Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador base política. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador base política. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

O ministro, a economia e o desemprego - O Estado de S. Paulo

Almir Pazzianotto Pinto

Sem reduzir a miséria e recuperar o mercado de trabalho Bolsonaro terá poucas chances em 2022

Dentro de alguns dias o governo Bolsonaro completará dois anos. Metade do mandato foi consumida com providências mal alinhavadas para a retomada do crescimento. [pouco foi possível, ao presidente Bolsonaro,  realizar em prol do Brasil, nesses quase dois anos - além da pandemia, minimizada por algumas apenas para reduzir seus efeitos na economia de todos os países do mundo e tornar mais fácil atribuir falhas ao presidente Bolsonaro.

Mas em 2021, aceitem ou não aceitem as coisas começam a melhorar para o Brasil. Melhora que beneficiará os brasileiros e o presidente Bolsonaro terá condições de em um novo mandata governar - o que até afora tem sido dificultado pela pandemia e pelos inimigos do Brasil.] - ma Incorrigíveis otimistas falam em recuperação da economia, embora admitam que os resultados são inconvincentes. É o que mostram as estatísticas sobre desemprego.

Há contradição em termos quando se fala em crescimento do produto interno bruto (PIB) se índices oficiais revelam que o desemprego atingiu no último trimestre 14,6% e pode chegar a 17% em 2021. Afinal, ninguém ignora que o mercado de trabalho é o espelho da economia.

As maiores taxas de desocupação registram-se na Bahia, 20%, em Sergipe, 19,8%, Alagoas, 17,8%, Amazonas, 16,5%, e Rio de Janeiro, 16,4%. São Paulo, o Estado mais populoso e desenvolvido, segundo o IBGE tem 13,6% de desempregados. Os menores índices pertencem a Santa Catarina, 6,9%, Paraná, 9,6%, e Rio Grande do Sul, 9,4%. Segundo as mesmas pesquisas temos 5,9 milhões de desalentados, que abandonaram a ideia de recolocação.

A responsabilidade pela crise não pode ser atribuída apenas ao presidente Jair Bolsonaro. [por ocupar o cargo mais importante da Nação, o presidente se torna o mais visível - o que favorece em muito seus inimigos quando tentam responsabilizá-lo - mas ele está entre os menos culpados = além da pandemia, foi vítima da ação dos adeptos do 'quanto pior, melhor', incrustados nos mais altos cargos da República.] É indesmentível, porém, que se aprofundou, turbinada pelo ambiente político e pela pandemia de covid-19, cujas extensão e gravidade não consegue entender. Em 1.º/1/2019, quando tomou posse, o Brasil já se achava em situação pré-falimentar. A presidente Dilma Rousseff foi deposta pelo descalabro da economia, com inevitáveis repercussões nas contas públicas e privadas. Não o foi pelas pedaladas. Incapacidade administrativa, embora em elevado grau, não bastaria para despojá-la de mandato obtido nas urnas em eleições democráticas. O País, todavia, já não se conformava com a inépcia governamental. Embora incompetência não seja crime, o despreparo de Dilma, motivo geral de chacotas, combinada com forte dose de arrogância, colaborou de forma decisiva para enquadrá-la no artigo 85, V, da Constituição.

Jair Bolsonaro, capitão de Artilharia e deputado federal com vários mandatos, passou a ser olhado como tábua de salvação. Para a vitória sobre Fernando Haddad contribuíram o temor ao Partido dos Trabalhadores, a inconsistência dos adversários e a punhalada em Juiz de Fora, impedindo o debate revelador do viés autoritário e a demonstração de precária base política e intelectual.

