Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador bacia das almas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador bacia das almas. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Aí tem coisa! - Percival Puggina

 

      Na tarde do dia 8 de janeiro e nas horas seguintes, diante das cenas exibidas à nação, dezenas de milhões de brasileiros pressentiram que o filmado e exibido não estava bem contado. “Aí tem coisa!”, pensaram. No STF, o ministro Alexandre de Moraes, tuitou:

“Os desprezíveis ataques terroristas à Democracia e às Instituições Republicanas serão responsabilizados, assim como os financiadores, instigadores, anteriores e atuais agentes públicos que continuam na ilícita conduta dos atos antidemocráticos. O Judiciário não faltará ao Brasil!”.

Na noite do mesmo dia, no Inquérito 4.879, o ministro apreciou vários pacotes de solicitações. 
Eram pedidos da AGU, do senador Randolfe Rodrigues, do Diretor Geral da PF e da Assessoria de combate à desinformação
Na decisão, ainda referindo o episódio num contexto de ataques terroristas, determinou a desocupação e prisão imediata dos ocupantes de todos os acampamentos, a prisão de Anderson Torres, Secretário de Segurança do DF e aplicou a Ibanez Rocha, governador do DF, a pena alternativa de afastamento do cargo, ocasionando a subsequente intervenção federal.

No dia seguinte, a senadora Soraya Thronicke (UB-MS) formalizou o pedido de CPI para investigar os atos da véspera. A medida contava com apoio, entre outros, dos senadores Jacques Wagner, Randolfe Rodrigues, Humberto Costa, Eliziane Gama, Katia Abreu. 

Enquanto a banda afinada do jornalismo brasileiro tudo registrava num foco muito fechado, desatenta às contradições presentes nas cenas, dezenas de milhões de brasileiros, seguiam comentando, também uníssonos: “Aí tem coisa!”.

Na 4ª feira 18 de janeiro, o presidente Lula, atribuindo a Bolsonaro a incitação àqueles atos, declarou ser contra a CPI solicitada pela senadora Soraya: “Nós temos instrumentos para fiscalizar o que aconteceu nesse país. Uma comissão de inquérito, ou seja, ela pode não ajudar e ela pode criar uma confusão tremenda. Nós não precisamos disso agora”.

Ouvindo isso, outros milhões de cidadãos se juntaram à multidão dos que murmuravam a seus botões: “Aí tem coisa!”.

A oposição também apoiava a CPI. Contudo, embora já assinada por mais de 40 senadores, o ativo e determinado presidente do Senado (surpresa!) acabou sepultando-a, com a alegação de que em janeiro de 2023 e antes da posse da nova legislatura, em 1º de fevereiro, todos os seus signatários eram “da legislatura anterior”. 
Cumpria-se o desejo do governo e morria a já então indesejada CPI. 
Sim, havia alguma coisa ali.

Três meses – três meses! – já tinham transcorrido quando, em 19 de abril, apareceram vazaram as cenas do general G. Dias e de outros integrantes do Gabinete de Segurança Institucional circulando e, biblicamente, dando de beber a quem tinha sede durante a invasão do Palácio do Planalto. Sim, sim, havia alguma coisa ali.

Os rumores que partem do silêncio longamente internalizado, escrevi outro dia, precisariam de um “sismógrafo” como os que registram os primeiros estertores vulcânicos. A exemplo deles, acabam vindo à superfície e se transformam em fatos. Nasceria, assim, a CPMI dos atos do dia 8 de janeiro. Na “bacia das almas” onde se negociam as consciências, porém, a CPMI já nasceu com maioria governista...

Sem a nobreza das performances circenses, sem o talento dos atores de teatros mambembes, sem o profissionalismo que caracteriza as operações desinformação, a CPMI não ouviu e não ouvirá o general G. Dias nem o ministro Flávio Dino. Aí tem! 
Esquecem-se os senhores de baraço e cutelo dessa coisa teratológica em que se transformou a política brasileira, que uma comissão parlamentar de inquérito não é um instrumento das minorias “nos legislativos”, mas é um instrumento da sociedade! 
CPIs não são do legislativo para o legislativo ou para os parlamentares, mas para a nação! 
Que raça de políticos e de representantes é essa? 
Mais uma vez esquecem que são apenas representantes e não negociantes? 
Temos ainda um Congresso ou ele já virou uma quitanda?

