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sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Lula na vanguarda do atraso - Revista Oeste

Augusto Nunes e  Branca Nunes

O chefe do PT nem esperou o dia da posse para confirmar a opção pelo passado 
Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de entrega do relatório final da transição de governo e anúncio de novos ministros | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil 
Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de entrega do relatório final da transição de governo e anúncio de novos ministros | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil 
 
“É a primeira vez que um presidente da República começa a governar antes da posse”, vangloriou-se Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta-feira, 22 de dezembro, ao receber o “Relatório Final do Gabinete de Transição”, um monumento ao besteirol erguido por quase mil devotos da seita que tem como único deus um delinquente descondenado pelo Supremo Tribunal Federal. 
Incumbida de recensear os mais graves problemas do país, e sugerir soluções para todos, a legião de gênios da raça concluiu que o Lula modelo 2023 terá de reprisar o milagre que operou há 20 anos: mesmo emparedado pelo desastroso legado do sucessor, o enviado da Divina Providência saberá salvar a pátria em perigo
Tal façanha vai garantir-lhe uma nota 10 com louvor no Juízo Final, além da admiração que merece o único estadista do mundo que não aprendeu a escrever nem leu sequer uma orelha de livro por achar que isso é pior que exercício em esteira.
 
A senha para a conversa fiada foi recitada por Geraldo Alckmin, o vice-presidente eleito. Nascido e criado no ninho do PSDB, essa intrigante espécie de tucano demorou meio século para ver a luz. Era carola juramentado desde os 20 e poucos anos quando, perto dos 70, virou socialista, conseguiu tornar-se reserva do maior inimigo e gostou tanto do parceiro que o acompanhou de cócoras no caminho de volta à cena do crime. Entre um “Viva Lula” berrado no palanque e um “Lula é um gênio” sussurrado no almoço da família, Alckmin reza até em latim para que não haja inversões de posição na fila baseada em critérios biológicos. 
 
Era alguns anos mais novo que Mário Covas quando a morte do titular transformou o insosso vice em governador de São Paulo. É sete anos menos idoso que Lula. Enquanto espera, aprende a letra de hinos esquerdistas e bajula o dono do cargo que cobiça.
manifestações lula
O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB-SP) – 08/12/2022 - 
 Foto: Ton Molina/Estadão Conteúdo
No palavrório que precedeu o sermão do chefe, Alckmin jurou que Lula vai lidar com uma “herança perversa” — ainda mais assustadora que a outra. Menos de um ano em péssima companhia bastou-lhe para aprender a mentir sem ficar ruborizado (e sem temer estágios no purgatório). 
Ele sabe que a “herança maldita” atribuída a Fernando Henrique Cardoso nunca existiu: em janeiro de 2003, caiu no colo de Lula um país com a inflação sob controle, modernizado pelo início da privatização de mamutes estatais e vigiado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. 
Alckmin também sabe que o Brasil deste fim de dezembro é infinitamente melhor que a terra em decomposição e assolada pelo desgoverno de Dilma Rousseff.  
Mas foi com voz de quem acabou de comungar que acionou o sinal verde para que Lula responsabilizasse Jair Bolsonaro por todos os males da nação, passados, presentes e futuros.
 
“O resultado é uma fotografia contundente da situação dos órgãos e entidades que compõem a Administração Pública Federal”, falseia o documento fabricado por doutores em arrogância. “Ela mostra a herança socialmente perversa e politicamente antidemocrática deixada pelo governo Bolsonaro, principalmente para os mais pobres. A desconstrução institucional, o desmonte do Estado e a desorganização das políticas públicas são fenômenos profundos e generalizados, com impactos em áreas essenciais para a vida das pessoas e os rumos do país.” Fica combinado, portanto, que Lula tomou posse mais cedo para trazer de volta à vida (e esbanjando saúde) um Brasil sepultado em cova rasa. 
Não para aprovar ainda neste ano, com o aval dos presidentes da Câmara, do Senado e do TSE, a PEC da Gastança, o estupro do teto de gastos, a chicana que fingiu acabar com o Orçamento secreto que segue em vigor e o loteamento do ministério, fora o resto. Eleito pela coligação que juntou o PT, os demais partidos esquerdistas, democratas de galinheiro, superjuízes do STF e iluminados do TSE, o criminoso sem remédio age com a tranquilidade dos condenados à perpétua impunidade. Cadeia é coisa para os outros.

E 500 dias de gaiola não melhoram ninguém, atesta o comportamento de um Lula mais Lula do que nunca. É ele quem tudo decide, da nomeação de ministros ao tratamento reservado a convertidos e aliados de ocasião. [o presidente eleito exige dos que recebem suas benesses,  a servileza e a falta de dignidade como principais requisitos =   servir em um eventual governo do apedeuta eleito é aceitar a postura de joelhos ou de quatro como as mais adequadas e habituais.] Como os Bourbon, não esquece nada e nada aprende. Continuam sangrando na memória feridas abertas por constatações feitas por quem vê as coisas como as coisas são. Na mesma quinta-feira em que Alckmin voltou a louvá-lo, por exemplo, Lula castigou o vice com o rebaixamento a ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Teria sido um acúmulo de funções se o vice tivesse alguma função além de torcer, acampado no Palácio Jaburu, para que o pior aconteça — ao outro.

