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sábado, 4 de fevereiro de 2023

Contraponto - Carlos Alberto Sardenberg

[estilo 'apedeutico-petista de governar: criar erros do Governo passado - buscando sustentar 'narrativa' que recebeu herança maldita, prender os que PENSAM em criticar o atual governo, falar do mercado e favorecer com dinheiro público = nosso = somos contribuintes - ditaduras  companheiras.]

Do presidente Lula, em entrevista à Rede TV!: “Qualquer palavra que você fale na área social: …‘vou aumentar o salário mínimo em R$ 0,10′, ‘vamos corrigir o Imposto de Renda’, ‘precisamos melhorar (a vida dos pobres)’, … o mercado fica muito irritado”.

E mais: “Agora, um deles (Jorge Paulo Lemann, acionista principal da Lojas Americanas) joga fora $ 40 bilhões de uma empresa que parecia ser a mais saudável do planeta Terra e esse mercado não fala nada, ele fica em silêncio”.

O mercado falou, presidente. E protestou do modo mais firme que conhece: derrubou o preço da ação de 40 reais para perto de zero, o que impõe perda enorme aos acionistas, inclusive Lemann.

Além disso, todos os grandes bancos privados, credores das Americanas, manifestaram claramente seu desagrado acionando na Justiça a Americanas e seus acionistas principais. Claro que há, digamos, acionistas inocentes – aqueles que não exercem controle sobre a empresa e compram o papel para poupança. 
Esses minoritários, parte do mercado, também estão na Justiça e cobrando atitudes mais responsáveis dos controladores, inclusive aporte substancial de capital.

Lula também atacou no pessoal: “Esse Lemann era vendido como o suprassumo do empresário bem-sucedido no planeta Terra, que financiava jovens para estudar em Harvard para formar um novo governo e falava contra a corrupção todo dia”.

Presidente, é uma pena que o senhor não conheça o trabalho da Fundação Lemann. Aplica bastante dinheiro para financiar o desenvolvimento de projetos pedagógicos e de gestão no ensino público. Toma também iniciativas para instalar internet de alta velocidade nas escolas públicas. E, sim, manda estudantes para Harvard.

Veja: o bilionário poderia abrir uma escola privada e se aproveitar dos financiamentos do governo, mas em vez disso coloca seu dinheiro para apoiar o ensino público. Ajuda a reduzir a desigualdade. O cientista político Fernando Schüller escreveu um excelente artigo na revista Veja, A Lição de Tocqueville, - Super-ricos pedem para pagar mais imposto”,  mostrando a importância dessas iniciativas dos ricos muito ricos. Certamente o dinheiro que Lemann gasta na Fundação rende mais benefícios à sociedade do que se todos esses recursos fossem para o governo na forma de impostos. Também duvido que o setor público fosse mais eficiente.

Aliás, como mostra Schüller, o segundo maior orçamento do governo federal é da educação. E nossos alunos das escolas públicas vão para os últimos lugares nos testes internacionais.O fato de Lemann cometer um enorme erro na Americanas não tira o mérito de outras coisas que faz.Lula também investiu contra a independência do Banco Central, atacou a recente decisão do Copom  – “não existe nenhuma razão para a taxa de juros estar em 13,75” e pediu meta de inflação maior. Também voltou a dizer que o teto de gastos é contra o povo e que não funciona.

Na mesma semana passada, quando o dólar caiu abaixo de R$ 5, o Instituto Lula disse que resultava da confiança no governo. É o contrário, presidente. A moeda americana desvalorizou praticamente no mundo todo porque o mercado – sim, o mercadoentendeu que a taxa de juros nos EUA vai subir menos do que pensava. Com juros menores nos EUA, investidores internacionais procuram mercados que oferecem taxas maiores.  Vai daí que entram dólares aqui, são trocados por reais, isso provocando a valorização de nossa moeda.

Na verdade, presidente, o dólar cairia mais se o senhor e seu pessoal deixassem esse tema por conta do Banco Central.  
E o teto de gastos, adotado no governo Temer, funcionou sim. 
No seu período, a taxa de juros (Selic) caiu de 14,25% ao ano (herança Dilma) para 6,40%. O PIB voltou a crescer, depois de dois anos de recessão. E a inflação caiu de 9,3% para 2,7%.

         Hoje, o dólar continua caro e os juros seguem elevados por causa da lambança anunciada nas contas públicas e pelo festival de declarações equivocadas.

