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segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Populismo em rede - Bolsonaro joga seus devotos contra o Congresso - VEJA - Blog do Noblat



Por Mary Zaidan
 

Populismo em rede - Bolsonaro aposta tudo

 



A mistura de política com entretenimento não é novidade. Era assídua nas marchinhas de carnaval, na música popular, e continua arrancando gargalhadas nos programas humorísticos de TV. Artistas sempre foram bons cabos eleitorais e showmícios faziam parte das campanhas até serem proibidos pelo Supremo, em 2006. Tudo para lá de inocente perto do que se vê nas redes sociais, ambiente em que a política virou um reality show sob medida para o populismo de ocasião.

Nele, o presidente Jair Bolsonaro tem se mostrado imbatível. Na última quinta-feira, movimentou o Facebook com uma enquete sobre como deveria agir quanto ao fundo eleitoral de R$ 2 bilhões proposto pelo seu governo e aprovado pelo Congresso. Vetar e correr o risco de um impeachment ou sancionar, provocou.
De duas, as duas. Mentiu ao delegar a escolha para a galera e tratou uma decisão presidencial como bacalhau que se joga na plateia. (Que o genial Chacrinha me perdoe pela citação.)

Ministros como Abraham Weintraub, da Educação, Damares Alves, da Mulher, Família e Direitos Humanos, e Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, parecem que se ocupam mais das redes do que das tarefas para as quais foram nomeados. Pelo volume de posts diários e lives semanais, que duram em média uma hora, o próprio presidente dá a entender que agradar fãs no Facebook e no Twitter é determinante. Importa mais que a governança, que o país. No primeiro ano de governo foi a temperatura nas redes que determinou as idas e vindas do presidente. Seja para amenizar o projeto original da Previdência ou adiar privatizações, voltar atrás na mudança da Embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém ou na indicação de seu filho Eduardo para a Embaixada dos Estados Unidos.

Antes de o ano virar voltou da Bahia para Brasília depois de ser duramente criticado no Facebook e no Twitter por preferir ver a chegada de 2020 longe da mulher e, pior, no momento em que ela passaria por uma cirurgia, mesmo sob alegação de risco zero. Erro fatal para quem se diz um feroz defensor da família sobre todas as coisas. Nem os fanáticos seguidores perdoaram. As redes servem ainda para a prática da tergiversação.

Com estratagemas diversos – acusações à imprensa, falsas notícias, exageros ou impropérios inadmissíveis para qualquer um, quanto mais para alguém que deveria servir de exemplo -, Bolsonaro usa as redes para tirar o foco dos imbróglios em que seus filhos se metem. Basta uma investigação chegar perto de algum deles para que o presidente fale ou escreva um post desaforado que suplante a notícia incômoda.
Serve ainda para testar a (im)popularidade de medidas como o retorno da CPMF, que espertamente Bolsonaro terceirizou para a equipe de Paulo Guedes. Aí o presidente chega ao cúmulo de conversar com o ministro no Planalto pela manhã e deixá-lo sem tapete depois do almoço no primeiro post da tarde.

Uma prática repetida amiúde com o ministro Sérgio Moro, desautorizado por diversas vezes em todas as mídias – ao vivo, gravado, em entrevistas distribuídas em atacado nas redes. Na seara de ser contestado publicamente pelo chefe ninguém suplanta Moro, o que, imaginam alguns dos fiéis do ex-juiz, poderá ser utilizado a favor de uma eventual candidatura dele à Presidência. Sonhos de 2022 que, diga-se, têm adeptos a rodo na mesma web em que Bolsonaro brilha.

Ainda que a performática atuação dê a impressão de que Bolsonaro está bombando, sua aprovação entre os brasileiros é inferior à do também populista Fernando Collor, o caçador de marajás. Collor foi eleito pela TV e deposto pelas ruas, canal que ele duvidava que poderia ser mais forte do que a audiência eletrônica que ele tão bem dominava. [Collor foi impedido: já Bolsonaro, é a economia melhorar e ele vai impedir muitos desacertos, que hoje reinam.]

Bolsonaro aposta tudo nas redes. Seu governo se dá por meio delas. Sua popularidade, ainda que tenha sofrido forte queda, se mantém por arrobas fiéis. Resta saber se o país se renderá à audiência digital e a plebiscitos populistas baratos.


Mary Zaidan é jornalista

Bolsonaro joga seus devotos contra o Congresso 

[Bolsonaro demonstra boa vontade com o Congresso; quisesse queimar a imagem do Parlamento bastaria vetar e aguardar a derrubada do veto.

