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terça-feira, 21 de março de 2017

A PF escorregou na operação 'carne fraca'

A Carne na operação é Fraca

A Polícia Federal tem provas consistentes de conluio entre fiscais do governo e empresas, mas não de venda de produtos estragados em larga escala 

A Operação Carne Fraca, vendida pela Polícia Federal na última sexta-feira (17) como a maior da história, uma espécie de Kobe Beef investigativo, assenta-se, ao menos até agora e nos pontos mais relevantes, em provas repletas de acém. Um exame detido das evidências colhidas pela PF aponta a existência de um esquema corrupto entre frigoríficos do Paraná e fiscais do Ministério da Agricultura lotados em cidades paranaenses. 

Há indícios consistentes de que alguns dos envolvidos nessa organização criminosa facilitaram a produção e venda de carne estragada, ou possivelmente estragada, no Paraná. No aspecto gravíssimo do risco à saúde sanitária dos consumidores, as provas mais consistentes restringem-se a frigoríficos pequenos e médios naquele estado. Não há, até aqui, evidências da existência de um esquema em larga escala para vender carne podre, imprópria para consumo humano algo que o estardalhaço com o qual a PF divulgou a operação levava a crer. Resta, por enquanto, um preocupante descompasso entre as provas disponíveis e o alarde promovido pela PF.

A vasta maioria dos fatos criminosos expostos pela PF estão no Paraná. É lá que se encontram casos como o do frigorífico Peccin, principal alvo da investigação, cujos donos aparecem, em interceptações telefônicas, combinando pagamento de propina a fiscais e fraudes para assegurar venda de carne provavelmente podre. Existem indícios semelhantes quanto ao frigorífico Larissa. Há provas abundantes, em interceptações telefônicas, depoimentos e registros bancários, da relação corrupta entre os fiscais e os donos de frigoríficos. Havia propina em dinheiro. Havia propina paga em carne, até mesmo em coxinhas de frango, tudo sempre mencionado ao telefone. Havia uma promíscua naturalidade nos diálogos entre fiscais e funcionários dos frigoríficos. A esculhambação era tamanha que fiscais faziam churrasco com carnes apreendidas e forneciam as próprias senhas para que funcionários dos frigoríficos consultassem o sistema do Ministério da Agricultura. Um fiscal chegou a pedir petisco de cachorro a um dos frigoríficos; outro recebeu um isopor com picanha.

O filé da investigação encerra-se no Paraná – novamente, ao menos até o momento. Não há elementos semelhantes para descrever o mesmo descalabro em outros estados, quanto mais no país inteiro. A PF chegou às irregularidades em outros estados – Goiás e Minas Gerais, até agora – por meio de Roney Nogueira, um dos diretores da gigante BRF. Roney, conforme demonstram as interceptações telefônicas, era um resolvedor-geral da BRF. Ele aparece em todas. Tanto no Paraná quanto em Goiás e em Minas. No caso mineiro, usou o login de uma fiscal para verificar pendências da BRF. Em Goiás, a coisa foi possivelmente mais séria. Diálogos telefônicos mostram Roney agindo para evitar a interdição de uma planta da BRF.

A princípio, Roney estaria somente cumprindo sua função, sem qualquer ilegalidade. Mas ele aparece em interceptações repassando asinhas de frango – sim, asinhas de frango – para o fiscal responsável. E comenta com colegas que o mesmo fiscal cobrou R$ 300 mil em doação de campanha para o padrinho político dele, do PTB. (Em diálogos subsequentes entre diretores da BRF, eles dizem que não pagarão.) Há evidências de que a planta da BRF em Goiás apresentava problemas para se adequar aos padrões impostos pelo governo. Não fica clara, contudo, a natureza dessas dificuldades.

Ou seja, se a planta tinha problemas porque produzia carne podre ou se essas dificuldades advinham de empecilhos burocráticos, banais. Um diálogo entre diretores da BRF registra a preocupação com uma carga, produzida na planta em Goiás, que foi impedida de entrar na Europa por suspeita de conter um tipo de salmonela. Pode ser um caso grave, mas a PF não avançou nele. Na verdade, há vários tipos de salmonela em carnes in natura – nem todos são um problema sanitário. (A PF fez perícia em somente uma planta, do frigorífico Peccin.)

>> Seis perguntas para entender a Operação Carne Fraca

Ler MATÉRIA COMPLETA, em ÉPOCA