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domingo, 11 de junho de 2023

Promotor do Paraná descumpre 101 vezes medida protetiva concedida à ex-mulher: 'Não tenho mais vida social', diz ela - O Globo

Pâmela Dias

Quase sem esperança de voltar a viver sem medo, a servidora pública Fernanda Barbieri hoje se sente refém da morosidade da Justiça em punir o ex-marido, um promotor de Justiça do Ministério Público do Paraná. As agressões físicas, verbais, patrimoniais e até sexual começaram há seis anos. 
 Desde então, a medida protetiva que a justiça lhe concedeu já foi descumprida 101 vezes por parte do ex-companheiro.  
Fernanda também se vê silenciada pelo sigilo do processo, mas resolve quebrá-lo como única forma de fazer com que alguém a ouça.

Ela adotou de vez o home office porque não pode sequer sair de casa. A mulher detalhou à Justiça uma série de violências que sofreu desde 2017. Fernanda conta que, em momentos de descontrole, Bruno Vagaes, que já atuou na área de violência doméstica, ameaçava lhe dar socos, jogou água quente nela e repetia que “poderia acordar e não ver mais a filha”.

Segundo laudos médicos judiciais, o acusado tem transtorno bipolar e sofre de alcoolismo. Procurado através de seu advogado, Marcos Ticianelli, Bruno não quis se pronunciar. — Os ataques começaram em 2017 quando a nossa filha nasceu. Demorei para denunciar porque achava que ele ia mudar. Mas a situação foi se tornando mais grave, ele bebia e colocava a vida da minha filha em risco, e eu comecei nessa missão de denunciar as violências. Hoje eu vivo vendo atualizações do processo, esperando Justiça. Não tenho mais vida social, não posso ir trabalhar, nem ficar na minha própria casa em Londrina porque ele alugou um apartamento perto — relata ela.

A importunação sexual foi em 19 de outubro de 2019. 
 Bruno foi condenado a três anos e seis meses de reclusão por ter tocado partes íntimas de Fernanda enquanto ela dirigia. 
O abuso aconteceu na frente da filha, na época com dois anos, e de um amigo dele que estava no carro.

Com medo de um fim trágico, Fernanda foi à polícia e, no fim daquele ano, pediu medida protetiva para afastar o ex-marido do lar e mantê-lo a 200 metros ao menos dela e de seus familiares. Mas uma quebra de sigilo no próprio telefone da vítima e de seus parentes revelou que Bruno tinha mandado pelo menos 49 mensagens, algumas delas com insultos.

No ano seguinte, novos avanços de sinais aconteceram, de acordo com a mulher, inclusive com ameaças. Em uma das mensagens, conta, Bruno afirmou que a faria sofrer na “modalidade sangria” no processo de guarda da filha e de divórcio, que até hoje não foi concluído.

— Chegou a me oferecer R$ 30 mil para que eu retirasse a denúncia. Ele me levou até Curitiba para mudar o depoimento, dizendo que senão eu sofreria um processo desgastante. Retirei a queixa e depois fiz outro pedido de medida protetiva, até que ele foi condenado — relata a vítima, acrescentando que o ex-companheiro continua solto.

Prisão revogada
Bruno não foi afastado de suas funções na Promotoria de Justiça em Ibiporã, no Paraná. Ele recebeu duas advertências institucionais. Em julho de 2020, o promotor teve a prisão preventiva decretada pelo crime de importunação sexual, e a pena foi elevada para quatro anos devido aos descumprimentos de medidas. 
A defesa dele pediu prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica, e foi atendida. 
No período, Bruno teve direito a 30 dias de férias.

Em setembro de 2020, o MP pediu a revogação da prisão, mesmo descrevendo Bruno como “rebelde” e “indisciplinado”. A decisão partiu do argumento de que o acusado percebeu “quão censurável tem sido seu comportamento em relação à ex-mulher”.

A prisão, segundo o MPPR, seria restabelecida em caso de fatos novos. Ao todo, Fernanda alega que outras 52 violações foram cometidas, das quais duas são investigadas. Procurado, o MPPR disse que não responderia à denúncia devido ao “sigilo”, mas garantiu que acompanha o caso por intermédio da Subprocuradoria- Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos. Em nota, o escritório Alves e Faria Advocacia, que representa a vítima, disse que o agressor é Promotor de Justiça e a reprovabilidade dos fatos demanda o rigor das instituições”.

Brasil - O Globo

 


domingo, 5 de fevereiro de 2023

A lição de Tocqueville

Por que esperar que o Estado resolva todos os nossos problemas?

“Super-ricos pedem para pagar mais imposto”, li em uma matéria. Achei que era brincadeira, mas não. Era uma carta assinada por mais de 200 endinheirados, que causou frisson nos dias festivos de Davos, na Suíça. “Vocês, nossos representantes, tributem a nós, os ricos, e agora!”, diziam nossos “milionários patriotas”, como o grupo se autodenominou, em meio àquele enorme congestionamento de jatinhos, limusines e pregações contra a desigualdade e o aquecimento global. O mais interessante foram as premissas sustentando a ideia. A primeira foi exposta por Owen Jones, um jornalista pop inglês, dizendo que, “em vez de filantropia, os ricos deveriam dar seu dinheiro ao governo, que sabe melhor o que fazer com ele”. Outra era a crença de que dar mais dinheiro ao Estado seria a melhor maneira de “diminuir a desigualdade”, como constava na carta dos bilionários.