Conduta que poderia, se quisesse, ter praticado no pacote anticrime.]

O presidente Jair Bolsonaro decidiu investir contra o Congresso por causa de uma proposta de sua própria autoria. Em agosto passado, ao despachar para o Congresso o Orçamento de União de 2020, ele reservou R$ 2,5 bilhões para financiar as campanhas dos partidos na próxima eleição municipal. Eleição custa dinheiro.

No final de novembro, ele reduziu para R$ 2 bilhões o valor do financiamento. O Congresso, que a certa altura queria R$ 3,7 bilhões, aprovou o que Bolsonaro sugerira. Desde então, sob a crítica implacável dos seus devotos contrários a qualquer tipo de financiamento, Bolsonaro só tem feito se queixar.

Disse que o Congresso pôs no colo dele uma bomba prestes a estourar (bomba armada por ele). Depois disse que poderá sancionar o fundo de R$ 2 bilhões para não ser alvo de impeachment. Ontem, apoiou uma campanha dos seus devotos para que ninguém vote em candidato que se beneficie do fundo.

Cabe ao presidente da República sancionar ou vetar o que o Congresso aprova. Cabe ao Congresso conformar-se com o veto ou tentar derrubá-lo. Nesse caso, não cabe em hipótese alguma a abertura de um processo de impeachment só porque o presidente usou ou deixou de usar um poder que a Constituição lhe confere.

Como de hábito, quando contraria os bolsonaristas de raiz e começa a apanhar deles, o presidente tira sua responsabilidade da reta e joga a dos outros. É o que faz mais uma vez ao culpar o Congresso por algo que ele mesmo propôs. Bolsonaro manipula os fatos, como se vê. Mas esse é também outro hábito dele.

Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - VEJA




quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Cartão Corporativoa de Lula - Lula comprou cachaça, uísque e rabada com cartão corporativo da Presidência - Gazeta do Povo

Lúcio Vaz
O blog que fiscaliza o gasto público e vigia o poder em Brasília


Alto consumo de bebidas alcoólicas chama a atenção nos gastos com cartão corporativo quando Lula era presidente da República.|

O fim do sigilo sobre os gastos com cartão corporativo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou alguns hábitos de consumo da presidência durante o governo do petista que incluíam cachaça de R$ 390 a garrafa, uísque envelhecido e vodka Absolut, além de carnes como picanha especial, filé mignon, bacalhau e muita rabada – o prato predileto dele. Tudo comprado com dinheiro público.

Reportagem publicada pelo blog no dia 5 de outubro mostrou que, no governo Dilma Rousseff, as compras para o Palácio da Alvorada também incluíam cachaça, vinhos, carnes raras e camarão de R$ 230 o quilo. Ela também alugou uma lancha por R$ 30 mil para passear no carnaval de 2012. Todos os valores citados na reportagem foram atualizados pela inflação.

O sigilo das compras com cartão corporativo é mantido até o final do mandato para proteger a segurança do presidente da República e de seus familiares. O blog solicitou ao Palácio do Planalto, por meio da Lei de Acesso à Informação, em 7 de agosto, o acesso a todos os documentos que registram as despesas de Dilma, Lula e Michel Temer. Após um longo processo de autorização, os arquivos em meio físico – foram abertos e analisados pela reportagem nas dependências da Presidência da República nos últimos 15 dias. Os gastos de Lula chamam atenção pelo alto consumo de bebidas alcoólicas.


No dia 19 de fevereiro de 2010, as compras na Casa do Vinho para atender às necessidades do Alvorada incluíram 6 garrafas de vodka Absolut, 6 de uísque Johnnie Walker Black, 6 de cachaça Havana – por R$ 400 a unidade – e mais 18 garrafas de vinho. A conta fechou em R$ 5 mil. Quatro dias mais tarde, a compra de 12 garrafas de uísque e 3 vodkas foi destinada à Granja do Torto, residência do presidente da República.

Nova compra foi realizada em 22 de março de 2010, na mesma loja. Foram mais 7 garrafas de uísque, 6 de vodka e 5 de cachaça Anísio Santiago – também por R$ 400 –, produzida na Fazenda Havana, em Salinas (MG), com envelhecimento de 12 anos. Mais R$ 4 mil na conta do contribuinte. Em abril, novo reforço de 6 vodkas, 6 uísques, 6 espumantes proseccos e 4 cachaças Anísio Santiago, num total de R$ 3,8 mil.
Veja Também:

Bacalhau dessalgado, picanha, rabada
As compras feitas nos governos de Lula e Dilma tinham os mesmos endereços, com poucas variações. Mas cada um tinha as suas preferências, ou extravagâncias. No início de março de 2010, foram gastos R$ 7,7 mil com 42 quilos de filé mignon, 14 kg de picanha, 6,5 kg de linguiça ouro, 2,6 kg de bife ancho e 1 kg de bife de chorizo – peças muito usadas em parrillas – na Confraria da Carne. Na Distribuidora de Carne Morro Redondo foram comprados mais 25 quilos de costelinha suína, além de outras peças mais simples. O destino de toda essa carne era a despensa do Palácio da Alvorada.

