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domingo, 5 de fevereiro de 2023

Um governo na oposição - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Querem passar quatro anos falando do ‘golpe’, de Bolsonaro? Não é viável. As realidades estão aí 

O Brasil está vivendo, certamente, um problema crítico de linguagem. Descrevem-se os acontecimentos com palavras que não servem para mostrar o que de fato aconteceu; é claro que o resultado dessa disfunção é um tumulto mental maciço, que leva, como em geral ocorre em casos assim, a raciocínios de baixa qualidade e a decisões piores ainda. 
É o que está acontecendo com o “golpe” e os “golpistas” da baderna destrutiva do dia 8 de janeiro – e, agora, com a história alucinada de uma operação para gravar conversas de um ministro do STF com o propósito de impedir a posse do atual presidente da República, ou coisa parecida. Nem o “golpe” é golpe nem os “golpistas” são golpistas – não conseguiriam, agindo como agiram, derrubar a diretoria de um clube de bocha. 
Somando-se uma coisa com a outra, obtém-se uma comédia de circo, ou, então, o pior golpe de Estado da história universal dos golpes de Estado.
"É o que está acontecendo com o 'golpe' e os 'golpistas' da baderna destrutiva do dia 8 de janeiro"
"É o que está acontecendo com o 'golpe' e os 'golpistas' da baderna destrutiva do dia 8 de janeiro" Foto: Carlos Moura/SCO/STF
Golpes de Estado exigem um líder, um plano coerente de ações concretas, tanques na rua, a designação clara de quem faz o que, quando, como e onde, o controle do abastecimento de combustíveis e uma porção de outras questões práticas. 
O golpe de Brasília seria o primeiro em que o líder foge para o exterior antes de dar o golpe – quem já viu uma coisa dessas? 
Também não há precedentes de alguém que tenha querido tomar o governo quebrando vidraças, cantando o Hino Nacional e atacando estátuas de Rui Barbosa
E a palhaçada da armação secreta para comprometer o ministro do STF? Os golpistas iriam anular o resultado da eleição, ou manter o ex-presidente na sua cadeira, mostrando uma fita gravada? 
Em suma: o golpe de Estado, tal como ele tem sido descrito até agora, poderia levar a qualquer coisa, menos uma – o golpe de Estado.

É óbvio que quem violou a lei tem de ser responsabilizado pelo que fez, dentro do devido processo legal – aliás, há um mês não se fala em outra coisa, dentro do governo, que não seja processar, punir, prender, como se o Brasil estivesse ameaçado pela explosão de uma bomba de hidrogênio. 

Tudo bem, mas o País está precisando, com urgência, de um governo que comece a governar – que a Justiça cuide do “golpe”, mas a vida tem de continuar. Não há governo no Brasil desde o segundo turno da eleição. O que havia sumiu e o novo não assumiu; continua tendo, como objetivo único, fazer oposição a um governo que não existe mais. 
É um disparate. Querem passar os próximos quatro anos, então, falando do “golpe”, da “defesa da democracia” e de Jair Bolsonaro? Não é viável. As realidades estão aí; não vão desaparecer com choradeira, nem com ministros que não saem do noticiário policial.
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

A CPI acabou em nada - Revista Oeste

 J. R. Guzzo

O relator da comissão e o seu presidente fizeram uma monumental simulação de atividade nos últimos 180 dias 

A “CPI da Covid”, após seis meses como o único evento na vida política do Brasil, a bomba de hidrogênio que iria reduzir o governo a pó e mandar o presidente da República para a cadeia pelos próximos 80 anos, finalmente acabou. Acabou ou está morta? Mais: chegou a estar viva algum dia, já que tinha as suas sentenças de condenação perfeitamente prontas antes mesmo de ser aberta a sua primeira sessão de “trabalhos”?

O relator da comissão e o seu presidente, mais um ou outro ajudantezinho, fizeram uma monumental simulação de atividade nos últimos 180 dias – parecia que estavam investigando os horrores mais extremados dos 521 anos de história do Brasil. Mas nunca investigaram nada, não de verdade, e o resultado é que as suas conclusões são as que já estavam prontas quando tiveram a ideia de montar esse show. Do nada, no fim das contas, saiu o nada.

