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segunda-feira, 13 de maio de 2019

Bolsonaro diante de um falso dilema


A primeira coisa a se reconhecer, portanto, é que a raiz da crise parece estar não em má-fé do presidente da República

Nos últimos dias, o país assistiu a uma escalada de tensões que vêm marcando o governo de Jair Bolsonaro (PSL) desde seu início: as críticas do escritor Olavo de Carvalho e de influenciadores digitais que compartilham de seu ponto de vista dirigidas aos militares, particularmente os que integram a administração pública, chegaram ao nível mais agudo nesses pouco mais de quatro meses. Embora haja sinais de trégua no horizonte, nada garante que a situação se sustente por muito tempo. Nesse quadro, duas inquietações com certeza surgem na cabeça de boa parte dos brasileiros atentos
qual a gravidade real desses agravos e desentendimentos? 
e como avaliar a conduta do presidente, conduta, aliás, que é a que realmente importa para o país? No fundo, é preciso distinguir bem o que está em jogo, seja para evitar julgamentos injustos, seja para não flertar com consequências indesejáveis.

De início, parece que Bolsonaro tem tentado se equilibrar entre os militares e o escritor, que tem influência intelectual sobre os próprios filhos mais próximos do presidente, Eduardo e Carlos, e sobre alas relevantes do governo. Mas causou especial surpresa que Bolsonaro tenha não só feito uma longa postagem elogiando o escritor como também o tenha condecorado com a Ordem do Rio Branco, na mesma ocasião em que a honraria foi concedida ao vice-presidente da República, o general Hamilton Mourão, a que Olavo já chamou de “traidor” e “adolescente desqualificado”. Nos últimos dias, ao se pronunciar em defesa do colega, o general Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo, foi quem entrou na linha de tiro do escritor. [além do fato de seu passado militar - oficial do Exército Brasileiro, capitão - o presidente Bolsonaro é conforme mandamento constitucional o comandante supremo das Forças Armadas, o que lhe IMPÕE o DEVER de defender as FF AA que também foram vitimas dos latidos do aiatolá de Virginia.]
Três considerações parecem estar norteando a conduta do presidente e entrando em conflito entre si. Primeiro, Bolsonaro dá sinais de que age por amor aos filhos, a quem estima e cujos conselhos valoriza. Segundo, o presidente respeita e ouve aqueles que julga terem sido importantes para sua eleição – o próprio Olavo de Carvalho, que tem méritos inegáveis na articulação discursiva da direita no Brasil recente, e muitos apoiadores, como o hoje Assessor Especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Filipe Martins, aluno do escritor. Em terceiro lugar, Bolsonaro age por lealdade ao time do governo como um todo, afinal, são oito os ministros militares no primeiro escalão e mais de uma centena na administração federal, reflexo da formação técnica desses quadros e também da afinidade ideológica com certas ideias do presidente. [não pode prosperar o raciocínio que o astrólogo 'teve méritos na articulação da direita do Brasil recente' -  importância que resultou na eleição do presidente da República.
Cabe lembrar que a grande maioria dos quase 60.000.000 de eleitores que votaram no presidente Bolsonaro, só passaram a ouvir falar no autoproclamado filósofo após a figura começar seus latidos atacando os militares, portanto, bem depois da eleição do presidente.
 
Fica dificil de entender que o silêncio do presidente, ignorando as ofensas dirigidas a integrantes do time do governo, possa ser interpretado como lealdade ao time como um todo.
Que lealdade é essa?  que manteve o presidente em silêncio - inclusive com ações que podem ser interpretadas como apoio aos  latidos do ofensor dos militares, ofensa que atingiu a toda a categoria, especialmente a forma covarde e abjeta que usou para agredir o general Villas Boas, liderança inconteste dos militares - diante dos fatos praticados por um indíviduo que sequer integra seu governo.
 
Condecorá-lo foi aviltar a condecoração e ofender os que a receberam.]

