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quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Quem se cala... - William Waack

O Estado de S. Paulo

Profissionais não podem reclamar quando permitem que amadores mandem na política externa

O Brasil não é participante relevante de nenhum agudo conflito internacional, seja ele de fronteiras, geopolítico, étnico, religioso ou comercial (estamos ensaiando um na questão ambiental). Por um lado, não deixa de ser uma bênção: nenhuma família brasileira vai dormir preocupada se um integrante seu estará na linha de fogo de algum confronto internacional – a não ser que se considerem como “internacional” as balas perdidas em comunidades controladas pelo narcotráfico e milícias. [consideração que ocorrendo tem procedência; aos que não sabem, no Brasil tem algumas áreas de favelas do Rio em que a polícia só pode entrar, para ações de combate ao crime,  com ampla e prévia justificativa.]

Por outro, é uma espécie de “maldição”. A nossa distância dos grandes conflitos ajuda a entender o estado de “anestesia” pelo qual a sociedade brasileira contempla confrontos internacionais. É uma espécie de mentalidade de “isolamento esplêndido”, dado nosso tamanho e posição geográfica, que nos tira o senso de urgência ou de “ameaça” de problemas vindos de fora. Política externa é um assunto para especialistas, e de escasso apelo ao grande público e só em circunstâncias excepcionais – não é parte relevante de campanhas eleitorais.

Foi preciso que no caso da vitória de Joe Biden a política externa brasileira, entregue por Jair Bolsonaro a uma desastrosa mescla de diletantes amadores e profissionais ideologizados, produzisse uma incomparável vergonha internacional para que o Senado humilhasse o Itamaraty e declarasse que o rei está nu. E que assim pelado fosse “para o inferno”, conforme as palavras do senador Major Olímpio dirigidas ao chanceler Ernesto Araujo. [de há muito somos contra Ernesto Araújo no comando do Itamaraty, só que ele continua lá, Realmente esperamos que não por influência de um senador e sim por decisão do presidente da República, Temer assuma o comando do MRE.]

A mistura de soberba com ignorância dos que formularam as posturas externas no governo Bolsonaro não permitiria mesmo prever nada diferente dos atuais resultados, mas o problema é mais grave. Integram os círculos palacianos militares com passagens por excelentes instituições de ensino (como as academias e escolas de Estado Maior), com formação profissional em relações internacionais, segurança e estratégia, e com experiência pessoal direta em confrontos lá fora, inclusive militares (como as missões de paz em vários países).

Sabe-se por relatos e conversas pessoais que esses profissionais desprezam o amadorismo e a estupidez dos conselhos dados ao presidente pelas figuras nas quais confia em matéria de assuntos internacionais, à testa delas um de seus filhos. Lamentam abertamente os disparates do ministro das Relações Exteriores, tido nesses círculos como figura patética, e o fato de que energias políticas preciosas são gastas apenas para minimizar danos (como no caso da política comercial com a China).

Nesse caso os militares são vítimas da própria formação e do respeito à hierarquia. Não há nada mais difícil para um fardado do que rebelar-se contra um chefe, mesmo achando que está produzindo besteiras (como é o caso atual). Ocorre que é tênue e, para quem está envolvido nas decisões, difícil de ser identificada a linha que separa “lealdade” e “cumprimento da missão” da cumplicidade com a irresponsabilidade com que são tratados os interesses da Nação.

Os danos causados ao País pela política externa de Bolsonaro são graves em várias áreas e as consequências de isolamento, de ser “pária” internacional (do qual, espantosamente, se orgulha o chefe do Itamaraty) estão apenas no início – e isto não se refere apenas à derrota de Trump. Se é que admitem que a reputação das instituições às quais pertencem também estão sendo arranhadas, esses oficiais ou ex-oficiais nos círculos de decisões relevantes preferem permanecer quietos. Mais um caso na longa galeria de militares profissionais que, ao se calarem, consentem. 

William Waack, jornalista - O Estado de S. Paulo


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Estado precisa criar estratégias para conter casos de balas perdidas - Editorial - O Globo

Pelo menos quatro crianças já foram atingidas por tiros este ano no Rio, situação inaceitável

No dia 10 de janeiro, a menina Anna Carolina de Souza Neves, de 8 anos, estava no sofá de sua casa, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, quando foi atingida na cabeça por uma bala perdida. Ela foi levada para o Hospital estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, mas não conseguiram salvá-la. Como mostrou reportagem do GLOBO, a Delegacia de Homicídios da Baixada abriu inquérito para investigar o caso, mas não se sabe ainda de onde partiu o tiro. É sintomático que, à época, noticiou-se que Anna era a primeira criança vítima de bala perdida este ano no estado. A rotina violenta do Rio fazia supor que haveria outras. Como, de fato, houve.

[se impõe considerar alguns pontos:
- sempre que alguém, criança ou adulto, é vitimado por uma bala perdida, a reação imediata é de responsabilizar a polícia - seja partindo de um  repórter que gosta de estar bem na fita com bandidos (infelizmente, existe alguns deste tipo; poucos, mas, há alguns.) ou de moradores que são coagidos a declarar que o tiro partiu dos policiais - imagine, que morador de favela vai ter coragem para declarar a imprensa, com moradores e bandidos assistindo, que o tiro partiu dos traficantes ou que não viu de qual lado? o morador sempre declara, e vai continuar declarando, que o tiro partiu da polícia.
Assim, antes de acusar o policial deve ser feito uma perícia e se comprovado que o disparo partiu da arma de um policial, que se investigue,  buscando comprovar se houve dolo ou apenas uma fatalidade.
Não pode ser olvidado em qualquer investigação que os traficantes podem perfeitamente, durante tiroteios, disparar contra uma criança ou adulto - sempre que alguém é atingido por uma uma bala perdida, o conceito da polícia cai e a tendência a restringir operações, que sempre prejudicam o tráfico, aumenta.
A polícia é que não tem nenhum interesse em que inocentes, especialmente crianças, sejam atingidos;
qualquer policial sabe que inocente atingido por bala perdida significa complicar, com o aumento do risco para os policiais, a realização de operações policiais.]

O mês mal terminara e, na quarta-feira passada, já se contabilizavam quatro crianças atingidas por balas perdidas. O caso mais recente ocorreu na noite de 27 de janeiro. O menino Arthur Gonçalves Monteiro foi baleado na cabeça quando jogava bola no Morro São João, no Engenho Novo. Moradores relataram que no momento em que a criança foi ferida traficantes e policiais da UPP trocavam tiros, mas não se sabe a origem do disparo. O caso ganhou contornos ainda mais dramáticos porque a família do garoto precisou recorrer à Justiça para conseguir vaga numa UTI pediátrica. Somente depois de decisão judicial Arthur foi transferido do Hospital Salgado Filho, no Méier, para o Getúlio Vargas, na Penha. O que mostra o despreparo da rede pública de saúde para socorrer as vítimas dessa guerra urbana.