Qual a seriedade que se pode esperar, dos pontos de vista legal, político e moral, de uma comissão que passa seis meses a vender a ideia de que está apurando atos monstruosos de corrupção e, no fim dos “trabalhos”, não inclui entre as suas acusações oficiais o desvio de uma única caneta Bic? Ou havia ladroagem ou não havia – ou havia em outro lugar, bem longe de onde estavam procurando. Se não havia, os sócios-controladores da CPI passaram seis meses mentindo para o público. Se havia, por que não aparece nada no relatório final? Outra trapaça, de nível equivalente a essa, é o conto do “genocídio”. Não se pode sair por aí dizendo, assim à toa, que alguém é genocida; em matéria de crime, não é como passar a mão no celular da moça que está esperando no ponto do ônibus. A CPI trapaceou de novo – disse que tinha genocídio. Depois disse que não tinha. Dá para levar a sério?

Era só ler o que está escrito na lei: genocídio é destruir “grupo nacional, étnico, racial ou religioso”. Para isso o sujeito tem de “matar membros do grupo”, ou submeter o grupo, “intencionalmente”, a condições que levem à sua “destruição física”, ou “impedir os nascimentos no seio do grupo” ou, enfim, fazer “transferências forçadas de crianças para outro grupo”. É coisa de gente que mexe com campo de concentração, e daí para baixo. Como atribuir um átomo de honestidade a quem brinca com acusações como essa?

A CPI, nisso aí, revelou que tem credibilidade zero, com viés de baixa. Porque seria melhor nas suas acusações de “crime contra a humanidade”, ou de “epidemia” – que, segundo a lei, não é andar sem máscara, mas “propagar germes patogênicos”? É difícil dizer.

J.R. Guzzo,O Estado de S.Paulo

 


sexta-feira, 27 de agosto de 2021

O que essa CPI da Covid produziu de relevante até agora - VOZES

 J. R. Guzzo

Senado

Não há registro, nos 200 anos de história do Parlamento brasileiro, de alguma coisa qualquer coisa — tão calamitosa para o Congresso Nacional, o respeito devido às instituições e à lei e, no fim das contas, à ideia de que a vida pública deve ser conduzida com um mínimo de decência, quanto essa “CPI da Covid” que se arrasta por aí desde o início do mês de maio.

CPI da Covid foi aberta em abril e até agora não investigou os desvios de dinheiro do combate à pandemia nos estados.| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

A CPI nasceu morta, por um motivo bem simples: sua intenção nunca foi fazer uma investigação séria, honesta e profissional de irregularidades ocorridas no tratamento da epidemia. Tudo o que quis, de maneira indiscutível e flagrante, foi chegar à conclusão de que o presidente da República havia praticado “genocídio”.

Não se trata de uma questão de opinião: no seu discurso inicial, antes de se ouvir a primeira testemunha ou de se apurar o primeiro fato, o relator já anunciou que o relatório final da CPI iria condenar o governo, o seu “negacionismo”, a cloroquina e sabe Deus o que mais
Como acreditar, por um minuto que seja, na limpeza de qualquer ação praticada por um monstrengo desses? [os fatos concretos que ocorreram envolvendo a CPI Covidão: a) mais indiciamentos por corrupção do relator Renan; b) abuso de autoridade cometida pelo 'probo' presidente Aziz e seus parceiros no 'comando' da covidão - alguns corrigidos pela Justiça; e, c) suspeitas sobre a probidade do encrenqueiro senador Rodrigues; 
e, outras estultícies narradas pela CPI, incluindo, sem esgotar, a passeata de alguns senadores para levar uma notícia-crime ao STF = detalhe: o crime noticiado não ocorreu.]

A credibilidade do Congresso, em condições normais de temperatura e de pressão, já é um desastre com perda quase total a fé que a população coloca em senadores e deputados está, mais ou menos, entre a que é dedicada aos flanelinhas e a que distingue os vendedores de relógios suíços feitos no Paraguai. Com essa CPI, caiu abaixo de zero, e aí deve ficar por tempo indeterminado.

Em quatro meses inteiros de ruído, gasto insensato de dinheiro público e acessos de histeria dos “acusadores”, sem contar as mais grosseiras violações da lei, a comissão não foi capaz de descobrir um único fato realnem um — que apontasse para a prática de delitos. Não foi feita uma única e escassa acusação que tivesse um mínimo de valor jurídico. Não foi produzido nada, absolutamente nada, capaz de gerar um mero inquérito policial.