Se ocupasse o mesmo cargo na Argentina ou nos Estados Unidos, países em que o vice-presidente comanda o Senado, Alckmin estaria agora mais poderoso. Aqui, o número 2 é indemissível, mas qualquer ministro pode ser despejado do gabinete pelo chefe de governo. É o que ocorrerá caso Alckmin infrinja o Manual do Companheiro. 
O espetáculo da sabujice não cancela as acusações do aliado recentíssimo ao comandante do maior esquema corrupto da história. 
Se tivesse aprendido a assimilar tais agravos, Lula seria mais gentil com Simone Tebet e Marina Silva, que fizeram o L no segundo turno
Simone sonhou com o ministério que cuida do Bolsa Família até saber que aquilo não está disponível. 
Marina ainda caprichava na pose de ministra do Meio Ambiente até que alguém fez a advertência: tanta demora no convite é mau sinal. 
As duas enfim se deram conta de que é pecado capital admitir que Lula mereceu a temporada na gaiola.
 
O relatório da turma da transição avisa que o PT segue algemado a fórmulas grisalhas — e insiste em percorrer caminhos que apressam a chegada ao penhasco. 
Cinco páginas do documento tentam justificar o estupro do teto de gastos. Outras seis são consumidas no esforço para demonstrar que tudo vai melhorar se os 23 ministérios virarem 37. 
Um latifúndio de 46 páginas detalha a “herança perversa” debitada na conta de Bolsonaro.  
Em seguida, aparece uma amostra do que os participantes do levantamento batizaram de “revogaço”. Os redatores incluem entre os condenados à morte “oito Decretos e uma Portaria Interministerial que incentivam a multiplicação descontrolada das armas no Brasil, sem fiscalização rigorosa e adequada”. Também é recomendada “a revisão da lista de empresas que se encontram em etapas preparatórias e ainda não concluídas de processos de desestatização, como os Correios e a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC)”.

É compreensível que a promoção de Aloizio Mercadante a presidente do banco tenha excitado fregueses castigados por quatro anos de abstinência

Um redator conciso resumiria em uma frase o palavroso conteúdo do relatório: o programa do governo Lula é revogar as medidas aprovadas por Jair Bolsonaro, ressuscitar as que foram sepultadas e dizer ou fazer o contrário do que ele disse ou fez
Os preparativos para a ofensiva do atraso vêm revelando os alvos preferenciais. 
A vanguarda do primitivismo quer o fim da autonomia do Banco Central, a interrupção das privatizações, a ressurreição do imposto sindical, a engorda do funcionalismo público com o preenchimento das 25 mil vagas que a revolução digital tornou desnecessárias, o desarmamento da população atormentada pela ampliação do arsenal da bandidagem, a redução dos juros e outras velharias há tempos banidas por governantes modernos.
 
O revogaço se amplia a cada indicação para o ministério. Nomeado ministro da Justiça, o senador Flávio Dino mostrou que, embora se tenha filiado ao PSB, o coração permanece no Partido Comunista do Brasil. “Pedir S.O.S. Forças Armadas é crime”, rosnou, indignado com os incontáveis brasileiros que continuam a manifestar-se diante de instalações militares
Dino nem sabe direito o tamanho da fatia que o Orçamento lhe reserva, mas já comunicou que vai contemplar com mais dinheiro Estados governados por gente disposta a desarmar a população e instalar câmeras nos uniformes da PM.

flávio dino comunismo
O então governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), 
desfila no Carnaval vestido de comunista (05/03/2019) - 
 Foto: Reprodução
Incansável caçador de cargos públicos, Márcio França foi premiado com o Ministério de Portos e Aeroportos. Talvez por ter sido prefeito de São Vicente, ali perto, o candidato do PSB derrotado na disputa da vaga de senador por São Paulo reivindicou como brinde o controle do Porto de Santos. Durante o governo Bolsonaro, o velho porto deixou de ser um ancoradouro de corruptos e narcotraficantes para transformar-se num exemplo de sucesso administrativo e político
Já a caminho da concessão, corre agora o risco de cair nas mãos de França. 
Dirigentes do PT e das siglas que orbitam ao redor do partido mais poderoso acham que em time que está ganhando é que se deve mexer.
 
Outros indicados nem precisam de entrevistas para que se preveja o que vem por aí. Todo brasileiro com mais de dez neurônios sabe que esses farão o que fizeram no verão passado — e também na primavera, no outono e no inverno.  
O chanceler Mauro Vieira, de volta ao Ministério das Relações Exteriores que chefiou no governo Dilma Rousseff, retomará a política externa da canalhice aperfeiçoada por Celso Amorim. 
Enquanto essa obscenidade vigorou, o Brasil invariavelmente escolheu o lado errado. Ditadores assassinos, populistas gatunos, escroques repulsivos tudo o que há de pior na escória internacional foram favorecidos pela polidez da cúpula do Itamaraty e pela prodigalidade criminosa dos figurões do BNDES.
 