Infelizmente, as balas perdidas passaram a fazer parte do cotidiano do Rio. Não há locais mais ou menos suscetíveis. Tragédias desse tipo podem acontecer em qualquer lugar. No morro ou no asfalto, dentro ou fora de casa, no carro, na escola, no trabalho, no hospital. No compêndio de absurdos, incluem-se casos de bebês baleados dentro da barriga da mãe, tornando-se vítimas da violência antes mesmo de nascer.

São muitos os fatores que contribuem para essa saraivada de balas perdidas, como guerras entre quadrilhas, operações policiais mal planejadas, despreparo de agentes e, evidentemente, o grande número de armas e munição em circulação — legal ou não. Preocupa o fato de esse arsenal estar em constante expansão, especialmente diante da política do governo Jair Bolsonaro de flexibilizar o acesso a armas. Na semana passada, uma portaria quadruplicou a quantidade de munição permitida para compra por civis.

Os casos de balas perdidas — e não só os de grande repercussão, como o da menina Ágatha Félix, no Complexo do Alemão, em 2019— precisam ser investigados e estudados, de modo que o estado possa criar estratégias para conter essa sequência de episódios trágicos. Antes que eles se tornem tão frequentes a ponto de serem banalizados.

Editorial - O Globo



sexta-feira, 10 de maio de 2019

Faroeste

Bolsonaro não escancara o porte de armas por questão política, mas por obsessão

Parece obsessão e é mesmo: com tantos problemas gravíssimos no Brasil, econômicos, fiscais, sociais, éticos, o presidente Jair Bolsonaro só pensa em ampliar a posse e agora escancarar o porte de armas a níveis nunca antes vistos ou imaginados. Assim, causa a euforia dos armamentistas e o pânico dos que são contra. [vale lembrar que desarmar PESSOAS DE BEM, propiciando aos bandidos a oportunidade de executarem com mais facilidade suas práticas homicidas, é um problema mais grave do que a soma de todos os acima destacados.
Assim, a ação do presidente Bolsonaro está entre as que podem, até DEVEM, ser consideradas corretas sobre todos os aspectos - evidente prova de que nesta o astrólogo, para felicidade do Brasil, não foi ouvido.]

Pode-se deduzir que Bolsonaro dedicou os dois primeiros projetos realmente dele à flexibilização da posse e do porte de armas por uma questão político-eleitoral. Ele estaria [está e estará] dando satisfação a seus eleitores e mantendo a “bancada da bala” nutrida e unida a seu favor. Mas não é só. Por trás dos decretos, está a paixão incontida do presidente por armas, uma paixão que ele transferiu de pai para filho e transformou em política de governo num país onde tiroteios, balas perdidas e mortes de policiais, criminosos, cidadãos e cidadãs comuns são parte da paisagem. Multiplicar as armas em circulação vai reduzir esse banho de sangue? Se até policiais justificadamente armados morrem nos confrontos a tiros, por que os leigos estarão mais protegidos?

O anúncio do novo decreto de Bolsonaro foi um tanto atípico, curioso: ele fez solenidade no Planalto para a assinatura e anúncio, deixou vazar uma ou outra medida e guardou a grande surpresa (ou o grande susto) para o dia seguinte, com o texto publicado no Diário Oficial da União (DOU).

São tantos os absurdos que cada jornal pôde escolher sua manchete, cada telejornal abordou um ângulo, cada coluna deu um enfoque diferente. Foi uma farra de novidades a serem anunciadas, digeridas e, por muitos, repelidas. O próprio ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, disse um tanto constrangido que a medida é “em função das eleições”. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, anunciou estudos sobre a constitucionalidade. Partidos e entidades começam a entrar na justiça. Aparentemente, só os bolsonaristas de raiz, além de quem faz das armas um negócio e tanto, estão soltando fogos. Enquanto não soltam tiros.

Armas que sempre foram de uso restrito das Forças Armadas vão passar a circular por aí em mãos de leigos. [o decreto permite que eventuais situações em que armas classificadas,  erroneamente,  como de uso restrito sejam corrigidas; 
mas, as armas com características que recomendam restrições ao seu uso continuaram sendo de uso restrito.
 
Não ocorrerá no Brasil a situação que ocorre em alguns países - entre eles os EUA, país em que apesar da posse e porte de armas sofrer pouquíssimas restrições, é  menor do que no Brasil o número de pessoas vítimas de armas fogo, em que armas de grande poder de fogo são vendidas livremente - cabendo o registro que no Brasil, apesar da vigência do 'estatuto do desarmamento (que praticamente torna crime o cidadão de bem pensar em  possuir/portar uma arma de fogo) o número de pessoas mortas é superior aos apresentados nas terras do Trump.] Quem mora em área rural está liberado para portar um revólver no coldre. Usuários de aviões sentarão lado a lado de pessoas armadas. Crianças e adolescentes não precisarão mais de autorização judicial para aprenderem a atirar, basta os pais deixarem – ou melhor, incentivarem.

Na solenidade do Planalto, Bolsonaro produziu uma foto histórica, cercado de políticos de terno e gravata, fazendo gestos que simbolizam armas. Pou! Fogo! Mas, mesmo nesse meio, o presidente se limitou a anunciar que o decreto facilitaria o porte de armas para caçadores, colecionadores, atiradores esportivos e praças das Forças Armadas. Que nada! No dia seguinte, a edição do DOU trazia uma lista de 20 categorias liberadas para saírem em ruas, avenidas, locais públicos em geral, com suas armas fartamente carregadas. O atual limite de 50 cartuchos deu um salto estonteante para mil.