Quando lia essas coisas, pensei no Brasil. Fiquei imaginando se vinte bilionários brasileiros (temos 56, na lista da Forbes) tivessem decidido doar 1 bi, cada um, para o governo. O pessoal lá em Miami, meio entediado, entre uma Pol Roger e outra, lendo o artigo de seus colegas globais, e, num lance de entusiasmo, manda recolher um DARF extra de 1 bi, cada um, para o Tesouro Nacional. 
Nosso sábio governo agora tem 20 bilhões a mais para reduzir a desigualdade. 
É basicamente o valor previsto para as emendas de relator, declaradas inconstitucionais pelo STF.  
Quando isso aconteceu, achei que o Congresso e o novo governo iriam abater o valor das emendas do rombo fiscal aprovado na PEC da Transição. Ledo engano. O dinheiro continuou lá, indo para a conta do déficit público. 
 
 Como resultado, cada deputado terá 32 milhões em emendas individuais para distribuir. Nossos gabinetes parlamentares funcionarão como pequenos ministérios, direcionando uma montanha de recursos públicos para os municípios de suas bases eleitorais. 
Podem ser kits de robótica, unidades de saúde, estradas asfaltadas pela metade, um ginásio de grandes proporções para uma cidade de pequeno porte, ou um show sertanejo na festa da cidade.  
Os exemplos não são inventados. Talvez eles atendam às esperanças de Owen Jones e nossos felizes bilionários de que o governo “sabe o que está fazendo”, mas desconfio que seja apenas uma ilusão.

“Por que esperar que o Estado resolva todos os nossos problemas?”

Outro ponto que me chamou a atenção na carta dos milionários foi a ideia de que, além de reduzir as desigualdades, com mais dinheiro para os governos, seria possível melhorar a “qualidade da democracia”. Novamente me lembrei do Brasil. No finalzinho do ano, nossos parlamentares decidiram não apenas se autoconceder um generoso aumento, como aumentar também o vencimento dos ministros do STF, que serve como teto salarial do funcionalismo. O valor vai a mais de 46 000 reais. A votação foi “simbólica”, isto é, sem que ninguém saiba quem votou contra ou a favor. Quanto custará? Há quem fale em 2,5 bilhões de reais. Há quem diga que tocar nesses assuntos é mesquinharia. “Tem de pagar bem mesmo”, me diz um colega. Não discordo. Só tem um detalhe: temos o Parlamento proporcionalmente mais caro do planeta, cada parlamentar custando 528 vezes a renda média do trabalhador brasileiro, como mostrou a pesquisa feita por Luciano de Castro, do IMPA, e outros pesquisadores. E somos também o país que mais põe dinheiro em partidos e campanhas eleitorais. 

Nas últimas eleições, torramos 5 bilhões de reais no fundão eleitoral. Candidatos à reeleição, em regra caciques partidários, com ampla estrutura de campanha, receberam, em média, 1,7 milhão de reais; os novatos, pouco mais de 200 000 reais, e a grande maioria, muito menos. Tudo para gerar maior “equidade” na disputa eleitoral, como por vezes escuto. Os dados são reveladores. Andamos a 1% do PIB acima da média latino-americana em desonerações fiscais. 
Coisas que vão da Zona Franca de Manaus ao subsídio à compra de caminhões, com todas as consequências sabidas, da tabela do frete à ainda recente “bolsa caminhoneiro”, a um custo de 5 bilhões de reais. Cada cifra dessas nos conta a história do “país da meia-en­trada”, na expressão de Marcos Lisboa. Tenho dúvidas sobre se nossos milionários patriotas, lendo essas coisas, perderiam seu ânimo em pedir mais impostos, ao menos no Brasil. Talvez apostassem no autoengano.
Antes de falar em dar mais dinheiro aos governos, o melhor é perguntar como os governos estão gastando o dinheiro de que dispõem. 
 
Nosso maior orçamento setorial é o da saúde, mas se você tiver um problema complicado no joelho vai levar em média quatro anos para uma avaliação cirúrgica pelo SUS. 
O segundo é o da educação, e nossos alunos da escola pública ocupam as últimas posições no PISA, a cada três anos. Então é preciso cuidado. Antes de fazer graça em Davos, seria interessante saber se a ação do governo, fora do mundo retórico, está mesmo reduzindo a desigualdade.
 
Outra questão: por que esperar que o Estado resolva todos os nossos problemas, em vez da tomada de iniciativa pelos cidadãos? 
Eduardo Lyra criou o Gerando Falcões desde o zero, e hoje tem uma capacidade ímpar de transformar comunidades pobres. 
Ele poderia ter ido reclamar do governo. Talvez tivesse virado um político. A questão vale especialmente para nossos bem-intencionados milionários. Em vez de correr atrás do governo, por que não fazer como Andrew Carnegie, no século XIX: usar o dinheiro e a inteligência para produzir mudanças. 
É o que nos diz uma das lições de Alexis Tocqueville, em sua famosa viagem à América. Ele se surpreendeu com o que chamou de “autogoverno em pequena escala”. A incrível capacidade que as pessoas tinham em se associar. “Os americanos”, ele diz, associam-se para “fundar escolas, igrejas, difundir livros, construir prisões e hospitais”.
Assistiu a milhares de americanos, preocupados com o alcoolismo, conectando-se para promover a abstinência às bebidas. 
E provocou: “Na França, eles teriam ido exigir que o governo vigiasse as tabernas”. Lá se vão 200 anos, e parecemos não ter aprendido a lição.
 
No Brasil, porém, há sinais positivos. Tempos atrás conheci o Inteli, uma faculdade de alta tecnologia, em São Paulo, sem fins lucrativos, criada pela iniciativa de dois líderes empresariais, com a maior parte de alunos bolsistas. Eles teriam feito melhor indo ao governo exigir mais impostos? Não creio. Os exemplos estão aí.  
O Museu do Ipiranga foi recuperado com mais de 180 milhões de reais oriundos do setor privado, o mesmo acontecendo com a nova fábrica de vacinas do Butantan
O valor somado das doações é menor do que o subsídio dado pelo governo estadual para sustentar pedágios no ano passado. Doações, de um lado; “racionalidade política”, de outro. Deveríamos aprender. Evitar o autoengano do Estado e as ilusões da política. 
E de quebra dar escala às iniciativas da sociedade civil. De forma que também possamos ser uma terra de doadores, na qual a “arte da associação”, como sugeria Tocqueville, em sua viagem, seja vista como uma virtude, e cultivada desde a formação que todos recebemos.

