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domingo, 23 de outubro de 2022

quarta-feira, 21 de abril de 2021

O lockdown da elite - Revista Oeste

J. R. Guzzo

Os governadores e prefeitos, como sempre, não levam em conta que a maioria da população brasileira é pobre. Por que iriam perceber agora, se nunca perceberam?

A política escolhida um ano atrás pelas “autoridades locais” para tratar da covid, caso se possa chamar de “política” o aglomerado de decisões tomadas ao acaso, no pânico e com uma burrice difícil de encontrar mesmo no secular histórico de incompetência do poder público no Brasil, é um hino à elite deste país. 
Talvez nada resuma de modo tão perfeito essa opção de enfrentar uma epidemia mortal pensando o tempo todo na porção mais rica, mais privilegiada e mais protegida da sociedade brasileira do que a oração suprema da “gestão” da covid: “Fique em casa”. É o Padre-Nosso e a Ave-Maria do “distanciamento social”, a única ideia que passou até agora pela cabeça dos que foram encarregados pelo STF de combater a covid — e que conseguiram, até agora, somar mais de 350 mil mortos (170 mil apenas neste ano), destruir a economia brasileira e arruinar milhões de vidas.
“Fique em casa”? Como alguém que precisa trabalhar todos os dias para sustentar a si ou à sua família pode “ficar em casa”? É um dos grandes clássicos de todos os tempos em matéria de atitude elitista diante da vida: “Vamos adotar a regra que seja melhor para nós; fora do nosso mundinho não existe nada, nem ninguém, que possa interessar.”  
É a convicção religiosa, arrogante e autoritária de quem se dá ao direito de decidir sobre a vida social no Brasil de hoje — com o apoio quase integral da mídia, das classes intelectuais e de tudo o que descreve a si próprio como “campo progressista”.  
 
Mas as pessoas que não pertencem à elite, essa elite que já está com a vida ganha, simplesmente não podem ficar em casa: não podem, ponto-final. 
São obrigadas a utilizar diariamente o transporte público; só em São Paulo, e só no sistema de metrô e de trens metropolitanos, são cerca de 8 milhões de passageiros por dia. Precisam abrir seus negócios para sobreviver, para pagar aos funcionários e para pagar as verbas rescisórias quando são obrigados a demitir esses funcionários. Precisam, em resumo, ir ao trabalho — inclusive para fornecer à minoria que tem o privilégio de fazer “distanciamento social” a alimentação, os remédios, os serviços de água encanada, luz elétrica e gás de cozinha, o delivery e tudo o mais que a elite confinada precisa e deseja 24 horas por dia.
Desde o primeiro decreto que os governadores e prefeitos, mais os seus secretários, médicos-burocratas e gerentes de marketing, baixaram na sua tentativa de “gerir” a covid, tudo foi feito para a minoria que forma a elite. 
Você sabe muito bem quem são eles — os ricos em geral e a classe média alta das cidades, em primeiro lugar. 
A maioria dos 12 milhões de funcionários públicos.  
(Os policiais, enfermeiros ou agentes da alfândega, por exemplo, continuam pegando no pesado todos os dias; para eles, e muitos outros, não há os luxos do home office.) 
Executivos de multinacionais, de bancos e de grandes empresas. Professores públicos e particulares. 
Cem por cento dos intelectuais, políticos e magistrados. Em suma: todos os que não precisam comparecer diariamente ao local de trabalho para ganhar salário ou prover a própria renda. 
É neles, e só neles, que as “autoridades locais” pensam dia e noite; são eles o público-alvo, e único, das entrevistas coletivas quase diárias que os governadores, os prefeitos e os seus “cientistas” dão em seu cenário de máscaras fashion e adereços variados de propaganda — tudo pago com o dinheiro da maioria, por sinal. (Só o governador João Doria, até agora, deu 200 entrevistas sobre o assunto; São Paulo, com 85 mil mortes, é o maior cemitério da covid em todo o Brasil, até porque é o Estado mais populoso.)
Para a elite que vai de luva ao supermercado e está preocupada em pegar covid no botão do elevador, as “autoridades locais” garantem que estão cortando o transporte público, para ver se forçam a pobrada a viajar menos; em São Paulo, já conseguiram eliminar 40% da frota de ônibus. [em Brasília,  o secretário de uma tal de mobilidade urbana, palavra que define a mobilidade que não se move, indagado pela imprensa como impedir aglomeração no transporte público, apenas respondeu: "a população deve evitar o transporte público". Lógico que o ENGANÊS, alcunha merecida do ainda governador do DF,  ,pelas promessas não cumpridas do DF, pensou em demiti-lo. Desistiu - poderia até perder o cargo...E, agora os marajás do metrô do DF, o metrô que consegue gastar o maior valor no planeta Terra para transportar passageiro x km2, criaram uma greve. 
Descobriram que tem uns horários e trechos em que os passageiros estão desobedecendo a regra primeira: fique em casa, mas sempre que possível se aglomere, especialmente no transporte coletivo.] 
Asseguram que a polícia está em cima da lojinha de bairro que pode, quem sabe, carregar o vírus até as coberturas. Os fiscais também estão ligadíssimos a tudo — aliás, esta é uma época de ouro para os fiscais, e para os chefes dos fiscais
Mandam prender, algemar e agredir quem vai à praia; querem reprimir o ar livre. Vendedor ambulante, que não tem onde cair morto? Nem pensar. Cogitam em cortar a venda de carvão para impedir o churrascão na laje — e, com isso, evitar que o vírus viaje até os bairros bons. Proíbem a venda de vassouras, panos de prato e raladores de queijo nos supermercados, e dizem que assim haverá menos gente disputando espaço nos corredores com a turma do “trabalho a distância”. Vetam a entrada do povo nas cidades: para eles, só quem tem casa de praia e de campo precisa ir do ponto “A” ao ponto “B” e, neste período em que a elite consciente, a favor da vida e socialmente responsável está evitando “deslocar-se” (ou permanece trancada nos lugares para os quais se mudou), o povão não tem nada de ficar andando de um lugar para o outro. As escolas têm de continuar fechadas para proteger a saúde dos professores e funcionários. E por aí vamos, até o infinito.