Xingatório de mãe, desrespeito escandaloso aos direitos humanos e legais dos depoentes, acessos de neurastenia por parte dos inquisidores e mentiras em estado puro — é tudo o que essa aberração produziu até agora e vai produzir até acabar, em novembro.  
Onde estão os deputados que tinham “depoimentos devastadores” sobre corrupção na compra de vacinas? 
Onde estão os representantes de “laboratórios indianos” e as suas acusações sem resposta? 
Onde estão os vendedores–corretores–intermediários disso e daquilo? Onde está, enfim, a bomba de hidrogênio anunciada dezenas de vezes na mídia? A soma dos efeitos concretos de tudo isso, até agora, é três vezes zero.

No momento, como se o fracasso absoluto das acusações em termos de fatos e de provas não existisse, a CPI enrola a opinião pública com mais um “jantar” que “teria” havido para combinar alguma “possível” roubalheira em não se sabe bem o quê. Há também a opção de debater voos de avião “para a Índia” para uma compra de vacinas que não foi feita, num negócio que não se sabe qual é.

É difícil de acreditar, mas tudo isso rende manchete diária na imprensa. O relator e o presidente da CPI, além dos seus colegas mais excitados, publicam na mídia, desde o primeiro dia de CPI, qualquer disparate que queiram; são, hoje, os reais editores do noticiário sobre essa farsa toda. Em nenhum momento se menciona que o relator da CPI tem nove processos penais no lombo, e que o presidente é um veterano de investigações sobre corrupção da Polícia Federal na área da saúde; sua própria mulher e três irmãos, por sinal, foram para a cadeia sob acusação de ladroagem no mesmo setor de atividade.

Não se dá um pio, igualmente, sobre o aspecto mais sórdido e inexplicável dessa CPI. A investigação não apura nada, absolutamente nada, da corrupção gigante que foi a gestão da Covid nos estados, o “Covidão” – ao contrário, oculta deliberadamente o seu extenso prontuário de roubos de respiradores, superfaturamento em hospitais de emergência que nunca funcionaram, contratos secretos de compra e por aí afora. Esses são os fatos. O resto é falsificação.

J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


terça-feira, 10 de novembro de 2020

Os EUA não estão loucos, mas estão fazendo o máximo possível para parecer que são

O Estado de S. Paulo

Banana Republic

“A única diferença entre mim e um louco”, disse num de seus melhores momentos o pintor Salvador Dali, “é que eu não sou louco”. Detalhes assim fazem toda a diferença, não é mesmo? Ainda bem, porque essas espantosas eleições norte-americanas em que todo mundo vota, até por telepatia, mas o resultado não sai nunca, nos levam de volta ao mundo surrealista de Dali. Os Estados Unidos, com toda certeza, não estão loucos, pois nenhum país com o seu currículo de realizações fica louco de um governo para outro. Mas estão fazendo o máximo possível para parecer que são. 


Imaginem se isso tivesse acontecendo no Brasil – o que as classes intelectuais, a imprensa e as celebridades americanas, além do Facebook, que em matéria de democracia se consideram no mesmo nível de perfeição da Santíssima Trindade, iriam falar de nós? O Brasil, como eles dizem a cada cinco minutos, põe fogo sem parar na floresta amazônica, comete genocídio contra os índios, persegue minorias e está acabando com as baleias – sem falar no derretimento da calota polar e no governo fascista etc. Se, além de todos esses delitos, ainda houvesse por aqui uma eleição presidencial como essa que andam fazendo por lá, iriam rebaixar o Brasil da condição de país irrecuperável para alguma categoria logo abaixo, onde a única solução é socar uma bomba de hidrogênio em cima.

Qualquer sistema de apuração de eleições, naturalmente, está sujeito à fraude, por mais moderno que seja – embora, curiosamente, a gente nunca ouça falar em confusão na Inglaterra, no Japão ou na Nova Zelândia. Alguém sabe de fraude eleitoral na Alemanha, ou no Canadá? Mas deixe-se essa discussão para outra hora; o que importa, no caso atual, é a alarmante situação pela qual as eleições nos Estados Unidos – o país número 1 do mundo, com seu PIB de 20 trilhões de dólares e tantos outros etceteras – estão sendo abertamente comparadas com as de uma republiqueta de bananas da América Central ou de algum fim de mundo da África. 