Como este contraponto dele, presidente. Ataca a independência do BC e depois diz que o “seu” BC foi bem porque atuou com … independência.

Pô, presidente!

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista  


quarta-feira, 29 de junho de 2022

Corte de impostos sobre combustíveis expõe hipocrisia da esquerda - O Estado de S. Paulo

 J. R. Guzzo

Em ato de fanatismo eleitoral, oposição se irrita com uma baixa de preços que poderia, na sua visão, beneficiar eleitoralmente o governo

A lei aprovada pelo Congresso Nacional para limitar os impostos estaduais sobre combustíveis, um projeto de iniciativa do governo para reduzir os preços ao consumidor na bomba, é uma aula de pós-graduação a respeito de fanatismo eleitoral, ganância doentia dos governadores de Estado e a falência geral da vida pública brasileira nos dias de hoje
É um caso realmente extraordinário, e talvez único do mundo: a esquerda, as entidades da “sociedade civil” e os próprios governadores ficaram contra uma redução de impostos e de preços. Isso mesmo: ficaram contra uma redução de impostos e de preços.
 
Em todo o mundo os governos tentam medidas de alívio fiscal na área de combustíveis, num esforço para amenizar a alta dos preços que veio com a disparada nas cotações do petróleo – cerca de 115 dólares hoje no mercado internacional, contra 75 dólares um ano atrás. 
Há alguma dúvida de que existe, neste momento, uma emergência na área? 
Nos Estados Unidos, por exemplo, o governo propõe basicamente a mesma coisa reduzir os impostos, já que não é possível reduzir os preços de mercado do petróleo.  
No Brasil, prodigiosamente, há gente que corre na direção 100% oposta: não admite que se toque nos impostos, um fator essencial na formação dos preços ao consumidor, por causa de puro, simples e direto interesse político pessoal.
Os governadores, de um lado, estão cegos para qualquer outra coisa que não seja a arrecadação estadual. 
Ficaram viciados em beneficiar-se com a alta de preços dos combustíveis e outros produtos essenciais como eletricidade, telecomunicações, gás etc.: quanto mais caros ficam para a população, mais dinheiro rendem em imposto para os cofres dos Estados. 
Dali, naturalmente, o ouro segue para o bolso da clientela dos governadores – que começa na remuneração dos altos funcionários e magistrados e termina nos contratos com empreiteiras de obras e com os fornecedores amigos. 
Todos eles esqueceram completamente que têm de governar para os governados; hoje, governam para as suas secretarias da Fazenda. Viraram acionistas da alta de preços.

J.R.Guzzo: 'Em ato de fanatismo eleitoral, oposição se irrita com uma baixa de preços que poderia, na sua visão, beneficiar eleitoralmente o governo'
J.R.Guzzo: 'Em ato de fanatismo eleitoral, oposição se irrita com uma baixa de preços que poderia, na sua visão, beneficiar eleitoralmente o governo' Foto: MAGNO/AFP
A oposição, o candidato do PT à Presidência e a esquerda em geral, de outro lado, se irritam com uma baixa de preços que poderia, na sua visão, beneficiar eleitoralmente o governo.  
Vieram, até, com a ideia realmente extraordinária de cassar a chapa eleitoral do presidente da República, por conta da redução de preços e de um abono federal aos caminhoneiros uma tentativa adicional de garantir, com auxílio aos transportadores, o abastecimento geral do país nos produtos essenciais para a população. “Especialistas” procurados pela mídia dizem que a redução de preços e o abono, a três meses das eleições para presidente, são “ilegais” o que leva à conclusão de que o governo não pode tomar medidas de interesse público em ano eleitoral. Ou seja: estariam a oposição, e as forças que lhe dão apoio, exigindo que o governo da União não governe até outubro próximo, e não tome nenhuma medida que possa beneficiar o cidadão em suas necessidades diretas?
 