Comprando votos parlamentares na “bacia das almas”, com número crescente de congressistas afundado em poltronas do plenário, apertando teclas em obediência a ordens dos donos dos partidos vendidos à base do governo, fecha-se a tornozeleira no pescoço da verdade!

Não sei o que é mais desolador:

- o que uns e outros fazem com os fatos;

-  o modo de não mais julgarem necessário ocultar o que fazem;

- o modo como a velha imprensa relata o que convém como lhe convém;

- o fato de o STF tomar esse jornalismo serviçal, cuja opinião prescinde dos fatos, como referência para impor disciplina e acabar com a liberdade das redes sociais.

Mas que aí tem coisa, tem!

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 

 

sábado, 23 de janeiro de 2016

Lula e Dilma na bacia das almas



Quando foi mesmo que Lula e Dilma passaram a ser um constrangimento para a imagem do PT? 

"Não tem, neste país, uma viva alma mais honesta do que eu”, disse Lula. Não tem. “Nem dentro da Polícia Federal, do Ministério Público, nem da igreja evangélica e do sindicato.” Nem você, leitor, nem a Dilma, muito menos o José Dirceu, agora acusado de gastar em um mês, como “consultor”, até R$ 1 milhão, provenientes de propina de contratos da Petrobras.

Ninguém é mais honesto que Lula. Você acredita nisso? “Pode ter igual, mas eu duvido”, afirmou o ex-presidente. Isso é motivo de orgulho para Lula. Natural. O ex-tesoureiro do PT Vaccari Neto não é mais honesto que Lula. O ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral também não. Estão presos. Lula pede nossa solidariedade a Dirceu e Vaccari. “Não é porque um companheiro da gente cometeu um erro que temos de execrar ele.” Lula ignora o ainda senador petista Delcídio, que promete vingança nos próximos capítulos.

O problema é que as frases de efeito de Lula, antes espirituosas e aplaudidas, perderam valor. O valor da credibilidade. O valor da simpatia. Uma declaração presunçosa como essa não consegue repercussão positiva nem em seu PT nem nas bases sindicais. Lula e Dilma sofreram um tombo maior que o das ações da Petrobras, ao ficar clara para a sociedade a teia de mentiras – éticas, morais, econômicas, financeiras, sociais – usada para enredar o eleitor e jogar o país numa crise que o povo não merecia.

Lula afirmou que passará a processar jornalistas “para ver se retomamos a dignidade profissional da categoria”. Bobagem, Lula, concentre-se no essencial. Retome a dignidade do Planalto. Ajude Dilma a retomar a popularidade perdida. Retome a confiança da população, que perdeu no ano passado 1,5 milhão de empregos formais e que hoje pena nas filas do seguro-desemprego com a greve do INSS. Retome a admiração do PT, que decidiu não incluir o senhor e Dilma nos comerciais do partido para evitar panelaços.

A desculpa oficial é que o PT quer priorizar a defesa da imagem da sigla. Quando foi mesmo que Lula e Dilma passaram a ser um incômodo ou um constrangimento para a imagem do Partido dos Trabalhadores? Isso só pode ser fofoca de jornalistas. A cúpula do PT manterá ou não essa posição? Certamente, no fim, a dupla Lula e Dilma aparecerá nas “inserções comerciais” do PT nos dias 2, 4, 6, 9 e 11 de fevereiro. Ou não?