É compreensível que a promoção de Aloizio Mercadante a presidente do banco tenha excitado fregueses castigados por quatro anos de abstinência. O argentino Alberto Fernández já informou que conta com generosidade do BNDES para a retomada de obras financiadas com dinheiro brasileiro, a juros de pai para filho. 
E a hondurenha Xiomara Castro avisou que pegará dinheiro emprestado no dia da posse de Lula.

Para acomodar Aloizio Mercadante no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Lula tenta alterar a Lei das Estatais. A ideia é, entre outros equívocos, reduzir de três anos para 30 dias a quarentena de quem atuou em campanha eleitoral para assumir cargo de administrador ou conselheiro de empresa pública ou sociedade econômica mista.

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O futuro presidente do BNDES, Aloizio Mercadante (à esq.), 
e o presidente eleito, Lula (à dir.), durante a indicação de 
Mercadante para comandar o banco (13/12/2022) - 
Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo

Criada depois dos escândalos descobertos na Operação Lava Jato, a Lei das Estatais tinha como objetivo interromper o loteamento político dessas empresas. Assim, além da quarentena, foram estipulados requisitos mínimos de experiência e de competência para o preenchimento desses cargos. Sem a Lei, o PT está com o acesso livre aos cofres dessas empresas e a centenas de cargos públicos. Uma reportagem do Estadão de 16 de dezembro deste ano mostrou que o afrouxamento dessa lei criaria uma brecha para 587 indicações, com salários que vão de R$ 214 mil anuais (Companhia Docas do Rio Grande do Norte) a R$ 3 milhões anuais (Petrobras).

Lula também herdará pela primeira vez empresas públicas altamente lucrativas. No ano passado, por exemplo, o resultado líquido dessas companhias fechou próximo de R$ 190 bilhões, 40 vezes mais que os R$ 5 bilhões de 2016e cerca de R$ 230 bilhões a mais que o prejuízo de R$ 32 bilhões registrado em 2015.

Outro exemplo de sucesso que corre o risco de ser revogado por Lula é o Novo Marco Legal do Saneamento, aprovado em julho de 2020. Na época, 35 milhões de brasileiros não tinham acesso à água potável e 46% da população não dispunham dos serviços de coleta de esgoto sendo que dois terços de seres humanos no país não sabiam o que era ter esgoto tratado em casa.

O principal objetivo do Novo Marco é promover a universalização dos serviços, garantindo que 99% da população tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e à coleta de esgoto até dezembro de 2033. Pelas regras sugeridas, não apenas as empresas públicas, mas também as privadas podem participar dos processos licitatórios para oferecer seus serviços a Estados e municípios. 
 Um dos leilões de maior sucesso foi realizado em Alagoas, então governada por Renan Filho, primogênito de Renan Calheiros. Eleito senador, Renan Filho vai compor a base aliada de Lula.

Só o leilão de Alagoas rendeu ao governo R$ 1,6 bilhão. A expectativa de investimento total é de mais R$ 2,9 bilhões ao longo dos 35 anos de contrato para levar água potável e tratamento de esgoto a regiões do semiárido alagoano.

“O êxito no leilão de hoje, que levantou R$ 4,5 bilhões (somando investimentos e outorga), é o resultado de uma agenda que vai transformar Alagoas em uma terra melhor, primeiramente, para quem vive lá e para quem nos visita”, afirmou na época Renan Filho. “O valor acrescentado ao leilão é muito significativo se considerarmos, especialmente, um PIB anual entre R$ 55 bilhões e R$ 60 bilhões.” Procurado pela reportagem para comentar o retrocesso, sua assessoria de imprensa não respondeu às mensagens. [comentário: os primeiros nomes do futuro governo do presidente eleito são tão fantásticos na comprovada eficiência em destruir qualquer governo, que até os membros de Prontidão Total - todos com o compromisso inalienável de fazer tudo que a legalidade permitir para levar ao fracasso um eventual futuro governo do presidente eleito, abreviando sua duração seja pela renúncia do 'demiurgo de Garanhuns' ou pelo seu  impeachment e prisão - não seriam tão eficientes na escolha da equipe que vai abater o apedeuta eleito.]

Com todas essas decisões e ameaças, o Brasil avança em alta velocidade rumo ao atraso. O governo Lula acredita que é possível ganhar uma guerra com sucessivas retiradas.