É um dos melhores momentos em matéria de hipocrisia que se vê há muito tempo na política brasileira. Poucos anos atrás, a presidente Dilma Rousseff afirmou em público que faria “o diabo” para ganhar as eleições para a sua própria sucessão. 
Fez e ganhou – e desde então não ocorreu a absolutamente ninguém na esquerda, nem nas classes intelectuais, civilizadas e inclusivas, dizer uma palavra sequer de objeção. 
Ao mesmo tempo, um político como o governador de São Paulo vem se vangloriar agora dizendo que foi “o primeiro” a reduzir o imposto estadual sobre os combustíveis – quando há uma lei do Congresso que o obriga a fazer exatamente isso, e quando a sua participação no esforço para aliviar os consumidores foi nula. 
A aberração se completa com outros governadores reclamando do colega de São Paulo, que teria furado a sua “greve” contra a decisão do Congresso Nacional – e a “negociação”, no STF, para resolver se deve ou não ser cumprida uma lei aprovada licitamente pelo parlamento brasileiro
Democracia, no Brasil de hoje, é isso aí. [uma pergunta boba de um cidadão bobo, em nome dos milhares de cidadãos que sempre querem fazer de bobos: Se durante a "negociação" com o Supremo para "para resolver se deve ou não ser cumprida uma lei aprovada licitamente pelo parlamento brasileiro", um supremo ministro sacar a caneta e decidir que a lei está suspensa até segunda ordem. Como fica?]
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo  

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Antes mais tarde do que nunca - Merval Pereira

O Globo
Com anos de atraso, as autoridades que cuidam dos órgãos de controle como CGU, AGU, TCU estão negociando com o Supremo Tribunal Federal (STF) uma legislação que permita sanear as empresas que fizerem acordos de leniência e, ao mesmo tempo, as obrigue a pagar por seus desvios, finalizando obras públicas paralisadas. Essa legislação deveria ter sido proposta há muito tempo, ou pelo Legislativo ou pelo Executivo, como aconteceu com o Proer no governo Fernando Henrique Cardoso. Foi o ministério da Fazenda que coordenou a legislação que permitiu evitar uma crise do sistema bancário, transferindo o controle de bancos falidos como o Nacional e o Econômico, para outros saudáveis.

Os governos dos últimos cinco anos, período em que atua a Operação Lava-Jato, não pensaram numa legislação semelhante porque estavam envolvidos com as empresas punidas pela Lava-Jato, assim como o Legislativo. O Tribunal de Contas da União (TCU) tem levado a debate uma proposta do ministro Bruno Dantas que permitiria o recebimento do prejuízo causado pela corrupção junto com a reativação da empresa. A ideia é concluir obras paralisadas relevantes - cerca de 14 mil pelo país - utilizando a força de trabalho e a expertise de empresas que tenham firmado acordos de leniência com o Estado e ainda estejam em dívida pelos danos causados por meio de atos de corrupção. “Depois de perdoadas, essas empresas entram em recuperação judicial, sem que nem as multas dos acordos tenham sido quitadas, e na lista dos principais credores figuram exatamente as pessoas físicas responsáveis por colocá-las, e o país, nessa situação”, ressalta Bruno Dantas.

Conceitualmente, a proposta é que o Estado e a população, os principais prejudicados pela corrupção, possam obter alguma coisa desses acordos também. Bruno Dantas diz que ela “se assemelha a uma pena de trabalhos forçados, mas com a vantagem de ser consensual, visto que as empresas só firmam acordos de leniência se quiserem”. Ele lembra que o país sofre uma grave crise fiscal, e não terá recursos para finalizar diversas obras relevantes. “Colocando as empreiteiras para pagar pela corrupção realizando as obras de infraestrutura que estão paralisadas, como estradas, saneamento, creches, escolas, poderíamos estar em situação bem melhor”.

De acordo com a Comissão Parlamentar de Obras Inacabadas da Câmara dos Deputados, seria necessário algo em torno de R$ 40 bilhões para que as obras paralisadas no país fossem concluídas. O ministro Bruno Dantas admite que há questões jurídicas a serem superadas, e dilemas ainda não resolvidos completamente, como a criação de mecanismo que evite que sejam prejudicadas as empresas que não se corromperam. O Estado contrata por meio de licitações, e passar essas obras para um grupo de empresas lenientes “é medida que demandará alterações legislativas que criem exceções ao dever de licitar previsto constitucionalmente. Ou, no mínimo, uma decisão judicial reconhecendo a situação excepcionalíssima”.

A definição do preço a ser considerado em cada obra é um fator relevante, e o Tribunal de Contas da União (TCU), já desenvolveu metodologia para analisar o percentual de desconto médio das contratações feitas pelas Petrobras em ambiente minimamente competitivo. “O resultado foi que, em ambiente de concorrência sadia, o preço contratado se reduz em aproximadamente 17% em relação ao valor obtido nas situações de conluio, quando o valor contratado não se descola da estimativa feita pela própria Administração”.