Não precisarão mais comprovar a efetiva necessidade de portar armas todos os políticos com mandato no País, advogados indiscriminadamente, caminhoneiros autônomos, habitantes de áreas rurais acima de 25 anos, até jornalistas que atuem na área policial. Em 2018, os brasileiros com porte de armas somavam 36,7 mil. Agora, vão disparar para perto de 20 milhões. [todo marginal é covarde e quando vai 'tratalhar' procurar correr o menor risco possível;
sabendo que há grandes possibilidades de sua possóvel futura vítima estar armada, ele desiste daquela e tem que procurar outra e novas desistências ocorrerão.
Se o número elevado de armas de fogo em mãos da população resultasse no aumento do número de mortes, novamente limitando o exemplo aos nossos irmãos do Norte, o Brasil não teria mais mortos por armas de fogo do que os Estados Unidos - lá além do maior número de armas nas mãos da população, grande parte delas tem maior poder de fogo do que as que os brasileiros podem passar a possuir/portar.] Um grande, imenso e incerto faroeste. E com 13 milhões de desempregados. Com seus decretos, armas, cartuchos e Olavos, o presidente só mantém o que já tem: sua tropa na internet. Ele precisa olhar para o que está perdendo e ampliar sua agenda. Ou melhor: conectar a agenda e o governo com a realidade.
 
 

quarta-feira, 28 de março de 2018

Prezado ministro Marco Aurélio

Às vésperas da sexta-feira da paixão, ele se sentiu crucificado - como Cristo. Que tal, então, ressuscitar, em plena Páscoa, a prática de punir criminosos? 

Daqui a oito dias, isto é na quarta-feira que se segue ao privilegiado, looongo descanso da Semana Santa (Oi? O feriado é só na sexta, tá?), o Supremo vai, enfim, votar o habeas corpus que pode manter Lula em liberdade.  Duas semanas terão se passado desde a bizarra sessão da última quinta-feira.  A cena do ministro Marco Aurélio Mello tirando do bolso direito inferior do paletó aquele pedaço de papel para mostrar o check-in de voo ao Rio de Janeiro tinha tudo para virar meme – como virou.
O Brasil ouviu as risadas instantâneas de seus pares.

No dia seguinte, um queixoso magistrado trocou endereços de e-mail e números de telefone, dizendo-se se crucificado por ser cumpridor de compromissos.  Caro ministro Marco Aurélio, permita-me explicar que seu compromisso NÃO é com a Academia Brasileira de Direito do Trabalho (ABDT), cuja presidência do Conselho Consultivo o senhor assumiu na sexta, 23 de março.
Seu compromisso “Supremo”, como diz o nome do tribunal que o sr. compõe, é com a sociedade brasileira, que clama pelo combate à corrupção.

Aliás, aproveito também para informar que a referida entidade com sede no Rio é uma academia, e não uma associação, como o sr. a ela se referiu na sessão do pleno do STF.  Academia à qual o sr. pertence há mais de 15 anos, disse-me me há pouco o presidente João de Lima Teixeira Filho, empossado na mesma cerimônia.  Era de se esperar que o sr. soubesse o nome, mas, diante da insegurança jurídica em que o País está mergulhado, isso é o de menos.

Tenho absoluta certeza que a ABDT seria 100% solidária com o povo brasileiro – e super hiper compreensiva diante de sua ausência [que nenhuma falta faria ou faz]  – se, para julgar assunto de tamanha importância em ano eleitoral, o sr. precisasse cancelar a viagem.

Por favor, releia suas palavras, ao pedir o encerramento da sessão à presidente Cármen Lúcia:

“(…) para cumprir um compromisso que penso que decorre até da cadeira que ocupo no Supremo, homenagem a esta cadeira, que é assumir amanhã no Rio a presidência do Conselho Consultivo da Associação (sic) Brasileira de Direito do Trabalho, que será uma honra para mim.”

Espero que o sr. e seus 10 colegas do Supremo usem esta semana de descanso para refletir sobre o futuro de uma nação que, esgarçada pela pilhagem aos cofres públicos, vive uma crise de violência sem precedentes, registra pessoas morrendo por falta de atendimento médico, vê crianças sem escola, merendas infantis sendo roubadas, balas perdidas a torto e direito, mortes nas estradas sem manutenção, e tantos problemas mais.
Seu compromisso mor, prezado ministro, é punir os ladrões.
Dos cofres públicos e privados.
Zelar pelo cumprimento da Constituição é sua prioridade.
A Academia de Direito do Trabalho vem depois.
Inclusive porque o dr. Lima Teixeira esclarece que o seu Conselho Consultivo não é permanente, e só funciona à medida que o presidente pede algum aconselhamento.

Blog da Lillian Witte Fibe - VEJA

 

segunda-feira, 19 de março de 2018

Benjamin, de apenas 1 ano, é enterrado sob forte comoção no Rio

Ele e outras três pessoas foram mortas por balas perdidas durante ação policial na Favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio, na noite da sexta-feira passada

 Benjamin morreu baleado no Complexo do Alemão (foto: Reprodução)

O enterro do bebê Benjamin, de 1 ano, foi marcado pela forte comoção de parentes. Ele e outras três pessoas foram mortas por balas perdidas durante ação policial na Favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio, na noite da sexta-feira passada (16/3). A mãe da criança foi atingida de raspão e atendida no hospital.

De acordo com a Polícia Militar, quatro homens armados com fuzis trafegavam pela avenida Itaoca, uma das principais da favela, quando avistaram uma viatura com policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Fazendinha parada numa esquina. Eles começaram a atirar em direção aos policiais e houve revide. O grupo fugiu e a PM começou uma perseguição, durante a qual o tiroteio continuou. No total, seis pessoas foram atingidas por balas perdidas
 
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

sábado, 24 de fevereiro de 2018

A Retomada da Cidadania

Olhar a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro sob a ótica ideológica pode trazer algumas imagens turvas. Não está em jogo a discussão de poder civil ou militar, muito menos liberdades e direitos fundamentais. Essas são questões teoricamente já resolvidas no País. Trata-se, sim, de uma operação de resgate da cidadania. E não existe Estado Democrático de Direito onde não há cidadania. O que queremos ver no Rio de Janeiro nos próximos meses está longe de serem baionetas se impondo sobre a sociedade civil, mas as Forças Armadas a serviço da sociedade, tendo como limites para a ação todos os preceitos impostos pela Constituição. Talvez outras razões possam ter influenciado na decisão de intervir na segurança fluminense, mas, quaisquer que sejam elas, deverão ser postas de lado. Do contrário, apenas teremos militares nas ruas. O problema da segurança continuará e ainda desmoralizaremos nossas tropas.


