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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

O andar de cima do tríplex



“Quantas vezes você está na cozinha, acontece uma coisa dentro da sala com seu filho e você não sabe? Fica sabendo depois” (Lula, durante um debate na campanha presidencial de 2006).

Nas cinco eleições que disputou, Luiz Inácio Lula da Silva usou à exaustão o discurso segundo o qual sua história de vida era uma espécie de parábola do pobre do andar de baixo que chegou ao terceiro andar do Palácio do Planalto, onde fica o gabinete da Presidência da República. O fato é que Lula sempre teve problemas com o andar de cima.

Eleito, instalou na poderosa Casa Civil, localizada exatamente no piso superior ao do gabinete presidencial, mosqueteiros que deram bastante trabalho. Ocuparam aquele território quatro estrelas do noticiário político-policial: José Dirceu, Antonio Palocci Filho, Erenice Guerra e Gilberto Carvalho. Este último não comandou a Casa Civil. Foi o mordomo da suspeita antessala da Secretaria-Geral da Presidência, transformada em confessionário para que o ex-seminarista distribuísse maus conselhos.

Seis anos depois de voltar de Brasília para São Bernardo do Campo, Lula está enredado na Operação Lava Jato por causa de um triplex no litoral de São Paulo, que seus advogados dizem não ser seu. É aquela espécie de ferida que piora com o remédio. Em 2006, na última declaração de renda a que se teve acesso, ele informou à Justiça Eleitoral ter pago R$ 47.695,38 à Bancoop, cooperativa pilotada pelo carregador de mochilas de dinheiro sujo João Vaccari Neto.

Lula adquiriu um imóvel de veraneio que seria erguido no Guarujá (SP) para descansar da vida política que, infelizmente, nunca interrompeu. Na época, o valor do apartamento era próximo do que o candidato à reeleição informou custar uma picape Chevrolet, ano 1998, também colocada em seu nome. O mochileiro João Vaccari Neto foi condenado em 2015, ampliando a linhagem de tesoureiros do PT que acabaram atrás das grades por desvio de dinheiro público. E o tríplex na praia apareceu nas investigações dobre a lavagem desses recursos.

Em suma: Lula diz ter comprado da Bancoop cotas de um prédio que a cooperativa não entregou. Essa foi apenas uma das muitas coisas estranhas registradas no mercado imobiliário do Guarujá. Uma das maiores empreiteiras do país, por exemplo, interessou-se pela construção do edifício paralisado pela falência. Era a OAS de Léo Pinheiro, amigão de Lula e integrante do consórcio marginal que sangrou a Petrobras.

Lula, os Lulinhas e Marisa Letícia visitaram o prédio, decoraram ambientes, escolheram a cor dos azulejos e não deixaram de cumprimentar o porteiro e o zelador. Os armários de cozinha de última geração foram presente da OAS. No terraço gourmet com piscina exclusiva, Lula imaginou até grelhar um peixe ao molho pré-sal.

Depois de pronto e reformado ao custo de quase R$ 800 mil, incluído um elevador privativo, o casal Lula e Marisa disse ter desistido do negócio – ainda que os R$ 47 mil em cotas da Bancoop se tenham multiplicado no imóvel avaliado em R$ 2,5 milhões. Hoje, os Lula da Silva afirmam que não são proprietários do tríplex. Não há uma única alma honesta no universo imobiliário capaz de entender esse súbito desapego de patrimônio.

Em tempo: num tríplex, Lula poderia afirmar, sempre que necessário, que não sabia o que acontecia no andar de cima.

Fonte: Silvio Navarro – Coluna do Augusto Nunes