No Mercado Municipal, foram adquiridos 22 quilos de bacalhau dessalgado em março. Mais 8 quilos de lombo de bacalhau foram comprados na loja La Palma. Na Kalamares, foram buscar 3 quilos de camarões e 8 de coxa de rã. Na Peixaria do Guará, o preço do camarão custou R$ 172. A sofisticação foi mantida na Saborela, onde foram adquiridas 2 latas de azeite de trufa Truffol, a R$ 124 a unidade; e queijo holandês, por 163 o quilo. Para a sobremesa, sorvete Cariri, a R$ 120 o quilo; e 243 sorvetes. Teve também bolo de três quilos com pasta decorada  e 200 bombons por R$ 790.


Os churrascos da Granja do Torto
Havia ainda a despensa da Granja do Torto, local mais apropriado para jantares e churrascos mais descontraídos. No final de janeiro de 2010, a residência presidencial recebeu 17 quilos de filé mignon, 9 kg de rabada e 11 kg de bacalhau – a R$ 190 o quilo –, tudo comprado na Confraria da carne. Em 25 de março, um reforço de 17 kg de filé mignon e 10 de rabada, adquiridos na Reisman. No dia 6 de abril, foram comprados mais R$ 59 quilos de filé mignon, 10 quilos de coelho inteiro e 10 quilos de rabada bovina, tudo na mesma loja. Tudo pago com cartão corporativo da Presidência.

Para atender a todos os gostos, chegaram ainda 25 quilos de lombo de bacalhau do Mercado Municipal, comprados por R$ 170 o quilo. No La Palma, o preço do lombo de bacalhau chegou a R$ 185 o quilo. Na Peixaria do Guará, foram comprados ainda 6 quilos de camarão rosa GGG por R$ 170 o quilo. E não poderia faltar a coxa de rã – mais 10 quilos. Para a sobremesa, 2 quilos de sorvete de tapioca por R$ 119 a unidade.


Na próxima reportagem, o blog apresentará as despesas pagas com cartão corporativo nas viagens nacionais e internacionais. Nos eventos locais, é necessária a mobilização de um grande contingente de seguranças, policiais e até militares, o que resulta em gastos com transporte, alimentação e hospedagem.
Na gestão de Dilma, aparecem relatórios de despesas dos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso (PSDB), além de gastos com os familiares dos presidentes durante os seus mandatos.

O cartão de pagamento do governo federal é um cartão de crédito criado para pagar despesas eventuais de pequeno valor e também compras em caráter sigiloso. Podem comprar quase tudo, como alimentos, combustível, passagens aéreas, medicamentos, material para construção, material impresso, etc.


Blog Lúcio Vaz - Gazeta do Povo

 




sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Sérgio Cabral: do bacalhau do Antiquarius ao macarrão com carne moída de BANGU 8

Sérgio Cabral: conheça a nova casa do ex-governador-presidiário

Longe das mordomias do Leblon, de sua mansão em Mangaratiba e dos jantares caros em Paris, ex-governador será obrigado a acordar às 8 horas

Por vezes, quando chegava cansado e com fome, Sérgio Cabral gostava de pedir um prato do Antiquarius, um dos mais requintados restaurantes da cidade e vizinho do prédio em que vivia, no Leblon. Quando foi dormir em seu confortável quarto do apartamento 401, ontem à noite, o ex-governador de gosto refinado não imaginava, nem em seus piores pesadelos, que o jantar desta quinta-feira seria dentro de uma cela do Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8), no Complexo de Gericinó.  E nada de bacalhau. A quentinha desta quinta-feira serviu arroz, feijão, macarrão e um punhado de carne moída.
 
Todos os dias, pontualmente às 8 horas da manhã, um agente penitenciário abre a portão principal de acesso às galerias. A tranca bate forte e o som ecoa pelas galerias. É neste momento que o preso mais antigo dentro do sistema se levanta e dá um grito: ‘Confere!’. 

