros. A empresa Boston Dynamics se nega a desenvolver robôs letais. Outras, como a Ghost/Sword, não enxergam problema nisso e projetam seus Laws — sigla em inglês que significa Sistema de Armas Autônomas Letais, ou simplesmente “robôs matadores”.

Robôs já estão fazendo entregas, fritando batatas em lanchonetes, escrevendo peças de teatro e artigos para a imprensa, realizando shows de humor stand up ou simplesmente passeando nas ruas, causando espanto nos cães de carne e osso.

Que os robôs se tornassem armas, era uma questão natural e inevitável. Tão natural e inevitável quanto provocar uma reação de medo. E se os robôs armados fugirem ao controle, como na série de filmes O Exterminador do Futuro?

O lendário secretário de Estado americano Henry Kissinger lançou recentemente um livro se opondo à crescente entrega dos mais poderosos arsenais a sistemas de inteligência artificial. É uma perspectiva de tirar o sono. O pesadelo pode tomar a forma do país A atacando o país B com uma nuvem de drones armados conectados com aviões e navios também funcionando por inteligência artificial. Tudo isso combinado com um ataque de hackers aos sistemas de defesa do inimigo. Essa possibilidade militar é tão arrasadora que pode levar o país B a usar seu próprio sistema automático de defesa para um contra-ataque preventivo e… estabelece-se o caos.

O homem que salvou o mundo
O que nos faz lembrar de Stanislav Petrov. Você provavelmente nunca ouviu falar de Stanislav Yevgrafovich Petrov. Mas estamos vivos em parte por causa dele.

Petrov era um operador de radar das Forças Armadas da União Soviética. Em 26 de setembro de 1983, ele observou no radar que aparentemente um míssil americano havia sido disparado em direção à Rússia, seguido por cinco outros foguetes.

Sua obrigação como militar era avisar imediatamente o fato a seus superiores. O protocolo era claro: em caso de ataque nuclear, a URSS deveria responder com um ataque maciço de seus próprios mísseis em direção aos EUA e seus aliados. Que responderiam da mesma forma e, assim, a civilização estaria extinta, assim como a vida no planeta Terra.

Mas Stanislav Petrov sentiu que havia algo errado. Se os americanos estivessem atacando mesmo a União Soviética, por que usariam apenas seis mísseis? Ele decidiu esperar por mais alguns angustiantes minutos antes de dar o alerta ao Kremlin. E então os supostos “mísseis americanos” sumiram de seu radar. Era apenas um falso alarme, provocado por um fenômeno meteorológico. Os minutos de hesitação de Petrov se tornaram o exemplo mais clássico da diferença que faz o fator humano numa situação tensa e letal ao extremo. Um sistema de inteligência artificial talvez não esperasse esses preciosos minutos antes de responder ao falso ataque.

Drones autônomos foram usados pela primeira vez por uma milícia na Líbia, no ano passado, para caçar e matar automaticamente soldados leais a um chefão local. Outro uso prático aconteceu também em 2020, quando uma arma de altíssima precisão foi montada por agentes israelenses numa estrada do Irã. Quando reconheceu seu alvo — Mohsen Fakhrizadeh, chefe do programa nuclear iraniano —, a arma disparou automaticamente. O tiro foi tão certeiro que a mulher do cientista, que viajava a seu lado, não sofreu nenhum arranhão.

(...)

A China está criando ‘enxames’ de pequenos drones, enquanto a Rússia construiu um tanque robô

Robôs podem ser usados em trabalhos policiais até mesmo sem estar armados. A cidade de Huntington Park, na Califórnia, está testando o HP Robocop, um modelo K5 produzido pela Knightscope, ao preço médio de US$ 65 mil por ano, o equivalente a R$ 369 mil. O “guarda” em formato oval passa 24 horas por dia, sete dias por semana registrando o que acontece ao redor dele usando quatro câmeras permanentemente conectadas à central de polícia. Um botão em seu corpo pode ser usado pelos cidadãos para chamar os policiais humanos em emergências. E o robô ainda dá lições de civilidade, repetindo mensagens como “Mantenha o parque limpo”. O número de crimes já caiu na zona patrulhada pelo HP Robocop.