O estado da arte em matéria de incompreensão sobre como vive o Brasil real é a obsessão dos governadores, dos prefeitos e de seus comissários pelo “trabalho remoto”. Todas as vezes em que falam da epidemia, insistem na necessidade de valorizar o “escritório virtual” e de trabalhar “em casa”; não conseguem mudar de ideia nem de assunto. Não lhes ocorreu até agora, com um ano e tanto de covid, que a imensa maioria da população brasileira simplesmente não pode fazer home office tem de guiar ônibus, pendurar-se no poste de luz, carregar batata para o mercado, atracar navios no cais do porto e um milhão de outras coisas. Ou se faz isso, ou o país morre. Não entendem, de jeito nenhum, que o Brasil não é a Holanda; não admitem que é impossível fazer aqui exatamente o que se faz lá.

Nas periferias, não há entrevista com “cientista” nem editoriais contra o “genocídio”
É extraordinário que o comissário-chefe da covid em São Paulo tenha dito, na frente de todo mundo, que não estava “satisfeito” com a conduta dos cidadãos em matéria de transporte público — disse, com todas as letras, que há gente “demais” no metrô. Estão de tal forma fanatizados pelo “distanciamento social” que nem percebem mais quanto o seu discurso está ficando elitista, irreal ou apenas estúpido quando falam na epidemia. Tanto não percebem que deram, ultimamente, para jogar em cima da população a culpa por ficar doente
As pessoas não deveriam se aglomerar. Teriam de ficar mais “em casa”. Deveriam usar duas máscaras ao mesmo tempo, uma em cima da outra.
Após mais de 350 mil mortos e com taxas de infecção cada vez mais altas, as “autoridades locais” continuam convencidas, desesperadamente, de que o confinamento radical e o “fecha tudo” são as respostas mais corretas para a covid; quanto mais os seus métodos dão errado, mais elas insistem em continuar repetindo o que fazem. Como pode dar certo, se aplicam métodos iguais na esperança de obter resultados diferentes? 
O ciclo é aquilo que os norte-americanos chamam de no win situation. Fecham cada vez mais. Morre cada vez mais gente. Fecham mais ainda. É, também, a melhor tradição da elite brasileira a mesma que faz o país combater a seca com um Departamento Nacional de Obras contra a Seca, ou tratar o desastre mortal da educação pública dando cada vez mais dinheiro às universidades. É muito simples: veja, em todas as soluções preferidas pelos governos, quem ganha e quem perde. Só ganham os ricos, os aproveitadores do atraso e os ladrões de dinheiro público. A “gestão” da covid não é nem um pouco diferente.
O “distanciamento social” em São Paulo, para ficar na calamidade número 1 da epidemia no Brasil, só dá certo nos Jardins, em Higienópolis e no Itaim. Funciona também no Morumbi, é verdade, mas atenção — só na parte boa do Morumbi. A 100 metros das casas e dos apartamentos da classe média alta (e dali para cima), entre os 100 mil cidadãos que se aglomeram na favela de Paraisópolis uma das concentrações demográficas mais altas do Brasil o pau canta. 
 
Ali não há governo. Não há entrevista com “cientista” nem editoriais contra o “genocídio”. O “distanciamento social”, tão precioso na hamburgueria da Faria Lima, é equivalente a três vezes zero. 
É assim ali e é assim nas quebradas da São Paulo real, onde vivem 70% dos 12 milhões de habitantes do município e onde os sermões sanitários, morais e cívicos do comissariado de vigilância da quarentena não querem dizer nada
A título de ilustração, sugere-se uma visita ao Rodoanel, um favelaço contínuo e a olho nu que se estende, quase sem interrupção, por mais de 130 quilômetros nos dois sentidos da estrada — através de 16 municípios da área metropolitana, nos três trechos que foram construídos até agora. É lá que está a São Paulo de verdade — não a São Paulo de Doria, dos seus gerentes de covid e dos seus especialistas em comunicação social.