Leo Correa

Esse pode ser o momento oportuno para que finalmente se construa efetivamente um projeto nacional de segurança pública, coisa que muitos falam, mas nada fazem, embora existam dezenas de ONGs tratando do tema. Lembremos que o PSDB passou oito anos no governo federal, há décadas comanda importantes Estados e não colocou em prática nenhuma política efetiva de segurança pública. Apenas enxugou gelo. Pode-se dizer o mesmo do PT que passou 14 anos no Palácio do Planalto e se limitou a colocar debaixo do tapete as questões da segurança pública. E de nada vale, diante dos corpos de crianças sem vida, vítimas de balas perdidas, ficar pontificando números de investimentos em viaturas, policiais, armamentos etc. Claro que faltam recursos, claro que verbas são desviadas, mas a questão é bem maior. Fora de PT e PSDB, forças tidas como mais conservadoras também se mostraram ao longo dos anos incapazes de formular um projeto de segurança. Têm representação no Congresso e se limitam a entoar o discurso do ódio, da intolerância, da segregação e da violência. Experiências de diversas partes do mundo ensinam que não se combate crime organizado armando a população e reduzindo a maioridade penal. [óbvio que só reduzir a maioridade penal e permitir que a população ande armada, não resolve tudo/ mas, com certeza será um grande passo - inaceitável é que só os policiais e os bandidos possam possuir/portar armas.
Um ou dois reles ladrões, armados,  invadem um ônibus com mais de 50 passageiros e fazem um arrastão.
Agem com tal desenvoltura pela certeza de que ninguém ali está armado - fosse livro o porte de armas, eles não teriam coragem de realizar o assalto.
Para facilitar mais ainda a vida dos bandidos, se os dois forem 'dimenor' podem ser presos e logo será libertados - preso não, menor não é preso, é apreendido; ]  É preciso muito mais. No caso do Rio de Janeiro, seria um bom começo afastar os diversos comandos da PM e da Polícia Civil, que, como já manifestou o ministro da Justiça, Torquato Jardim, estão comprometidos. Com os corruptos longe e punidos, é possível que a população comece a olhar as forças de segurança como um exército do bem.

A imagem do resgate da cidadania é talvez a que melhor represente esse momento. Só conseguiremos sucesso nessa missão se a sociedade unir-se em torno de um projeto que deve ser transparente e apresentado o mais rápido possível. Generais que cogitam torturar como método para se combater o crime devem ser dispensados. Assim como qualquer outra ideia que confronte o Estado Democrático de Direito. Responsabilidade, ética e compromisso com o País são armas indispensáveis na guerra contra a violência. Se interesses partidários ou vaidades pessoais se sobrepuserem, a situação poderá ficar ainda mais difícil. Continuaremos a sofrer no presente e a matar o futuro.

Mário Simas Filho, diretor de redação da Revista ISTO É
 

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Ninguém está a salvo das balas perdidas no Rio de Janeiro

Quando os tiroteios entre policiais e traficantes de drogas param nas comunidades do Rio de Janeiro, começa o luto pelas vítimas da guerra urbana, geralmente crianças, como Maria Eduarda, surpreendida por rajada de “balas perdidas” no interior de sua escola. Os confrontos começam de repente e ninguém está a salvo dos disparos de fuzis AK-47 ou outro armamento pesado que fere e mata em bairros pobres e densamente povoados.

A AFP coletou histórias de pessoas que ficaram presas em meio ao fogo cruzado em seu projeto multimídia “Balas perdidas, vidas destruídas pela violência do Rio”.  O projeto revela como as balas perdidas são um símbolo que acrescenta crueldade à grave crise de segurança da cidade que recebeu os Jogos Olímpicos e é o principal destino turístico do Brasil.  Maria Eduarda Alves era uma menina de 13 anos, aluna dedicada, que amava jogar basquete. Ela conseguia fazer as coisas bem feitas em uma cidade difícil.

Mas, em 30 de março, tudo desmoronou quando policiais abriram fogo contra supostos traficantes de drogas e uma rajada de balas de fuzil atravessou as grades de sua escola na zona norte da cidade.  Os agentes com toda probabilidade não se deram conta do ocorrido, pois estavam concluindo sua operação do lado de fora. [os aqui chamados de 'supostos traficantes de drogas' eram realmente traficantes e os policiais tiveram que efetuar disparos ou seriam assassinados pelos bandidos.
A fatalidade que vitimou a menina Maria Eduarda - mais uma inocente vítima de balas perdidas - não pode ser atribuída à ação dos policiais, que foi correta, necessária e inadiável.
Causa estranheza a presença de um pedestre no local e momento adequados para gravar um vídeo que é utilizado para acusar os policiais, que defendiam a própria vida, de executores dos bandidos - isso não investigam.] 
 
Um vídeo caseiro, gravado por um pedestre, mostra pouco depois os agentes executando dois homens caídos no chão, aparentemente feridos.  Maria Eduarda, que tinha ido pegar água durante a aula de educação física, já estava morta. “Beijei, beijei ela, ela estava quentinha. Beijei ela… Muito sangue… Foi (sic) dois tiros na cabecinha”, contou à AFP sua mãe, Rosilene Alves Ferreira, de 53 anos, lembrando o momento em que chegou ao local pouco após a tragédia.

Esse tipo de incidente, que daria capa nos jornais em outras partes do mundo, no Rio raramente saem das páginas policiais. As balas podem ceifar repentinamente a vida de uma pessoa na porta de uma igreja, no estacionamento, em um restaurante. De dia ou à noite. As paredes das casas das favelas nem sempre conseguem deter os projéteis e por isso até permanecer em casa pode ser perigoso.

Não existem registros oficiais de feridos ou mortos por balas perdidas, mas dados alternativos são explícitos. O jornal O Globo contabilizou 623 casos na primeira metade do ano, com 67 mortes no Estado do Rio.

– A lógica da morte –
Apesar da falta de informação oficial sobre as vítimas de balas perdidas, a ONG Rio de Paz realiza desde 2007 um cuidadoso registro dos menores atingidos por esse impiedoso capítulo da guerra contra o tráfico. Em pouco mais de uma década foram assassinados 42, contando bebês, crianças e adolescentes. Alguns morreram dentro do carro da família, outros jogando futebol ou enquanto dormiam. E esse número cresce rapidamente: dez crianças perderam a vida em 2016 e dez este ano. Ambos os registros superaram os sete mortos de 2015 e representaram um grande salto com relação aos dez que morreram nos cinco anos anteriores.