Queriam o quê? O presidente dos Estados Unidos da América, ninguém menos que ele, Donald Trump em pessoa, diz que “as eleições estão sendo roubadas”. Centenas de advogados, dos dois lados, entram com ações judiciais, uns contra os outros – o governo dizendo que a oposição fraudou os resultados, a oposição dizendo que o governo perdeu e quer virar a mesa. A apuração levou mais de quatro dias até que se soubesse quem ganhou – prodígio que não seria aceito nem no Congo Belga. A eleição é uma obra em aberto, na qual se pode votar antes do dia da eleição, no dia seguinte, depois de encerrado o horário de votação, pelo correio, por e-mail. A apuração dos votos é feita no ritmo, no sistema, com as leis e pelos funcionários de cada um dos 50 Estados americanos.

Trump diz que os votos “não-presenciais” – pois é, até em eleição existe agora esse negócio – que vão chegando pouco a pouco e cuja contagem não tem hora para acabar, vão todos para o inimigo Joseph Biden. Os inimigos do presidente dizem que ele quer dar um golpe de Estado. Em suma: deu ruim, como se diz. Talvez a ex-presidente Dilma Rousseff, de quem tanto se ri por causa de seus surtos de esquisitice, não estivesse sendo assim tão exótica quando disse que ninguém ganhou e ninguém perdeu a eleição, pois quem ganhou não perdeu e quem perdeu não ganhou, de modo que todo mundo perdeu e ganhou. 

Parece o Brasil dos anos 50, ou de antes, quando se votava a mão, com caneta Bic, e a apuração só começava ao meio-dia do dia seguinte, para se acertarem as coisas durante a noite – inclusive com o roubo físico das urnas. Um dia eles ainda chegam lá.

J.R. Guzzo, jornalista - O Estado de S. Paulo 


segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Coreia do Norte prepara novo lançamento de míssil, diz Coreia do Sul

Em demonstração de força, Seul simula ataque à base nuclear de Kim Jong-un

A Coreia do Sul alertou nesta segunda-feira que a Coreia do Norte prepara um novo lançamento de míssil, que poderia ser um artefato balístico intercontinental. O Ministério da Defesa de Seul vem detectando sinais sobre a provável nova ofensiva desde domingo, quando o regime de Kim Jong-un realizou o seu sexto teste nuclear. Em forte demonstração de força, o governo sul-coreano simulou um ataque à base nuclear da nação vizinha com exercícios do Exército e das Forças Aéreas. 

Seul não revelou o momento em que poderia acontecer o novo disparou de Pyongyang, mas anunciou que reforçará suas táticas de proteção militar (o escudo de defesas antimísseis THAAD) junto com Washington. Embora tenha conduzido os recentes exercícios sozinho, o Sul planeja novas manobras conjuntas com os Estados Unidos, numa tentativa de lembrar o Norte do seu poder militar, segundo autoridades.

"Muito em breve serão deslocados temporariamente outros quatro lançadores restantes, após consultas entre Coreia do Sul e Estados Unidos, para contra-atacar as crescentes ameaças nucleares e de mísseis procedentes do Norte", disse o governo sul-coreano.

Pyongyang provocou uma grande consternação na comunidade internacional no domingo ao executar o seu teste nuclear mais potente até hoje. Especialistas estimaram que a explosão tenha chegado aos 100 kiloton —  ou seja, cinco vezes mais potente do que a bomba nuclear lançada contra a cidade japonesa de Nagasaki durante a Segunda Guerra Mundial, que instantaneamente matou 70 mil pessoas —, além de ter provocado um terremoto de magnitude 6,3.

O regime afirmou ter testado com sucesso uma bomba de hidrogênio, cuja capacidade de destruição é muito elevada em comparação às bombas de fissão. Se confirmada a declaração, que analistas já prevêem como verdadeira, a Coreia do Norte terá alcançado um nível de tecnologia até então exclusiva de apenas cinco potências militares: EUA, Reino Unido, China, França e Rússia (à época, União Soviética) — que, atualmente, são os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Outros países, embora desenvolvam aparatos explosivos, possuem apenas bombas atômicas, e não as de hidrogênio.