É fácil explicar o conflito. O que o PT quer, o Planalto não pretende dar. O PT quer correção da tabela do Imposto de Renda neste ano. Pelos cálculos do sindicato de auditores, chegam a 72,2% as perdas na tabela do IR entre 1996 e 2015. A correção ajudaria a minimizar os efeitos da inflação (prevista neste ano para mais de 10%) sobre a renda dos brasileiros. A intenção do governo é não corrigir.  “Nosso objetivo é o de não permitir que ninguém neste país destrua o projeto de inclusão social que começamos a fazer em 1º de janeiro de 2003, é isso que incomoda”, afirmou Lula na mesma entrevista em que posou de vítima na terceira pessoa: “Nas delações, o grande prêmio é falar o nome do Lula”.

Ora, quem tem destruído as chances reais de inclusão social nos últimos anos é o governo Dilma, que aumentou e muito os gastos públicos, inchou o Estado e hoje é cobrado pela irresponsabilidade fiscal. Por mais que Lula e Dilma busquem bodes expiatórios fora e dentro do país, a dupla sabe muito bem que as bolsas e os subsídios tinham um efeito a curto prazo.  A “mágica” da inclusão por meio do consumo virou abóbora de fim de feira, sem os investimentos necessários e a longo prazo em Educação e Saúde. Quebrado, o governo apela para a fórmula mais velha e injusta do mundo: aumento de impostos, num país que já se esfalfa para pagar tributos vários.

Ouvir o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, chamar a CPMF de “poupança necessária” explica panelaços. Ouvir Dilma dizer que a CPMF é um imposto do bemporque ele é dissolvido” explica vaias. Ouvir Lula dizer que, “com 8% (de inflação) ao ano, dá até para guardar dinheiro embaixo do colchão” explica seu descolamento do drama dos descamisados. O único argumento de Lula para defender o PT das acusações de roubo é que não foi o único a roubar: “Tentar passar a ideia de que propina só (ocorreu com) o PT? É como se o PT fosse imbecil”.

Ninguém gosta mesmo de passar por imbecil. Talvez por isso Lula e Dilma estejam “na bacia das almas”. A expressão foi criada em tempos medievais. Era o recurso final dos que não tinham mais recursos. Numa definição anônima que consta no Dicionário Informal, a bacia das almas é o “último momento, última oportunidade oferecida como piedade, quando outras oportunidades foram esquecidas anteriormente”.

Que se aproveite a última chance com seriedade e trabalho, e não com empáfia e propaganda. [ou o povo revoltado, cansado de ser espoliado e enganado, dará a dupla Lula e Dilma o mesmo fim que os italianos deram ao Duce e a Clara Petacci.]

Fonte: Ruth de Aquino - Revista ÉPOCA

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Pasadena utilizada para honrar compromissos políticos de Gabrielli

Delator diz que Pasadena poderia "honrar compromissos políticos" de Gabrielli

O engenheiro Agosthilde Mônaco de Carvalho contou que no final de 2004 recebeu determinação para localizar refinarias de petróleo que estivessem à venda nos Estados Unidos para compra pela Petrobras

 Refinaria de Pasadena - ' a 'ruivinha'
 
Novo delator da Operação Lava Jato, o engenheiro Agosthilde Mônaco de Carvalho declarou à força-tarefa do Ministério Público Federal que o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró lhe disse que a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, poderia "honrar compromissos políticos" do então presidente da estatal José Sérgio Gabrielli. "De acordo com as informações fornecidas por Nestor Cerveró, este negócio atenderia ao interesse de Gabrielli em realizar o Revamp (Renovação do Parque de Refino) e ao interesse da área internacional em adquirir a Refinaria", declarou Mônaco.
Nesta segunda-feira, 16, a Polícia Federal deflagrou a Operação Corrosão, 20ª fase da Lava Jato. A nova etapa da investigação mira Pasadena, caso emblemático da corrupção instalada na Petrobras. Segundo o Tribunal de Contas da União, a compra da refinaria causou um prejuízo de US$ 792 milhões.
Segundo o delator, Cerveró afirmou que antes mesmo do fechamento do contrato de compra de Pasadena, "o presidente Gabrielli já havia indicado a Construtora Norberto Odebrecht para realizar o Revamp para 200.000 barris/dia".
"O diretor Nestor, em tom de desabafo, disse ao depoente que o presidente Gabrielli estava muito interessado em resolver o assunto e dar a obra do Revamp para a Odebrecht", relatou.

