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quarta-feira, 9 de setembro de 2015

S&P corta nota de crédito do Brasil e país perde grau de investimento

Agência cita proposta orçamentária como motivo para rebaixamento

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s cortou, na noite desta quarta-feira, a nota de crédito do Brasil, de BBB- para BB+, com perspectiva negativa. Com isso, o Brasil deixa de ter, por esta agência, o chamado grau de investimento, espécie de selo de bom pagador conferido ao país. Nas outras duas agências, a Moody’s e a Fitch, o país mantém esse aval.

Um dos fatores citados pela agência para o rebaixamento foi a proposta orçamentária para 2016. Segundo a Standard & Poor's, “os desafios políticos que o Brasil enfrenta continuaram a aumentar, pesando sobre a capacidade e a disposição do governo de apresentar um Orçamento 2016 para o Congresso coerente com a significativa correção política sinalizada durante a primeira parte do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff”.

A agência destacou que a proposta do Planalto prevê uma outra alteração na meta fiscal primária menos de seis semanas após uma revisão, o que significaria três anos consecutivos de déficit primário e da dívida líquida geral continuando a aumentar se medidas não forem tomadas medidas em relação às despesas e receitas. A S&P destacou que o orçamento proposto é baseado em um déficit primário de 0,3% do PIB, em vez da meta de superávit anteriormente revista para 0,7% em julho.


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Em agosto, o governo previu um déficit fiscal em 2016 de R$ 30,5 bilhões, ou cerca de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). No orçamento de 2016, a receita líquida da União esperada é R$ 1,180 trilhão, a despesa total prevista é de R$ 1,210 trilhão. A previsão é que as despesas do governo subam de R$ 1,105 trilhão este ano para R$ 1,210 trilhão no próximo. Isso significa um aumento de R$ 104,8 bilhões nos gastos.
 O cenário econômico avaliado pela agência ainda deixa o país em risco de ser rebaixado novamente nos próximos meses. Há uma possibilidade de um em três “de um rebaixamento adicional devido a uma maior deterioração da posição fiscal do Brasil, potenciais mudanças políticas fundamentais dado à dinâmica política fluida, incluindo uma nova falta de coesão dentro do Gabinete da presidente, ou devido à maior crise econômica do que nós esperamos atualmente”.

A agência afirma ainda acreditar que “o perfil de crédito do Brasil enfraqueceu-se ainda mais desde 28 de julho”, data em que a perspectiva do país foi revisada para negativa. Segundo o comunicado, na ocasião a agência sinalizou os riscos para a execução de mudanças políticas corretivas já em curso, principalmente decorrente da dinâmica no Congresso em associação a efeitos colaterais das investigações de corrupção na Petrobras. “Percebemos agora menos convicção dentro do Gabinete da presidente sobre a política fiscal”, disse a agência.

A agência disse ainda esperar uma contração do PIB real mais profunda e longa.
“Nossas projeções estimam uma contração de cerca de 2,5% este ano, seguido de outra contração de 0,5% em 2016, antes de retornar a um crescimento modesto em 2017”, afirmou o relatório.

As notas das agências de classificação de risco são utilizadas por investidores na hora de comprar o papel de um governo ou empresa. Notas piores significam maiores riscos, e o custo dessas emissões fica mais alto. São os próprios emissores (empresas e governos) que pagam as agências para obterem essa avaliação.


A S&P PERDEU A PACIÊNCIA COM O BRASIL
O economista-chefe do BES Investimentos, Jankiel Santos, afirmou que a decisão da S&P surpreende não pelo rebaixamento da nota, mas pelo fato de ter sido feita pouco mais de um mês após a última revisão - no dia 29 de julho, a agência mudou a perspectiva do Brasil de estável para negativa. — A decisão foi surpreendente porque na alteração da perspectiva (outlook), a S&P deu declarações de tranquilidade em relação ao Brasil. Aparentemente a agência perdeu a paciência com o Brasil — disse.

