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sábado, 11 de junho de 2016

Vá estudar, Dallagnol! As suas intenções são boas. A sua bibliografia pede mais dez anos de leitura - Chilique de Janot é irrelevante; ele deveria ter advertido Dallagnol, que abraçou a tese do PT!

Alguns procuradores se dizem inconformados que a sua ação tenha resultado no governo Temer, que não representa seus anseios

Cada um faça a análise que quiser do comportamento recente de membros do Ministério Público Federal. Tenho a minha e me atenho à objetividade dos fatos. Se Dilma e o PT anunciam que se deu “um golpe” no Brasil para controlar a Lava-Jato e se o procurador Deltan Dallagnol concede uma entrevista à Folha fazendo essa mesma acusação, é impossível não agrupá-los.

Mas sou prudente. Eu os agrupo com nuances. Cada um deles conta a história furada que serve a seu propósito; cada um deles adota a mentira por motivos específicos. Ao PT interessa acusar um golpe para minguar a Lava-Jato porque, se essa história pega, é claro que a credibilidade do novo governo é atingida em cheio.  Ao MPF interessa acusar um golpe para minguar a Lava-Jato porque seus membros estão convencidos e isso já me tinha sido assegurado há tempos por pessoas que convivem com os bravosde que estão no meio de uma onda revolucionária. E, a exemplo de toda revolução, esta também teria de ir além dos limites meramente institucionais.

Assim, PT e Dallagnol — com Rodrigo Janot se unem episodicamente, ainda que tenham horizontes distintos; ainda que os petistas também detestem a Lava-Jato. Acontece que esse ódio do partido aos procuradores provocou um estranho efeito nos homens de negro.

Conversas Sei de fonte segura que alguns jovens procuradores estão insatisfeitos porque têm a consciência de que colaboraram, sim, para a desestabilização do (des)governo Dilma. Como? Expondo o que os petistas fizeram.  Só que alguns procuradores se dizem inconformados que a sua ação tenha resultado no governo Temer, que não representa seus anseios.

Olhem aqui: em primeiro lugar, os bravos rapazes não deveriam superestimar o seu papel. É claro que são personagens centrais deste momento, mas não são únicos.  Em segundo lugar, os senhores procuradores não estão numa missão privada ou pessoal. Eles são homens de estado. Dallagnol não é dono da investigação. Rodrigo Janot não é dono da investigação. Os outros membros do MPF não são. Eles não podem conduzir a operação segundo as avaliações que fazem do cenário político.

A mim não me interessa se os doutores gostam ou não do governo Temer; se acham que a posse definitiva do atual interino é ou não do seu gosto. Como cidadão, cada um pense o que quiser. O que não é possível é Dallagnol conceder uma entrevista em que faz proselitismo aberto de uma questão que está sob juízo do Supremo. O que não é possível é o agente que acusa ser também aquele que julga, apelando à opinião pública.

Novas eleições Vamos ser claros? A tese das novas eleições contamina hoje boa parte dos membros da Lava-Jato. E é nesse ponto que a aliança desses setores com franjas do petismo vai além de um simples alinhamento objetivo. É claro que voltarei ao tema.

Procurador-geral fica indignado, fala grosso, mas não diz nada. Pior: ele se calou sobre a entrevista despropositada de Dallagnol

Muito ruim a entrevista de Rodrigo Janot, procurador-geral da República, sobre o vazamento dos pedidos de prisão de José Sarney, Romero Jucá e Renan Calheiros. Ele sabe que a coisa caiu como uma bomba nos meios jurídicos, e, para muita gente, uma luz amarela se acendeu: resta a firme impressão de que o Ministério Público Federal se entende como um Poder acima dos Poderes. Desde quando, numa democracia, dez ministros do Supremo são informados pela imprensa que o MPF quer prender, entre outros, o presidente do Poder Legislativo? Renan pode até merecer. Mas não é assim que se faz.

Janot negou que o vazamento tenha partido da Procuradoria-Geral da República, mas disse que vai apurar a origem. Se for o MPF, prometeu, haverá punições. Mas aproveitou para mandar um recado malcriado ao ministro Gilmar Mendes, sem citar o nome, cobrando serenidade e isenção. Qual? Aquela que se tem percebido no Ministério Público? Devagar com o andor, doutor! O pedido de prisão era conhecido pelo MPF e por Teori Zavascki. Todos sabem que não foi o ministro que vazou. Goste-se ou não dos seus juízos, ele não antecipa nada nem ao próprio espelho. É evidente que a fonte de vazamento é o MPF.

Janot fez uma coisa estranha: negou que seja candidato à Presidência da República. Como quase ninguém fala disso; como essa é uma hipótese considerada por muito pouca gente; como seu nome não aparece nem nas simulações de pesquisas eleitorais; como, que se saiba, ele não tem nem filiação partidária, praticamente ninguém lida com essa possibilidade.
Ou por outra: ao negar, Janot se lança candidato à Presidência da República. Atenção! O Ministério Público Federal começou a se enrolar na sua própria onipotência.

Cadê a bronca? Janot deveria ter aproveitado o seu momento de destampatório para dar uma bronca pública em Deltan Dallagnol, o jovem e buliçoso procurador que precisa envelhecer um pouco com urgência. O rapaz tem de saber que o diabo é diabo porque é velho, não porque é sábio. E ele foi um tolo na entrevista que concedeu à Folha desta sexta. Dallagnol, na prática, justificou os vazamentos que Janot condenou e os chamou de “crimes”; deixou claro que só reconhece como legítima uma resposta do Supremo  — dizer “sim” às prisões —, fez a defesa de um projeto de lei, deu-se a digressões sobre o papel do Congresso, chamou prerrogativas de parlamentares de ardil criminoso e, pior de tudo!, aderiu à tese petista de que um grupo de atuais governistas quer interferir na Lava-Jato, o que, até agora, não se verificou.

Com a vocação dos messiânicos, Dallagnol deixou claro que ninguém presta nem o Supremo caso não faça o que ele quer e que a única segurança dos brasileiros é o Ministério Público. É evidente que é preciso repudiar tal postura. Já afirmei aqui e reitero: ela não desestabiliza o governo Temer, como apostam os petistas. Ela desestabiliza a democracia. Daqui a pouco, Dallagnol vai quer ser o único membro de um quarto Poder: o SPF (Supremo Procurador Federal).

Infelizmente, a entrevista de Janot diz uma coisa, e a de Dallagnol, o seu contrário. Um diz falar em nome do império da lei; o outro, claramente, flerta com atalhos. Aliás, a própria entrevista já é um desses atalhos lamentáveis. Esse rapaz pode e deve trabalhar mais. Mas deveria fazer um silêncio obsequioso. O seu negócio é investigar e buscar provas. Ele pode abrir mão de sua vocação pastoral ou sacerdotal. Para ser um teórico da democracia, ainda tem de comer muito feijão.
Se der para não repetir as bobagens do PT, melhor!

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo - VEJA