ONU DEBATE MAIS SANÇÕES
Também nesta segunda-feira, o Sul disse acreditar que o Norte conseguiu miniaturizar com sucesso uma arma nuclear para o tamanho de uma ogiva. Se confirmado, isso significa que Pyongyang seria capaz de colocar disparar uma bomba nuclear, possivelmente para o território dos EUA.  A Coreia do Sul acredita que a Coreia do Norte miniaturizou com sucesso uma arma nuclear, ao tamanho de uma ogiva, declarou nesta segunda-feira o ministro da Defesa, Song Young-Moo. "Acreditamos que entra em um míssil balístico intercontinental", afirmou Song Young-Moo aos deputados no Parlamento, um dia depois do teste nuclear mais potente de Pyongyang até o momento.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas terá uma reunião de emergência nesta segunda-feira para discutir a aplicação de novas sanções contra o isolado regime de Kim Jong-un. No entanto, especialistas questionam quão efetivas novas punições podem ser, uma vez que diversas medidas semelhantes já foram tomadas antes, mas não são capazes de frear o avanço nuclear da Coreia do Norte, um regime altamente isolado na comunidade internacional e aliado à China

O presidente dos EUA, Donald Trump, cogita recorrer a uma reação militar e já pediu aos seus assessores que o informem sobre suas opções, segundo o Departamento de Defesa americano. Ontem, o Pentágono ameaçou uma resposta militar maciça às ameaças norte-coreanas, evocando seu poder de provocar "aniquilação total" do país asiático. Além disso, no domingo, levantou a possibilidade de um embargo total à Coreia do Norte: "Os Estados Unidos consideram, além de outras opções, parar todas as suas trocas comerciais com qualquer país que faça negócios com a Coreia do Norte", disse Trump pelo seu Twitter.


Em 4 de julho, Dia da Independência dos EUA, Pyongang lançou o seu primeiro míssil balístico intercontinental. O projétil Hwasong-14 aterrissou na Zona Econômica do Mar do Leste no Japão, após sobrevoar 933 km por quase 40 minutos. Segundo especialistas, o artefato poderia atingir o Alasca. A Coreia do Norte, por sua vez, anunciou que poderia inserir uma bomba de hidrogênio na sua ogiva. Após 24 dias, o regime disparou mais um míssil balístico intercontinental.

Além disso, no início de agosto, após o Conselho de Segurança da ONU ter decidido, por unanimidade, ampliar as sanções à Coreia do Norte, Pyongyang afirmou que revisava planos de atacar alvos militares em Guam, um território dos Estados Unidos na Micronésia que abriga bases da Marinha, Guarda Costeira e Força Aérea americanas. As ameaças levaram Trump a ameaçar responder às provocações com "fogo e fúria" jamais vistas pelo mundo.

Fonte: O Globo


domingo, 3 de setembro de 2017

O que é uma bomba de hidrogênio e o quanto ela é poderosa?

Este artigo foi originalmente publicado em 2016. Recuperamo-lo na sequência do mais recente ensaio nuclear norte-coreano.

Numa bomba de hidrogênio, uma grande parte da sua energia é obtida através da fusão dos núcleos dos seus átomos reações que imitam o que se passa no interior das estrelas, como o nosso Sol, onde os átomos de hidrogênio se fundem, dando origem a átomos de hélio e libertando gigantescas quantidades de energia.

Mas para que os átomos de hidrogênio se fundam nesta bomba, também conhecida como "bomba H" ou "bomba termonuclear", primeiro tem de haver um outro tipo de reações nucleares. Mais exatamente, reações de fissão nuclear, ou cisão nuclear. 

 Neste caso, o núcleo dos átomos (de urânio e plutônio) é partido, em vez de fundido, e é a energia libertada nestas primeiras reações nucleares que permite depois desencadear as reações de fusão dos núcleos de hidrogênio. Resumindo, primeiro há reações de fissão nuclear e em seguida de fusão nuclear.  O resultado é uma bomba nuclear muito mais poderosa do que as bombas unicamente de fissão nuclear, como aquelas que foram lançadas pelos Estados Unidos sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em 1945.

Os principais pais da bomba de hidrogeno são Edward Teller e Stanislaw Ulam, que a desenvolveram para os Estados Unidos. O primeiro teste ocorreu em 1952, no atol de Eniwetok, nas ilhas Marshall, no Pacífico. O atol ficou totalmente destruído. Mike, como foi baptizada a primeira bomba H, tinha uma potência gigantesca: mais de dez milhões de toneladas de TNT. Ora uma bomba de hidrogénio com esta potência liberta 800 vezes mais energia do que a bomba lançada sobre Hiroshima.

Três anos depois dos Estados Unidos, a União Soviética fez explodir a sua primeira bomba de hidrogênio.