Será preciso estabelecer requisitos e exigências para que essas empresas – que firmaram acordos de leniência – possam se enquadrar nesse “programa”, bem como uma estrutura de incentivos para que elas entreguem as obras no prazo e com a qualidade exigida. “Não imagino, por exemplo, que a empresa possa ser beneficiada dessa forma e continuar sob a gestão das mesmas pessoas que foram responsáveis pelos ilícitos”, comenta Dantas, que apresentou ao presidente da Câmara Rodrigo Maia projeto de lei que permite o afastamento dos acionistas controladores, mediante alienação compulsória do controle da empresa corruptora.
 
Merval Pereira, colunista - O Globo
 
 

 

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Joesley Batista pensa ser esperto, mas se f ... - Justiça americana pode compensar o vacilo de Janot ao ser generoso com Joesley

Ida de Joesley para os EUA pode ser tiro no pé, avaliam especialistas

Avaliação é de que a Securities and Exchange Commission (SEC), órgão americano equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), é bem mais rígida do que a autarquia brasileira; lá, um crime financeiro colocaria os irmãos Batista presos por mais tempo

A sensação de que o empresário Joesley Batista, ao ter viajado para os Estados Unidos, escapou da cadeia — beneficiado por acordo de delação premiada— para viver livre, leve e solto em Nova York com a família, o jatinho particular e o iate de luxo pode estar com os dias contados. Especialistas não têm dúvidas de que a Securities and Exchange Commission (SEC), órgão americano equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), é bem mais rígida do que a autarquia brasileira. Lá, o peso de um crime financeiro é muito maior e os donos da JBS ficariam presos por mais tempo do que se fossem punidos no Brasil.

Além de a JBS ter vários frigoríficos nos Estados Unidos e ações negociadas em Nova York, a holding J&F tem subsidiárias norte-americanas. Portanto, Joesley Batista estará sujeito às leis de lá ao admitir que comprou dólares na véspera da divulgação da delação premiada. Além disso, as suspeitas de que ele e o irmão Wesley Batista usaram informações privilegiadas para lucrar quase R$ 500 milhões com a venda de ações da JBS, entre outras irregularidades, podem ser objeto de investigação nos EUA. “A normatização da SEC é muito mais acentuada do que a da CVM. É pouco provável que os empresários consigam escapar da prisão e de uma multa bastante rigorosa nos Estados Unidos”, avaliou o advogado Sérgio Camargo, especialista em crime organizado pela Universidade de Salamanca (Espanha) e professor de Direito Administrativo da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ).

Para Camargo, apesar de o impacto inicial ser como um “soco no estômago do país”, a percepção, a longo prazo, é de que eles não conseguirão escapar de uma punição exemplar na terra do Tio Sam. “A família Batista também vai enfrentar processos dos acionistas norte-americanos por conta dos danos colaterais da delação premiada. Essa fatura pode ser bem alta”, avisou. Outra empresa envolvida em escândalos de corrupção da Operação Lava-Jato, a Petrobras pode ser multada em cerca de US$ 20 bilhões nos Estados Unidos devido aos processos de acionistas.

O sociólogo e sócio da Arko Advice Thiago Aragão também não tem dúvidas de que a punição dos irmãos Batista nos EUA será muito mais dura do que no Brasil. “Aqui, não vemos ninguém preso por operar no mercado com informação privilegiada (insider trading), mas, nos Estados Unidos, isso é muito comum e as penas vão de 10 anos a 20 anos, dependendo da gravidade do crime”, alertou.

Um investidor estrangeiro que pediu para não ser identificado criticou a morosidade da CVM em investigar irregularidades na JBS e também em empresas citadas na Lava-Jato listadas na bolsa. Ele mostrou indignação sobre a série de denúncias de pagamento de propinas a políticos. “A questão mais grave é que não tenho conhecimento do que a CVM tem feito acerca de uma companhia ser roubada pelos controladores. A J&F, que tem 44% das ações nas mãos da família Batista, tem retraído recursos da companhia para pagar negócios políticos, o que não foi identificado nem pela CVM nem pelos auditores independentes”, criticou. “Isso é muito ruim para a imagem do mercado acionário. O investidor estrangeiro compra de 50% a 70% das ações de empresas que fazem IPO (abertura de capital) na bolsa. Ele deixará de olhar para o Brasil se perceber que não se coíbe a corrupção e as atitudes de controladores que lesam minoritários”, avaliou.