No fim de novembro, o governo da Nova Zelândia aderiu a um plano para banir os chamados sistemas autônomos de armamento, os killer robots. Já fazem parte desse movimento outros 30 países, incluindo o Brasil.

O terror vindo do alto
Segundo a organização Anistia Internacional, “países como EUA, China, Israel, Coreia do Sul, Rússia, Austrália, Índia, Turquia e Reino Unido estão investindo pesadamente no desenvolvimento de sistemas autônomos. O Reino Unido, por exemplo, está desenvolvendo um drone automático que pode voar em modo autônomo e identificar um alvo dentro de uma área determinada. A China está criando ‘enxames’ de pequenos drones que podem ser programados para atacar tudo o que emita a temperatura corporal, enquanto a Rússia construiu um tanque robô que pode ser equipado com uma metralhadora ou um lançador de granadas”. A Anistia Internacional age numa “coalisão de 180 ONGs internacionais, regionais e nacionais com parceiros acadêmicos trabalhando em 66 países para assegurar o controle humano sobre o uso da força através do desenvolvimento de uma nova lei internacional”.
(...)

Leia também “O dono do mundo” 

Dagomir Marquezi, colunista - Reivsta Oeste

 

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O significado da vaias e do 'fora Temer' tem o mesmo valor de merda. O pior: todos sabem que os miseráveis que vaiam foram comprados pela GANG petista

Michel Temer é recepcionado com 'fora Temer' em Nova York e não falará sobre impeachment na ONU

Por onde anda, o presidente Michel Temer é recebido com vaias e "fora Temer". Nem em Nova York, manifestantes contrários ao impeachment de Dilma Rousseff deram descanso ao presidente.
Temer chegou neste domingo (18) em Nova York, onde participará da 71ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Como rege a tradição, o presidente do Brasil dará início ao evento com discurso inaugural, marcado para amanhã (20).
Acompanhado de seis ministros e assessores, Temer foi recebido por um grupo de manifestantes que o aguardava em frente ao hotel onde ficará hospedado. Eles vaiavam e gritavam "fora Temer" com cartazes com escritos "Temer Out" ("fora Temer", "Temer golpista" e "Brazil is not for sale" ("Brasil não está à venda").
Temer passou rápido pela manifestação e não parou para falar com a imprensa. Manifestantes registraram o momento com fotos e vídeos, que viralizaram nas redes sociais.
[esses imbecis que vaiam ainda não entenderam que os latidos deles não contam; são os cães do famoso adágio: 'enquanto os cães ladram, a caravana passa'.] 
 

 

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

As Raízes do AI-5



“A geração que chegou ao poder com o presidente Lula deve muito a Cuba. Nos anos do regime militar a esquerda teve a solidariedade de Cuba com sua mão amiga e seu braço forte. A geração que chegou ao poder com Lula é devedora de Cuba. E me considero um brasileiro cubano e um cubano brasileiro”. (José Dirceu, abril de 2003)


Em 1998 a editora Garamond editou o livro “Abaixo a Ditadura – O Movimento de 1968 contado por seus líderes”, escrito por José Dirceu de Oliveira e Silva (o “capitão do time”, segundo o kamarada Lula) e Wladimir Palmeira.

É altamente instrutivo recordar algumas passagens desse livro, uma vez que o Movimento de 1968, como foram denominados os distúrbios de rua que o então governador do então Estado da Guanabara, Negrão de Lima, declarou em rede de TV, que o Estado não possuía condições de conter, foram uma das origens do Ato Institucional nº 5 de 13 de dezembro de 1968, instrumento idealizado pelo governo para impor a Lei e a Ordem.