É inegavelmente positivo que as três motivações acima sejam deveres de boa índole
– ou seja, nenhuma consideração antirrepublicana ou interesse inconfessável por parte do presidente está na raiz dessa disputa. Mesmo assim, é preciso reconhecer que Bolsonaro está preso a um falso dilema. Amar os filhos não significa aceitar tudo que fazem; ao contrário, é saudável contrariar e admoestá-los amigavelmente, mesmo depois de adultos. Da mesma maneira, reconhecer os méritos das condutas passadas de aliados e admiradores não significa aprovar tudo que fazem no presente, e muito menos autoriza uma homenagem que poderia sinalizar aprovação – e, sem sombra de dúvidas, as condutas de Olavo de Carvalho passaram do razoável. O escritor chegou a acusar Santos Cruz de crime de tráfico de influência em um último vídeo, divulgado antes de Olavo prometer ficar “alguns dias em silêncio”. Por fim, o mesmo dever de lealdade ao time que está diante do presidente impõe que eventuais críticas a integrantes do governo devem ser feitas primeiro em particular; depois, se os problemas persistirem, mudanças graduais devem ser feitas; e só então é o quadro deve acabar desligado do governo. Em nenhum desses casos, é bom frisar, deve-se faltar com o respeito à honra de quem quer que seja.
A primeira coisa a se reconhecer, portanto, é que a raiz da crise parece estar não em má-fé do presidente da República, mas simplesmente na incapacidade de enxergar com clareza e distinção essas considerações, o que pode ser, em parte, fruto de uma carreira e de uma formação que nunca lhe exigiram isso. Mas qual a gravidade disso? Apesar de se reconhecer que a origem não seja a má-fé, é evidente que uma situação dessa natureza tem potencial para desencadear consequências bastante graves para a administração e para o Brasil, o que justifica toda a atenção que lhe tem sido dada. No Congresso, parlamentares já aproveitam o flanco aberto para fustigar o governo. A situação de embate não equacionado, e de exasperação dos ataques em público, também atrai o olhar externo e prejudica a confiança e a formação de expectativas, em um momento já delicado para a economia do país. Não menos importante, qualquer pessoa sensata se indignaria com os ataques aos militares – o que, aliás, já tem acontecido, mesmo entre apoiadores da eleição de Bolsonaro. A exasperação da disputa, ou mesmo a debandada geral dos quadros militares do governo, poderia desestabilizar definitivamente o governo, abrindo uma crise institucional grave. “Se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não pode subsistir”, já dizia o apóstolo.

Embora tenha esse potencial bastante perturbador, é verdade que a situação pode não ser na prática tão grave, a depender em grande medida da continuação desse quadro e do grau de tolerância que os militares terão a ele. Diante de tantos meses de seguidos ataques graves à sua honra, fica claro que os militares agredidos têm alta estima pelo presidente da República e senso de responsabilidade pelo sucesso do atual governo. Mas paciência tem limites: mesmo que entendam que a omissão de Bolsonaro é fruto não de malícia, mas de uma deficiência do presidente – uma deficiência entre qualidades que certamente enxergaram ao compartilhar com ele um projeto de Brasil –, não se deve esperar que tolerem esses ataques indefinidamente. Não é nem mesmo suficiente a atitude que Bolsonaro vem tendo, simplesmente minimizando o assunto aqui e ali.

Para evitar o agravamento da situação,
e pelo bem de sua própria integridade pessoal, está na hora de o presidente tomar consciência das dimensões do problema, amadurecer em sua posição e sinalizar com clareza que não concorda com os insultos e o clima de “revolução permanente” que certos setores propagam. Divergências são saudáveis para o governo e o país, mas devem ser manifestadas no limite que o dever de respeito à honra alheia impõe a todos – sem exceção.
 
 

 

sexta-feira, 1 de março de 2019

De volta ao balcão do fisiologismo

A nação brasileira ficaria bem no papel de Sísifo. Diz a mitologiagrega, naturalmente, para ampliar a tragédiaque Sísifo empurra uma pedra enorme encosta acima, mas, quando chega perto do topo, sucumbe ao peso da pedra e com ela rola de volta ao ponto de partida. Recomeça então o seu esforço, inútil, para repetir o fracasso. E assim por diante, para todo o sempre. É uma história nada edificante e pouco mais antiga que os sofrimentos do Brasil nas mãos de seus governantes. A pedra tem a imponência das oligarquias políticas, de seus velhos hábitos e do status quo, apresentando no momento as feições militares do capitão Bolsonaro e do seu já decantado pouco traquejo para negociações. Nas últimas décadas, o Brasil exibiu qualidades invulgares como cenário de aprendizes. 

País fora do comum, talvez pela índole cordata e condescendente do povo, aceita sempre as promessas e discursos palanqueiros dos candidatos para, logo a seguir, vê-los contrariados na prática. Disse o Messias Bolsonaro que não iria jamais se render ao fisiologismo rasteiro do toma lá dá cá. Prometeu inaugurar uma nova era de relações com o Parlamento, pautada no interesse público, sustentada em programas e princípios, sem a montagem do deplorável balcão de negócios para regatear apoios em troca de emendas, cargos e verbas. Mas eis que o mandatário da salvação, o mito impoluto, é pilhado à luz do dia oferecendo benesses e paparicando deputados e senadores, como quem apagou da memória os chavões a favor da ética na coisa pública, deu uma guinada de 180 graus no palavrório eleitoreiro e acabou partindo mesmo para a “xepa” de oferendas, abrindo a chave do cofre e entregando as vagas da máquina estatal. R$ 7,5 milhões é a cota em obras e repasses federais para cada deputado neófito. R$ 10 milhões aos caciques reeleitos da velha guarda – tudo em forma de emendas e endossos aos seus respectivos projetos regionais. “A verdade liberta!”, escreveu o apóstolo São João Evangelista. Aplicado ao contexto político, o aforismo tem um valor ainda mais transcendental e que modernamente pode ser traduzido em uma única palavra: transparência. 