Fonte: UOL 

Coreia do Norte diz que criou bomba de hidrogênio com 'grande poder destrutivo'

Kim Jong-um inspecionou bomba de hidrogênio que servirá de carga em míssil, segundo agência estatal

Autoridades da Coreia do Norte anunciaram neste sábado (domingo no horário local) que conseguiram desenvolver um arma nuclear mais avançada com "grande poder destrutivo", e o líder Kim Jong-un inspecionou a inserção de uma bomba de hidrogênio que servirá de carga para um novo míssil balístico intercontinental. Ainda não se sabe exatamente se Pyongyang conseguiu miniaturizar com sucesso seu armamento e se possui uma bomba H que funciona, mas a KCNA citou Kim dizendo que "todos os componentes da bomba H foram 100% fabricados" pela Coreia do Norte.
 Líder norte-coreano Kim Jong-un dá instruções no programa de desenvolvimento de armas nucleares - KCNA / REUTERS

O poder da bomba de hidrogênio é ajustável a centenas de quilotoneladas e pode ser detonado em altitudes elevadas. Com seus componentes produzidos nacionalmente, o país pode fabricar quantas bombas o governo quiser, informou a agência estatal KCNA. Esta semana, a Coreia do Norte colocou o Japão em estado de alerta ao disparar um míssil de médio alcance que passou sobre o Leste do arquipélago antes de cair no mar, provocando a condenação internacional. O lançamentode um míssil Hwasong-12 de médio alcance representa uma nova escalada na crise, um mês após a Coreia do Norte ter disparado dois mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) que poderiam atingir parte do continente americano.

O premier japonês, Shinzo Abe, denunciou o lançamento como uma ameaça grave, séria e sem precedentes, e concordou com o presidente americano, Donald Trump, sobre a necessidade de incrementar a pressão exercida sobre a Coreia do Norte. A primeira-ministra britânica, Theresa May, também anunciou que quer reforçar o ritmo de sanções, durante visita à capital japonesa.

Fonte: O Globo

sábado, 10 de setembro de 2016

O que sabemos sobre o programa nuclear da Coreia do Norte

O regime de Kim Jong-un realizou seu maior teste nuclear até o momento. Mas o que isso significa?

Na última sexta-feira, o regime norte-coreano anunciou a realização do quinto e maior teste nuclear de sua história. A explosão marcou as comemorações pelos 68 anos da fundação da Coreia do Norte e foi mais poderosa que a bomba detonada em Hiroshima, de acordo com estimativas do Ministério de Defesa da Coreia do Sul.
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A insistência de Kim Jong-un em dizer que já domina tecnologias nucleares avançadas tem aumentado cada vez mais a tensão e a instabilidade no continente asiático, além de provocar a condenação dos Estados Unidos e da Organização das Nações Unidas (ONU). Mas, apesar de todo o temor, os testes norte-coreanos também despertam muitas dúvidas e são cercados de contradições.

Pouco se sabe sobre a verdadeira potência das bombas desenvolvidas por Pyongyang ou sobre as matérias-primas utilizadas em sua construção, por exemplo. Listamos alguns dos fatos principais já conhecidos sobre o programa nuclear norte-coreano e algumas das maiores dúvidas que ainda pairam ao seu redor.

O primeiro teste com bombas nucleares da Coreia do Norte foi anunciado em outubro de 2006. Como todos os outros que viriam a seguir, foi feito em nível subterrâneo, e a principal matéria-prima utilizada nesse dispositivo foi o plutônio. A comunidade internacional acredita que a explosão gerou uma descarga de energia de cerca de 1 quiloton, menos de um décimo do tamanho da bomba lançada sobre Hiroshima em 1945.

O segundo teste aconteceu em maio de 2009 e sua explosão alcançou potência entre 2 e 8 quilotons. A experiência seguinte só foi registrada em fevereiro de 2013 e gerou uma série de especulações sobre a capacidade do regime de Kim Jong-un de enriquecer urânio.

Em janeiro deste ano, mais um teste foi anunciado. Desta vez, o regime de Kim assegurava se tratar de uma bomba de hidrogênio. Alguns meses depois, o ditador divulgou que seus cientistas foram capazes de desenvolver uma ogiva nuclear pequena o suficiente para caber em um míssil, notícia que a comunidade internacional recebeu com desconfiança.


O tamanho da explosão
A grande dúvida da comunidade internacional sobre o quinto teste nuclear realizado pela Coreia do Norte está no poder explosivo da nova bomba. As primeiras estimativas apontam que a explosão alcançou uma potência de 20 quilotons (um quiloton equivale à potência explosiva de mil quilos de TNT). As autoridades sul-coreanas, no entanto, afirmam que a explosão foi de 10 quilotons.