Fernando Schüler é cientista político e professor do Insper

Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA

Publicado em VEJA,  edição nº 2826, de 1º de fevereiro de 2023


sábado, 12 de fevereiro de 2022

VENDA DE ÁLCOOL E A VIOLÊNCIA DENTRO DOS ESTÁDIOS - Dra. Débora Balzan

Após dezesseis anos de atuação em Promotoria de Justiça de Execução Penal em Porto Alegre, onde testemunhei toda a sorte de benevolência com criminosos por parte da legislação leniente e ativismos mais diversos, no início de janeiro deste ano assumi como promotora de justiça titular com atuação no juizado do torcedor e grandes eventos de Porto Alegre. Já desde outubro de 2021, vinha atuando como substituta em jogos de futebol com público presente. Sem precisar, mas no primeiro ou segundo deles, na partida entre o Internacional e o Corinthians, no Beira-Rio, já enfrentei o que penso ser o calcanhar de Aquiles: a violência associal que pode estar presente nas torcidas organizadas. Inexperiente na matéria, mas não na área criminal, os envolvidos não me foram estranhos ao que eu estava acostumada. Sem saber sequer o “modelo” jurídico de um pedido de suspensão de torcida organizada, mas com muita atenção aos fatos, imediatamente fiz pedido em audiência dentro do estádio, de suspensão cautelar de duas torcidas envolvidas, que foi acolhido pelo juiz. Tudo ocorreu há alguma distância do estádio, quando as torcidas passavam próximo ao shopping Praia de Belas.

Fiz essa narrativa porque agora instada por alguma demanda que chegou à imprensa do Ministério Público para que eu me manifeste sobre a liberação de bebidas alcoólicas dentro dos estádios quando das partidas de futebol.

O óbvio precisa ser dito: não sou médica ou legisladora, sou promotora de justiça com 26 anos de atuação em promotorias criminais do estado e em Porto Alegre, ou seja, com forte atenção  na busca de punição efetiva já que estamos num país onde há um desprezo pelos fatos concretos e onde há enorme discrepância entre crime e castigo. Não há proporcionalidade no tratamento vítima e criminoso, sem contar a mentira do encarceramento em massa (a propósito, a quem quer saber da verdade sobre o tema a leitura obrigatória é: O Mito do Encarceramento em Massa, do Promotor de Justiça, Dr. Bruno Carpes).

Nesse enfoque, no que concerne à venda de bebidas alcoólicas dentro dos estádios, ao que parece, o que se pretende é a segurança do torcedor. Pois bem, fique muito claro, de forma alguma desconheço os efeitos deletérios que o álcool pode causar.

Também existem discussões envolvendo constitucionalidade e o próprio Estatuto do Torcedor. Nesse ponto, parece que a proibição do estatuto é geral, pois não é explícito ao referir bebidas “alcoólicas”.

Sem abordar temas cientificamente já demonstrados como o alcoolismo tampouco as questões jurídicas envolvendo a liberação ou não, muito menos com relação ao preço praticado, a minha opinião será sobre o ponto segurança, a de que dentro dos estádios de futebol, o ambiente na imensa maioria das vezes é seguro, por conta do aparato de segurança e organização. Não sou contra a liberação da venda do álcool dentro dos estádios
Parece-me que o torcedor comum, que vai com amigos, esposa, filhos, não será quem colocará em risco os demais por ter acesso ao álcool. 
O pai de família e trabalhador quer apenas algumas poucas horas de diversão não se podendo presumir que vá se transformar ou puni-lo em nome de uma causa embora real, abstrata, pois não existem dados que comprovem que fatos graves deixaram de acontecer por conta da proibição, muito embora ocorrências de vulto menor e que eventualmente fazem parte do contexto podem decorrer. O meu exemplo do Colorado e Corinthians mostra isso.  Penso estar potencialmente o perigo à segurança da maioria dos torcedores, pacata e famílias, em quem tem rivalidade clubística e com maior chance fazem parte de organizadas, e quem já vai para o evento com ânimo de confusão e pode embriagar-se até o portão de entrada, sendo a bebida apenas um potencializador ao seu intuito, e o fará sendo liberada ou não a venda dentro do estádio.  

O tema é polêmico a própria Brigada Militar já se manifestou contra a venda, colegas que me antecederam, o juiz, mas eu não sou contra. Pode ser algo que eu não tenha alcançado, mas não vi em lugar nenhum estudo sobre essa relação direta. O estudo que se tem é o abstrato e geral, sobre os freios inibitórios, por exemplo; no entanto, não há estudo ou dados sobre a relação concreta e  direta da venda de álcool dentro dos estádios e o aumento da violência. O álcool é vendido fora, de fácil alcance a qualquer encrenqueiro. Ainda, consumir álcool, estar embriagado e provocar violência são três situações diferentes. De qualquer modo, não vou levantar nenhuma causa seja de que lado for porque não é o meu trabalho, e já tenho o suficiente. Mas registro meu posicionamento.