Na avaliação do economista, o fato do Brasil ter apresentado uma proposta de orçamento para 2016 com previsão de déficit fiscal (receitas em nível inferior às despesas) contribuiu para essa antecipação. Para a S&P, o Brasil terá déficit fiscal por três anos.
A consequência de curto prazo deve ser o aumento da volatilidade, com uma maior pressão sobre o câmbio. Caso o Brasil deixe de ser grau de investimento em mais alguma grande agência, alguns fundos estrangeiros não podem mais deixar o dinheiro aplicado aqui.
Benito Berber, estrategista para a América Latina do Nomura Securities, em Nova York, acredita que a decisão da S&P fará com que os mercados tenha uma reação bastante negativa nesta quinta-feira e, a depender do nível de pressão sobre o câmbio, espera que o Banco Central (BC) volte a intervir de forma mais agressiva para conter a escalada do dólar.
— Obviamente os mercados vão reagir de uma forma muito ruim, com muita pressão sobre a moeda. O Banco Central pode ter que fazer mais ofertas de "swap cambial", leilões de dólar ou outros tipos de intervenção. Vai ser um dia muito difícil para os mercados no Brasil — avaliou.

Na avaliação de Benito, o rebaixamento do Brasil pela S&P foi precipitado, uma vez que ocorreu em um momento em que o governo ainda está discutindo as medidas fiscais. No entanto, acredita que foi uma mensagem ao governo e ao Congresso Nacional, de que é preciso fazer essas alterações. — É uma questão de política fiscal e credibilidade, então os políticos precisam mostrar um determinado comportamento e melhorar a política fiscal. Mas para mim parece que a decisão da S&P foi um pouco prematura. Não acredito que Fitch e Moody's terão a mesma reação. Quando as coisas estiverem mais claras devem se mover na mesma direção, mas não tão rápido — disse.

Para o ex-presidente da Associação Brasileira dos Analistas de Mercado de Capitais (Apmec) Francisco Petros, o rebaixamento do Brasil pela S&P foi uma medida previsível, mas não esperada para agora. Segundo ele, o que pode ter ocasionado o rabaixamento é o caminho adotado pela equipe econômica que é pouco claro, com políticas fiscais incoerentes, que não pregam o corte de despesas e concede benefícios fiscais a alguns setores.  — É um verdadeiro desastre. Três quartos dos recursos do mercado internacional são destinados aos países com grau de investimento. O Brasil vai perder muitos recursos. Mas a agência fez uma avaliação correta.

GRAU DE INVESTIMENTO FOI CONQUISTADO EM 2008
A maior economia da América Latina está agora no mesmo nível de classificação de Rússia, Hungria e Indonésia, de acordo com a escala de classificação da S&P.


No dia 30 de abril de 2008 o Brasil recebeu o grau de investimento justamente da agência Standard & Poor's, que elevou de BB+ (nível especulativo, com risco de inadimplência) para BBB- a avaliação de crédito dos papéis do governo em moeda estrangeira.

Em um clima bem diferente do visto após o anúncio do rebaixamento nesta quarta-feira, projetava-se que o PIB daquele ano poderia ser até 1,5 ponto percentual maior em função da mudança.À época, a decisão da S&P fez com que empresários passassem a esperar que o Banco Central reduzisse as taxas de juros praticadas.

Na agência Moody's, a nota do Brasil hoje é Baa3 (estável), a um degrau de perder o grau de investimento, e na Fitch, BBB (negativo), a dois passos da zona de maus pagadores.

sábado, 1 de agosto de 2015

Pauta-bomba de nosso governo: reclamar menos da inflação hoje porque ela vai piorar amanhã

O mau pagador de promessas



Você precisa comprar a pauta-bomba de nosso governo: cortaremos na carne, na sua carne, morô?      

Devo, não nego. Pagarei quando puder. E com a ajuda de vocês. Governadores, prefeitos, deputados, senadores. 
Mas apelo sobretudo a você. Você pai ou mãe de família, que perdeu seu poder de consumo, perdeu o emprego, perdeu salário e crédito, perdeu conforto e esperança, perdeu economias, perdeu sua lojinha, sua microempresa, seu apartamento, seu carro
Perdeu até as estribeiras, porque se sente intimidado por gangues das ruas e dos palácios.

Você precisa vestir minha camisa, que é a camisa do Brasil, agora em tamanho menor devido à dieta argentina. Você tem de acreditar, mesmo que o PT tenha provado ser um mau pagador de promessas. Eu e o Guido no ano passado pedalamos a mesma bicicleta, aquela de dois lugares, para atropelar todas as contas que atravessavam nosso caminho glorioso. Mesmo assim você precisa se sacrificar.