Antônio Carlos Costa, fundador do Rio de Paz, diz que a combinação de áreas densamente povoadas, armamento com alto poder de fogo e disputas entre quadrilhas pelo controle do tráfico formam um coquetel mortal.  Mas Costa reserva suas críticas mais ácidas para a Polícia que – afirma – considera os bairros zonas de guerra.
“As operações policiais seguem a lógica da morte, a lógica de atirar primeiro para saber quem é depois”, disse à AFP.
“Eles perderam de vista os riscos que eles impõem aos civis”, acrescentou. [tudo indica que esse Antonio Carlos está entre os adeptos de que os policiais conversem com os bandidos, se ofereçam para ir desarmados até os traficantes - esquece o citado cidadão que são bandidos prontos a matar ou morrer e que portam armamento mais pesado que os utilizados pelos policiais e que tem como regra atirar primeiro - raramente a polícia tem condições de ter a iniciativa de efetuar o primeiro disparo, essa opção cabe aos bandidos.]
As autoridades respondem que os traficantes de drogas dominam bairros inteiros à ponta de bala. E têm razões para acreditar que estão em uma guerra: só este ano, 126 policiais foram assassinados no Rio de Janeiro até esta segunda-feira. Em grande parte, foram mortos fora de serviço, ao serem identificados como agentes durante assaltos, segundo versões oficiais.

A espiral de violência é mais um flagelo de um estado afetado por problemas financeiros, pela corrupção às vezes vinculada ao esbanjamento dos Jogos Olímpicos e que levou três ex-governadores para a prisão e pela desmoralização generalizada das tropas.  Mas enquanto este debate continua, vítimas acidentais como Maria Eduarda seguem tão vulneráveis como sempre.  “Claro que não vieram à caça da Maria, não vieram para matar Maria, mas foram imprudentes… Mataram. Eles viram o colégio, tinha um colégio e foi (sic) mais de 60 tiros”, lembra sua mãe, em declarações à AFP.

O especial da AFPBalas perdidas, vidas destruídas pela violência no Rio”,  conta oito histórias de pessoas cujas vidas foram ceifadas ou abaladas irreversivelmente por este flagelo.

AFP

 

sábado, 4 de novembro de 2017

Os rotos falam dos esfarrapados



Tanto o ministro Torquato quanto o governador Pezão são responsáveis indiretos pelas balas perdidas 

A palavra da moda entre políticos (“ilações”) não pode ter mais valor e impacto que a realidade. Enquanto o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, ameaça interpelar judicialmente o ministro da Justiça, Torquato Jardim, por ter falado verdades incômodas sem apresentar provas, o descomando da segurança mantém como refém uma cidade, um estado e um país.  Vítor Gabriel tinha 3 anos e brincava com os irmãos, na sala de casa, na comunidade Buraco Quente, na Baixada Fluminense. O pai ouviu um estrondo. Viu o filho caído com sangue. O médico da ambulância percebeu alguma coisa dentro da cabeça do menino. No hospital, enxergou-se uma bala no crânio, que tinha atravessado o telhado. Vítor sonhava em ir para a escola. Vítor morreu. Os pais doaram seus órgãos.

“Quero fazer um apelo para que as pessoas parem com esse negócio de armamento, de atirar para o alto à toa. A bala tem um lugar para cair. Caiu na cabeça de meu filho, pode cair na cabeça de outras pessoas”, disse o pai, Anderson Neves de Oliveira, de 56 anos.

Tanto o ministro Torquato quanto o governador Pezão são responsáveis indiretos pelas balas perdidas que voltaram a aterrorizar o Rio de Janeiro, após muitos anos de trégua aparente. Não apertaram o gatilho, mas, em vez de ficar no bate-boca, deveriam se articular e agir. Quem sabe Vítor estaria vivo e iria à escola.

Em qualquer país sério, essa família poderia ganhar uma polpuda indenização do governador do Rio e do ministro da Justiça. Na paz de casa, brincando, um menino não pode ser morto por um projétil. Isso só acontece quando há omissão em todos os níveis de governo e quando há promiscuidade entre bandidos e autoridades. Vítor não é um caso isolado. Crianças e adultos voltaram a ser vítimas de “balas perdidas” nos mais diversos cenários do cotidiano.

A TV Globo flagrou homens armados com fuzis de guerra AK-47 na manhã de quinta-feira, num baile funk na Vila do João, no complexo de favelas conhecido como Maré, na Zona Norte do Rio. Os homens dançavam com as armas, junto com crianças, ao lado de uma escola municipal e de um campinho de futebol. Uma arma tinha mira telescópica. Um dos homens filmados é chefe do bando que invadiu uma clínica para sequestrar um médico e tratar um traficante ferido. [reclamam quando bandidos circulam impunemente portando armas pesadas (reclamação mais que justa, armas até podem e devem ser portadas por PESSOAS DE BEM, mas, jamais por bandidos e, mais grave, exibidas), mas, tem um detalhe:

a quase totalidade das pessoas que reclamam por bandidos portarem armas - o que é crime e com a agravante do crime ser praticado em local público - são também as que reclamam quando policiais no estrito cumprimento do DEVER LEGAL abordam bandidos, que reagem e forçam ação enérgica da polícia que, utiliza a força necessária e muitas vezes os bandidos são abatidos.
Alguém por favor explique, ou mesmo ensine, como a polícia deve fazer quando abordar bandidos armados e estes reagirem? talvez se deixar matar.]

O destino trágico de Vítor e os fuzis ostentados em bailes nas favelas fazem parte do mesmo quadro. Não são novidade. Durante um bom tempo, com a política das UPPs, o Rio parecia ter limitado o tráfico a sua atividade-fim: vender drogas, em vez de controlar os serviços nas favelas e disputar territórios com tiroteios diários.  Voltamos a enfrentar uma epidemia de crimes – e não só no Rio. O número de assassinatos no Brasil chegou a 61.619 em 2016, média de sete mortos por hora. As maiores taxas são no Nordeste. Isso mostra que tanto o governo federal quanto o estadual são culpados, até prova em contrário. Um é roto. O outro é esfarrapado.

Não são as declarações do ministro Torquato que me chocam. O que ele falou? “Os comandantes de batalhões são sócios do crime organizado no Rio.” “O comando da PM decorre de acerto com deputado estadual e o crime organizado.” “Com o atual governo do Rio, não tem solução.”  Há muita gente que assinaria embaixo do que Torquato disse. Fale mais, Torquato! Vá fundo. Prove o que diz. Afinal, o ministro tem a Polícia Federal nas mãos. Diga como os vazamentos determinam o fracasso de operações da Força Nacional contra traficantes perigosos, que não aparecem no dia D para jogar bola. 