De qualquer forma, a explosão causada por esse teste foi muito maior do que as anteriores no regime de Kim Jong-un. O seu impacto foi tão forte que provocou um terremoto artificial de 5 graus na escala Richter no nordeste da Coreia do Norte, local do teste.

A Coreia do Norte tem, de fato, uma bomba nuclear?
Tecnicamente, sim. A Coreia do Norte realizou vários testes com bombas nucleares. No entanto, para lançar um ataque nuclear contra seus vizinhos é necessário fazer com que a ogiva nuclear seja pequena o suficiente para caber em um míssil. Kim Jong-un alega que seus cientistas conseguiram desenvolver essas ogivas em ‘miniatura’, mas o feito nunca foi comprovado, e muitos especialistas duvidam da reivindicação.

E uma bomba de hidrogênio?
A outra grande dúvida é se os dispositivos nucleares que estão sendo testados são bombas atômicas ou bombas de hidrogênio, que são muito mais poderosas. As bombas de hidrogênio usam a fusão de átomos para liberar enorme quantidade de energia, enquanto o dispositivo nuclear usa a fissão nuclear, ou a divisão de átomos.

Os testes de 2006, 2009 e 2013 foram todos testes com bombas atômicas. A Coreia do Norte alega que o teste de janeiro 2016 era de uma bomba de hidrogênio. Entretanto, especialistas questionam a informação, pois o tamanho da explosão registrado foi muito menor do que o estimado para uma bomba de hidrogênio.

Plutônio ou urânio?
Outra questão muito discutida pelos especialistas é a matéria prima utilizada na fabricação das bombas. A maioria acredita que os dois primeiros testes usaram plutônio, mas essa informação nunca pode ser confirmada.

O fato é que um teste bem sucedido com uma bomba desenvolvida com urânio marcaria um salto significativo no programa nuclear da Coreia do Norte. As reservas de plutônio no país são finitas, mas se os cientistas locais dominarem a técnica de enriquecimento de urânio, o país estaria muito próximo de construir um arsenal nuclear. Além disso, enriquecer plutônio exige grande maquinário e instalações, enquanto o enriquecimento de urânio é um processo muito mais discreto, que pode ser realizado em segredo.

As intenções de Kim Jong-un
Em 2016, além dos testes de armas nucleares, a Coreia do Norte realizou um lançamento de satélite, que a comunidade internacional suspeita ter se tratado de um teste de míssil balístico intercontinental. O país também lançou mais de 30 mísseis balísticos de 200 quilômetros de alcance – foram mais testes de mísseis neste ano do que em toda a história norte-coreana.

Por outro lado, é consenso no cenário internacional que Kim Jong-un usa as ameaças, os lançamentos de mísseis e os testes nucleares para desviar a atenção dos fracassos de seu governo e de sua fraca liderança. Ele busca assegurar seu apoio militar e impedir que seus ‘inimigos’ tomem qualquer ação contra seu regime.

O que a comunidade internacional está fazendo a respeito?
Estados Unidos, Rússia, China, Japão e Coreia do Sul já se engajaram em várias rodadas de negociações com a Coreia do Norte, mas nenhuma resultou em um acordo concreto de desarmamento. Em 2005, a Coreia do Norte concordou com um acordo histórico para desistir de suas ambições nucleares em troca de ajuda econômica e concessões políticas. 

A implementação do acordo se revelou complicado e as negociações foram paralisadas em 2009. Outros pactos com os Estados Unidos também nunca alcançaram resultados práticos.
A China ainda é o principal parceiro comercial da Coreia do Norte, e seu único aliado. Pequim também se juntou ao coro de nações que condenaram os testes de 2016, mas não tem se mostrado muito ativa nas negociações para frear seu vizinho ameaçador.


Fonte: VEJA On Line

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Coreia do Norte afirma ter detonado bomba de hidrogênio



Se confirmado, teste indica que desenvolvimento nuclear do país asiático atingiu um novo patamar. Conselho de Segurança da ONU convoca reunião de emergência. Anúncio de Pyongyang, entretanto, foi recebido com ceticismo. 