Você precisa nos ajudar a manter bem altos os lucros dos bancos, porque eles sempre se dão bem, já reparou? Com a ajuda de cortes, câmbio e juros, os grandes tiveram lucros históricos. Você precisa aceitar calado a redução do salário, você precisa cuidar de seu rombo particular. Porque o meu rombo no primeiro semestre foi inédito na história, um deficit de R$ 1,6 bilhão de janeiro a junho. Um rombão, tudo é aumentativo por aqui, mensalão, petrolão, eletrolão.
Sempre bom lembrar que o 'manteiga' foi demitido não só por ser péssimo como ciclista, pedalava mal demais. O motivo principal de sua demissão foi a total incompatibilidade física do seu 'pibinho' com o 'rombão' da chefe. O triste é que o Levy, além de não poder pedalar, está tendo que administrar um rombão crescente ao tempo que o seu 'pibinho' fica menor a cada dia = micropibinho

Você precisa reunir a família, assim como eu reuni os meus parentes próximos e distantes, os governadores dos Estados. Para explicar que a gastança e o desperdício têm de parar. E, claro, eles entenderam que, se eu for atingida, eles vão junto. Como se não bastasse o Brasil perder selo internacional de bom pagador, ganhará o selo de mau gastador.

Você precisa sobretudo comprar nossa “pauta-bomba”, que é a seguinte: cortaremos na carne, na sua carne, entendeu? Não falo de churrasco de fim de semana, esse já era. Falo de cortes mais nobres. Cortes de gastos públicos, que eu e o Levy prometemos. Vamos cortar no sal grosso: no PACo (Programa de Aceleração do Crescimento), na Saúde e na Educação. Morô? Não, esse verbo não, lembra o sobrenome daquele juiz que não larga o meu pé nem o de meus companheiros empreiteiros. Juiz posudo, metido a italiano da gema, com ternos bem cortados e essa obsessão de lavar tudo a jato, como se a água e meu governo fossem acabar amanhã.

Você sabe que tem gordura nos hospitais e nas escolas, não? Gordura no chão, nos corredores, nas salas de cirurgia e de aula. Ah, você deixa esses itens do orçamento doméstico para cortar por último? Você preserva ao máximo a saúde e a educação de sua família e prefere cortar primeiro os supérfluos? Entendi: é porque você valoriza a vida e o futuro deles e a oportunidade real de crescimento digno e sustentável.

Por isso a classe média não vai para a frente, cai no cheque especial, paga juros escorchantes no cartão de crédito. E a gente (nós e os intelectuais do PT) tem ojeriza a esse pessoal conservador, não afeito a riscos, enfim, uma classe média reacionária. Não é uma categoria politizada. Além de ser gigante, difícil de ser manobrada, a classe média cultua a ideologia do bem-estar da família. E ponto.

Você também sabe que a gente gosta de dar esmola aos pobres e de adular os ricos. É a tal governabilidade, uma receita infalível. Posar de mãe de miseráveis e se locupletar com os grandes projetos. Vimos agora que o nuclear entrou na dança premiada. Minha geladeira vive abarrotada de energéticos para aguentar o tranco de nossa House of Cards.

Graças a Deus que lá também, no Congresso, acabou a mamata. E também a proteção que dávamos ao ex-PMDB comportado de Sarney. Agora o Congresso quer me derrubar, prefere o diretor da escola, aquele que parece uma esfinge e não diz nada, você sabe quem é, só espera mais um passo meu em falso. Bota falso nisso. Agosto começou e deveria ser menor. Vou arrumar umas viagens internacionais.

Já nos livramos da Catta Preta, a advogada de delatores que se mudará para Miami por medo. Você também tem medo, não? É a lógica de gangues que impera no país. Viu as cenas no Brás, em São Paulo, com cidadãos, muitos idosos, cercados e roubados por abutres? Você se sente ameaçado por taxas e impostos, por assaltantes, golpistas e policiais, por empresas de serviço, todo mundo tascando um pedacinho seu? Tente um pacto, como eu.

Esqueçam minhas pedaladas fiscais, me ajudem a aprovar minhas contas no TCU, não deixem que a Caixa e o Banco do Brasil cobrem de mim mais de R$ 1 bilhão em taxas dos programas sociais. Reclamem menos da inflação de hoje porque ela tende a piorar amanhã. Não critiquem inaugurações de clínicas sem médicos ou fechamento de escolas sem professores. Não somos um governo-bomba.

Fonte: Ruth de Aquino - Revista Época