Leia também “O supremo carcereiro só prende inocentes”

Augusto Nunes Branca Nunes, colunista e Diretora de Redação da Revista Oeste


sexta-feira, 12 de agosto de 2022

O Brasil que “não aguenta” - J. R. Guzzo

Revista Oeste

É o Brasil dessa elite subdesenvolvida, inepta e preguiçosa que nos últimos três anos e meio viu uma parte das torneiras do Tesouro Nacional se fecharem para ela 

Um ministro do já remoto governo Sarney, habitualmente escalado pelos meios de comunicação para nos ensinar como o universo funciona, anunciou há pouco a possibilidade de uma tragédia monumental: o “Brasil”, segundo ele, não aguenta mais quatro anos “de Bolsonaro”.         É mesmo? É uma sorte, realmente, que ele tenha tido a bondade de nos avisar, porque ninguém tinha percebido nada até agora. De que diabo o homem está falando? Não se sabe, em primeiro lugar, qual é esse Brasil que não vai aguentar. Se você aguenta perfeitamente, por que o Brasil não aguentaria? Em segundo lugar, o público não foi informado quais seriam, exatamente, os motivos concretos pelos quais o país vai acabar se Bolsonaro for reeleito presidente da República.                      Daria para nos citarem três fatos objetivos, por exemplo, para explicar por que aconteceria uma coisa dessas? Dois fatos, pelo menos? Tudo bem: um fato só?

Movimentos sociais e sindicais realizam ato em frente à Faculdade do Largo São Francisco na quinta-feira, 11 de agosto | Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo
Movimentos sociais e sindicais realizam ato em frente à Faculdade do Largo São Francisco na quinta-feira, 11 de agosto | Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo

Dá para o piloto da inflação de 2.000% ao ano dizer que o país não consegue suportar 7%?

Ninguém vai dizer que fatos seriam esses por uma razão muito simples: eles não existem. Não é coisa muito difícil de se constatar — basta ver que o autor da previsão foi nada mais, e nada menos, que ministro da Fazenda no governo Sarney. Justo no governo Sarney, e justo na Fazenda? É sabido que os povos têm os governos que merecem, mas, no caso do Brasil, naquela época, houve uma exceção: os brasileiros não fizeram nada para merecer o governo Sarney, talvez o mais incompetente em toda a miserável história da elitezinha brasileira que passa a vida sem produzir um único prego, mas manda na máquina do Estado e nas “instituições democráticas” que inventaram aí. 

Foi azar mesmo, puro e simples. Como pode o ministro de um governo desses vir a público falar de qualquer coisa e ainda por cima de economia? O governo Sarney, com esse cidadão na cadeira de ministro da Fazenda, chegou ao seu último dia tendo uma inflação de 2.000% ao ano. Isso mesmo: 2.000%, no último ano, e chegou a ser mais, nos seus piores momentos. O presente governo, que na opinião do ex-ministro o Brasil “não aguenta”, deve fechar 2022 com uma inflação um pouco acima de 7%
Dá para o piloto da inflação de 2.000% ao ano dizer que o país não consegue suportar 7%? É o técnico do Madureira dando palpite na escalação do Real Madrid.

Fazer o quê? O Brasil, sabidamente, é um país com poucos talentos na sua vida pública. Um dos resultados disso é que os jornalistas vão procurar os heróis das suas entrevistas entre os que, comprovadamente, não deram certo — sobretudo quando eles dizem o que os jornalistas querem publicar. É o caso, mais uma vez, da profecia de que o país “não aguenta” mais quatro anos de Bolsonaro. O Brasil que não aguenta, na verdade, ou que não quer aguentar, é o Brasil dos parasitas o Brasil dessa elite subdesenvolvida, inepta e preguiçosa que nos últimos três anos e meio viu uma parte das torneiras do Tesouro Nacional se fechar para ela.  

Só uma parte — mas o suficiente para deixar revoltados, impacientes e com medo os habituais acionistas controladores do Estado brasileiro. O que perturba a todos eles, como nunca aconteceu antes, é a sensação de não mandarem do jeito que mandavam na máquina pública e nos bilhões de reais que existem em função dela. Mais quatro anos de abstinência, mesmo parcial? Eles não querem isso; acham que não dá para “aguentar”.

Não tem absolutamente nada a ver com a democracia, com as “instituições”, com a “resistência” ao autoritarismo e com todo o resto dessa conversa fiada

O que não dá para aguentar é a inflação de 7% ao ano, depois de dois anos de economia travada em função da Covid e de uma guerra aberta em plena Europa; como pode dar certo uma política econômica que, segundo eles, está transformando o Brasil numa ruína? 
É a reforma da previdência que limitou os privilégios da casta superior do serviço público — e gerou bilhões de reais que irão para o erário, e não para bolsos privados. 
É o Banco Central independente do governo e dos amigos do governo.  
São as empresas estatais que dão lucro de R$ 200 bilhões por ano para os cofres públicos, em vez de 40 bilhões de prejuízo que viravam lucros para cofres particulares. 
 