Muito pertinente ao tema e aos problemas que mais assolam os eventos de esportes coletivos e que causam paixão desmedida é a obra do Promotor de Justiça, Dr. Diego Pessi, Hooliganismo no Brasil – Violência e Disputa, um Estudo Criminológico, do qual transcrevo pequeno trecho da Apresentação, pelo também Promotor de Justiça, Dr. Leonardo Giardin de Souza, página 21:

“...Dentro desse contexto de escalada, a sanha dos mais ousados e violentos contagia os de personalidade fraca, e a crescente de belicosidade e agressividade torna o futebol em si mesmo mero pretexto para disputas de outra ordem e, paralelamente, vasto campo para o exercício do controle comportamental por parte do poder público compelido a tomar providências, controle que atinge todo contingente de torcedores em nome da tentativa muitas vezes vã de conter a minoria violenta (...) toda a sorte de controle  - alguns eficazes, muitos imprestáveis para os objetivos propostos  - são idealizados e postos em prática...”(grifei).

Esse artigo não faz apologia ao uso do álcool. Está patente isso, mas sempre é bom alertar os mais distraídos. 

 Site Percival Puggina - Dra. Débora Balzan

 

 

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

A crueldade do lockdown - Revista Oeste

Números muitos mais altos de pessoas que morrem em casa também têm sido registrados — e esse número também não tem relação com a covid-19. De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas Britânico, as mortes em casa têm ficado consistentemente acima da média pré-pandemia todos os meses entre janeiro de 2020 e junho de 2021. 
São pessoas que falecem de doenças cardíacas, demência ou câncer, talvez sozinhas e em sofrimento. Parece provável que uma parcela significativa dessas mortes poderia ter sido evitada.

E ainda há as mortes que estão por vir. A instituição Macmillan Cancer Support estima que os diagnósticos de câncer diminuíram em quase 50 mil desde o primeiro lockdown. Esses pacientes “perdidos” de câncer ainda precisam ser examinados. Se e quando eles se apresentarem para aos serviços de saúde, existe um medo cada vez maior de que o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS) não consiga dar conta do aumento na demanda.

Há também muitas mortes por desespero em vias de acontecer. O lockdown tem sido culpado por aumento no alcoolismo, no consumo abusivo de drogas e no tabagismo.

53 minutos entre a vida e a morte
Mas, em vez de tentar identificar todos esses pacientes extras que precisam de tratamento, os médicos foram orientados a suspender exames de rotina para pessoas acima de 75 anos para concentrar esforços nas doses de reforço da vacina da covid-19. 
Muitas dessas doses irão para pessoas na casa dos 40 anos, saudáveis, que já tomaram duas doses.
 
O NHS pode realmente ter dificuldade com toda essa demanda não ligada à covid-19. Neste momento, quase 6 milhões de pessoas na Inglaterra estão na lista de espera para procedimentos de rotina, o número mais alto já registrado. 
O tempo de espera por ambulâncias também está batendo recorde. Pacientes de ataque cardíaco esperam em média 53 minutos até que o atendimento chegue — minutos vitais que podem significar a diferença entre a vida e a morte.

E as coisas não estão melhorando. Os hospitais cancelaram mais de 13 mil cirurgias só nos últimos dois meses. As consequências devastadoras de dizer para as pessoas “ficarem em casa” para “proteger o NHS”, e então transformar o Serviço Nacional de Saúde em um Serviço Nacional de Covid, devem nos acompanhar por anos no futuro.

Os danos do lockdown vão além da saúde. Supostamente, existem entre 90 mil e 135 mil “crianças fantasmas” que podem não ter voltado para a escola neste ano. Algumas sem dúvida estão sendo bem cuidadas e escolarizadas em casa. Mas muitas outras simplesmente desistiram de estudar. O triste fato é que ninguém parece saber. Descobrir o porquê não tem sido uma prioridade.

Sem diversão ou ritos de passagem
Até mesmo crianças que estão na escola sofreram uma enorme adversidade, não apenas pelos repetidos lockdowns, mas também por causa de uma política de reagrupar os estudantes em bolhas e mandar turmas inteiras para casa quando apenas uma ou duas crianças têm resultado positivo no exame para a covid-19.

Nas partes do Reino Unido mais afetadas pela pandemia, períodos sucessivos de quarentena levaram a déficits ainda maiores no aprendizado. As crianças no norte da Inglaterra, por exemplo, passaram mais tempo fora da escola do que em qualquer outra parte do país, reforçando as desigualdades existentes e intensificando ainda mais a cisão entre norte e sul.

No entanto, a interrupção na educação permanece. Continua havendo incerteza em relação ao formato dos exames do próximo verão — e dúvidas envolvendo a avaliação, formal ou não. Bailes escolares, festas de turmas, reuniões, espetáculos de fim de ano, reuniões de pais e mestres e atividades de boas-vindas para novos alunos deixaram de ocorrer como antes era o normal. A maior parte das crianças está fisicamente presente na escola, mas a experiência foi privada da diversão e dos ritos de passagem. Para alunos do ensino médio britânico, as máscaras foram reintroduzidas em todas as áreas comuns. A continuidade da incerteza sem dúvida contribuiu para o aumento no número de crianças enfrentando questões de saúde mental.

Política imoral
Para as crianças mais vulneráveis, o lockdown tem sido desastroso. O número de menores enviados para a assistência social por questões relacionadas à sua segurança teve uma queda considerável durante o primeiro ano das restrições ligadas à covid-19. Foi doloroso descobrir que os familiares de Arthur Labinjo-Hughes, que foi assassinado, foram ameaçados de prisão caso não respeitassem o lockdown para averiguar suas preocupações com seu bem-estar. Também foi relatado que a violência doméstica aumentou nos últimos 12 meses.

Os impactos prejudiciais do lockdown não eram apenas evitáveis, como também totalmente previsíveis

Nada disso era inevitável: nem o alto número de mortalidade não relacionada à covid-19, nem as muitas vidas arruinadas por doenças não tratadas. A educação de nenhuma criança precisava ser prejudicada. Essas consequências lamentáveis não se devem a um vírus: elas são o resultado avassalador da decisão de confinar a sociedade. São a decorrência não da covid-19, mas das restrições impostas por causa da covid-19 por ministros do governo e defendidas por membros da oposição, jornalistas e cientistas.