Homem de confiança de Cerveró, o engenheiro Agosthilde Mônaco de Carvalho contou que no final de 2004 recebeu determinação do então diretor de Internacional para localizar refinarias de petróleo que estivessem à venda nos Estados Unidos para compra pela Petrobras. Segundo ele, na época era parte do plano estratégico da companhia o escoamento da produção excedente de petróleo para o exterior. 
Agosthilde Mônaco de Carvalho afirmou que em janeiro de 2005, durante um telefonema com o presidente da Astra Oil, Alberto Failhaber, então proprietária de Pasadena, soube que a empresa tinha acabado de adquirir a refinaria e teria interesse em revendê-la. "Nesta ligação o Sr. Alberto Failhaber, perguntado sobre as condições da refinaria, disse que a mesma precisava "tomar um banho de loja" para ficar nos padrões de qualidade técnica da Petrobras, uma vez que ela foi comprada na "bacia da almas", posto que o antigo proprietário (Crown), por problemas financeiros, quase não mais investia em manutenção preventiva, os equipamentos estavam desgastados e mal conservados, tinham problemas de segurança operacional, a mão de obra desmotivada e, principalmente, sem crédito para aquisição de óleo, matéria- prima operacional", declarou.
O delator contou à força-tarefa da Lava Jato que levou essas informações a Cerveró. Segundo ele, o então diretor da Petrobras disse, "abrindo um sorriso": "Nós também podemos comprar esta refinaria na bacia das almas, pois a Astra, sendo uma empresa de trading, não tem estrutura técnica nem capital para fazer um adequado investimento, além do mais, se chegarmos a um acordo com ela (Astra), um Revamp da refinaria deixará bastante satisfeito o presidente da Petrobras, pois sei que ele tem alguns compromissos políticos a saldar, portanto com Pasadena mataremos dois coelhos com uma única cajadada: refinar o óleo de Marlim nos Estados Unidos e o presidente Gabrielli poder honrar seus compromissos políticos".

O braço direito de Cerveró afirmou à força-tarefa da Lava Jato que uma comissão visitou a refinaria de Pasadena para avaliação. "Nesta visita, ocorrida entre os dias 29 a 31 de março de 2005, verificou que a mesma realmente encontrava-se em péssimas condições de conservação, se comparada às refinarias brasileiras, e que seriam necessárias várias reformas na refinaria para que ficasse em boas condições; que todos os membros da comissão observaram que a refinaria não estava em boas condições; que foi elogiada a localização física, mas não a condição operacional da refinaria; que ao retornar ao Brasil comunicou esses fatos ao diretor Nestor e recebeu a mesma informação, 'não se meta, Mônaco, isso é coisa da Presidência'".

Agosthilde Mônaco de Carvalho declarou ainda que Cerveró lhe mostrou um e-mail, datado de 25 de maio de 2006, encaminhado pelo então diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque - braço do PT na estatal - no qual "o responsável da Construtora Norberto Odebrecht relata o convite às outras construtoras para dividirem a obra de Revamp da refinaria de Pasadena".

"As outras construtoras convocadas para a rodada eram Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e Ultratec; que o sr. Alberto Failhaber contou ao depoente, em uma das visitas que fez à sede da Petrobras, que tentaram 'empurrar goela abaixo' o Revamp de 200.000 barris/dia e a contratação da Construtora Norberto Odebrecht para fazer a obra", relatou o delator.