Como se sabe sobejamente, a arte da boa política é feita de diálogo, entendimento em torno de plataformas de governo. Não basta a autoridade suprema do mandatário para acender as luzes e abrir as cortinas e portas dos demais poderes sob o rufar de tambores, cornetas e saudações reverenciais, tal qual um monarca, para atendê-lo nas suas demandas — por mais nobres que sejam. Democracia é isso, viceja no campo da dialética. Bolsonaro não preza pela arte do diálogo. Em nenhuma esfera. Rejeitou aproximações desde o início. Sequer criou a sua tropa de choque para a articulação em momentos importantes como esse da aprovação da Reforma da Previdência — que, de mais a mais, interessa a todo mundo como última oportunidade de resgate das contas e de recondução do País à estabilidade. 

Entregou a difícil e meticulosa missão de convencer congressistas nas mãos de leigos, noviços do “la redoute”, como o desconhecido major Vitor Hugo, alcunhado de espectro dos corredores, a quem ninguém dá bola, tamanha a inoperância de sua liderança. Não só a dele. O ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, também recrutado para a cruzada, sequer dialoga com o presidente da Câmara. São declaradamente desafetos entre si. Como arregimentar simpatizantes e articular base de sustentação com um escrete desses? Restou a barganha venal, a partilha amiúde. O governo criou até um nome pitoresco para a distribuição de postos no segundo e terceiro escalões: o “Banco de Talentos”, que outorga sim aos excelentíssimos parlamentares o direito de decidir sobre quem e quantos serão os seus apadrinhados lotados na esfera federal — desde que (e aí vai o pequeno detalhe) tenha currículo. 

Risível, não fosse trágico. A melhor definição para essa primorosa criação bolsonarista veio justamente de um aliado, o senador Major Olímpio que, em tom de ironia, observou: “tucanaram o apadrinhamento”. Do purismo político, com a tática obtusa de rejeitar conversas, até o desavergonhado escancarar das porteiras foi um pulo. O fato, a essa altura, é negado apenas pela militância de cegos adoradores. Não cabe discutir agora os problemas éticos e legais da saída traçada. Ela é mais uma vez fruto da inaptidão de quem está no comando e altamente representativa do casuísmo “made in Brazil”. A putrefata prática do fisiologismo é o recurso clássico das elites corrompidas, o ardil leguleio contra a lei da razão e da dignidade. Inúmeros cidadãos, graúdos e miúdos, acreditarão que não existe outra maneira de se atingir os objetivos, sejam eles louváveis ou profanos. Que não importam os meios, com todas as implicações dessa ignorância. Se tanta gente vive nessa confusão, à direita e à esquerda, há de se perguntar se estaremos um dia habilitados a experimentar a civilidade política. Pelas mãos do pretenso maquiavelismo, que repetidamente deita raízes no Planalto, é triste avaliar que não.

Carlos José Marques é diretor editorial da Editora Três


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

American Sniper: lobos e ovelhas



Todos admiram, mesmo que secretamente, pessoas que recusam o cinismo predominante e brindam os seus próximos com uma amostra do que é a virtude em ação.
O novo filme de Clint Eastwood começa com o sermão de um pastor sobre o apóstolo Paulo. O que Paulo ensinava e fazia, explica o ministro, era motivo de escândalo para a maioria dos seus contemporâneos. Mas Paulo tinha dentro de si a convicção de estar fazendo a coisa certa. Chris Kyle está no culto com sua família. Ele ainda é uma criança, mas ouve atento o pastor explicar que somos incapazes de decifrar o padrão de Deus nos eventos que ocorrem na nossa vida. Só podemos considerar real e verdadeiro o que podemos enxergar?

Video: American Sniper - Official Trailer 2 [HD] 

Não se engane pelo cenário da história ou seu contexto histórico. American Sniper não é sobre a Guerra do Iraque – nem contra e nem a favor – ou sobre qualquer aspecto da vida militar. O drama de Clint Eastwood é sobre os dilemas morais enfrentados por homens de convicção em um mundo no qual a defesa de qualquer princípio – por mais óbvio que seja – é vista como uma atitude fundamentalista. A convicção é uma anomalia. O mundo jaz do relativismo.