Os impactos prejudiciais do lockdown não eram apenas evitáveis, como também totalmente previsíveis. E era igualmente óbvio, desde o primeiro dia em que as restrições da covid-19 foram anunciadas, que as pessoas com empregos seguros e bem remunerados e casas confortáveis teriam uma situação muito mais fácil do que todas as demais. Aqueles que sabiam disso, mas, mesmo assim, continuaram exigindo o lockdown, precisam baixar a cabeça e se envergonhar.

O lockdown foi uma política profundamente imoral. No entanto, em vez de aprender as lições, novas restrições estão sendo implementadas. 
É apenas uma máscara, dizem eles. É só trabalhar de casa. É só ver seu filho brincar on-line, e não pessoalmente. É só adiar o checkup.
 Mas não há nada minimamente banal nas restrições da covid-19 — elas arruinaram muitas vidas.
 

Joanna Williams é colunista da Spiked e diretora da Cieo

Revista Oeste


terça-feira, 3 de agosto de 2021

O beijo da morte - Revista Oeste

 
Dagomir Marquezi

A pandemia provocou em muita gente um estado de letargia e pânico infantil, uma espécie de morte em vida 
 

“Eu sei que determinada rua pela qual eu já passei não tornará a ouvir o som dos meus passos. Cada vez que me despeço de uma pessoa pode ser que ela esteja me vendo pela última vez. A morte, surda, caminha ao meu lado e eu não sei em que esquina ela vai me beijar. Qual será a forma da minha morte? Um acidente de carro? O coração que se recusa a bater no próximo minuto? A anestesia mal aplicada? A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida? O câncer já espalhado e ainda escondido? Ou, até quem sabe, um escorregão idiota num dia de sol?”

Raul Seixas — Canto para minha Morte

Por este planeta já passaram aproximadamente 117 bilhões de seres humanos. Destes, 109 bilhões já morreram. O que significa que tivemos 109 bilhões de experiências únicas de morte. Algumas foram naturais, outras premeditadas ou acidentais. Houve mortes súbitas, lentas, indolores, sofridas. Mas ela sempre aparece.

Aprendemos a desenvolver — especialmente nas culturas ocidentais um medo irracional da morte, a negação atávica de uma experiência à qual estamos todos destinados a passar. “Eu não tenho medo da morte”, disse um dia Woody Allen. “Só não quero estar presente quando acontecer.” Em parte, essa rejeição está ligada ao sofrimento pelo qual passamos com a partida de pessoas queridas. Lidar com a perda não é um sofrimento exclusivamente humano. Muitas outras espécies animais choram seus mortos e praticam algum tipo de cerimônia fúnebre. Para um elefante, é doloroso ver a morte de um membro de sua manada. Mas é um fato natural, como o nascimento.

Os humanos não se conformam e procuram vencer a morte de todas as formas possíveis. A Enciclopédia Britânica cita civilizações antigas como as de egípcios, zoroastristas e hindus, que desenvolveram complexos conceitos para descrever a vida após a falência dos sinais vitais. Para ateus em geral, a morte seria o ponto-final, a última página, um corpo que se desfaz em miasmas e é devorado por vermes. Segundo eles, toda religião é ilusória. Para os que acreditam em vida espiritual, os ateus não teriam entendido que o verdadeiro sentido de nossa passagem pela Terra é justamente a preparação para o que vem depois.

Mas a morte em si permanece para crentes e ateus como a maior de todas as angústias. 
Carregamos a ansiedade existencial de desconhecer as respostas para duas questões fundamentais: 1) quando eu vou morrer? e 2) como eu vou morrer?. 
Tudo o que temos em mente é que ela caminha junto a nós, silenciosa e invisível, por toda a nossa vida. E não sabemos em que esquina ela vai nos beijar. A morte beijou Raul Seixas aos 44 anos, durante uma madrugada de 1989. Foi representada por uma pancreatite fulminante, diabetes e uma longa estrada no alcoolismo desenfreado.

Todos nós continuamos brevemente vivos mesmo depois que um médico decreta nosso fim. Segundo a Britânica, um minieletrocardiograma pode ser registrado vários minutos após a parada cardíaca. Afinal, um coração bate cerca de 2,7 bilhões de vezes durante uma vida. E tenta uma última chance de bombear sangue quando tudo o mais parece ter acabado. Três horas depois do falecimento, nossas pupilas ainda reagem, e músculos se contraem quando tocados.

Sempre houve essa dificuldade de identificar quando um ser humano atingiu o tal ponto sem retorno. Gregos antigos mantinham seus cadáveres à vista três dias antes de ser enterrados. Os romanos esticavam esse prazo para até oito dias. A preocupação cresceu muito durante o século 19, com histórias (algumas reais) de pessoas catalépticas que despertavam de um aparente óbito presas num caixão debaixo da terra. Essas narrativas inspiraram grandes autores de ficção de terror, como Edgar Allan Poe.

A palavra “genocida” foi usada de maneira tão vulgar e leviana que se esvaziou em seu trágico significado

A partir da segunda metade do século 20, a medicina se dedicou a enganar a morte por meio de aparelhos que mantêm o coração e os pulmões funcionando artificialmente, e da alimentação por via intravenosa quando o aparelho digestivo não funciona mais. Os avanços nesse adiamento da morte estão indo tão longe que já não nos espantamos tanto quando alguém chega a mais de 100 anos de idade.

E, no entanto, continuamos morrendo. E toda morte é individual, como toda vida. Esse fato é esquecido quando passamos a pensar a morte em termos coletivos. Como nos 45 milhões de chineses mortos durante o reinado de Mao Tsé-tung, ou o 1,5 milhão de armênios massacrados pelos turcos no tempo da 1ª Guerra, ou ainda os 20 milhões de cadáveres na conta de Josef Stalin.

O exemplo mais simbólico dessa coletivização são os “6 milhões de judeus” mortos durante o regime nazista. É uma tragédia monumental, mas hoje encaramos o desastre desencadeado pelo hitlerismo como um número redondo de sete algarismos. O horror se dissolve no número, por maior que seja.

Caminho oposto é seguido pelo Museu Auschwitz. Por meio de sua conta no Twitter, a instituição individualiza cada uma das aproximadamente 1.100.000 mortes ocorridas nesse campo de concentração nazista, localizado na Polônia. Vemos a foto de cada vítima e um resumo de sua vida, às vezes breve demais.

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Ervin David, húngaro judeu nascido em 18 de julho de 1938. Assassinado numa câmara de gás de Auschwitz em junho de 1944, antes de completar 6 anos.

Pronto. Dos 6 milhões de mortos, seis deixaram de ser um número. São nomes, rostos, histórias, trajetórias individuais. Coletivizar mortos em números arredondados é como matá-los pela segunda vez. O nome de cada uma das 2.983 vítimas do atentado de 2001 ao World Trade Center foi registrado em 152 placas de bronze, hoje expostas no Museu e Memorial do 11 de Setembro, em Nova York.

O Brasil não teve o mesmo respeito pelas vítimas da covid-19. Elas viraram um número corrompido, em que é difícil confiar. “552 mil mortos” virou uma plaquinha de identificação para que um senador pratique sua sórdida demagogia. A palavra “genocida” foi usada de maneira tão vulgar e leviana que se esvaziou em seu trágico significado. 
Por conta de uma agenda política mesquinha, as outras formas de morrer no Brasil foram praticamente esquecidas por mais de um ano.  
(Das dez principais causas de morte, metade delas se refere a doenças 
do aparelho cardiorrespiratório. 
Outras: demência, violência interpessoal, diabetes, acidentes de trânsito, doença renal crônica. Dados de 2016.)

“Covardes morrem muitas vezes antes de sua morte”, escreveu William Shakespeare na sua peça Júlio César. “O valente só morre uma vez. De todas as coisas que já ouvi, a mais estranha é saber que os homens a temem, visto que a morte, um fim necessário, virá quando tiver de vir.” “O medo da morte se segue ao medo da vida”, completa Mark Twain. “Alguém que vive em sua plenitude está pronto a morrer a qualquer momento.”

Leia também “Vida (digital) eterna”

segunda-feira, 19 de julho de 2021

MARIA MERECE UMA CHANCE - Sebastião Ventura

Maria é uma linda criança que vive em uma região desfavorecida; frequenta escola pública; é filha de uma família modesta, com pais sem curso superior, porém estruturada em um lar de afeto e amor.

O pai trabalha como pedreiro em uma empreiteira local; levanta todos os dias às 5 horas da manhã, pois precisa pegar dois ônibus para chegar ao canteiro de obras; a mãe, diarista, faz limpeza em 5 casas diferentes; embora acorde cedo como o marido, somente sai de casa após ver que a filha comeu um pãozinho ou a fruta que coube no orçamento da semana. Tudo muito simples, mas com dignidade.

Apesar da desvantagem econômica, Maria está em melhores condições emocionais que muitas crianças brasileiras: não convive violência ou abandono parental, não sofre com o alcoolismo dos pais nem jamais foi abusada sexualmente.

O desafio de Maria, portanto, é ser pobre em um país que perpetua desigualdades por força de um sistema educacional falido, caro e ineficaz.

Ou seja, caso tenha uma chance real em sua vida, Maria poderá dar vasão às potencialidades do seu ser, encontrar seu talento e, com trabalho sério, diário e dedicado, transcender economicamente em um ciclo virtuoso de ascensão social familiar. E o mais incrível: se tiver uma base matemática e um conhecimento intermediário de inglês, Maria estará apta a aprender as lógicas de programação e, assim, ainda muito jovem trabalhar no aquecido mercado global da tecnologia, se transformando na maior fonte de remuneração da casa.

Sim, vivemos um tempo de mudanças aceleradas e estruturalmente transformadoras. Precisamos, portanto, do urgente protagonismo daqueles que compreendem as dinâmicas da contemporaneidade e, com sensibilidade de mundo, são capazes de transcender as dificuldades postas em prol do bem das pessoas.

Chega de só reclamar sentado no sofá; críticas acesas incendeiam, mas fazem apenas buracos n´água. Nossas crianças merecem mais, pois almejam só, e somente só, a chance de uma vida melhor.

Na justa expectativa de sorrir amanhã, a Maria agradece, trazendo consigo o Felipe, a Ana, a Flávia, a Camila, o Fernando, o João e toda legião de crianças desfavorecidas que merecem ter a sorte de nascer no Brasil e, não, o azar de estarem condenadas à miséria permanente.

Publicado originalmente em https://www.dynamicmindset.com.br/maria-merece-uma-chance/

Sebastião Ventura é Advogado, especialista em Direito do Estado pela Universidade Federal do Rio Grande Sul, vice-presidente da Federasul e Conselheiro do Instituto Millenium.

 

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

"Faz sete meses que estamos submetidos à ditadura do coronavírus" - Alexandre Garcia

Correio Braziliense 

"O medo, simbolizado pelas imagens das covas que nos esperavam, trouxe uma paranoia coletiva que atrapalhou o raciocínio"

Exercer poder sem autorização do voto pode ser possível com propaganda do medo
Se alguém quisesse submeter um país, trataria de matar seu futuro, fechando as escolas; 
anular as vontades propagando o pânico
enfraquecer a cidadania, convencendo-a a se isolar em casa; 
tirar seu poder econômico fechando as portas de comércio, indústria e serviços
Pela propaganda maciça, assustaria as pessoas para que não recorressem a remédios preventivos e curativos mantendo viva a origem do medo, algo invisível e presente em toda parte. Como efeito colateral, arrombaria as contas públicas, com contratos milionários e propinas idem.

Faz sete meses que estamos submetidos à ditadura do coronavírus, que nos acuou, debilitou-nos, tirou-nos vidas, liberdade, empregos, renda — mas não nos venceu. O medo, simbolizado pelas imagens das covas que nos esperavam, trouxe uma paranoia coletiva que atrapalhou o raciocínio. Se consultarmos o site do Registro Civil, que tem fé pública, constatamos que, no ano passado, no Brasil, no mesmo período, morreram de pneumonia 139.906 pessoas e, neste ano, 140.957 da covid-19. Não houve histeria por causa da pneumonia no ano passado. Seria medo de uma doença desconhecida?

Agora, milhares de médicos e cientistas subscrevem a Declaração de Great Barrington, de iniciativa de professores de Stanford, Oxford e Harvard, recomendando que quem não for de risco — idosos ou com doenças crônicas —, que saia de casa para trabalhar e viva vida normalmente; 
que reabra as escolas e as atividades esportivas extracurriculares
O doutor Bruno Campello demonstra que o isolamento em casa provoca de 10% a 14% mais de contaminação — portanto, é mais perigoso ficar em casa do que andar ao ar livre. O infectologista Ricardo Zimerman alerta que o uso de máscaras deveria se restringir a quem estiver espirrando ou tossindo.
Higiene neurótica impede que o corpo crie anticorpos. Todos sabemos que criança protegida da sujeira fica mais suscetível a doenças. O bilionário americano Howard Hughes foi vítima dessa paranoia. Vivia isolado, protegendo-se de micro-organismos. Hoje, o isolamento tem provocado depressão, alcoolismo, drogas, agressões, suicídios, separações, violência sexual, além de facilitar a transmissão de doenças no casulo doméstico. 
Cada vez mais cientistas afirmam que o isolamento foi um engano. 
Ou seria um engodo de dimensão planetária? [pelos bilhões de dólares envolvidos, pela campanha cerrada feita contra estadistas que ousaram contrariar os especialistas em nada e a ciência (esta até este momento nada produziu de útil para um controle definitivo da pandemia). 
 
Que seja feita a devida ressalva aos profissionais de saúde,  que com dedicação, empenho e arriscando a própria vida, mereceram receber a ajuda de DEUS e foram instrumentos para salvar milhares e milhares de vida;

um detalhe que permanece 'secreto': alardeiam o número de infectados, de mortos, e omitem o total mundial e nacional de recuperados. Qual o motivo?] 

Alexandre Garcia, jornalista - Coluna no Correi Braziliense

segunda-feira, 8 de abril de 2019

A Tigrada

 A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, presume-se por sua importância, reúne parlamentares com formação jurídica ou, na falta destes, os de maior preparo intelectual. A CCJ é formada por 65 membros e há 38 parlamentares que são advogados.

Não se esperaria de um órgão com tais quadros e responsabilidades a conduta observada na sessão a que compareceu o ministro Paulo Guedes para falar e responder questionamentos sobre a reforma da Previdência. O ambiente que a oposição articulou fez lembrar aquele em que os petistas costumam se dar bem e o interesse público, mal: algazarra, gritaria, cartazes, interrupções histéricas ao convidado. O objetivo é alcançado quando o caldo engrossa e a sessão precisa ser encerrada. Vi muito disso desde as assembleias estudantis secundaristas dos anos 60. O mesmo som, vindo da mesma banda. É a censura da divergência através da falta de educação e do berreiro.

Aquele grupo de parlamentares que derrubou a sessão da CCJ especializou-se, ao longo dos anos, em causar dano ao país. Seus melhores resultados (maiores danos com maior proveito próprio) são obtidos no exercício do poder. Por isso, é na busca dessa plena “eficiência”, que só pode ser alcançada na volta ao poder, que se centra sua ação oposicionista.  A audácia verbal usada contra o ministro procede da mesma ausência de remorso que lhes permite exibirem-se aos olhos da sociedade como defensores dos pobres e oprimidos após haverem deixado uma herança de 13 milhões de desempregados, proporcionado enriquecimento ilícito à sua parceria, quebrado fundos de pensão, jogado a Petrobras no descrédito e ensejado aos bancos recordes de lucratividade com a economia estagnada e recessão. Veem-se como profetas perante multidão de idiotizados.

Os críticos habituais do governo, com o discernimento turbado pelo antagonismo, trataram de fazer o ministro corresponsável pelo alarido. Imaginavam que Sua Excelência deveria engolir, com benignidade, doses crescentes de grosseria
Por que o faria? Para não desagradar os opositores sistemáticos? 

Para ser simpático ao Zeca Dirceu? Para dar razão à irracionalidade? 
Para se fingir desmemoriado e cego ante a incoerência dos que o atacavam? O ministro disse o que os governistas deveriam ter dito e o governo só “perdeu” votos que nunca teve.

Querem inculpar a base do governo por sua passividade? Façam-no, mas não esperem que o ministro aja como tchutchuca ante a tigrada que se escuda no mandato para atacá-lo. A reforma da Previdência não é apenas necessária. Ela é urgentíssima. Combatê-la não protege os mais pobres, antes, deixa-os ainda mais ao desabrigo porque é dispensado demonstrar quem são as principais vítimas das grandes crises econômicas. Falam por mim os sem teto que se espalham pelas marquises e soleiras de nossas cidades. Falam por mim os que saíram das estatísticas do desemprego simplesmente porque desistiram de conseguir um. Falam por mim os chefes de família que afundaram em depressão, alcoolismo, ou drogadição.