É a redução de impostos que transfere dinheiro do Estado para a população, e deixa o Supremo Tribunal Federal em estado de crise nervosa. É a redução dos preços dos combustíveis, que passa para os cidadãos a renda que estava indo para os governadores de Estado. 
É um governo no qual as empreiteiras de obras públicas não mandam.  
É uma Caixa Econômica (ou um Banco do Brasil, ou uma Petrobrás) em que a diretoria não é nomeada por políticos e está a serviço dos seus interesses
É uma administração federal que parou de contratar funcionários e de dar aumentos salariais por passagem de tempo. É isso, e mais disso.

É o Brasil de quem quer colocar de novo na presidência um político que a justiça condenou como ladrão [o ladrão se tornou um descondenado, mas não foi inocentado.]

O centro da guerra política no Brasil de hoje está aí — e em nenhum outro lugar. Não tem absolutamente nada a ver com a democracia, com as “instituições”, com a “resistência” ao autoritarismo e com todo o resto dessa conversa fiada.  
Tem tudo a ver com interesses materiais feridos — e com a ideia fixa, por parte dos que deixaram de mandar no país, de voltar aos tempos em que mandavam.
 O Brasil que “não aguenta” mais quatro anos de Bolsonaro não é o Brasil do cidadão comum. 
É o Brasil dos que não querem pagar imposto — e têm recursos suficientes para ficar discutindo na justiça. 
É o Brasil dos banqueiros, dos empresários amigos do governo e dos professores que fazem greve para não dar aulas. 
 
É o Brasil dos grandes escritórios de advocacia, a começar pelos que se dedicam ao direito penal e defendem corruptos com milhões para gastar em honorários. 
É o Brasil dos diretores da Petrobras que roubavam a empresa — roubaram tanto que até aceitaram devolver parte do dinheiro roubado. 
É o Brasil da mídia que perdeu bilhões em publicidade paga pelo governo. É o Brasil dos que não gostam de concorrência, de mérito individual e de sucesso pelo esforço no trabalho. 
É o Brasil do STF que manda em tudo, mas não consegue impedir a inflação de descer aos 7% ao ano, ou que o desemprego continue caindo, ou que haja crescimento econômico em vez de recessão, ou que as exportações continuem a bater recordes; amariam que essas coisas acontecessem, para o governo desabar junto, mas elas não acontecem. 
É, no fim de todas as contas, o Brasil de quem quer colocar de novo na presidência da República, pela primeira vez na história, um político que a justiça condenou como ladrão por praticar os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, segundo a decisão de nove magistrados diferentes, em três instâncias sucessivas.
 
A folhas tantas do seu pronunciamento à mídia, o ministro do governo Sarney declarou que a queda da inflação é “inconstitucional”.                 O que poderia definir melhor o Brasil que “não aguenta”? 
É essa, de fato, a Constituição que querem defender com os seus manifestos “em defesa da democracia”.

Leia também “Os banqueiros de esquerda e o paraíso 

lulista”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste

 

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

A democracia sem povo - A Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

Por isso mesmo precisam "empurrar a história" rumo ao progresso, promovendo a "justiça social e racial". Não precisam de votos para tanto, pois não se interessam por cargos menores no Legislativo, onde se cria leis. Preferem os atalhos, as trilhas que levam direto ao Poder. Um poder supremo! 
E é de lá que desejam impor suas vontades, criar novas leis, prender desafetos, rasgar a Constituição ao seu bel prazer.
 
A democracia sem povo

Nesse nobre intuito, deparam-se com obstáculos imprevistos. Um presidente meio tosco, por exemplo, um tipo um tanto falastrão que, não fosse um acidente do destino, poderia estar fazendo piadas sem graça num churrasco qualquer.  
Mas está lá, no comando do Executivo, das Forças Armadas, da nação. E resolveu oferecer resistência ao projeto ambicioso e "iluminado" desses deuses togados.
É a areia na engrenagem do sistema, que precisa ser expelida para que tudo volte ao normal, ou seja, aquela roubalheira inevitável para se construir um Novo Mundo. 
Não se faz uma omelete sem quebrar uns ovos, não é mesmo? E claro que os nobres fins justificam quaisquer meios, como sabia titio Lenin. Logo, todo esforço da patota iluminada precisa se concentrar em retirar esse obstáculo do caminho paradisíaco.
 
A mídia, sofrendo de abstinência, entra em peso no projeto, massacrando o presidente diariamente, confundindo-o com o próprio vírus chinês, espalhando Fake News, deturpando cada fato. 
Institutos de pesquisa seguem no rastro e projetam o corrupto que não pode sair às ruas como o grande favorito, quiçá levando no primeiro turno. Tudo pronto para o golpe!
 
Só um detalhe: o povo. Ah, esse ingrato! Não é capaz sequer de entender que tudo que fazem esses iluminados é para seu próprio bem?! São ignaros demais, cegos, alienados, bitolados, fascistas! 
 Agora o povo resolveu participar de uma enorme manifestação para demonstrar sua força, para lembrar que na própria Constituição resta claro que todo o poder emana dele, do povo. Assim não é possível...