A CVM divulgou a abertura de sete processos administrativos para investigar as irregularidades dos controladores da JBS somente após a divulgação da delação premiada dos irmãos Batista. Aragão criticou a demora da autarquia e lembrou que a morosidade é uma praxe. No caso da Oi, operadora em processo de recuperação judicial, a CVM ainda não concluiu as investigações, que correm o risco de não terem veredito antes da venda da empresa.


Falha
Para um ex-diretor da CVM, que pediu anonimato, o órgão “falha na fiscalização ao não punir com rapidez”. Procurada, a autarquia evitou comentar as críticas e disse que, “em razão de informações surgidas recentemente no contexto do acordo de colaboração de executivos da JBS com o MPF (Ministério Público Federal), a CVM questionou a companhia sobre essas informações”. A resposta, enviada pela JBS na terça-feira, está “em análise”.


A advogada Rita Maria Scarponi, ex-conselheira da CVM, ressaltou a necessidade de mudanças na legislação, que é de 1976. “As regras precisam atribuir instrumentos aos fiscalizadores”, afirmou. Para ela, “os procedimentos ilegais da empresa no Brasil podem ter uma punição ‘mais dura’ na SEC”.  Procurada, a JBS justificou que a viagem da família Batista para o exterior ocorreu “por razões de segurança”. A empresa não comentou a possibilidade de extradição do empresário. De acordo com o Itamaraty, não há nenhum pedido feito pelo Ministério da Justiça nesse sentido.


STF vai avaliar termos da delação
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello disse ontem que vai analisar o mandado de segurança do Instituto Brasileiro do Direito de Defesa (Ibradd), que pede a anulação dos termos da delação premiada assinada pelos executivos da JBS. Porém, o ministro pretende receber, antes, os representantes da entidade. O encontro será na semana que vem. “O conteúdo excepcionalmente benevolente e generoso do acordo (…), em favor dos colaboradores e desfavor da coletividade brasileira, viola os princípios de proporcionalidade, razoabilidade e moralidade”, defende o Ibradd. Nos bastidores, ministros dizem que o pedido não será atendido.

Fonte: Correio Braziliense 

 

quinta-feira, 19 de maio de 2016

O ‘New York Times’ errou

Não era difícil observar, mesmo para um jornalista estrangeiro, que Dilma era fator de acirramento das duas crises

O editorial do “New York Times” que critica o afastamento de Dilma Rousseff começa equivocado logo pelo título: “Piorando a crise política brasileira”.

[Temer merece uma trégua nas nomeações para a área econômica; só o fato da situação econômica brasileira ter parado de piorar já é uma vantagem.
Já não cabe tanto aquele ditado: pior do que ontem, melhor do que amanhã.
Ele tem que parar de errar é nas nomeações para algumas áreas:  teve a falta de noção de nomear para a 'secretaria de direitos humanos' uma mulher que tem como bandeira a liberação do aborto.
Essa senhora esquece que  a criança, desde o momento da concepção, é um ser humano, inocente e indefeso, com o DIREITO a vida e que cabe a secretaria na qual ela vai tomar posse como secretaria - posse que esperamos seja abortada - defender os DIREITOS HUMANOS o que inclui o dos fetos, seres humanos inocentes e indefesos que vão ser assassinados pelas próprias mães.
A outra bandeira da ilustre senhora é defender os gays = defender a extinção da FAMÍLIA.]
Ora, está na cara que a crise não piorou. Ao contrário, o ambiente é mais tranquilo. Ok, estamos falando com uma semana de vantagem em relação à publicação do editorial, no último dia 13. Mas não era nem um pouco difícil observar, mesmo para um jornalista estrangeiro, sempre com visões mais superficiais, que Dilma no governo era fator de acirramento das duas crises, a política e a econômica. Aliás, bastaria consultar analistas de Wall Street, ali pertinho da sede do jornal.

Analistas do mercado não são torcedores. Eles só querem saber como será o desempenho deste ou daquele presidente para avaliar se é o caso de colocar ou retirar dinheiro no país.  Em resumo, e sem juízo de valor, era quase unânime a conclusão: sem Dilma, a crise política arrefece e abre espaço para medidas econômicas, quebrando a paralisia em que se encontrava o país.

É o que está acontecendo.  O “Times” erra também quando examina as causas do impeachment. Diz que a presidente é acusada por uma “suposta trapaça financeira”, apenas uma “tática” empregada por outros presidentes.  Curioso que o jornalão chega perto das pedaladas, quando descreve, en passant, parte do mecanismo: “usar dinheiro dos bancos públicos para cobrir déficits orçamentários”.

Mas alguém lá no board de editores tinha que ter reparado que a explicação estava incompleta. Talvez porque não existam bancos públicos nos EUA, não do tamanho dos nossos, o editorialista do “Times” não tenha cogitado da extensão do caso.  De todo modo, existe aqui uma imprecisão jornalística: usar como? Mandar o banco público pagar obras? Pagar salários?

Importante especificar, porque o uso do objeto da acusação foi algo expressamente proibido pela lei: o governo tomando dinheiro emprestado nos seus próprios bancos.  E aqui o “Times” poderia facilmente fazer a comparação com o que ocorre no setor privado. É regra praticamente universal que o dono não pode se financiar no seu próprio banco. Não apenas essa prática criaria uma concorrência desleal, como colocaria todo o sistema financeiro sob risco.

Imaginem: os acionistas de um grande banco tomam emprestado, no seu banco, para investir numa empresa de petróleo, de sua propriedade. A companhia de petróleo entra em dificuldades. Os acionistas deixam de pagar ao seu banco para salvar sua petrolífera e quebram todos os outros que têm conta ou investimentos com o banco.  No caso da relação governo/banco público, o risco é macroeconômico. Tomando empréstimo no seu banco, o governo cria dinheiro do nada e, com isso, gera inflação, dívida e juros altos para toda a sociedade.

Isso acontecia direto no Brasil antes das atuais regras de estabilidade fiscal. Bancos estaduais quebraram, incluindo o maior deles, o Banespa, assim como, é lógico, também quebraram os governos que eram seus donos. O BB e a Caixa tiveram que ser capitalizados nos anos 90 por causa dessa prática.  Eis a “trapaça financeira” uma violação da responsabilidade fiscal, que gerou um déficit de quase 2% do PIB e disparou a dívida pública.

O jornal também compra a versão de Dilma segundo a qual ela fez o que outros presidentes fizeram. Equívoco jornalístico de novo. Bastaria ter observado um gráfico — o que mostra a movimentação das contas entre o Tesouro (governo) e seus bancos. Por essas contas, o Tesouro manda dinheiro para o banco, a Caixa, por exemplo, pagar o seguro-desemprego ou o Bolsa-Família ou para o BB cobrir juros subsidiados.

Nas administrações FH e Lula, o Tesouro ora ficava credor, ora ficava devedor nessas contas. Quando devedor, por períodos curtos e na casa das centenas de milhões de reais. Dilma simplesmente parou de pagar por meses seguidos a partir de 2013 e acumulou dívidas ou tomou um crédito que beiraram os R$ 100 bilhões.  É certo que um jornal de fora não tem como entrar nesses detalhes. Mas o “Times” poderia ter apurado melhor.
Assim, não diria que Dilma está sendo injustiçada porque não roubou dinheiro do petrolão. Ela não está sendo acusada disso.

Também não diria: “muitos suspeitam” que Dilma está sendo atacada porque permitiu o andamento da Lava-Jato, que apanhou políticos que a condenaram.  De novo, o “Times” simplesmente compra a narrativa da presidente e comete outra imprecisão jornalística. “Muitos” quem? Suspeitam como? Além disso, os indícios já bem apurados mostram o contrário, que Dilma tentou obstruir a Lava-Jato. E mais: ela não permitiu nada, simplesmente nem ela nem Temer têm como impedir a operação. Aliás, na última terça, o PT jogou fora essa história e disse que a Lava-Jato é “golpista”.

O “Times” erra de novo quando aceita a hipótese de que os políticos que acusam Dilma estejam apenas querendo trazer de volta a política do “toma lá, dá cá”. Trazer de volta? O governo petista fez isso largamente, desde Lula.  Entre os que votaram pelo impeachment, há muitos deputados e senadores investigados e/ou citados na Lava-Jato. Mas as razões do impeachment são outras. E a operação vai apanhando os envolvidos, antes e depois, como foi com o Eduardo Cunha.

Fonte: Carlos Alberto Sardenberg é jornalista - O Globo