A biografia do grupo político que hoje faz oposição no Brasil é nacionalmente conhecida e responde por suas derrotas eleitorais em outubro do ano passado. Após apadrinharem os mais desonestos empresários do país, discursam como se fossem pais dos pobres (certamente por havê-los produzido em proporções demográficas). E empurram o país para o abismo do desastre fiscal, olhos postos nos proventos políticos que ele lhes proporcionará.

Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Desmoralização de Lula - Malafaia sugere que o 'Nosso guia' se trate do alcoolismo, manda que ele pare de mentir e que a mentira é do diabo



Depois do contragolpe no fígado aplicado por Silas Malafaia, Lula não se arriscará a ironizar pastores evangélicos nem mesmo quando estiver falando sozinho

 VÍDEO: Pr. Silas Malafaia Responde a Ironia de Lula Contra Pastores 

VÍDEO: Lula 'eu mentia mesmo, falava números que não existiam' 

No vídeo, Lula mostra a Malafaia que não existe cura para mentiroso de nascença



sábado, 9 de maio de 2015

LULA, ISOLADO, JÁ PREOCUPA AMIGOS QUE NÃO O QUEREM BEBENDO

O jornalista Ricardo Kotscho, um dos amigos mais próximo de Lula, seu assessor de imprensa no primeiro governo, resolveu jogar a toalha e criticar publicamente o ex-presidente de quem foi confidente por várias décadas, desde que cobria para o Jornal do Brasil as greves do ABC lideradas pelo companheiro. Kotscho, um profissional brilhante, não se conteve nas críticas ao analisar, em artigo no Diário do Poder, o discurso retrógrado de Lula no Dia dos Trabalhadores, falando para uma plateia vazia e desmotivada. “Lamento muito dizer, mas o discurso de Lula também não tem mais novidades, não aponta para o futuro. Tem sido muito repetitivo, raivoso, retroativo, sempre com os mesmos ataques à mídia e às elites, sem dar argumentos para seus amigos e eleitores poderem defendê-lo dos ataques.

 Não que Lula deixe de ter caminhões de razões para se queixar da imprensa, desde que o chamado quarto poder resolveu assumir oficialmente a liderança da oposição e fechar o cerco contra os governos petistas”. [a imprensa não resolveu assumir a liderança da oposição nem fechar o cerco contra os governos petistas. Ao contrário, a imprensa tem se  limitador a noticiar a roubalheira dos governos petistas.]

Os comentários de Kotscho mostram a teimosia de um personagem que insiste em se manter vivo e que acha que o Brasil vive duas eras:a AL e a DL. Como um pregador desnorteado, Lula apresenta sintoma grave de comportamento. Acha e está convicto de que tudo de melhor no país foi obra dele; que o povo não pode ser ingrato ao seu trabalho de levá-lo ao paraíso do consumo; que é o líder incontestável dos brasileiros desprotegidos; e que o mundo gira em torno das suas ideias e metáforas tupiniquins. Se a doutora Nise da Silveira anda estivesse viva certamente não se furtaria em convidá-
lo para sessões permanentes de psiquiatria. Um prato cheio para o seu grupo junguiano.

Mesmo dando um pito no amigo em público, Kotscho foi muito elegante nas suas críticas. Afinal de contas, o jornalista paulista foi um dos que apostaram na liderança política de Lula nos primeiros discurso dele nas portas das fábricas. Permaneceu pouco tempo na sua assessoria de imprensa, quando percebeu, ainda muito cedo, que a burocracia não combina com a notícia e que a notícia está do outro lado do balcão. Abandonou Brasília deixando bons amigos, antes que fosse contaminado pelas benesses do poder.

Lula está vivendo no isolamento, embora tenha reeleito a Dilma. Ao contrario dos grandes estadistas que se recolhem às suas memória depois de deixar o governo, Lula preferiu sair em defesa dos mensaleiros. Envolveu-se com empreiteiras que depenam o país e participava ativamente da administração da Dilma até a chegada de Aloizio Mercadante. Resultado: assumiu para si todos escândalos de corrupção manchando para sempre a sua biografia, em um dos períodos mais corruptos da história do Brasil. Enquanto defendia a corja, Dilma espertamente tentava se desapegar da militância petista para vender a imagem de honesta e incorruptível, o que evidentemente não colou até agora.

As últimas reações do ex-presidente em tentar jogar contra o povo brasileiro o exército vermelho de Stédile, as bravatas de que “sou bom de briga e que não se metam comigo” e de que é o gênio transformador da humanidade mostram claramente a sua mente confusa e nos leva a uma constatação: Lula não estava pronto psicologicamente para ser presidente. As conseqüências desse despreparo intelectual e politico estão surgindo agora quando ele mostra total obsessão ao poder, um processo que tende a se agravar e transformá-lo num dependente manicomial.

Não adiantam as sofisticadas maquiagens para aparecer na TV. Um dos maiores problemas de Lula hoje é o alcoolismo. A família acompanhou a tragédia do pai que morreu de tanto beber. Outros parentes de Lula sofrem do mesmo mal. É bem verdade que Lula ainda não chegou ao estágio perigoso da dependência, quando precisaria de internação e tratamento, mas os amigos têm confidenciado que ele precisa de acompanhamento para evitar o destino trágico do alcoolismo que levou familiares ao fundo do poço.

Infelizmente, as atitudes de Lula nos últimos pronunciamentos públicos não são de uma pessoa que pense o Brasil com sabedoria ou de quem já esteve no topo do mundo como um dos maiores líderes da América Latina. Existem no Brasil casos de políticos que se dedicaram mais à bebida depois que perderam o poder. O mais notório deles é o de Jânio Quadros que renunciou ao cargo de presidente depois de um porre e nunca mais parou de beber, mesmo sendo conhecido como um homem culto e um dos mais preparados intelectualmente do país.

No caso de Lula, fiquemos apenas com o político.

Fonte:  JORGE OLIVEIRA