Os deuses precisam agir, impedir esse tipo de absurdo. Prendem um sujeito mais fanfarrão, aprovam ações de busca e apreensão na casa de alguns organizadores, vetam as transferências de recursos, baixam regras que impedem sua aproximação da Praça dos Três Poderes. Se alguns povos enfrentam terroristas como Talibã, Hamas ou Al Qaeda, nós temos o cantor sertanejo octogenário e sua viola em cima de uma colheitadeira...

O projeto é bonito demais para ser estragado por gente assim, simples, pueril. Uma dona de casa mineira, que grava vídeos com deboche (e muitos fatos), não pode ser um entrave entre o sonho e a realidade. Retirem já sua monetização, para ela entender uma coisa! As tias do Zap saem em coro em sua defesa, formando uma multidão, mas quem liga? O projeto é belo demais para se preocupar com picuinhas...

Nessa democracia iluminada, tem de tudo! Tem muita ciência, do tipo que trava perguntas incômodas para repetir verdades reveladas. Tem muita tolerância, desde que o sujeito não venha com manias direitistas. Tem enorme diversidade, com cada um podendo escolher entre os cinquenta tons de vermelho. Tem liberdade a rodo, com cada um livre para escolher como obedecer seus senhores.

A única coisa que esse incrível projeto democrático não reservou qualquer espaço foi para o povo mesmo.

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 12 de julho de 2021

Voto impresso não é novidade

Imagine se você fosse apostar na Mega Sena e não recebesse o seu papel com o comprovante da aposta. Você confiaria só na máquina? Na hora que você paga uma conta com o cartão, não pede um cupom também para conferir no fim do mês? Pois querem que confiemos apenas na máquina de votar.

Por três vezes já aprovaram projetos de lei exatamente iguais a este que estão discutindo agora e que membros do Judiciários estão contra. A Justiça Eleitoral e ministros do STF estão fazendo reuniões políticas, com dirigentes partidários contra o projeto. O que é muito estranho pois eles são impedidos de fazer isso. [é a famosa conduta errada, que virou regra: reclamar do Supremo? a quem?]

Esse projeto já foi tentado por Roberto Requião (PMDB), Flávio Dino (então no PCdoB), Brizola Neto (PDT) e também foi um projeto de Jair Bolsonaro, quando deputado federal. Este último foi vetado pela ex-presidente Dilma, e o veto dela foi derrubado por uma união de todas as vertentes políticas, porque todo mundo queria ter garantia de não haver fraude na eleição.

Por que mudaram de ideia agora?  Além disso, o Judiciário deveria conhecer o adágio latino quod abundat non nocet (o que vem a mais não prejudica).

O ministro Luís Roberto Barroso disse que não há registro de fraude. Mas o líder do PSDB, Carlos Sampaio, na época em que Aécio Neves (PSDB) concorreu a eleição e perdeu no final por poucos votos, depois de ficar 90 dias tentando auditar as urnas, afirmou: “Impossível auditar, impossível saber se teve fraude no atual sistema”.

Por isso que Bolsonaro afirmou que eleição com fraude não pode acontecer. Aziz admite que CPI está virando chacota
A frase é do próprio senador Omar Aziz: “Não aceito que esta CPI vire chacota!”. Então, alguém, ou sua consciência, disse pra ele que está virando chacota.

Prevaricação seria acreditar no deputado Luis Miranda

Um discurso do ministro da Defesa, na entrega dos espadins para os aspirantes, na Academia da Força Aérea em Pirassununga, “as forças armadas sempre foram protagonistas dos momentos principais de nossa história. Vivemos momentos delicados e estamos silentes, acompanhando a conjuntura atual. Em tempos de desinformação, cresce a importância de buscar fontes idôneas. Confiem na cadeia de comando e na lealdade de seus líderes superiores. Eles representam a palavra oficial da Força. À frente do Ministério da Defesa reafirmo que as Forças Armadas continuarão com fé em suas missões constitucionais, como instituições nacionais permanentes, com base na hierarquia e na disciplina sob a autoridade suprema do presidente da República para assegurar a defesa e a soberania, a independência e a harmonia entre os Poderes e a manutenção da democracia e da liberdade do povo brasileiro a quem efetivamente devemos servir e buscar o bem comum”.

Está aí o recado, porque tem tanta gente com ideias totalitárias no País que é uma coisa incrível
Tudo porque o sistema de corrupção está estrebuchando, não aguenta mais o jejum e a abstinência do dinheiro da Petrobras, das empreiteiras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, do Ministério da Infraestrutura, do Ministérios da Saúde, da Lei Rouanet, do Imposto Sindical.
 
Alexandre Garcia, colunista - VOZES - Gazeta do Povo

sexta-feira, 15 de maio de 2020

A fila anda - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Bolsonaro tem crise de abstinência quando não persegue alguém. Vítima da vez é Nelson Teich

“Tratar isso como não essenci..., como... como não essen... como essencial é um passo inicial. Foi decisão do presidente... que decidiu isso aí. Saiu hoje isso? Manicure, academia... barbearia? Não... Isso aí... não é atribuição nossa.”

[já podem escolher outro para ser a 'bola da vez';
o ministro Teich não é mais ministro da Saúde.
A propósito, nunca deveria ter aceito o cargo. Teich pode ser inteligente, competente,  capaz  - provavelmente é - mas não tem o perfil, traquejo político, para sobreviver em uma posição em que ser acossado por políticos traiçoeiros, jornalistas ansiosos por assinar manchetes e por um presidente cioso da disciplina - a um nível incompatível com a atividade política.]

Foi assim, pego de surpresa, balbuciando, que Nelson Teich, ministro da Saúde, médico oncologista respeitado, com especialização em gestão em saúde, descobriu numa entrevista coletiva que não apenas não manda nada como passou a ser o novo saco de pancadas do presidente Jair Bolsonaro no governo.

Mal acabou de demitir Luiz Henrique Mandetta e de empurrar porta afora o “superministro” Sérgio Moro, o presidente já passou a desautorizar ninguém menos que o novo ministro da Saúde, justamente em meio à pandemia e com o número de mortos chegando a mil por dia. Por dia! O enredo é bem conhecido. Primeiro, o presidente dá bronca no ministro ou auxiliar em entrevistas. Depois vai minando a autonomia e a autoestima da vítima. Por fim, demite ou pressiona para a demissão. No script, falas recheadas de autoafirmação: “Eu sou o presidente, pô!”, “eu que fui eleito”, “Eu nomeio, todos têm de ser afinados comigo”, “Quem manda sou eu. Ou vou ser um presidente banana?”.

A fila das vítimas é longa. Além de Mandetta e Moro, o delegado Maurício Valeixo, da PF, o general Santos Cruz, secretário de governo, o amigão Gustavo Bebianno, secretário geral da Presidência, o economista Joaquim Levy, do BNDES, e o cientista Ricardo Galvão, do Inpe. Sem falar na secretária da Cultura, Regina Duarte, que está em banho maria, nem nos superintendentes da PF no Rio, um atrás do outro. Em compensação, Ernesto Araújo (anti-China), Weintraub (anti-STF e antiportuguês) e Ricardo Salles (desmatamento) continuam muito prestigiados.

Assim como Regina Duarte, Nelson Teich assumiu sem nunca ter assumido e é uma ilha na própria casa, provavelmente nem sabe os nomes da sua equipe. Não indicou ninguém para o Ministério, engoliu uma penca de militares que não conhecia e nunca conseguiu apresentar um programa, um modelo de combate ao coronavírus. Da última vez que tentou, acabou cancelando a entrevista minutos antes do início.

Há um muro entre Jair Bolsonaro e Nelson Teich: a ciência. Apesar de bolsonarista desde a campanha de 2018, Teich tem uma biografia a zelar. Não vai jogar isso fora para agradar ao presidente, contrariando estudos científicos do mundo inteiro e pregando o fim do isolamento social e o uso indiscriminado de cloroquina. Enquanto Teich admite até o lockdown em algumas circunstâncias e regiões, Bolsonaro mantém sua cruzada insana contra o isolamento e, portanto, para jogar mais e mais pessoas nas ruas, nas UTIs e nos túmulos. Enquanto o ministro avisa que a cloroquina não salva vidas e tem graves efeitos colaterais, o Dr. Jair “está exigindo” seu uso.

É assim, na base do achismo e centrado nele mesmo, que Bolsonaro solta uma polêmica MP livrando agentes públicos de responsabilidade por decisões durante a pandemia, define uma “guerra” contra o governador João Doria, confraterniza com o grande capital, tenta capturar eleitores pobres do PT e mantém sua relação esquizofrênica com deputado Rodrigo Maia. Ataca, depois chama em palácio e abraça.

Enquanto isso, convém ler e entender o artigo de ontem do vice Hamilton Mourão no Estadão, com múltiplos recados e puxões de orelhas no Judiciário, governadores e mídia, sem um pingo de crítica (ou autocrítica) aos graves erros do governo. “Nenhum país do mundo vem causando tanto mal a si mesmo como o Brasil”, decreta o vice. Impossível discordar. Mas faltou nomear quem efetivamente causa tanto mal assim. 

Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo



domingo, 27 de outubro de 2019

Luciana Gimenez: despida para causar com bolsinha de 120.000 reais - VEJA

'Nem fiz maquiagem para a foto'


Usando apenas uma versão míni da bolsa Kelly, da Hermès, de pele de crocodilo, com dimensões de 20 por 14 por 10 centímetros, Luciana Gimenez postou a foto acima no Instagram para causar, e causou. “Sabia que eu estava sem maquiagem e fiz a imagem com meu celular mesmo?”, diz ela, como se a foto não tivesse pretensão.