Se você quiser defender uma visão moral, prepare-se para enfrentar dilemas terríveis. Se você quiser se sacrificar por algo maior, prepare-se para a solidão. Sim, solidão: ao dizer que está disposto a morrer pelo seu país, Kyle ouve da futura esposa: “você é um egocêntrico!”. Chris Kyle é filho de um diácono e de uma professora de escola bíblica dominical. Desde cedo ele aprendeu que a defesa dos princípios básicos de certo e errado o colocaria em conflito com a maioria que há muito abandonou o “preto-no-branco” por mil tons de cinza. 

Ainda menino, Kyle intervém em uma briga para defender seu irmão mais novo de um típico valentão. Ao ver seu irmão apanhando, ele não tem dúvidas: soca o garoto maior até lhe tirar sangue. Ao invés de lhe repreender, o seu pai lhe explica que as pessoas são divididas em três grupos: ovelhas, predadores e cães pastores que protegem as ovelhas “do Mal”. “Algumas pessoas preferem acreditar que o Mal não existe. Mas se algum dia ele aparecer na sua porta, não saberão como se proteger. Essas são as ovelhas. E então existem os predadores. Eu e sua mãe não estamos criando ovelhas ou predadores”, adverte o diácono.

Kyle cresce como um típico jovem dos nossos dias. É um beberrão e mulherengo. Mas ele enxerga o que os outros não enxergam. Em certo dia, o noticiário que para seu irmão é entediante, para Chris Kyle é perturbador. E, como Saulo, ele caí do cavalo. 

Como a luz do dia
As escolhas daquele que se tornaria o atirador de elite mais letal da história militar dos Estados Unidos são pautadas por um antiquado senso de moralidade. Não há espaço para o cinismo ou a meia-verdade no horizonte de Chris Kyle. Ele enxerga o Mal tão claro como a luz do dia. É essa característica singular que irá definir o seu destino para sempre.  Quando poderia se arriscar menos, Kyle desce às profundezas do labirinto infernal de Ramadi para ensinar soldados novatos sobreviverem um dia a mais. Quando sua esposa grávida pede que ele fique em casa, Chris Kyle volta ao Iraque para proteger seus amigos. 

Em pouco tempo a insurgência iraquiana apelida Kyle de “o Diabo de Ramadi”- em referência a uma das cidades em que combateu – e coloca a sua cabeça a prêmio. Ele é temido por sua eficiência em matar. 160 mortes “oficiais”: tudo indica que o número seja maior (255).  O maior mérito de Chris Kyle, contudo, não reside no número de inimigos que ele abateu. Mas na quantidade de garotos que ele salvou com sua mira certeira. O filme faz um sutil e brilhante paralelo entre a visão moral distinta e a pontaria acima da média de Kyle. 

Além do inimigo que espreita em cada janela e porta, o jovem texano é obrigado a enfrentar as dúvidas crescentes e o medo paralisante dos seus colegas de farda. O agnóstico Eastwood fala no filme por meio de um jovem soldado que quase foi padre e é assaltado pela dúvida: Será que eles fazem a coisa certa? E será que vale a pena?  “O Mal existe. Nós já o vimos por aqui”, responde, serenamente, Chris Kyle. Eastwood mostra que o sniper mais admirado e temido da história dos EUA permaneceu até o fim com as convicções simples de um menino dedicado a proteger os inocentes dos bandidos. 

A virtude em ação
Há muitos sub-dramas terríveis contidos nas decisões de Kyle, mas não vou abordá-los para que o leitor assista ao filme e possa se surpreender com cada dilema que surge na história.  Ao contrário do que se poderia imaginar, Eastwood não manifesta aprovação diante da moralidade “preto-no-branco” de Chris Kyle. Diante disso ele é novamente agnóstico. 

Mas o velho mestre americano não deixa de mostrar que são de homens como Kyle que a sociedade precisa nos momentos mais tenebrosos, quando os lobos aparecem e recuamos como ovelhas confusas e apavoradas. Sem visão moral, sem senso de direção.  Hoje em dia os homens estão mais preocupados em ser queridos por todos e não conseguem defender qualquer princípio por mais de 5 minutos. Eles não acreditam mais em certo e errado. São cínicos. Para os quais “honra” e “sacrifício” são como peças de museu. 

São bem poucos os que ainda enxergam o mundo como o apóstolo Paulo e Chris Kyle enxergavam. Mas todos admiram, mesmo que secretamente, pessoas que recusam o cinismo predominante e brindam os seus próximos com uma amostra do que é a virtude em ação. Clint Eastwood faz um elogio desses homens ilustres. Assista American Sniper. 

Por: Thiago Cortês,  escreve no blog Descortês