Os governadores e prefeitos, como sempre, não levam em conta ao baixarem as suas ordens que a maioria absoluta da população brasileira é pobre. Por que iriam perceber agora, se nunca perceberam? Receberam todo tipo de poder possível para combater a epidemia — inclusive o direito de expropriar imóveis, o de suprimir as liberdades de reunião, de ir e vir e de comércio, o direito de fechar igrejas e o de fazer compras sem licitação
Não foram incomodados, nem por um minuto, pela mídia ou pelo Ministério Público nos escândalos de corrupção que pipocam sem parar desde que receberam do STF a autonomia completa no trato da covid, sem nenhuma interferência do governo federal. Há mais de um ano, aliás, esse governo só serve para liberar verbas — que podem ser gastas sem prestação de contas pelas “autoridades locais”. Por que elas iriam querer outra vida?
É justamente nisso, por sinal — comando total, responsabilidade zero —, que está uma das marcas mais agressivas do elitismo radical que torna a vida pública no Brasil a calamidade que ela é
Plenos poderes para os governos estaduais e municipais quer dizer, na prática, plenos poderes para a elite. 
O que existe de mais elitista no Brasil do que uma “autoridade local”? Pense dois minutos no governador Doria, naquele outro que escolhe o que a população pode comprar no supermercado, ou nos senhores de engenho que governam os Estados do Nordeste
Mais elite que isso? 
Ou, fazendo outra pergunta: quanto, exatamente, você confia nessa gente? Acha, mesmo, que eles têm competência para tomar decisões que podem arrasar com a sua vida?
O fato, impossível de ser negado em qualquer sistema lógico de pensamento, é que a covid foi a primeira ameaça real, direta e imediata que a elite brasileira viveu em seus 520 anos de história
Saúde pública, até então, era problema do povão, só dele — portanto, que se danem o problema e o povão, como ficou provado pelo estado lamentável apresentado no início da pandemia pelos hospitais que se destinam a atender 90% da população do Brasil. Saúde pública? 
O que a elite protegida por planos médicos privados tem a ver com isso? E, se a elite nunca deu a mínima para a questão, por que raios algum governo, local, nacional ou universal, haveria de dar? 
O resultado é que, ao tornar-se um problema para os ricos e para a classe média, a covid passou a ser tratada como prioridade sacrossanta — e com soluções voltadas unicamente para o interesse das elites. Os demais que se arranjem — e os que não conseguem se arranjar, na cabeça dos “gestores” da epidemia, podem ir para o diabo que os carregue. É o Brasil da covid. É o Brasil de sempre.
[duas notas: surpresas podem surgir onde menos são esperadas. A CPI da covid, criada por determinação expedida por um ministro do STF mandando o presidente de um dos Poderes da República, tinha um alvo. 
Só que se esse alvo escorregar e outros forem alcançados? 
Quanto a conceder poderes totais as autoridades locais para combater à covid, é a porta principal para compras sem licitações, contratações de 'institutos' para gerir o combate à pandemia = ainda que metade dos gastos totais seja apenas para gerir os tais institutos.
E qual a razão de na metade do fim da 'primeira onda' da covid-19, começarem à desativação dos 'hospitais de campanha'?agora, estão sendo montados com o dobro do tempo e de custos.
Pessoal, tudo isso pode ser investigado e muitas vezes uma CGI custa menos e é mais rápida que uma CPI.]