Neste momento, todos os detentos são obrigados a levantar da cama, vestir uma camisa, baixar a cabeça e colocar as mãos para trás. Com uma prancheta nas mãos, o ‘guarda’ vai conferindo um a um, cela por cela. Desde a manhã desta sexta-feira, esta é a nova rotina do ex-governador Sergio Cabral Filho em sua nova casa, no Pedrolino Werling de Oliveira, conhecido como Bangu 8, uma das unidades prisionais do Complexo de Gericinó, na Zona Oeste da cidade.

Com duas prisões preventivas decretadas pelas justiças do Rio de Janeiro e do Paraná, o homem mais poderoso do Rio de Janeiro nos últimos dez anos terá de se habituar a uma nova rotina, bem longe da vida nababesca que levava entre o Leblon, sua mansão em Mangaratiba e restaurantes e hotéis de luxo pelo mundo afora. Uma rotina que, normalmente, deveria coloca-lo no convívio com outros detentos da Galeria D, reservada aos presos com diploma universitário, chamados ‘especiais’. Cabral, Hudson Braga, seu ex-secretário de Obras, e outros quatro integrantes da quadrilha foram para a galeria C6, virada para a horta e uma região onde há mais sombras, ou seja, é menos calor numa região normalmente escaldante. 

Cabral chegou à unidade pouco antes das 22 horas, depois de passar pelo processo de triagem na unidade vizinha, o Bangu 10. Lá raspou a cabeça com máquina 3 e fez a tradicional foto com uniforme verde da Secretaria de Administração Penitenciária para o cadastro interno de controle de presos. “Foi tudo feito nos costumes, no padrão Fifa”, brincou um funcionário da Seap, garantindo que a mochila que o ex-governador levou a tiracolo na viatura da Polícia Federal será entregue à família. “Ele vai usar chinelo, camisa branca e bermuda ou calça jeans, como todo mundo nesta unidade”.

Além do ex-governador, foram para Bangu 8 seu ex-secretário de Obras, Hudson Braga, seu assessor Carlos Miranda, Paulo Fernando Magalhães Pinto, apontado como um de seus principais ‘laranjas’, Luiz Paulo Reis (operador financeiro) e José Orlando Rabelo (assessor do gabinete do deputado estadual Jorge Picciani). Todos têm curso superior. Outros três detentos, Alex Sardinha da Veiga, Wagner Jordão, que movimentava as propinas pagas a Hudson, e Carlos Bezerra, que pagava até as contas pessoais de Cabral, foram mantidos na unidade de triagem, já que não têm diploma.  O outro ilustre preso nesta semana, o também ex-governador Anthony Garotinho, é mais um que tem presença confirmada no presídio de Bangu 8, para onde será transferido a qualquer momento.

Há uma academia à disposição e banho de sol em determinados períodos que são divididos com internos de outras alas. A unidade comporta entre 140 e 150 presos e, atualmente, há vagas. A quadra de futebol é sempre bastante disputada. Lá dentro Cabral encontrará, por exemplo, Nelson Nahim, irmão de Anthony Garotinho, preso por pedofilia. Ele é um dos mais antigos da galeria D. Nahim, aliás, é inimigo do irmão. Depois que Garotinho sair da unidade hospitalar, caso não vá para Campos, terá de ficar numa cela separado de Nahim. Lá estão também assassinos, milicianos e presos por não pagamento de pensão alimentícia.


À exceção de comida crua familiares podem levar as iguarias que o ex-governador desejar. Os detentos têm a opção de comprar na cantina da unidade também. A mulher, Adriana Ancelmo, terá direito a uma visita antes de sua carteirinha ficar pronta, já que o marido está com a prisão preventiva decretada. Depois dessa primeira visita, só com a carteirinha de visitante devidamente cadastrada pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), o que em casos de presos comuns leva até dois meses para ficar pronta. Às 18 horas, o grito de ‘Confere!’ ecoa novamente nas cadeias. É hora de voltar pra cela. Pensar na vida. E esperar a Justiça.

Fonte: Revista VEJA

 

quinta-feira, 3 de março de 2016

Petista narra crime em página oficial da Petrobras como se fosse coisa bacana

É tal a certeza da impunidade, tão grande e tão corriqueira a intimidade com o crime, tão banal a violação explícita da lei, que esses caras não se vexam

Santo Deus! Prestem bem atenção. A fase Acarajé da Lava Jato tomou o depoimento de um sujeito chamado Armando Tripodi, vulgo “Bacalhau”. Não era um qualquer. O homem ficou como chefe de gabinete da Presidência da Petrobras entre 2003 e 2012, nas gestões José Eduardo Dutra e Sérgio Gabrielli. Depois se tornou gerente de Responsabilidade Social da empresa. É acusado de ter recebido propina por meio da reforma de um apartamento. No dia 22, ele foi destituído da função e, segundo a estatal, pediu demissão. Até aqui, vá lá.