Também é interessante assinalar o ambiente carregado em toda a América Latina, uma vez que no ano anterior, em Havana, havia sido constituída a Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), em uma reunião à qual esteve presente Carlos Marighela. Mas, solidariedade a quem?  A Che Guevara, que já se encontrava na Bolívia, com o objetivo de criar vários Vietnã na América Latina.

Vamos ao livro.
Escreveu Wladimir, liderança dos distúrbios no Rio de Janeiro “Nós sempre tínhamos uns mensageiros ou batedores, em geral secundaristas, observando constantemente onde estava a polícia. De repente eles chegavam e diziam: ‘Wladimir, carro da polícia entre a Alfândega e tal. Queima?’ Eu respondia: ‘Queima!’, e os meninos queimavam. A gente estava preparado para isso (...) Quando fui preso, o Franklin (observação: Franklin Martins, que foi militante do MR-8, comentarista político da TV Globo e membro do governo do PT) e o Carlos Alberto Muniz (observação: Carlos Alberto Vieira Muniz, posteriormente um dos dirigentes do MR-8) assumiram a liderança sem problemas (...) No enterro do Edson Luiz, por exemplo, a Light cortou as luzes da rua quando estávamos passando pela praia de Botafogo. Logo em seguida, o Luiz Antonio, da Dissidência Secundarista, chegou correndo: ‘Como é Vladimir? Vamos fazer alguma coisa? Podemos quebrar as lâmpadas?’ ‘Quebra essa porra toda!’, respondi. E ele foi e quebrou. Quando o pessoal do PCB começou a denunciar que havia policiais infiltrados fazendo provocações, imediatamente vinha a réplica: Não, foi o Vladimir que mandou”.

Escreveu José Dirceu: “Na manifestação de 1º de Maio (1968), o Movimento Estudantil e o Agrupamento Revolucionário de São Paulo destruíram o palanque do Abreu Sodré na Praça da Sé e botaram o governador para correr. Ali ocorria o primeiro laço mais forte entre o Movimento Estudantil, a classe operária e os revolucionários; esse Agrupamento era o grupo que saiu do PCB com o Marighela e depois se transformou na ALN; já possuíam um esquema militar e estavam iniciando as ações armadas. Mais tarde eles também nos deram cobertura em outros momentos, principalmente durante a ocupação da Maria Antonia. Nesse dia o governador levou uma pedrada (...). Fomos para a praça dispostos a denunciar aquela palhaçada e dissolver o ato público. Avançamos, destruímos e queimamos o palanque, e depois saímos em passeata pela cidade. A polícia ainda tentou reprimir, mas se não tivessem se escondido na igreja nós teríamos ido atrás deles (...). Não podíamos aceitar passivamente que aqueles agentes da ditadura viessem posar de políticos ligados às causas populares (...). Mais tarde também apoiamos integralmente a greve de Osasco. Fizemos panfletagens e comícios em todo o Estado (...). Nossa concepção era de que o Movimento Estudantil tinha um papel bem delimitado, ao contrário da Ação Popular, que o considerava como vanguarda da sociedade para derrubar a ditadura (...). No PT, no fundo, ainda sou muito do que fui no Movimento Estudantil (...)”. [Zé Dirceu afirma que no movimento estudantil era ladrão, já que no PT foi e quando tiver oportunidade voltará a ser.]

Prossegue José Dirceu: Fizemos um Congresso da UEE (União Estadual de Estudantes) no conjunto residencial da USP (CRUSP) em agosto (1968), que foi manchete em todos os jornais (...). O Congresso do CRUSP reuniu cinco mil pessoas; a repressão havia anunciado que iria impedir o encontro, mas nós fizemos na marra e conquistamos uma grande vitória política (...). e aqueles milhares de delegados me consagraram como presidente da UEE. No dia seguinte, a Última Hora publicou uma manchete em duas páginas: ‘José Dirceu venceu’, com uma grande foto minha e uma longa matéria sobre o Congresso”.