E Pezão, nos faça um favor. Em vez de se indignar como se fosse uma donzela, diga o que aconteceu com os 93 policiais do batalhão de São Gonçalo presos neste ano por associação com o tráfico. Explique por que escolheu como novo corregedor da PM o comandante de uma tropa de choque sob investigação por abusos, invasões, espancamentos e roubos na Rocinha.  Se tanto Torquato quanto Pezão olhassem mais para seu próprio umbigo, veriam que ambos ajudaram a disparar a arma que matou o menino Vítor. A segurança pública nunca recebeu nem de Brasília nem dos estados a atenção e o investimento merecidos. É inaceitável a violência no campo e em outras regiões. A promiscuidade entre bandidagem e polícia não é privilégio do Rio. 

 >> Mais colunas de Ruth de Aquino

As ilações de Torquato só não podem servir para jogar cortina de fumaça sobre a banda podre da política. Estamos fartos de saber que o crime não se restringe à polícia. Vereadores e deputados acusados de corrupção estão sendo libertados da cadeia com o beneplácito do Supremo Tribunal Federal e o precedente criado pelo resgate de Aécio Neves. São rotos, esfarrapados. E candidatos.

Fonte: Ruth de Aquino - Época
 

 

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Forças Armadas voltam à Rocinha para operação da Secretaria de Segurança do RJ

O Comando Militar do Leste confirmou a participação do Exército e das outras forças em uma operação da Secretaria de Segurança na região

Agentes das Forças Armadas voltaram à Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro, no começo da manhã desta terça-feira (10), para auxiliar policiais em uma ação no interior da comunidade. A PM faz uma varredura na área de mata e as forças armadas auxiliam no apoio técnico, enquanto os policiais buscam armas, drogas, munições e traficantes que possam estar escondidos nas áreas mais escondidas da favela. Nas redes sociais, moradores relataram tiroteios nesta manhã.


Ainda segundo a secretaria de Segurança Pública, a ação é pontual e as tropas não permanecerão na comunidade após o fim dessa operação.[as forças de segurança começaram atuando na Rocinha, no inicio deste mês, de forma correta = cerco pelas Forças Armadas e varredura pela Polícia Militar.
Só que foi os tiroteios diminuírem, os bandidos se esconderem, e o FF AA saíram da favela da Rocinha.
Óbvio que os bandidos voltaram.
O que tem que ser feito é operação certo x asfixia, controle total de todo o perímetro da favela e redondezas, nada entra ou sai, sem revista; 
quem reclamar deve ser conduzido à Delegacia para esclarecimentos;
quando o cerco estiver bem consolidado - efetivo para isto as Forças Armadas tem de sobra - a PM e a Civil devem iniciar uma varredura barraco a barraco (com mandado coletivo de busca e apreensão) apreendendo tudo que for, ou possa ser, produto de crime e, óbvio, os bandidos que fatalmente serão encontrados - já que a varredura é de fora para dentro, imprensando os bandidos.
Depois dessa varredura, entra com o policiamento ostensivo feito pela PM e averiguações pela Civil  - não precisa ser grande efetivo - e mantém um cerco mais leve no perímetro da favela pelas FF AA.

Para quebrar a moral dos bandidos, mesmo que coisa só esteja quente na Rocinha, outras favelas devem ser cercadas e 'varridas' - o que vai gerar insegurança na bandidagem.

A operação deve durar no mínimo 30 dias.

Ou fazem deste jeito ou vão ficar enxugando gelo.]

Os militares chegaram à comunidade por volta das 5h40. Os militares voltaram à Rocinha 11 dias após a retirada das tropas federais da comunidade. No início da tarde, mototaxistas ocupavam acessos à comunidade, próximo à autoestrada Lagoa-Barra. De acordo com o delegado da 11ª DP (Rocinha), Antônio Ricardo Nunes, os motoristas que tentaram fazer uma manifestação fechando a autoestrada, sentido Barra, são de comunidades da Penha. [esse pessoal das favelas da Penha que tentaram fazer manifestação o certo é que sejam detidos e levados à Delegacia para averiguação - enrola com eles por algumas horas e aprendem a não atrapalhar a polícia.]

Polícia do Exército volta a participar de uma operação na Rocinha. (Foto: Reprodução/ TV Globo) 


O traficante Adaílton da Conceição Soares, conhecido como Mão, apontado como segurança de Rogério 157, preso na segunda (9), foi levado para Benfica, onde vai passar para uma triagem antes de ir para o presídio. Um morador, que não quis se identificar, contou que a ação está concentrada na parte alta do Morro. "A gente fica assustado com esses tiroteios e nem consegue sair de casa pra trabalhar de manhã. Na época da UPP, era melhor porque diminuíram os tiroteios. Agora, quando amanhece e a polícia entra, a gente reza e entrega a Deus", disse ele. 


Por volta das 11h15 foram ouvidos tiros na parte baixa da Rocinha, perto da Autoestrada Lagoa-Gávea. O porta-voz da PM, capitão Maicon Pereira, disse que a volta das Forças Armadas à favela nesta terça se fez necessária para que as forças de segurança pudessem vasculhar as áreas de Mata que circundam a Rocinha. "Estamos com o apoio de engenheiros dos Fuzileiros Navais para vasculhar essas áreas de Mata, de mais difícil acesso. Há a desconfiança que traficantes e armas estejam escondidos nessas regiões", disse o capitão. 


Mulher presa e menores apreendidas 

De acordo com o Comandante do Batalhão de Choque, duas menores foram apreendidas e uma mulher, identificada como Lorrane Souza Pereira, foi presa nesta madrugada com uma mala cheia de drogas. 


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quinta-feira, 27 de julho de 2017

Morte de PMs

Sociedade precisa se mobilizar contra morte de PMs

Policiais têm de ser bem treinados, usar armamento compatível com o arsenal dos bandidos, ter remuneração adequada e amparo do estado

A foto da PM Flávia Louzada em meio a um mar de placas com nomes de policiais assassinados no estado este ano, publicada no GLOBO e no “Extra”, impressiona. E chama a atenção para uma face da violência que parece não causar na sociedade a mesma indignação de outros crimes. Mas os números dessa tragédia não são menos contundentes do que o pesadelo cotidiano vivido pela população fluminense. De janeiro até agora, 91 policiais foram executados no Rio, o que representa uma média de 13 por mês, mais do que o dobro da de São Paulo, onde foram registrados 15 assassinatos em três meses, ou seja, em média cinco por mês.
Força. A cabo Flavia Louzada em ato contra a morte de PMs na Lagoa - Antonio Scorza / Agência O Globo

O último nome inscrito nessa lista que não para de crescer foi o do terceiro-sargento Hudson Silva de Araújo, de 46 anos. Ele foi baleado no domingo, quando fazia o patrulhamento de rotina numa das principais vias do Vidigal, onde está instalada uma das 38 Unidades de Polícia Pacificadora do estado. Hudson, que estava na UPP há cerca de um ano, tinha duas filhas, uma de 13 e outra de 8 anos. De acordo com reportagem do “RJ-TV”, da Rede Globo, um dos suspeitos de matar o PM é Ivan da Silva Martins, de 34 anos, que trabalhou como figurante no cultuado “Cidade de Deus”. Na época das filmagens, “Ivanzinho” participava de projetos sociais no morro. Hoje, conhecido como “Ivan, o Terrível”, é acusado pela polícia de chefiar o tráfico de drogas na comunidade.