A petroleira brasileira, senhores, tem um site institucional chamado Memória Petrobras”. E lá está um depoimento de Tripodi. Ele relata, cheio de orgulho, que, na campanha eleitoral de Lula em 2002, dinheiro do imposto sindical dos petroleiros da Bahia foi usado na campanha eleitoral do petista. Diz: “Montamos um comitê no sindicato. Aprovamos na assembleia uma contribuição. A categoria aprovou todo imposto sindical da categoria ser destinado à campanha de Lula”. Nota: um dos líderes dos petroleiros à época era Jaques Wagner, atual ministro da Casa Civil.

Segundo Tripodi, o imposto sindical foi um “recurso fantástico”. E acrescenta: “Montamos uma lojinha, fizemos todo um trabalho de mandar matéria para o interior, montar carro, alugamos carro”.

Na campanha anterior, de 1998, Tripodi conta ter conseguido doação para a compra de um carro de som, “quase um trio elétrico”, que depois teria sido doado ao PT.
O “Bacalhau” não era, como se vê, um qualquer. Ele diz ter sido escolhido membro informal do grupo de transição escolhido por Lula no fim de 2002, depois que o PT venceu a eleição presidencial.

Novidade nenhuma! Não! Meus caros, não há novidade nenhuma na informação de que o PT usou recursos do imposto sindical na campanha eleitoral de Lula. Todos sabemos que os sindicatos ligados à CUT, a maior central do país, colocam sua infraestrutura a serviço do partido.

Obviamente, tudo isso é ilegal. O Inciso VI do Artigo 24 da Lei 9.504 proíbe entidades sindicais de fazer doação direta ou indireta a partidos políticos. Os “companheiros” não estão nem aí. Aliás, eis mais um traço da hipocrisia petista: o partido do mensalão e do petrolão hoje se diz contrário à doação de empresas a partidos. Não obstante, desde a sua fundação, a legenda recebe doação ilegal direta e indireta de sindicatos — que não deixam de ser entes privados.

Absurdo Assim, embora Tripodi conte algo ilegal, a gente sabe que novo não é. O que é realmente do balacobaco é outra coisa.

Isso que o tal petista relata é crime. Não obstante, está lá no site oficial da Petrobras como “memória”. Depois da Operação Acarajé, foi retirado do ar. Cobrada pela Folha, a página voltou a exibir o relato. Mas só se consegue acessá-lo com cadastro e senha.

É tal a certeza da impunidade, tão grande e tão corriqueira a intimidade com o crime, tão banal a violação explícita da lei, que esses caras não se vexam de relatar seus delitos na página oficial de uma estatal. Pior: emprestando-lhes um caráter heroico.

Para lembrar
Nos seus primórdios, o PT se organizou opondo-se fortemente ao imposto sindical, que dizia ser coisa de “pelego”. A pregação passou para a CUT. O mantra: sindicato forte não precisa de imposto, mas de filiados.

Era tudo cascata. Em 2008, o então presidente Lula sancionou a lei que reconheceu as centrais sindicais. Em vez de se aproveitar a oportunidade para pôr fim ao imposto sindical, houve uma redistribuição.

A bolada de mais de R$ 2 bilhões é assim repartida: 5% vão para as confederações; 15%, para as federações, 60% para os sindicatos. Antes do reconhecimento das centrais, o Ministério do Trabalho levava 20% — o dinheiro integrava o FAT. A partir de 2008, as centrais a CUT inclusive, é claro! passaram a ter direito a metade do dinheiro que ia para a pasta.

A lei aprovada no Congresso obrigava os entes sindicais a prestar contas ao TCU, já que o dinheiro é obrigatoriamente descontado dos trabalhadores. É uma imposição legal absurda, não tem querer. Sabem o que Lula fez? Vetou a exigência, alegando que o dinheiro pertence aos trabalhadores. Assim seria se a contribuição fosse volitiva, mas não é. 

As empresas são obrigadas a recolher o valor correspondente a um dia do salário de todos os trabalhadores formais e repassar o valor às entidades sindicais. Estas gastam como quiser e não prestam contas a ninguém. Bacalhau nos conta para onde vai parte da grana. Depois os petistas se zangam quando a gente chama esse troço de organização criminosa, não de partido.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo