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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

A irresponsabilidade de Lula - Elio Gaspari

Ao mandar [???] Jair Bolsonaro para casa, o Brasil parecia ter se livrado de um encosto. [encosto? supomos que o adjetivo está sendo utilizado no sentido 'religioso' e, segundo a Wikipédia,  o adjetivo encosto,  significa "...  é um fenómeno maligno provocado a alguém por uma entidade exterior ou nomeadamente um próprio espírito malicioso ou demônioConsiderando ser o emissor dos desastrados comentários (que não são os primeiros nem serão os últimos) o demônio encarnado, não cabe atribuir a presença do encosto ao ex-presidente.    Durante a pandemia, esse espírito duvidava da vacina, sugeria que o vírus da Covid-19 havia sido fabricado na China e exaltava a cloroquina. Lula recolocou o Brasil nos eixos na questão ambiental e atravessou o mundo para resgatar o encosto, escorregando na casca de banana de Gaza.

Nesta semana, em Adis Abeba, ele disse que “o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus. Com isso, abriu uma crise e foi declarado persona non grata pelo governo de Israel.

Lula já havia costeado o alambrado dias antes, no Cairo, com duas frases:

— O Brasil foi um país que condenou de forma veemente a posição do Hamas no ataque a Israel e o sequestro de centenas de pessoas. Nós condenamos e chamamos o ato de “ato terrorista”.

Falso. O ataque do Hamas aconteceu no dia 7 de outubro. Cinco dias depois o Itamaraty informou que a classificação do Hamas como organização terrorista competia à ONU. Posteriormente é que falou em terrorismo.

Lula acrescentou:

Não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel. A pretexto de derrotar o Hamas, está matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha conhecimento.

Ressalvada a falta de conhecimento, essa afirmação foi um exercício de retórica amparada na ignorância.

A fala de Adis Abeba teve a ver com a classificação do comportamento de Israel em Gaza como “genocídio”. Que as tropas de Benjamin Netanyahu cometem crimes de guerra, é certo. Genocídio é outra coisa, é um ato deliberado de exterminar um povo, esteja ele onde estiver.

Em junho de 1944, com a guerra perdida, os alemães capturaram os 400 judeus que viviam na Ilha de Creta. Naquele mês, o brasileiro Benjamin Levy, a mulher e a filha foram presos em Milão e deportados para o campo de Bergen-Belsen.

Lula já disse que Napoleão foi à China e que os americanos derrubaram Dilma Rousseff de olho no petróleo do pré-sal:

— É preciso que [o petróleo] esteja na mão dos americanos porque eles têm que ter o estoque para guerra. A Alemanha perdeu a guerra porque não chegou em Baku, na Rússia, para ter acesso à gasolina.

A Batalha de Stalingrado terminou em fevereiro de 1943, quando os alemães já haviam sido contidos em Moscou, os Estados Unidos estavam na guerra e haviam quebrado a perna da marinha japonesa. Se os alemães chegassem a Baku, pouca diferença faria. Eles não perderam a guerra por falta de gasolina.

Vale lembrar que a Segunda Guerra também não acabou porque os americanos tinham mais gasolina. Ela acabou depois das explosões de bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, que ficaram prontas em 1945.

De onde Lula tira essa ideias, não se sabe, mas, em seu terceiro mandato, ele se move na cena internacional com uma onipotência aplaudida por áulicos e venenosa para a diplomacia brasileira.

Durante seu primeiro ano deste mandato, firmou-se como um chefe de Estado excêntrico. A fala de Adis Abeba temperou a ignorância com irresponsabilidade.

