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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O banqueiro que virou um dos homens mais ricos do país


André Esteves: um banqueiro controvertido que virou um dos homens mais ricos do Brasil


A trajetória do financista no mercado é recheada de manobras suspeitas e tacadas agressivas 

 


O banqueiro André Esteves, preso pela Polícia Federal nesta quarta-feira (25), em São Paulo, sob a acusação de querer prejudicar as investigações da operação Lava Jato, é uma das figuras mais bem sucedidas da arena financeira do país nos anos 2000 e também uma das mais controversas.

Nascido e criado na Tijuca, bairro de classe média no Rio de Janeiro, Esteves, de 46 anos, ergueu um império com ramificações nos principais centros financeiros internacionais, como Nova York, Londres e Hong Kong. Num setor dominado por gigantes globais, ele fez do BTG Pactual o maior banco de investimento da América Latina e se tornou um dos homens mais ricos do Brasil, com uma fortuna estimada hoje em cerca de US$ 2 bilhões (R$ 7,6 bilhões). “Sou muito bom para ganhar dinheiro, mas não para gastar”, afirmou a ÉPOCA numa entrevista exclusiva realizada em 2012, logo depois de concluir uma bem sucedida operação de lançamento de ações do BTG na Bolsa de Valores de São Paulo.


Apesar do sucesso que alcançou, Esteves afirma que costuma levar uma vida reservada, mais voltada para o trabalho e para a família, com quem costuma passar suas (poucas) horas de folga. Ele diz trabalhar de dez a 12 horas por dia. Em geral, tira apenas duas semanas de férias por ano. Uma no Carnaval e outra no meio do ano. Seu jato particular, um Dassault Falcon 7X, avaliado em US$ 50 milhões, é uma ferramenta de trabalho, que Esteves usa para se deslocar com agilidade e privacidade pelo país e pelo exterior. Normalmente, faz apenas uma ou duas viagens com o jato por ano com a família.

Bem relacionado e influente, Esteves conversa com os principais empresários do país como se estivesse falando com a turma do colégio. Numa das entrevistas que concedeu a ÉPOCA, pediu licença para atender um telefonema do banqueiro Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil, fundador do extinto banco Garantia, vendido ao Credit Suisse em 1998, e hoje principal acionista do grupo AB InBev, maior fabricante de cervejas do mundo, que controla a Ambev no país. Ao final de um almoço com a reportagem da revista, Esteves acelerou sua saída para atender pessoalmente o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabucco Cappi.


Por sua desenvoltura na mesa de operações, Esteves já foi chamado de “o George Soros brasileiro”, embora se considere mais um “homem de negócios” que um “financista”. Ao contrário dos banqueiros Amador Aguiar (1904-1991), fundador do Bradesco, Olavo Setubal (1923-2008), do Itaú, e Walther Moreira Salles (1912-2001), do Unibanco, Esteves não construiu seu banco com base em agências na rua, concentrado no crédito ou na prestação de serviços financeiros. Ele se inspirou em banqueiros como John Pierpont Morgan, fundador do J.P. Morgan, o banco que ajudou a financiar o crescimento americano nos séculos XIX e XX, e em Jorge Paulo Lemann. Ambos se dedicavam às operações de mercado de capitais, voltadas para as grandes e médias empresas que precisam de recursos para crescer. Ou para a gestão de recursos de clientes.

Ao longo de sua carreira meteórica no mundo das finanças, Esteves deixou claro que não costuma medir esforços para conseguir o que quer. Em 1999, quando comandava a área de renda fixa do antigo Pactual, que deu origem ao BTG Pactual, ele liderou um levante com mais três sócios para expelir da sociedade seu principal acionista, Luiz Cesar Fernandes, e se tornou o comandante do banco. “Sempre tive consciência de que ele venderia a mãe para ter o poder”, afirmou Fernandes a ÉPOCA certa vez. “O André é ambicioso e tem uma liderança muito forte.”

No auge da crise global, em 2008, quando Esteves trabalhava na base londrina do banco suíço UBS, para quem havia vendido o Pactual dois anos antes, ele não se fez de rogado. Aproveitando a fragilidade do UBS, uma das instituições mais atingidas pela hecatombe financeira global, chegou a fazer uma proposta para comprá-lo na bacia das almas.

Chegou a procurar Jorge Paulo Lemann para apoiá-lo na iniciativa, mas o comando do UBS não gostou de seus movimentos e ele acabou deixando o banco. Esteves voltou, então, ao Brasil e fundou o BTG, uma empresa de investimentos. Pouco tempo depois, recomprou com alguns sócios o velho Pactual do próprio UBS, que precisava fazer caixa, e  formou, então o BTG Pactual, unindo as duas operações.

Não é de hoje que seus negócios com o governo despertam a atenção. Em fevereiro, ÉPOCA publicou em primeira mão, com base na delação premiada do doleiro Alberto Youssef na Lava Jato, que Esteves usou de sua influência para que a BR Distribuidora, principal subsidiária da Petrobras, “embandeirasse” a rede de postos de combustíveis da DVBR, da qual o BTG é sócio, e realizasse os elevados investimentos necessários ao à empreitada.


A boa relação cultivada por Esteves com os ex-ministros da Fazenda, Guido Mantega, e Antonio Palocci, desde quando eles estavam no governo, também foi alvo de muito ti-ti-ti no mercado financeiro. Ele é acusado de ter recebido informações privilegiadas para usá-las em benefício próprio e do banco. No final dos anos 1990, quando era apenas um operador de mercado, Esteves já era acusado por seus adversários de ganhar milhões com o uso de informações privilegiadas relacionadas ao comportamento dos juros e às ações do Banco Central.

Em 2012, dias antes do lançamento de ações do BTG Pactual na Bolsa de Valores de São Paulo, a Consob, o xerife do mercado de ações italiano, multou o banco em 350 mil euros pelo uso de informação privilegiada em negócios com ações da Creminini, empresa que negociava uma parceria com o frigorífico JBS. O BTG foi suspenso por seis meses como administrador de empresas na Itália e ainda teve um valor equivalente ao lucro que teria sido obtido com a operação bloqueado pela Consob.

Em 2007, teve de fazer um acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil para encerrar um processo envolvendo irregularidades na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), hoje parte da BM&F Bovespa. Acusado de ter feito operações para transferir lucros do Pactual para uma empresa estrangeira chamada Romanche Investment Corporation, ele teve de se comprometer a pagar uma multa de R$ 8,1 milhões, com Aldo Santos Laureano Junior, também executivo do banco.

Agora, com o com sua prisão pela força-tarefa da Lava Jato, Esteves sofre seu maior revés, cuja extensão só poderá ser medida precisamente com o tempo. Desde já, o seu BTG Pactual acusou o golpe, com uma queda de 21% nas cotações dos papéis do banco na Bolsa de São Paulo nesta quarta-feira.

Fonte: Revista Época