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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Quem vai pagar a capitalização

Uma geração inteira de aposentadorias precisará de dinheiro tirado de algum lugar

A reforma da Previdência proposta por Paulo Guedes tem pontos muito positivos, mas tem coisa que tem que cair. A progressividade das alíquotas é uma ótima ideia, e espero que a mesma lógica impere quando chegar a hora da reforma tributária. A idade mínima é necessária à sustentabilidade do sistema. Há também pontos obviamente ruins, mas eles devem ser alterados pelo Congresso. O Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos pobres, não pode ser concedido só aos 70 anos, mesmo que desde os 60 se pague R$ 400 a esses brasileiros. O Congresso deve derrubar essa mudança, ou aproveitar a proposta de fazer o benefício ir subindo entre os 60 e os 70 anos até chegar ao salário mínimo.
A mutreta para incluir a redução do quórum para revogar a PEC da bengala na reforma também deve cair. Pensem bem: que outra coisa nesse projeto facilita que funcionário público rico se aposente mais cedo? Os bolsonaristas querem derrubar a PEC da bengala para encher o STF de puxa-sacos. É a mesma picaretagem que os governos autoritários da Polônia e da Hungria (e o chavismo) fizeram em seus países.
[apesar de ser apenas um entendimento do articulista de que a ideia de revogar a PEC da Bengala seja uma forma dos bolsonaristas encher o STF de puxa-sacos, nos permitimos mostrar e perguntar:
- a PEC da Bengala se estendeu para todos os funcionários públicos (no caso, só neste caso,  os funcionários públicos passaram a ter direitos iguais aos dos MEMBROS dos Três Poderes e do Ministério Público) o que inclui,  por óbvio,  a isenção de contribuir para a Previdência no período entre a data que passaram a fazer jus a aposentadoria até a da efetiva aposentadoria;
 
- o que é melhor para o Brasil: ter no STF supostos puxa-sacos ou permanecer na Corte Suprema alguns dos atuais ministros que apenas e tão somente semeiam a INSEGURANÇA JURÍDICA - entre outros absurdos?] 

Mas além das coisas boas e das coisas ruins que o Congresso certamente vai mudar, há um ponto que foi muito mal esclarecido até agora, e que pode ser mais importante do que todo o resto: a passagem para o regime de capitalização. No regime atual, nós que estamos na ativa pagamos quem está aposentado. No regime de capitalização, cada um paga a sua própria aposentadoria. Ao longo da sua vida, você vai colocando parte de seu salário em um fundo de Previdência, que depois paga sua aposentadoria quando você estiver mais velho.
A proposta de Guedes estabelece a possibilidade de adesão ao regime de capitalização para quem entrar no mercado de trabalho agora, mas deixa para Lei Complementar a regulamentação do sistema. Isso é muito ruim. Primeiro, porque os detalhes da proposta são importantíssimos. Mas não é só isso. O economista Nelson Barbosa notou algo importante. Se, como se espera, a contribuição patronal for menor no caso de empregados que adotarem a capitalização, a adesão vai deixar de ser opcional: quem não aceitar a capitalização não vai conseguir emprego.
E, mesmo se você achar que as regras da capitalização serão excelentes (ainda não sabemos se serão), surge um problemão: quem vai pagar a aposentadoria dos atuais aposentados se os jovens só pagarem a própria? A transição do regime atual para a capitalização é caríssima. Pense bem: é uma geração inteira de aposentadorias que precisará ser paga com dinheiro tirado de algum outro lugar. As estimativas desse custo nunca são menores do que algumas centenas de bilhões de reais. Se for isso, a transição come rapidinho boa parte da economia de um trilhão que a reforma atual pretende conseguir. [um lembrete de algo que parece estar sendo esquecido, propositadamente: os atuais aposentados contribuíram para a Previdência durante todo o período de atividade - contribuição sobre o total do salário (não apenas sobre o teto, conforme ocorre com os aposentados do Regime Geral.)

Não estão recebendo aposentadoria por generosidade do governo - aliás, grande parte dos servidores públicos (os 'privilegiados') ainda hoje, apesar de aposentados ainda pagam a Previdência sobre o valor que recebem acima do teto.]
A promessa da reforma é que ela vai liberar dinheiro para gastar com coisa boa: escola, hospital, redução de impostos. Se for tudo gasto na mudança do modelo de Previdência, não vai ter nada disso. Até que apareça alguém com um projeto de lei sobre capitalização bem explicado e uma planilha que mostre de onde sairá o dinheiro para a transição entre os regimes, proponho que a capitalização seja retirada da proposta de reforma da Previdência.
 
Celso Rocha de Barros - Folha de S. Paulo 
 
 

domingo, 18 de dezembro de 2016

Planalto dará presente bilionário às teles - alguém do governo vai ganhar com tanta generosidade

Um escândalo silencioso: governo e Congresso articulam perdão de multas e a transferência de milhares de bens dos contribuintes a empresas de telefonia

[no governo Lula uma tele ganhou bilhões (OI/Telemar) e o filho do Lula - o Lulinha - se tornou milionário.

E no governo Temer quem será o felizardo?]

O Planalto vestirá sua melhor roupa para a festa desta terça-feira. Haverá a cerimônia de sanção do projeto de lei que moderniza as regras do setor de telecomunicações, ainda gerido por normas defasadas dos anos 90. No pacote, o governo está dando de bandeja às teles um patrimônio bilionário coisa de 20 bilhões de reais, pelas estimativas mais modestas —, exatamente num momento de penúria e no qual se pede tanto sacrifício para o ajuste das contas públicas. Paralelamente, promove-se um perdão de outros 20 bilhões de reais em multas dessas mesmas teles, totalizando um presentaço fenomenal de 40 bilhões de reais em bondades. A maior agraciada com o pacote natalino é a enrolada Oi.

O jabuti é assim: originalmente, quando os contratos das teles terminassem, em 2025, todas teriam a obrigação de devolver à União parte do patrimônio físico que vinham usando e administrando desde a privatização. São milhares de imóveis, além de carros, antenas, torres, cabos, instalações, redes. Agora, sob as “regras modernizadoras”, todo esse patrimônio, em vez de ser devolvido aos contribuintes como originalmente previsto, será incorporado pelas teles, com a condição de que elas invistam o valor equivalente em seus negócios. Quem não adoraria um presente assim?

A questão, neste momento, é avaliar o exato valor desse patrimônio. Uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União informa que o valor total pode passar de 100 bilhões de reais uma fortuna capaz de aliviar em um ano até o déficit da Previdência.
Colaborou Marcelo Sakate

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