Leia também “Loquidau, a hipnose”

J. R. Guzzo, jornalista - Coluna na Revista Oeste

 

terça-feira, 11 de junho de 2019

Vazamentos de Moro assombram do TRF-4 ao STF

No dia 8 de julho de 2018, o ex-presidente Lula quase foi posto em liberdade; de férias, Moro falou com Deus e o mundo para negar a soltura


É temor na Polícia Federal, TRF-4, PGR, STJ e STF que sejam divulgadas conversas do ex-juiz Sergio Moro com agentes, desembargadores, procuradores e ministros no dia 8 de julho de 2018. Naquele domingo, o desembargador Rogerio Favreto determinou a soltura do ex-presidente Lula.

De férias, Moro falou com Deus e o mundo para impedir que o ex-presidente fosse posto em liberdade. Então diretor-geral da PF, Rogério Galloro revelou que recebeu ligações do presidente do TRF-4, Thompson Flores, e da procuradora-geral, Raquel Dodge, pedindo para que não fosse cumprida a decisão de Favreto. A ministra Laurita Vaz e Cármen Lúcia falaram sobre o assunto dias depois.

Pressionado, Moro interrompeu as férias para despachar negando a soltura.

 Veja OnLine

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Paz de Toffoli significa impunidade de suspeitos

Lewandowski ocupou o posto de pior presidente da História do STF. Mas Toffoli tem plenas condições de superá-lo



Desde o dia 13 passado, que foi véspera de sexta-feira, a Nação ─ parte esperançosa, parte ansiosa ─ perdeu um pouco de seu sono diante das dúvidas que vislumbra no horizonte turvo. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, perdoará e soltará o ex-chefe Lula? Ele porá de joelhos nus sobre caroços de milho agentes, procuradores e juízes federais que devassarem o passado mais turvo do que tal horizonte de figurões honrados com convite para sua festa de subida ao topo? O nome dessa sensação não é só incerteza, mas também insegurança jurídica.

Não me venha de borzeguins ao leito quem achar que aqui incorro em exagero. Quem exagerou foi ele. À véspera de sua posse solene, não esperou ser entronizado para beneficiar o ex-ministro da Fazenda dos governos e do partido a que serviu como advogado, Guido Mantega, alcançando com sua benemerência os marqueteiros criminosos confessos João Santana e Mônica Moura. Encaminhou um processo em que o trio é acusado de corrupção para a Justiça Eleitoral, a forma mais barroca e disfarçada da impunidade dada por sua grei de justiceiros que soltam, em vez de punir. Não adianta buscar no noticiário dos meios de comunicação nem no Google salvador: nenhum desses réus disputa nenhuma eleição. E mais, puxou a orelha do juiz que os processa, Sergio Moro, ídolo número um do populacho por causa da Operação Lava Jato, acusando-o de quebrar a hierarquia por “desprezar” decisão da Segunda Turma do STF, à qual o presidente não pertence mais.

Cármen Lúcia, a substituída, foi para a tal turma, que agora, a depender do decano, Celso de Mello, pode deixar de ser o éden dos réus para assumir o tridente do inferno de quem demanda habeas corpus. Que outra denominação pode ser dada, que não seja insegurança jurídica, ao fato de mera mudança de um dos cinco membros de uma turma alterar de forma radical o ânimo de punir de um colegiado? E que pecado será maior do que esse?

Mais do que a inoportuna reprimenda a Moro na carteirada, que Sua Excelência deu antes de se tornar primus inter pares, ameaça o combate à corrupção, e não apenas a Lava Jato, a possibilidade de, na principal cadeira do plenário, o ex-advogado-geral da União de Lula, pôr em votação a mudança de uma jurisprudência: a da autorização para prender condenados em segunda instância. Ora, direis, jurisprudências mudam, porque dependem da dinâmica da vida real. Mas, como tem lembrado insistentemente sua colega Rosa Weber, ao lado de quem se sentava quando era apenas um “nobre par”, não devem ser alteradas em prazos curtos. Isso, acrescento, emula as “constituições” periódicas na ditadura militar.

Nos dois últimos anos, Toffoli formou ao lado de Gilmar Mendes, que virou a casaca na jurisprudência citada, e de Ricardo Lewandowski, um trio que, para impor suas convicções partidárias ou seus interesses pessoais, distribui habeas corpus a quem tiver renda para pagar advogados que frequentam o STF. Nessa prática aparentemente generosa, mas, de fato, muito duvidosa e pouco judiciosa, seus adeptos, aos quais se reúne sempre com gosto e parolagem o ministro da Primeira Turma Marco Aurélio Mello, tornam despicienda a exigência de insuspeição do julgador. O novo chefão da grei mandou soltar José Dirceu, que foi preso por ter reincidido no delito pelo qual já havia sido condenado e cumpria pena de 30 anos e meio, o dobro do que cabe ao ex-chefão de ambos, Lula: 12 anos e 1 mês.

Ricardo Lewandowski chegou a rasurar o artigo 52 da Constituição, na presidência da sessão do impeachment da petista Dilma Rousseff, em conluio com os senadores Renan Calheiros e Kátia Abreu, hoje vice na chapa de Ciro Gomes, do PDT. E tornou possível a condenada disputar eleição para o Senado em Minas, sem reprovação de nenhum de seus “mui zelosos” guardiões.  Toffoli assumiu o mais poderoso posto do Judiciário em meio à turbulência pública entre os ministros daquela para a qual a denominação de “Corte” lembra a nobreza da época dos Luíses antes da Revolução Francesa. Valeroso combatente do lado de quem exige mudar a jurisprudência da autorização para prisão em segunda instância, soprou fumaças de paz de um cachimbo que já lhe entortou a boca.

Quando, movido pelos eflúvios dos “espíritos”, torturou, condenou e executou, sem piedade, a canção Tempo Perdido, sucesso de seu ídolo Renato Russo, citado no discurso conciliador, emitiu, sem querer, sinais de que perderá seu tempo quem imaginar que a pax toffoliana beneficie alguém mais do que os convidados à solenidade e os parceiros da indecorosa carraspana. Será mais prudente imaginar que a palavra defina o sono solto que poderá ter quem hoje teme ser despertado no alvorecer pela campainha acionada por um policial.

O novo presidente do STF não é um campeão do notório saber jurídico, mas deve conhecer o significado óbvio da palavra “novilíngua”, com a qual o escritor britânico George Orwell definiu o dialeto imposto pelo Grande Irmão no celebrado 1984. Pois, em seu discurso do trono, falou em “prudência”, embora sua prática de ministro torne mais correto o uso de “leniência”. Tais conceitos, ao menos nos dicionários disponíveis, não são sinônimos.

Numa amostra de sua alienação da realidade, o jurisconsulto de Marília não hesitou em dar a definição mais estapafúrdia da atual conjuntura. “Não estamos em crise, estamos em transformação”, disse. E nem corou. Ao esbofetear a cara limpa de 24 milhões de brasileiros sem ocupação decente para lhes garantir a sobrevivência, ele não hesitou em também interferir no universo dos antônimos, ao adotar “permanência” como se mudança pudesse ser.
Ao fazer Dilma apta a ser “merendeira de escola”, Lewandowski ocupou o posto de pior presidente da História do STF. Mas Toffoli tem plenas condições de superá-lo.

José Nêumanne (publicado no Estadão)


quinta-feira, 6 de abril de 2017

Contra reforma, Polícia Federal ameaça entrega coletiva de armas

Contra reforma da Previdência, PF ameaça entrega coletiva de armas

Delegados, peritos e outros agentes federais fazem assembleias pelo país e anunciam pressão para manter aposentadoria especial para as atividades de risco 

São Paulo - A Polícia Federal decidiu entrar em estado de alerta contra a reforma da Previdência - 05/05/2017 (Flickr/Polícia Federal/Divulgação)

[a principio, a atitude da Polícia Federal merece total discordância - fica aquela sensação de pressão indevida a um dos Poderes da República, haja vista que pretende impedir o Poder Legislativo de legislar, deixando a impressão até mesmo de uma ação buscando retirar de um dos Poderes da República sua função = extinção.

Mas, não pode ser esquecido que a atividade policial - especialmente a dos agentes - exige vigor físico, agilidade e uma série de outras características não presentes em um idoso e essa limitação impõe sérios riscos ao exercício da atividade policial. A atividade policial pode e deve ser equiparada a dos militares das Forças Singulares, sujeita as mesmas limitações que a idade impõe aos integrantes daquelas Forças.

Se o policial idoso permanecer na ativa duas situações poderão ocorrer:                    
- o policial procura agir da forma adequada, evitando o uso desnecessário da força, e corre o risco de ser assassinado;
- ou então, para preservar sua vida, inicia qualquer ação policial de arma na mão, pronto a atirar a menor ameaça (haja vista suas limitações físicas, típicas da idade,  impedirem sua atuação sem o uso da arma) e com isso mais mortes ocorrerão.

Portanto, a forma da PF pretender fazer valer seus direitos é incorrera mas a motivação para sua ação existe e deve ser considerada.

O Governo não pode deixar de lado a importância do trabalho policial e tem o DEVER de ser sensato e atender as limitações que a idade impõe aos profissionais da Segurança Pública.

Óbvio - sem intenção de diminuir a importância do trabalho dos peritos, escrivães, papiloscopistas e assemelhados - que é possível uma diferenciação entre as atividades dos delegados e agentes (linha de frente) das exercidas pelas demais categorias da PF.]

Delegados, peritos, agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal decidiram em assembleias nesta quarta-feira entrar em estado de alerta para pressionar o presidente Michel Temer (PMDB) e o Congresso a manter a aposentadoria especial para atividades de risco e ameaçam, caso não consigam, entregar as armas ao governo.

Atualmente, policiais e outras categorias que exercem atividades de risco podem se aposentar com 30 anos (homens) e 25 anos (mulheres), mas, caso seja aprovada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, da reforma da Previdência, eles passarão a ser enquadrados como a maioria dos profissionais, com aposentadoria apenas aos 65 anos de idade e ao menos 25 anos de contribuição.

A decisão de entrar em estado de alerta veio após vários atos e assembleias em frente às superintendências regionais da PF pelo país e no mesmo dia que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que policiais, de qualquer categoria, não podem fazer greve.
Para o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Sobral, que esteve no ato em Brasília, a reforma “põe em risco o justo tratamento previdenciário aos policiais”.
“A proposta retira da Constituição Federal a expressão ‘atividade de risco’, o que é um absurdo dado os riscos e desgastes sofridos pelo policial ao longo de sua carreira. Além disso, impõe ao policial que se aposente com no mínimo 65 anos, sendo que a expectativa de vida deste profissional varia entre 56 e 59 anos”, afirma.

Como a greve de policiais foi vetada pelo Supremo, a categoria considera, durante o estado de alerta decretado nesta quarta-feira, fazer uma entrega coletiva de armas. “O STF reconheceu a vedação da greve aos policiais. É um reconhecimento também da importância da atividade policial. Vamos buscar outras formas de manifestar nossa insatisfação com a entrega das armas caso o governo entenda que a atividade policial é uma atividade que não oferece risco”, disse Sobral.



Eles disseram que irão pressionar o relator da PEC, deputado federal Arthur Maia (PPS-BA) a manter na reforma da Previdência a aposentadoria especial para quem exerce atividade de risco. Além dos policiais federais ligados à ADPF, o movimento tem o apoio da União dos Policiais do Brasil (UPB), composta por cerca de 30 entidades representativas do segmento da segurança pública, como policiais civis estaduais e agentes penitenciários.

Fonte:  Revista VEJA





 

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Combate ao terror na Olimpíada do Rio reunirá agentes de cem países


Agentes de inteligência de cerca de cem países vão se integrar à Polícia Federal, no Rio de Janeiro, na próxima semana, para acompanhamento e troca de informações sigilosas sobre terrorismo, dando início, efetivamente, à segurança da Olimpíada já em solo carioca. O anúncio foi feito nesta terça-feira, em Brasília, pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. As informações são d’O Globo.
Além de tanques nas ruas e caças para o abate de aeronaves que desrespeitarem as zonas de exclusão aérea, autoridades estudam outras medidas mais drásticas. Uma delas poderá atingir em cheio o dia a dia de quem estiver próximo às instalações olímpicas: o bloqueio do sinal de celulares. Prática comum em todo o mundo durante a segurança de autoridades, como ocorreu no Rio, na visita do presidente americano Barack Obama, em março de 2011, à Cidade de Deus. No comboio da comitiva americana, um dos veículos vinha dotado do equipamento que permitia o bloqueio em áreas restritas. Segundo o secretário Extraordinário de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça, Andrei Rodrigues, o bloqueador já está disponível. — Nós temos essa ferramenta, mas não podemos bloquear o sinal indiscriminadamente, só porque alguém pode acionar uma bomba. Além do bom senso, temos que ter informações precisas que levem à necessidade do emprego desse equipamento. Não é a nossa única medida. Também temos outras, como armamento pesado, aeronaves, grupo tático, central de inteligência. A gente vai usando à medida que há necessidade — explicou o secretário.

Mas a maior arma da segurança é, sem dúvidas, a informação. O atentado em Nice, na França, semana passada, quando um caminhão foi usado para matar 84 pessoas e ferir dezenas, que participavam da festa do Dia da Queda da Bastilha, numa área restrita, provou que o serviço de inteligência francês falhou nesse item. Também mostrou que os bloqueios na rua não foram eficientes para impedir a entrada do veículo. O fato fez com que o secretário revisasse o planejamento de segurança nas áreas dos Jogos. — Constantemente revisamos os planos de operação. Isso é um dos pilares do planejamento de segurança. Não fizemos modificações, apenas acrescentamos mais informações, em decorrência dos acontecimentos em Nice. Temos vários bloqueios, mas destaco dois em especial, localizados em áreas onde apenas veículos credenciados podem passar. Vai depender da geografia de cada região. A 500 metros das instalações dos Jogos, o acesso será só para a família olímpica, ou seja, os atletas, ou veículos de segurança. Em alguns casos, será permitido aos moradores que residem próximo às arenas que cheguem às suas casas. Ainda que credenciados, estes veículos não acessam os locais dos eventos esportivos — explicou o delegado da Polícia Federal Andrei Rodrigues, à frente do planejamento.