Wladimir Palmeira: “Não havia diferença entre o estudante do (restaurante) Calabouço e o estudante universitário. O pessoal do ‘Calaba’ não era apenas mais pobre, era também mais radicalizado. Quando ia para as ruas, gostava de depredar carros na av Rio Branco; muitas vezes queriam quebrar o fusca de um sujeito de classe média que eventualmente estava até simpatizando com a nossa luta: para eles, era ‘tudo rico’ (...) Eles eram muito combativos e levavam para as passeatas uns cacetes enormes com uma minúscula bandeirinha do Brasil na ponta, só para dar o visual. Eram os que mais brigavam com a polícia (...). O problema é que já não controlávamos mais a maioria do DCE da Federal; a maior parte dos diretores havia ido para o PCBR no racha de 1967.

Era necessário ganhar politicamente, e fomos para a Praia Vermelha dialogar com os estudantes. Fizemos uma aliança com o Jean Marc (observação: Jean Marc Van der Weiss, dirigente da Ação Popular, posteriormente um dos trocados pela liberdade de um embaixador seqüestrado), nosso tradicional adversário; o PCBR, uma força que tentava se colocar mais à esquerda, também terminou aceitando nossa proposta. A partir daí, começamos a organizar uma manifestação que ficou conhecida como ‘a quarta-freira sangrenta’. Nossa preparação, entre o fim de maio e começo de junho (1968), incluiu coquetéis molotov, cacetes, pedras, principalmente, e um forte trabalho político em todas as universidades. Seria uma passeata para inverter tudo o que se fizera até então”.

Prossegue Vladimir: “No dia 19 de junho todos estavam a postos. Tínhamos organizado três colunas para entrar ao mesmo tempo no pátio do MEC, chegando de três direções diferentes. Uma burrice, mas também não éramos nenhum Von Klausevitz para saber que se devem concentrar as forças. Ao meu lado, na mesma coluna, creio que marchava o Brito e, com certeza, o Cid Benjamim (observação: respectivamente, Elinor Mendes Brito e Cid Queiroz Benjamim, dirigentes do PCBR e do MR8, posteriormente banidos do país, trocados pela liberdade de um embaixador seqüestrado). Quando eles se aproximam, começamos a jogar pedras e a porrada começou; uma verdadeira batalha campal (...) Os estudantes caíam, esfarrapados, machucados, sangrando, era uma loucura. E afinal não conseguimos ocupar o MEC (...) Nos deslocamos individualmente ou em pequenos grupos para a Av Rio Branco.

Dessa vez montamos uma barricada na avenida, uma alteração radical na nossa tática de luta. Desde 1966, costumávamos avançar pela contramão no meio do trânsito. Assim o deslocamento da polícia ficava impedido pelo engarrafamento total do centro do Rio. Essa tática tornou-se uma marca registrada em todo o Brasil (...) Naquela quarta-feira nos plantamos ali, no meio da avenida mais importante do centro do Rio de Janeiro, defendendo com paus e pedras nossas posições atrás das barricadas. A certa altura aconteceu uma cena inesquecível. De repente estacionou por perto um caminhão cheio de PMs, pelo menos uns vinte, armados até os dentes (...) Fui lá, fiz um discurso, fui embora e os PMs não levantaram um dedo. Depois, uma turma cercou o caminhão, mas os soldados continuaram na deles, impassíveis. Uma coisa impressionante (...) Fiz mais um comício por ali mesmo e fomos encontrar o Marquinhos (observação: Marcos Medeiros, do PCBR) e o pessoal que estava com ele em frente ao antigo Jornal do Brasil, perto da Presidente Vargas. Montamos outra barricada e, como dessa vez não havia trânsito, a polícia chegou logo, disposta a dar porrada. Era aquela polícia terrível, que marchava em passo de ganso exibindo bombas, cassetetes e uns escudos enormes.

Quando chegaram a uns 50 metros, o Marquinhos se levantou e disse: ‘E agora, Vladimir, o que é que a gente faz?’ Eu respondi: ‘Pau neles!’ E pela primeira vez partimos para cima da polícia. Os soldados saíram correndo com os estudantes atrás. Quando tomamos conta da Uruguaiana eles decidiram mandar os cavalos. Continuamos com as pedras e conseguimos derrubar muitos animais com as nossas rolhas e bolas de gude espalhadas pelo chão. Há uma foto muito significativa desse momento: um menino – secundarista, imagino – sorrindo em cima de um cavalo, com um capacete da PM na cabeça. Logo depois tocaram fogo em um caminhão do Exército. Ninguém sabe quem foi, mas o acusado foi o Jean Marc (...) Quando vimos a PE chegando, achamos prudente bater em retirada (...) O Jean Marc pegou um ônibus e foi preso. Um cabo o reconheceu e disse que ele tinha incendiado o tal caminhão (...). Entrei formalmente na clandestinidade nessa noite; ao voltar para casa, vi que a polícia já estava lá. Em geral só ficavam atrás de mim, observando, mas naquela quarta-feira queriam mesmo me prender (...).A partir de 2 de agosto eu já estava preso”.

José Dirceu: “Nessa época eu já estava começando a ter problemas. Já era semi-clandestino, andava armado, com segurança, e dormia em vários locais, isso porque estava sendo processado com uma acusação ridícula, tipo ‘organizar entidade ilegal’ (a UEE), e desde 1967 já havia ordem de prisão contra mim; obviamente não tinha me apresentado para prestar depoimento, eu não sou ingênuo. Passei a ser um elemento procurado. Mas a clandestinidade não me assustava (...) A tragédia da esquerda nas faculdades foi que as organizações político-militares estimulavam os dirigentes estudantis a entrarem para a clandestinidade (...) Muita gente foi trabalhar em outros lugares, mudou de cidade, de faculdade e, às vezes, de nome (...)Quando os integrantes da Dissidência de São Paulo acabaram aderindo à ALN, outros à VPR, decidi não entrar para nenhuma das duas organizações porque nunca fui foquista. Participei da luta armada, apoiei, achava que era necessária, mas na verdade nunca acreditei nela como forma de luta; eu me inclinava mais para uma resistência armada. Porém nunca questionei isso, nunca debati; quer dizer, me acovardei nessa discussão”.

Prossegue José Dirceu“No dia 24 de junho fizemos uma grande manifestação no centro. Saíamos da Praça da República e seguimos para o Largo do Arouche. Lá, usando coquetéis molotov, pedras e paus, o pessoal quebrou a porta de vidro e várias janelas da Secretaria de Educação e da Academia Paulista de Letras. Na esquina da Av. Ipiranga com S. João, arrancaram um poste para, com ele, tentar arrombar as portas do First National City Bank of New York (...). Um grupo começou a gritar ‘Estadão, Estadão’, e imediatamente nos dirigimos pela Av. S. Luiz rumo ao jornal, onde fomos recebidos a tiros por franco-atiradores postados dentro do prédio (...). Gritando e correndo, vários manifestantes responderam com tiros e coquetéis molotov contra a fachada do jornal, quebraram vários vidros e puseram fogo no andaime que estava na portaria. Eu dei início à passeata fazendo um discurso pelo megafone (...). Na esquina seguinte vimos um Aero-Willys chapa branca preso no engarrafamento. Aos gritos de ‘quebra, põe fogo’, o carro foi cercado por um grupo e seu motorista expulso. Os estudantes quebraram os vidros e depois viraram o carro e o incendiaram, enquanto a polícia ficava observando de longe (...). Não foi por acaso que, mais tarde, a ditadura destruiu e pôs fogo na Faculdade de Filosofia da rua Maria Antonia, fechou o prédio da FAU e transformou a Faculdade de Economia numa dependência da justiça militar.

Aqueles lugares representavam o espírito libertário e criativo (...). O que era o CRUSP? Era a zona livre, a guerrilha, a luta armada. Por isso foi ocupado por nós e se tornou um bastião (...). As escolas tinham virado repúblicas livres, onde se fazia política, arte e cultura – e até se estudava. Lá comíamos e bebíamos, fazíamos reuniões, eventos, conferências; lá dormíamos e namorávamos. Milhares de estudantes circulavam pelos pátios e corredores, era uma verdadeira feira, em ebulição permanente. Festivais, aulas paralelas, seminários, exposições, música, cineclube... Imagine o que era a universidade ocupada em 1968. Parecia que estávamos diante do embrião de uma sociedade diferente. Aquilo era uma festa (...). Tive uma grande paixão no Movimento Estudantil: a Iara Iavelberg, que mais tarde foi companheira do Lamarca (...) Iara era presidente de um Diretório Acadêmico e militante da POLOP (observação: Política Operária, uma das organizações que deu origem à VPR), que nessa época estava em pé de guerra com a Dissidência”.

Vladimir: “O confronto da sexta-feira no Rio foi o primeiro em que morreu um policial: alguém jogou do alto de um edifício uma máquina de escrever em cima dele (observação: sargento da PM Nelson de Barros, em 21 de junho de 1968). Os jornais da época disseram que 55 PMs foram hospitalizados (...). Entre os civis morreu muita gente; não sei precisar quantos, mas na época dizíamos que tinham sido no mínimo dez. Depois calcularam 17, enquanto a polícia só reconhecia um (...). Dizem que a ditadura comprou o silêncio das famílias, pagou os enterros e ainda deu algum dinheiro a eles (...). Quem restabeleceu a ordem, já de noite, foi a Polícia do Exército (...). No intervalo entre a sexta-feira e a quarta seguinte, dia da passeata dos Cem Mil, entrei numa clandestinidade rigorosa e não pus o nariz na rua durante vários dias (...). Não sou a pessoa mais indicada para descrever o ambiente da cidade do Rio de Janeiro naqueles dias que antecederam a passeata, mas sei que reinava uma tensão enorme. De repente, na segunda-feira à noite o Negrão de Lima surpreendeu todo mundo anunciando na televisão que iria permitir a passeata e disse mais ou menos o seguinte: ‘Por favor, pelo amor de Deus, não toquem fogo no Rio de Janeiro. Eu decidi permitir a passeata para evitar o confronto, mas não depredem nossa cidade’ (...). A passeata reuniu muitos padres e freiras (...).

Desta vez muito mais artistas e intelectuais, não faltava ninguém das figuras mais conhecidas (...). A passeata virou um passeio (...). Não houve a menor confusão. Mais tarde a Polícia do Exército se gabou de ter feito a minha segurança; quando eu estava na cadeia os caras passaram um vídeo mostrando quantos deles havia em torno de mim. Cansei de ver o tal vídeo (...). Durante a passeata eu já sabia que ali estava cheio de policiais; aliás, quase todos naquela minha segurança eram desconhecidos...eu ia fazer o que? (...). Na hora de ir embora, pegamos o fusca do Luiz Tenório, que hoje é presidente do Sindicato dos Médicos, e seguimos direto para Botafogo e o Tenório me deixou ali, numa esquina qualquer – para não saber onde eu iria dormir – e continuou a viagem. Duas horas depois ele estava em cana”.

José Dirceu: “Resolvemos desocupar a Maria Antonia e ir para o CRUSP. Não podíamos travar uma guerra ali, pois isso seria o pretexto que precisavam para invadir todas as outras faculdades e liquidar o Movimento Estudantil. Os tempos já eram outros. Assim que saímos, a polícia ocupou as duas escolas, prendeu vários estudantes e logo depois o prédio da Filosofia foi incendiado pelo CCC (Comando de Caça aos Comunistas). Anos depois, a “filósofa” Marilena Chauí, professora universitária (!) recorda esse dia, em texto publicado na Folha de São Paulo:

3 de outubro de 1968. Ruído de carros pesados, cães a latir, estrépito de botas pelo calçamento, sirenes, gritos, palavras de ordem, comandos.