Defesa Gabrielli afirmou nesta segunda-feira, 16, que a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras, em 2006, foi "uma operação coerente com o Plano de Negócios da Companhia".
"Reafirmo que a aquisição da Refinaria de Pasadena em 2006 foi uma operação coerente com o Plano de Negócios da Companhia, em vigor desde 1997, com orientações estratégicas para um mercado brasileiro de combustíveis, que não crescia desde aquele ano, mas tinha perspectivas de aumentar a produção do seu petróleo Marlim", disse Gabrielli, em nota. "Nos EUA havia um boom de aquisições de refinarias com baixa capacidade de processamento de petróleo pesado, para que o comprador, geralmente produtor de petróleo pesado, fizesse os investimentos necessários para processar este tipo de petróleo e capturar as margens relevantes. Assim orientava o Plano de Negócios da Petrobras aprovado pelo Conselho de Administração antes de 2003."

CONFIRA A ÍNTEGRA DA NOTA DIVULGADA PELO EX-PRESIDENTE DA PETROBRAS JOSÉ SÉRGIO GABRIELLI
"Reafirmo que a aquisição da Refinaria de Pasadena em 2006 foi uma operação coerente com o Plano de Negócios da Companhia, em vigor desde 1997, com orientações estratégicas para um mercado brasileiro de combustíveis, que não crescia desde aquele ano, mas tinha perspectivas de aumentar a produção do seu petróleo Marlim. Nos EUA havia um boom de aquisições de refinarias com baixa capacidade de processamento de petróleo pesado, para que o comprador, geralmente produtor de petróleo pesado, fizesse os investimentos necessários para processar este tipo de petróleo e capturar as margens relevantes. Assim orientava o Plano de Negócios da Petrobras aprovado pelo Conselho de Administração antes de 2003.

A Refinaria foi adquirida por um valor de cerca de 7900 dólares por barril de capacidade de destilação, no ano em que as 11 operações de aquisições de refinarias no mundo foram transacionadas entre 3 mil e poucos dólares por barril e 18,9 mil dólares, com uma média de 10,9 mil dólares por barril. Pasadena foi adquirida assim por menos do valor médio de aquisições de refinarias daquele ano.

O mercado mudou radicalmente a partir de 2008, com a crise financeira internacional e com a expansão da oferta de petróleo leve nos EUA e a Refinaria enfrentou problemas até 2013, quando passou novamente a ser um bom negócio com a queda dos preços da matéria prima leve no Texas e altas margens de refino que continuam até hoje em 2015. O mercado de refino é cíclico e a Refinaria sofre estas subidas e descidas do mercado.

A partir de 2008 com a intensificação dos conflitos com o sócio belga na refinaria, a Petrobras não realizou qualquer pagamento até que a Justiça americana decidisse o valor da segunda metade, quando, em meados de 2012, a operação foi concluída para cumprir as decisões judiciais.

Se alguém se locupletou com operações fraudulentas relacionadas com a aquisição, que pague por seus erros, depois das investigações policiais e o devido processo legal. Corrupção é um caso de polícia e como tal deve ser tratado, dentro dos marcos legais vigentes na democracia brasileira. Se houve comportamento inadequado de alguns, que se cumpra a Lei.  As delações premiadas destes corruptos confessos não fazem acusações diretas a minha pessoa, sempre se referindo a "ouvir dizer", "fulano comentou", "sicrano disse" e portanto, acredito, as investigações vão concluir pela falsidade das ilações".

Fonte: Estadão - Conteúdo

 

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Privatizando na bacia das almas - E o empréstimo efetuado pela China à Petrobras: tudo no maior sigilo, sem divulgar taxas e garantais oferecidas. Certamente não foram as almas de Lula e Dilma, que já pertencem ao diabo

Não faltam manifestações a favor da Petrobras e contra sua privatização. O PT, sindicatos e associações de petroleiros atribuem a sanha privatista às elites e aos mercados. [só que a corja da esquerda, PT à frente, mais os sindicalistas profissionais (estão mais para pelegos) e associações fajutas só aceitam um tipo de privatização para a estatal = tornar a Petrobras propriedade do PT - aliás, isso já ocorreu sob as vistas da ainda presidente da República, as bençãos do $talinácio Lula e a omissão criminosa dos sindicatos e associações.]
Mas a Petrobras já está sendo privatizada, e isso desde a época de Graça Foster. Chamam a operação de “vender ativos” ou “desinvestimento”, mas o nome é privatização na forma mais clássica: alienar patrimônio para pagar dívidas e fazer caixa.
E mais: privatizam no pior momento. A estatal, superendividada, está desesperada atrás de caixa; o petróleo está em baixa forte e, parece, duradoura, o que desvaloriza todos os ativos do setor. Privatizam na bacia das almas.