Segundo ele, na segunda barreira, os carros credenciados da família olímpica e das forças de segurança irão para a área de escaneamento de veículos. Esse bloqueio é justamente para aqueles que irão acessar o Parque Olímpico, por exemplo.  — As pessoas desembarcam, mas vão ter credenciais especiais. Os carros são escaneados, assim como as bagagens deles. Só é permitida a entrada até a área de estacionamento. Depois disso, haverá um novo controle para acesso às arenas — explicou.

ALGUMAS RESTRIÇÕES JÁ EM VIGOR
Desde segunda-feira, o Rio também adotou outra medida importante na circulação de veículos: a restrição à entrada de caminhões na Avenida Brasil, na Linha Amarela e na Linha Vermelha, que vai vigorar até o fim de setembro. Essa medida, que tinha como objetivo inicial melhorar o trânsito, acabou sendo agora um importante fator para reduzir a quantidade de veículos de carga na cidade durante a Olimpíada, depois do episódio em Nice.

O ataque de um jovem armado com um machado e uma faca, ferindo quatro passageiros num trem na Baviera, na Alemanha, também serviu de alerta para as autoridades que planejam a segurança da Olimpíada. O Estado Islâmico reivindicou a autoria do atentado.  É inesgotável a possibilidade de instrumentos que podem ser usados para cometer delitos. Amanhã vai um louco com um pedaço de pau. Temos que analisar todas as hipóteses. Não temos compromisso com erros. O que tivermos que ajustar, faremos de imediato. Estamos no mais alto nível de preparação. Se o nível é cinco, nove ou 20, eu não sei, mas é a melhor preparação em segurança que já foi feita no Brasil — disse o secretário.

Para Rodrigues, as reuniões com os agentes de inteligência de vários países são imprescindíveis para a análise de informações, principalmente relacionadas a supostas ações do EI: — Temos na cooperação internacional um pilar muito forte para o planejamento da nossa segurança.

‘PROBABILIDADE MÍNIMA DE ATENTADOS’
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, também está confiante no esquema de segurança. Ele afirmou ontem que o Brasil se mantém no patamar de “probabilidade absolutamente mínima” de ser alvo de ataques terroristas.
— Eu repito o que venho dizendo: não temos hoje probabilidade de atentado terrorista na Olimpíada. A possibilidade sempre existe, como existe no mundo todo. Exatamente por isso, trabalhamos 24 horas por dia nesse monitoramento, nessas análises, na troca de informações. A população pode ficar tranquila que tudo o que é possível em termos de inteligência, de monitoramento, de rastreamento está sendo feito no Brasil.

Dentro do esquema de preparação para os Jogos, cariocas têm assistido, nos últimos dias, a vários exercícios militares. Ontem, ao meio dia, quem passou pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim/Galeão começou a ter uma ideia da segurança aeroportuária que será utilizada a partir do dia 24. A simulação envolveu 1.200 agentes da Polícia Federal nas áreas internas e externas do aeroporto. Participaram do treino equipes de patrulhamento com cães da K-9 e do Batalhão de Policiamento com Cães, além dos 200 policiais da Aeronáutica que farão o patrulhamento ostensivo do principal ponto de chegada de turistas e delegações.

Na parte externa do aeroporto, era possível ver um grupo de agentes federais e soldados da Força Aérea, que realizavam o policiamento ostensivo nos saguões de embarque e desembarque e nos acessos aos terminais. A professora de inglês Libni Meireles, que teve a mala cheirada por um dos cães, contou que viveu experiência semelhante durante os jogos de Londres.  Também houve exercícios militares na Baía de Guanabara e no Aterro do Flamengo envolvendo cerca de mil fuzileiros navais e outros militares. Eles simularam um cerco do monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial e uma manobra de isolamento do aeroporto Santos Dumont. 

(Foto: Pablo Jacob)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Fernando Pimentel está sendo favorecido pelo boicote à Operação Acrônimo


Por falta de dinheiro, Operação Acrônimo em Minas fica sem reforço de cinco agentes


O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, é o principal investigado 

Por falta de dinheiro, a equipe da Polícia Federal que atua em Minas Gerais na Operação Acrônimo, responsável por investigar Pimentel, não contará com cinco novos agentes para ajudar nas diligências.