Dentro da situação caótica em que se encontrava o País, o presidente Bolsonaro buscou economista de renome para responder pelo Ministério da Economia, ao qual incorporou o arruinado Ministério do Trabalho. Após alguns meses de prestígio, o ministro Paulo Guedes se enfraqueceu por se revelar incapaz de revigorar a economia e de enfrentar as questões sociais. Permanece empenhado em conseguir o equilíbrio das contas públicas, meta inalcançável em período de pandemia. O primeiro parágrafo de editorial do Estado é certeiro e definitivo: “O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem uma vaga ideia de onde está, ignora para onde vai e desconhece, portanto, como chegar lá” (25/11, A3).

Afinal, dirá alguém, o que tem que ver o ministro Paulo Guedes com o mercado de trabalho? Tudo. Geração de empregos é problema econômico que não se resolve ao sabor do acaso. Depende de pesados investimentos públicos e privados, internos e vindos do exterior. Exige meticuloso planejamento em médio e longo prazos, ainda que ao preço de alterações nas legislações trabalhista e tributária e da Constituição federal. O Ministério da Economia é fundamental para a geração de desenvolvimento e emprego. Mal conduzido leva o País à ruína, como mais de uma vez aconteceu.

É impossível a rápida abertura de vagas para 15 milhões de desesperados e 6 milhões de desalentados, que desistiram de gastar dinheiro à procura de serviço. Se conseguirmos superávit anual de 2 milhões, meta difícil de ser atingida em clima de pandemia, levaríamos uma década para reduzir o desemprego a índices civilizados.

O que nos aguarda em 2021? Se houver vacina eficaz no volume necessário e o presidente abandonar a postura negacionista, menos mal. Até lá, porém, medidas obrigatórias de isolamento social retardarão a retomada das atividades econômicas e manterão o desemprego em níveis elevados.

O período natalino está às portas. Como celebrarão as festas de Natal e de ano-novo os desempregados, os desalentados, os empresários quebrados e a classe média empobrecida? O comércio aguarda avidamente consumidores com o dinheiro do 13.º salário para gastar. Encerradas as compras de final de ano, não se sabe como reagirá a economia no primeiro trimestre de 2021, com o andamento dos meses de recesso.

Sem reduzir a miséria e recuperar o mercado de trabalho o presidente Jair Bolsonaro terá poucas chances de se reeleger. Às oposições compete valer-se das experiências deixadas pela fragmentação partidária. Se desejarem vencer em 2022, devem construir frente única em torno de candidato honesto, experiente, viável e com perfil popular, capaz de derrotar o sectarismo bolsonarista e a máquina governamental.

Almir Pazzianotto Pinto, advogado - ministro do Trabalho governo Sarney e presidente do TST

 

terça-feira, 4 de agosto de 2015

“Do asfalto ao Planalto”

Já estamos em agosto ─ o mês mais famoso das crises brasileiras, o mês em que Getúlio Vargas se matou, Jânio renunciou e Juscelino Kubitschek morreu.
Já neste início de semana se ouve o batucar dos tambores de guerra. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, anunciou que pretende em poucos dias recuperar um grande atraso: votar as contas da Presidência da República, de Collor a Lula. Fica assim aberto o caminho para a análise das contas de Dilma. É bem possível que o Tribunal de Contas recomende sua rejeição. E, caso a Câmara aceite a recomendação, o passo seguinte é o pedido de impeachment de Dilma.

Aliás, já há doze pedidos de impeachment aguardando votação, e Cunha promete colocá-los em pauta. O impeachment precisa ter embasamento jurídico, mas aplicá-lo é sempre uma decisão política. Os pedidos de impeachment, mais a decisão do TCU a respeito das contas, serão por isso examinados depois do dia 16 data prevista para as manifestações Fora, Dilma. Também será levado em conta um ruído mais próximo: o bater de panelas nesta quinta, 6, dia em que Dilma, Lula e o comando do PT estarão na TV, em cadeia nacional. Cadeia? Vá lá, em rede nacional. E com muitos em risco de cair na rede da Justiça. Há ainda CPIs espinhosas, como a do BNDES e a dos Fundos de Pensão, prontinhas para começar. Há novas delações premiadas, na área de energia. Há a possibilidade de que Eduardo Cunha seja acusado pelo Ministério Público, e reaja criando mais dificuldades para o governo.
E agosto é mês longo, de 31 dias.