No último domingo, familiares de policiais assassinados fizeram uma manifestação em Copacabana para alertar sobre esses crimes. Na terça-feira, a ONG Rio de Paz também protestou, levando para as margens da Lagoa Rodrigo de Freitas placas em forma de lápides com os nomes dos 91 PMs assassinados. Mas ainda são iniciativas isoladas, que não contam com a mobilização da população. Esta tem sido, com razão, uma das queixas das associações de classe. A polícia é um bem público essencial. É quem está na linha de frente dessa guerra diária contra o tráfico de drogas. A sociedade precisa entender isso. Não é possível tratar com descaso essa matança de policiais.

O governo também tem de fazer a sua parte. É necessário valorizar os policiais. Eles precisam ser bem treinados, usar armamento compatível com o arsenal dos bandidos, ter remuneração adequada e amparo do estado. Não é admissível, por exemplo, que uma viúva que perdeu o marido PM em janeiro ainda lute para receber o seguro de vida, seis meses depois. [precisa acabar com essa prática, feita em nome do maldito 'politicamente correto' - se é político, é quase impossível ser correto - de quando ocorre um confronto entre bandidos e policiais as investigações já começam acusando os policiais.
O certo é premiar, condecorar,  cada policial que abater um bandido.
E mesmo lamentando as vítimas de balas perdidas - as quais todos estão sujeitos - considerar tais ocorrências como um 'efeito colateral' e parar de exigir que os policiais combatam bandidos usando pistolas de brinquedo.
Os policiais precisam usar armamento pesado, para a guerra - afinal eles estão diuturnamente em uma guerra.]

O endurecimento das penas para assassinos de agentes públicos, como PMs, é boa iniciativa, mas demanda tempo. De imediato, os assassinatos em série de policiais têm de ser enfrentados com o controle da violência. O número de execuções aumenta à medida que crescem os índices de criminalidade. Por isso, é fundamental desarmar os bandidos e retomar áreas perdidas para o tráfico. Até para mostrar quem está no comando da situação.

Fonte: Opinião - O Globo

sábado, 8 de julho de 2017

Vanessa, Samara, Arthur e Eduarda

Eu me senti como Janot. Mas minha náusea é com a bala perdida, que fez 632 vítimas no estado do Rio em seis meses 

Cada história dessas é um soco em nossa consciência, é um tiro de fuzil na cidadania brasileira. E tiro de fuzil não é tiro de pistola. Ele destrói o organismo, todo o tecido social em volta. Se nada acontecer – ou apenas retórica vazia –, teremos atingido o fundo do poço civilizatório.

Vanessa, 10 anos, foi morta em casa com um tiro de fuzil na cabeça, em companhia de PMs que disseram ter buscado ali um abrigo. Samara, 14 anos, teve um pulmão perfurado por um tiro de fuzil no pátio da escola e diz que sobreviveu “por milagre”. Arthur foi baleado dentro do útero materno, luta para viver e o mais provável é que fique paraplégico. Maria Eduarda, a Duda, 13 anos, foi morta na quadra esportiva da escola, ao se levantar para beber água no intervalo da educação física. Tudo isso desde o fim de março.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sente “náusea” ao ouvir a conversa de porão no Palácio presidencial? Ele fica “enjoado” com a gravação entre um presidente e um bandido, entre um bandido e um empresário, ou entre dois bandidos? [destaque-se que um dos bandidos, o delator Joesley foi perdoado pelo procurador, super premiado com anistia total e permissão para usufruir livremente, no Brasil e no Exterior, do produto dos mais de 200 crimes confessados e devidamente anistiados pelo procurador-geral, que assumiu as funções de PODER JUDICIÁRIO SUPREMO.
De tudo, resta inequívoco que Janot só sente náusea de alguns bandidos.] Eu também fico, Janot. Mas, hoje, minha náusea é com a “bala perdida” que fez 632 vítimas no estado do Rio em seis meses. Sessenta e sete pessoas morreram com um tiro vindo de não sei onde. Em casa, na escola, no trabalho, na rua, no restaurante. Atingidos até antes de nascer.

É guerra, os hospitais sabem disso, mas o governador Pezão só grava declarações, deve meses à PM e aos aposentados. E o prefeito itinerante Crivella vai para Paris, em sua sexta viagem internacional. O secretário estadual de Segurança, Roberto Sá, dá desculpas esfarrapadas e diz que a UPP foi um equívoco e uma utopia. [a única declaração correta, tendo em conta que as UPPs - Unidade de Perigo ao Policial - também foram uma fraude.]
 
Mesmo? Logo o Sá, ex-braço direito de José Mariano Beltrame. As balas perdidas, as mortes e os confrontos haviam diminuído muito com as UPPs. O Estado tinha uma estratégia séria e premiada. Mas Sérgio Cabral preferiu investir em joias em vez de fazer sua parte na pacificação. E prossegue a omissão criminosa de Pezão, Crivella e do bunker de bandidos federais engravatados em Brasília, preocupados apenas em salvar mandatos e mordomias.

Vanessa Vitória dos Santos tinha chegado da escola na terça-feira, onde ensaiou para a festa junina. Deixou a mochila rosa com desenho de princesa junto à porta. A madrinha ouviu tiros e viu quando policiais da UPP correram para dentro da casa em que a menina morava com a mãe, o padrasto e dois irmãos, em 10 metros quadrados. “Calma, moço, deixa eu pegar minha afilhada.” Mas Vanessa só teve tempo de dizer que estava com medo. O tiro entrou pela testa e saiu pela nuca. O impacto foi tão forte que ela parou do lado de fora da casa. A mãe, Adriana, se mudou, foi embora com marido e dois filhos. Está com medo.

Samara Gonçalves estava no pátio da escola na quarta-feira quando sentiu um impacto nas costas. “Mãe, se eu me levanto poderia ter sido na minha cabeça, no meu ouvido, Deus me protegeu”, disse a menina. Uma professora a abraçou chorando, avisou a direção, que chamou o Corpo de Bombeiros. Samara vive.