Após especulações sobre um terremoto provocado por ação humana, a Coreia do Norte confirmou seu primeiro "teste bem sucedido" de uma bomba de hidrogênio, que tem potência muito maior do que uma bomba nuclear comum. O anúncio na televisão norte-coreana foi feito nesta quarta-feira (06/01), poucas horas após diversas agências internacionais de monitoramento terem detectado um abalo sísmico de magnitude 5.1 próximo à localidade de Punggye-ri.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas convocou uma reunião de emergência para tratar do suposto teste nuclear, a pedido dos Estados Unidos e do Japão, segundo informaram diplomatas americanos.

Se a Coreia do Norte tiver de fato realizado um teste bem sucedido de uma bomba de hidrogênio que é substancialmente mais potente do que a bomba de Hiroshima isso demonstraria um significativo avanço militar e tecnológico para o país, que está sob sanção internacional desde seu primeiro teste de uma bomba atômica, em 2006.

"Em defesa da soberania"
O teste, que surpreendeu a comunidade internacional, foi ordenado pessoalmente pelo chefe de Estado Kim Jong-un, dois dias após seu aniversário. Em dezembro, Kim indicou pela primeira vez que seu país possuía uma bomba de hidrogênio. A Coreia do Norte "é uma potência nuclear disposta a detonar uma bomba nuclear e uma bomba de hidrogênio para defender sua soberania", disse ele em uma notícia publicada pela agência estatal KCNA.

Os Estados Unidos, a Coreia do Sul e o Japão reagiram com indignação ao anúncio. O governo japonês declarou que testes nucleares não serão tolerados, e disse que as ações da Coreia do Norte ameaçam também a segurança do Japão e pedem a uma resposta clara. Aparentemente, os Estados Unidos duvidam que a Coreia do Norte tenha mesmo uma bomba de hidrogênio. Segundo o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Ned Price, as informações estão sendo analisadas. "Enquanto ainda não temos condições de confirmar essas informações, nós condenamos qualquer violação das resoluções do Conselho de Segurança", disse.

A China enfatizou, em comunicado divulgado pela agência de notícias estatal Xinhua, que o teste contraria o objetivo do desarmamento nuclear.

Muito mais potente que a bomba de Hiroshima
O programa nuclear da Coreia do Norte preocupa a comunidade internacional há anos. Em fevereiro de 2005, o regime comunista de Pyongyang anunciou oficialmente pela primeira vez possuir armas nucleares. Um ano e meio depois, o país isolado realizou seu primeiro teste subterrâneo. Como reação, as Nações Unidas impuseram sanções contra a Coreia do Norte, as quais foram sendo endurecidas com testes seguintes.

O governo sul-coreano comparou a potência da primeira explosão, de outubro de 2006, com pouco menos de uma quilotonelada de TNT – em termos de comparação, a bomba que caiu sobre Hiroshima em 1945 tinha potência equivalente a 13 quilotoneladas. O terremoto de magnitude 4,2 que decorreu após o teste da Coreia do Norte serviu como indicador para avaliar a potência da bomba atômica do regime comunista.

Em maio de 2009, a Coreia do Norte realizou um segundo teste nuclear, que, segundo as estimativas de Seul, tinha potência de duas a seis quilotoneladas de TNT. O terceiro teste veio em fevereiro de 2013, e o Ministério da Defesa da Coreia do Sul falou em uma força explosiva de seis a sete quilotoneladas. Já o Instituto Alemão de Geociências e Recursos Natuais estimou uma potência de 40 quilotoneladas.

A bomba de hidrogênio, também chamada de bomba termonuclear, tem uma força explosiva multiplicada em muitas vezes em relação à bomba nuclear comum. A primeira bomba de hidrogênio detonada pelos Estados Unidos em novembro de 1952 teve um poder explosivo equivalente a dez megatoneladas, isto é, cerca de 700 vezes mais forte do que a bomba de Hiroshima. Em 1961, a União Soviética detonou uma bomba de hidrogênio de 58 megatoneladas.

Reação sul-coreana
A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional e prometeu dar uma resposta dura à Pyongyang.  No início da reunião, ela disse que o governo "deve fazer com que a Coreia do Norte sofra medidas pertinentes a serem tomadas em cooperação com a comunidade internacional".
Park ordenou o reforço da defesa do país, em conjunto com forças militares americanas, e disse que Seul irá responder com rigor a quaisquer novas provocações norte-coreanas. "Essa não é apenas uma séria provocação à nossa segurança nacional, mas também uma ameaça às nossas vidas e ao nosso futuro", disse a presidente.

Fonte: DefesaNet