A história oficial
A advogada Beatriz Catta Preta conduziu nove delações premiadas,
criando dificuldades para empresários e políticos que, claro, se irritaram. A advogada, experiente, por certo não se surpreendeu com essa hostilidade. Foi convocada pela CPI da Petrobras; mas a queda da convocação no Supremo, por ilegal, era quase certa (e caiu mesmo). Os advogados têm o direito de não falar sobre suas conversas com clientes. E dizer-se ameaçada, não diretamente, mas veladamente, e por isso abandonar a advocacia? Demitir o pessoal, esvaziar o escritório e chamar a Globo, dizendo que teme por sua família, mas não pretende deixar o Brasil ─ quando o jornalista Cláudio Humberto já informou que, há menos de um ano, montou uma empresa, a Catta Preta Consulting LLC, em Miami?  Então, tá.

A história analisada
Do sociólogo Rubens Figueiredo, sobre Beatriz Catta Preta: “Ela disse que é ‘ameaçada de forma velada através da imprensa’. Ora,
ou é velada ou é através da imprensa. As duas coisas juntas são impossíveis. Também disse que desistiu dos processos da Lava Jato ‘para não causar exposição indevida dos seus clientes’. Ora, ora: o que será mais indevido do que estar preso por corrupção, com fotos e imagens em todos os meios de comunicação?”

A história de sempre 1

Diante da erosão de sua base política, Dilma reagiu como de costume: anunciou a liberação de R$ 1 bilhão para honrar emendas parlamentares já aprovadas e acalmar deputados e senadores, irritados com promessas sempre reiteradas e jamais cumpridas.

O resultado foi o de sempre:
os parlamentares continuam dispostos a só confiar na presidente quando a verba for liberada de verdade.

A história de sempre 2
E, buscando o apoio dos estados, o governo agiu como de costume: inventando.  Após a reunião de Dilma com governadores, o blog da Presidência divulgou, às 23h23 do dia 30, uma falsidade. “Os governadores (…) fizeram uma defesa clara (…) da manutenção do mandato legítimo da presidenta Dilma e dos eleitos em 2014. (…) os representantes dos 27 Estados deixaram clara sua posição de unidade em favor da estabilidade política do país”. 

Só que o tema nem foi discutido.
O que houve foi uma opinião do maranhense Flávio Dino, do PCdoB, em entrevista (“defendemos a manutenção do mandato legítimo da presidenta Dilma Rousseff”). Geraldo Alckmin, PSDB, desmentiu Dino na hora: negou qualquer manifestação dos governadores sobre o tema e disse que é preciso cumprir a Constituição. Alckmin foi ignorado no blog da Presidência. Adiantou?

Depende: se
o caro leitor acha que o blog da Presidência tem muitos leitores, todos crédulos, e que influencia a opinião pública, então adiantou. Senão, não.

História puxa história
O senador Romário, PSB do Rio, presidente da CPI do Futebol, disse que não permitirá a convocação de José Maria Marin para depor no Brasil. Teme que, aqui, Marin se livre da extradição para os EUA. Quer ouvi-lo, mas na Suíça. Romário já foi mais amável com Marin. Em 22 de agosto de 2012, quando quis trocar o técnico da Seleção (foi atendido), postou nas redes sociais: “Presidente José Maria Marin, depois dessa bela ação de ter trocado o comando da comissão de arbitragem, que já era uma vergonha, continue com boas ações, faça seu papel, mande este sujeito para onde ele já deveria ter ido depois da Copa América. (…) Não faça da sua gestão uma gestão perdedora por causa de um treinador que não vai te dar nada, os interesses dele são maiores que os da Seleção. Ouça seu vice Marco Polo del Nero, que é um grande conhecedor do futebol.” 

Fonte: Coluna do Carlos Brickmann