- Estão vindo! O Exército e a polícia estão chegando!

- Atenção! Cada qual procure um lugar para defender a Faculdade. Rápido, rápido.

- Olhem, olhem! Estão subindo na torre e nos telhados do Mackenzie! O CCC os chamou para lá! Vão metralhar, gente, vão metralhar!

- Estão jogando bombas. Depressa, coquetel molotov aqui, depressa!

- Mas temos poucos. Ninguém pensou que iriam ser necessários.

- Pedras, pessoal, jogar pedras.

- Estão metralhando! Tem um morto! Tem um morto!

- Mataram um estudante!

- Mataram...Fogo! A Maria Antonia está pegando fogo. Água, pessoal, água, pelo amor de Deus!

- Fogo, fogo! A Faculdade pegou fogo! Todo mundo tem que sair . Não pode haver mais mortos.

Sob gritos furiosos e fogo cerradoincêndio de um lado, metralhadoras e bombas, de outro – a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras é esvaziada. Seus ocupantes, submetidos ao corredor polonês, são lançados em camburões rumo ao DOI-CODI ao DOPS e à OBAN’”.

Nesse texto, a dona Marilena, que mais tarde iria se converter na musa do PT, mentiu: o DOI-CODI foi constituído somente em 1971! Hoje, depois do mar de lama que envolve o seu partido e o seu governo, ela não escreve e não fala. Prefere manter-se em silêncio.... “O silêncio dos intelectuais”.

A bomba no Aeroporto dos Guararapes, em 15 de julho de 1966, que causou a morte de duas pessoas e ferimentos em outras; o atentado ao Quartel-General do II Exército, em 26 de junho de 1968, em São Paulo, que causou a morte do soldado Mario Kosel Filho; e o assassinato do capitão do Exército dos EUA Charles Rodney Chandler, em São Paulo, em 12 de outubro de 1968, na frente de seus filhos sob a acusação de ser um agente da CIA, bem como os fatos acima narrados por duas lideranças estudantis da época, podem ser considerados as sementes do Ato Institucional nº 5 de 13 de dezembro de 1968.

Embora todos esses fatos possam ser encontrados em livros, jornais e revistas da época – os próprios autores consultaram O Estado de São Paulo, O Globo, Correio da Manhã, Jornal do Brasil, Jornal dos Sports, Jornal da Tarde, Folha de São Paulo, revista Realidade, Revistas da Civilização BrasileiralivrosO Poder Jovem, de Artur José Poerner, A Paixão de uma Utopia,de Daniel Aarão Reis Filho e Pedro Moraes, O Ano que não Terminou, de Zuenir Ventura ainda hoje, 50 anos depois, aparecem aqueles que insistem em reescrever a História do Brasil, como o jornalista Hélio Contreras.

Segundo a coluna do jornalista Joaquim Ferreira dos Santos - O Globo de 27 de agosto de 2005 -, seria lançado, proximamente, o livro “AI-5-Repressão no Brasil”, no qual o jornalista Hélio Contreras atribui ao brigadeiro João Paulo Moreira Burnier, um ilustre militar, já falecido, “a culpa do AI-5”. Uma irresponsabilidade sem tamanho desse jornalista, uma vez que todos sabem que o AI-5 foi discutido e aprovado, por unanimidade, em uma reunião do presidente Costa e Silva com todos os seus ministros.

Dessa reunião, como é óbvio, o brigadeiro Burnier não participou e nem poderia ter participado e, tampouco, exercia influência sobre qualquer ministro de então. Daí, a se considerar que essa publicação não passou de mais uma excrescência oportunista, como tantas outras que vêm sendo impingidas ao povo brasileiro e, principalmente, às pessoas que não vivenciaram aqueles anos de chumbo.

Por: Carlos I. S. Azambuja é Historiador – publicado no Blog Alerta Total