Parece ser a sina dos desenvolvimentistas: obrigados a tocar políticas ortodoxas para corrigir os estragos causados por suas políticas supostamente desenvolvimentistas. Com uma agravante: são estranhos à ortodoxia, não a estudaram, não a praticaram, acabam fazendo tudo mal feito. Pensaram no atual momento do governo Dilma?  Pois é isso mesmo, com uma diferença importante. A presidente chamou um legítimo ortodoxo, assim celebrado no Brasil e lá fora, para tocar esse serviço. 

Para quem considera que o ajuste é necessário, trata-se de uma vantagem. Mas os conflitos são inevitáveis. A presidente e ministro Levy até que se esforçam para não criar atritos e/ou para desarmar os que aparecem. Mas toda vez que uma ou outro fala espontaneamente, quando deixam fluir as idéias, dá trombada.  Levy respeita e ouve os mercados. Dilma diz que não governa para especuladores. O ministro considera que o ajuste das contas públicas é questão de princípio, que não há vida sem equilíbrio fiscal e monetário. Dilma acha que o ajuste é um atalho, um mal necessário para um problema momentâneo.

Levy escreveu diversas vezes sobre os equívocos da política do Dilma -1. Previu os desastres quando disse, por exemplo, que o crescimento dos salários sem ganhos de produtividade levaria fatalmente ao aumento do déficit das contas externas e da inflação. Dilma acha que o crescimento dos salários é seu mérito e que os problemas vieram não disso, mas da crise internacional.  Levy tem dito que a crise já acabou. Dilma ainda sustenta que a Europa está estragando tudo com sua austeridade. 

Então, poderão perguntar, por que a presidente aplica aqui a mesma austeridade? Não é a mesma, sustenta a presidente. Lá é questão de princípio, aqui é mal passageiro. Levy disse que a alta de salários sem ganhos de produtividade aperta o lucro das empresas, o que não é bom, porque estas param de investir. Dilma acha que o ajuste tem que ser mais em cima das empresas.

Levy diz que os bancos públicos vão elevar suas taxas de juros, as taxas que Dilma mandara derrubar. Levy quer um amplo programa de privatização de estradas, portos, aeroportos, para o qual considera que as tarifas devem ser atraentes, ou seja garantir o bom lucro dos investidores. Para Dilma, o mais importante é a tarifa baixa.

Mentiricídio
Muita gente no governo diz que Levy comete sincericídio. Querem, pois, que cometa mentiricídios. Ele não tem feito isso, mas dá umas voltinhas. Por exemplo: diz que o ajuste das contas públicas tem como objetivo o crescimento econômico.

Não é bem assim. Difícil ter crescimento sustentado com desajuste das contas públicas. Mas contas em ordem não garantem crescimento. É perfeitamente possível ter orçamento equilibrado e estagnação. O que garante crescimento é investimento, especialmente em infraestrutura e, no nosso caso, via privatizações --- quer dizer, perdoem, concessões

Bom para a China
A política externa da China tem um grande objetivo: garantir o abastecimento de comida, matérias primas e petróleo. Na outra mão, abrir e consolidar mercado para seus produtos industrializados. Com enorme poupança, a China paga adiantado e assim  financia a produção do que vai receber lá na frente. A petroleira que recebe o financiamento fica amarrada ao credor por muitos anos. 

Com a Argentina, a China fez um monte de acordos desse tipo, de financiar a troca de alimentos por industrializados. A Argentina está sem acesso aos mercados internacionais de crédito e assim se agarra ao dinheiro chinês.  Por isso, a Petrobrás precisa explicar muito bem como foi esse acordo pelo qual vai receber US$ 3,5 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China. 