Com tanto corpo à mostra, alguém olha para a falta de base e sombra? A bolsinha de Luciana custa 120 000 reais, e há uma fila de espera de dois anos para comprá-la. O corpo dela, bem, o corpo é esculpido com sessões diárias de pilates e abstinência de carboidratos e drinques. “Detesto bebida alcoólica”, confessa.

Discreta, Luciana deixou de dar uma notícia nas redes sociais: está solteira. “A verdade é que não tem muito cara legal no mercado, muitos são imaturos e não querem nada com nada”, afirma. Pobre Luciana.

Publicado em VEJA, edição nº 2658,   de 30 de outubro de 2019


terça-feira, 5 de abril de 2016

Por que NÃO fazer sexo pode ser bom para você

Sim, admito, estou num relacionamento sério e sou abstinente. Escandaloso, eu sei.

Falando nisso, por acaso, todo esse espetáculo de depravação empoderou alguma mulher por aí?

Sexo. Alguns fazem, a maioria gosta e todos nós pensamos a respeito… bastante. Garanto que eu penso (embora tenham me falado que é normal). Transar não é mais o assunto tabu que já foi um dia.  A conversa que, antigamente, só acontecia sussurrada atrás de portas fechadas, hoje em dia, ocorre abertamente sem qualquer embaraço. Sendo eu um comediante, já vi muitos descreverem, livremente, os atos sexuais mais depravados e explícitos que conseguiam imaginar, apenas para arrancar umas risadas do público. Está claro que fazer piadas sobre “linguiça” não é mais desbravar um novo território, como já foi.
Curiosamente, existe hoje um ponto de vista sobre sexo que, quando abordado, ainda faz as pessoas recuarem desconfortavelmente… a abstinência. De certo modo, a concepção de abstinência tornou-se uma piada neste País. Do mito da educação fantasiosa sobre abstinência como única opção à constante retratação (debochada) pela mídia de jovens cristãos nerds e antissociais repletos de apetrechos de castidade, a mensagem que a cultura pop transmite sobre abstinência é clara: se você se abstém de sexo é porque a) você é feio ou b) você é um fracassado. No meu caso, muitas vezes eram as duas coisas.

Talvez apenas falte graça ao assunto, ou talvez tenha começado com o uso indevido da libertinagem como alicerce da emancipação feminina, mas, se você apenas sugerir a alguém que a abstinência pode trazer benefícios, será, na maioria das vezes, apontado como um imbecil repreensor mais rápido do que o Bill Maher vomita suas críticas. Claro, Michelle Obama pode sair por aí criticando crianças gordinhas por comerem demais, mas se você tentar aplicar o mesmo conceito útil e saudável para o sexo, será visto como impertinente e/ou pudico.

Entenda, não é preciso ser religioso (ou um gênio) para enxergar as vantagens da abstinência. Vamos desconsiderar que seria imediatamente eliminado o risco, cada vez mais popular, de contrair doenças sexualmente transmissíveis. Vamos até desconsiderar as estatísticas que demonstram que exclusividade sexual favorece imensamente o sucesso no casamento. Abstinência também proporciona um incomparável vínculo de confiança numa relação.

Sim, admito, estou num relacionamento sério e sou abstinente. Escandaloso, eu sei. É uma coisa muito difícil de fazer (sobretudo para mim, porque ela é areia demais pro meu caminhãozinho), e é isso que a torna tão importante.  Posso afirmar, sem dúvida, que a minha namorada é capaz de se controlar e ater-se a seus valores independentemente das circunstâncias. Assim como, certamente, ela pode dizer o mesmo de mim (exceto quando o assunto é sorvete). É essa demonstração de autocontrole, esse exemplo concreto de viver conforme nossos princípios, que garante a ela que eu não vou abandonar o barco quando a primeira oportunidade voluptuosa aparecer na minha frente.

Pelo mesmo princípio, posso relaxar sabendo que a minha amada não tentará ir para a cama com nenhum ator famoso – mesmo que ele tenha um tanquinho daqueles. Confiança é o resultado disso. Ouvimos constantemente mulheres reclamando do suposto ciúme excessivo de seus namorados, “Qual o problema? Você não confia em mim?”

Não, ele não confia. Você dormiu com ele na primeira noite, e não há motivo para ele achar que você não faria isso de novo quando algo melhor aparecer.  Falando nisso, por acaso, todo esse espetáculo de depravação empoderou alguma mulher por aí? Sempre imaginei que assegurar gratificação sexual imediata nas relações modernas traria mais prejuízo do que lucro para um relacionamento. Também sempre imaginei que sexo com uma pessoa com quem você compartilha confiança, lealdade e diálogo aberto seria muito mais libertador que a adrenalina de qualquer noite de sexo casual que se possa ter.

Mas que sei eu? Sou apenas um jovem tolo apaixonado, abstinente e livre de DSTs. Vocês deveriam tentar qualquer dia desses… embora eu não esteja aqui para julgar.

Publicado no Fox News Opinion.

Tradução: Mônica Martins - http://tradutoresdedireita.org/