Elio Gaspari, colunista - Opinião - O Globo

 

terça-feira, 21 de maio de 2019

O Exército, o novo poder de Santos Cruz e a retirada de Olavo de Carvalho

Alvo de ‘olavistas’, ministro-chefe da Secretaria de Governo avalia e decide nomeações de todos os funcionários de 2.º e 3.º escalão do governo – não é pouca coisa para quem parecia que teria mesmo destino de Bebianno


Um dia  antes de embarcar para Dallas para receber o prêmio da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, o presidente da República Jair Bolsonaro  assinou o decreto 9.794, publicado no dia 15, dando poderes ao general Santos Cruz, ministro-chefe da Secretaria de Governo, para avaliar e decidir pela “conveniência e oportunidade” das nomeações de todos os funcionários do 2.º e do 3.º escalão do governo, incluindo aí os reitores das universidades federais. O general que, ao lado do vice-presidente Hamilton Mourão, transformara-se em alvo preferencial da ala olavista do governo, recebeu um poder que para barrar o caminho de corruptos, lunáticos e pessoas “vinculadas a governos passados”. Não é pouca coisa para quem parecia que teria o mesmo destino de Gustavo Bebianno, o ex-secretário-geral da Presidência, defenestrado pelo presidente.

O movimento de Bolsonaro não passou despercebido no Alto Comando do Exército, assim como o fato de Olavo de Carvalho ter dito no dia 16que pretende se manter distante da política nacional. Os movimentos das peças do Planalto podem indicar uma vitória do grupo militar depois do desastroso e mal-educado ataque do morador da Virgínia contra o ex-comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas. Em 6 de maio, após Olavo ofender Santos Cruz e as Forças Armadas, Villas Bôas deu-lhe o apodo definitivo:Trotski da direita”.

Atordoada, a rede bolsonarista ainda tentou defender Olavo e criticar os generais, entre eles Santos Cruz. Não adiantou. Ele manteve a chave do cofre das verbas publicitárias e ainda ganhou o poder de vetar, por conveniência da administração, a nomeação de pessoas desqualificadas para os cargos no Executivo. Recebeu de novo o apoio de Villas Bôas em novo tuíte, no dia 8,  e o desagravo de governadores. E teve força para contra-atacar, acionando a PF contra fake news.

Um general da ativa lembra: “Santos Cruz foi pentatleta com Bolsonaro. E o presidente ficou furioso com a armação que tentaram fazer contra ele (a  fraude da conversa no WhatsApp).O decreto que deu mais poderes a Santos Cruz seria assim o sinal do presidente que os generais do Palácio queriam de Bolsonaro a fim de mostrar que não se deixaria mais influenciar por Olavo. Outro general da ativa afirma: “É cedo ainda para saber se o que o decreto significa, mas é um sinal importante.” De fato, pode ser ainda cedo para comemorar a vitória ou saber se nenhuma outra confusão, como a defesa de que o Brasil tenha bombas atômicas, vai surgir no horizonte.
 
Enquanto isso,general Edson Pujol, comandante do Exército, mandava publicar o documento com as diretrizes de seu comando para 2019. Em momentos de incerteza no governo, reafirmar o óbvio pode ter um efeito enorme sobre possíveis desavisados que se deixam levar pelas circunstâncias da polarização política do País. O documento, então, afirma que se deve “fortalecer a comunicação com os militares da ativa e da reserva com vistas a manter a coesão interna, alicerçada por décadas de profissionalismo e disciplina.” Esta é a primeira das 34 diretrizes do comando de Pujol.

Evitar divisões, principalmente – mas não somente – as provocadas por clivagens político-partidárias. Desde os anos 30, o general Pedro Aurélio de Góis Monteiro defendia “uma política do Exército”; jamais “no Exército”. A ideia compartilhada por seus pares ajudou-o a submeter ao seu comando facções que se digladiavam na Força. O processo em direção à profissionalização da instituição passou por turbulências enormes, até mesmo depois das reformas de Castelo Branco, nos anos 1960. E, agora, quanto menor for a coesão do governo Bolsonaro, tanto maior será o desafio de Pujol. Manter a unidade não é tarefa menor. O presidente que o diga.

Marcelo Godoy - O Estado de S. Paulo