Não pode
Parece que a gente está anestesiado diante de tanto malfeito. Mas convém reparar: o presidente da Vale, Murilo Ferreira, não pode ser o presidente do Conselho de Administração da Petrobrás.  As duas têm negócios e operações conjuntas que podem levar a conflito de interesses. Além disso, a Vale tem um pé no governo – ou o governo tem um pé na Vale.  

E tudo bem com o mesmo executivo como chairman e Ceo das duas maiores companhias?

Fonte: Carlos Alberto Sardenberg - http://www.sardenberg.com.br/


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Quem vai lucrar com a desgraça do Petrolão?



O projeto ideológico de poder nazicomunopetralha, que descobriu na corrupção uma fonte de fabricação de hegemonia, arrasou com a Petrobras. O dano causado a um patrimônio imaterial do povo brasileiro só terá algum ressarcimento se frutificarem as dezenas de ações judiciais movidas por investidores nos Estados Unidos. Com imagem abalada, e com seu sonho do pré-sal transformado em pesadelo inviável com a baixa cotação do barril de petróleo, a tendência é que a União acabe forçada a vender o controle da companhia para "salvá-la". Não será este o plano dos bandidos?

As ações da empresa estão desabando de cotação nas Bolsas de Valores daqui e lá de fora. A marketagem governamental repete as mesmas mentiras de sempre para tentar vender a falsa noção de que está tudo sob controle. O rombo na estatal de economia mista foi tão gigantesco que não se consegue determinar, com exatidão, quando e quanto foi roubado pelo esquema do Petrolão. O endividamento da empresa é assustador. O calote que ela dá nos fornecedores, prestadores de serviços e empreiteiras já provoca uma quebra sistêmica e "rouba" milhares de empregos. No final das contas vão sair ganhando os de sempre: os que roubaram e os que tiverem fôlego e paciência para comprar ações da petrolífera na bacia das almas. O futuro pertence a eles...

O noticiário sobre a Petrobras enche o saco dos leitores - e de quem escreve sobre ele (falo por mim mesmo). A merda repercute mundialmente. A coluna Lex, do Financial Times, já adverte que a Petrobras deve precisar de reforço de capital até o final do ano... O jornalão inglês, "bíblia do mercado financeiro globalitário", prevê que os "múltiplos" da empresa - como o que compara a dívida com o lucro - pode chegar a patamares "assustadores". O FT mete o pau, insistindo naquilo que todos de bom senso já sabem: "A Petrobras admitiu que, até agora, é incapaz de calcular quanto dinheiro foi roubado da empresa em um escândalo de corrupção que abalou a confiança no segundo maior mercado emergente do mundo".

Agora, surgem os impasses jurídicos. José Dirceu, ilustre condenado no Mensalão, corre risco de voltar à cadeia se seu santo nome acabar formalmente implicado no Petrolão. O mesmo pode acontecer com Paulo Roberto Costa, por supostas contradições e omissões do que teria revelado como prova. O doleiro Alberto Youssef pode ter cancelado seu acordo de "colaboração premiada"... Nestor Cerveró não abre o bico, não delata ninguém, e tende a acabar como bode expiatório. O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, é indiciado, mas também deve segurar as broncas sozinho, sem dedurar quem realmente está acima dele...

Enfim, o fato concreto, até agora, é: sambou quem investiu nas ações da empresa para ganhos de curto prazo. Os bandidos que a roubaram, agora sob ameaça, têm dinheiro de sobra para se defenderem judicialmente no Brasil, e para aguardar o juízo final no exterior. Para a maioria deles, principalmente os ladrões políticos que ficarão impunes, só haverá uma punição simbólica. Não poderão levar os netinhos e os filhos para passear na Disneylândia, se forem condenados nos EUA, pois acabarão iguais aos irmãos metralha: na cadeia...

Fonte: Blog Alerta Total – Jorge Serrão