Maria Eduarda Alves da Conceição queria ser atleta de basquete e colecionava medalhas em competições. No pátio da escola, foi morta com dois tiros na cabeça e um nas costas. “Estou sem chão, mataram minha caçula”,  disse a mãe, Rosilene, que acabara de dar um celular para a filha de presente. Duda gostava de selfies como toda adolescente e era apaixonada pelo cantor Justin Bieber.

Resposta de Crivella ao Rio? Prometeu erguer muros mais altos na escola de Duda e outras, com argamassa especial contra balas, fabricada nos Estados Unidos. Um espanto. Dos 100 dias de aulas neste ano, em apenas sete dias todas as escolas do município do Rio funcionaram sem interrupção. Tudo por causa da violência. Isso atinge 130 mil estudantes. Quando não mata nem fere, traumatiza.

Arthur nasceria dali a alguns dias. O tiro atravessou o quadril da mãe, Claudineia dos Santos Melo, perfurou um pulmão do bebê e provocou uma lesão na coluna, que pode deixar Arthur sem movimento das pernas. Claudineia saía de uma mercearia na Favela do Lixão, na Baixada Fluminense, quando bandidos atiraram em policiais que faziam patrulha. Ela se salvou. Seu maior sonho, ao receber alta, era “tocar” Arthur.

Desculpe falar disso no fim de semana. Desculpe, porque você não é parente dessas crianças, eu não sou parente dessas crianças, você pode nem morar no Rio ou, se morar, não vive numa casa de 10 metros quadrados na favela como vivia Vanessa, a última vítima de “balas perdidas” enquanto escrevo. Escrevo porque me senti como Janot. Senti náusea com a sucessão de tragédias absurdas e a falta total de solidariedade e de estratégia do poder público, diante das famílias enlutadas pelo horror, no fundo do poço. 

Fonte: Ruth de Aquino - ÉPOCA

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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Como esquerdistas brancos aumentam o crime nas comunidades negras

As pessoas negras comuns não podem se dar ao luxo de apoiar a agenda esquerdista que manda minar a autoridade policial. Essa agenda aumenta o número de negros assassinados.  Vejamos o que funciona e o que não funciona.

Em 1990, a cidade de Nova York adotou a prática na qual seus policiais podiam parar e questionar um pedestre. Se houvesse suspeita, eles revistariam a pessoa para armas e contrabandos. Esta prática, bem dentro da lei, é conhecida como um "Terry stop". Depois de duas décadas desse programa proativo da polícia, os homicídios de Nova York caíram de mais de 2.200 por ano para cerca de 300. Os negros foram os principais beneficiários do policiamento pró-ativo.

De acordo com a estudiosa do Instituto Manhattan, Heather Mac Donald, autora de "The War on Cops", homens negros eram a maioria das vítimas de homicídios na cidade de Nova York, portanto, mais de 10 mil negros não estariam vivos hoje se não fosse esse policiamento pró-ativo. A American Civil Liberties Union e outros grupos esquerdistas interpuseram ação contra o policiamento pró-ativo. Um juiz da corte federal distrital decidiu que o uso do “Terry stop" na cidade de Nova York violava a 14ª Emenda de proteção igualitária, porque negros e hispânicos estavam sujeitos a paradas e revistas numa uma taxa maior do que os brancos.


Mas a maior taxa foi justificada. Mac Donald ressalta que enquanto os negros são 23% da população da cidade de Nova York, eles são responsáveis por 75% dos tiroteios e 70% dos roubos. Os brancos são 34% da população de Nova York. Eles são responsáveis por menos de 2 por cento dos tiroteios e 4 por cento dos roubos.  Se você estiver tentando evitar tiroteios e roubos, em quem você vai concentrar a maior atenção, negros ou brancos?  Em 2015, 986 pessoas foram baleadas e mortas pela polícia. Desse número, 495 eram brancos (50%) e 258 eram negros (26%).

Os esquerdistas consideram os tiroteios por parte da polícia como ataques racistas contra negros. Para resolver este problema, eles querem que departamentos de polícia contratem mais policiais negros.  Acontece que o Departamento de Justiça dos EUA descobriu que os policiais negros em São Francisco e Filadélfia têm estatisticamente maior probabilidade que os brancos para atirar e usar a força contra os suspeitos negros.

Esse achado é consistente com um estudo de 2.699 mortes fatais da polícia entre 2013 e 2015, conduzido por John R. Lott Jr. e Carlisle E. Moody, do Crime Prevention Research Center, mostrando que as chances de um suspeito negro ser morto por um policial negro eram muito maiores do que as probabilidades de um suspeito negro ser morto por um oficial branco. E pouco se diz sobre policiais mortos. Mac Donald relata que em 2013, 42% dos assassinos de policiais eram negros. 

Acadêmicos de esquerda e porta-vozes de direitos civis afirmam que o número desproporcional de negros na prisão é resultado do racismo. Eles ignoram o fato de que a atividade criminosa negra é muito maior do que a de outros grupos raciais. Eles argumentam que a prisão diferencial dos negros é resultado da guerra racista contra as drogas.

Mac Donald diz que as prisões estaduais contêm 88% da população prisional do país. Apenas 4% dos prisioneiros estaduais estão encarcerados por posse de drogas. Ela argumenta que se os criminosos de drogas fossem removidos das prisões da nação, a taxa de encarceramento negro iria cair de cerca de 37,6% para apenas 37,4%.  A grande maioria dos negros está na prisão por causa de crimes violentos - e principalmente contra negros.

Isso nos leva ao aspecto mais trágico do crime negro. As vítimas primárias são pessoas negras que cumprem as leis e que devem conduzir suas vidas com medo. Alguns pais servem as refeições de seus filhos no chão e, às vezes, colocam-nos para dormir em banheiras, de modo a evitar balas perdidas. O americano médio não vive assim e não toleraria. E isso inclui os esquerdistas brancos que apoiam e dão desculpas para os criminosos.

A pura decência exige que socorramos milhões de pessoas cumpridoras da lei cercadas pelo crime. Por seu lado, os negros devem parar de ser peões para os esquerdistas brancos e apoiar a polícia que está tentando protegê-los.

Comentário do tradutor, Heitor De Paola:
Recebi o presente artigo do xerife David A. Clarke Jr. (foto).




Walter E. Williams é professor de economia na George Mason University.

Publicado no Daily Signal.

Tradução e divulgação: Papéis avulsos - www.heitordepaola.com