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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Parlamentares e associações de jornalistas criticam mudança do Comitê de Imprensa da Câmara - G 1 Jornal Nacional

A nova sala fica longe do plenário e dificulta acesso dos repórteres aos parlamentares. Não é a primeira vez que um presidente da Câmara tenta ocupar o espaço do Comitê de 
Imprensa, onde os jornalistas trabalham.
[se grande parte dos jornalistas trabalha em casa, realizando até entrevistas, regime de home office - tipo noticia cai no colo do repórter - mudar a sala de imprensa de um ponto da Câmara dos Deputados para outro (no mesmo prédio), representa evidente ato de censura, coerção e de bloqueio à atividade jornalística.
Na imposição da medida não existe nenhum impedimento legal que motive o recuo de Arthur Lira, certamente a matéria irá para o Supremo Tribunal Federal.] 

Parlamentares e associações de jornalistas criticaram a decisão da direção da Câmara de mudar de lugar o Comitê de Imprensa da casa. A nova sala fica longe do plenário e dificulta o acesso dos repórteres aos deputados.Não é a primeira vez que um presidente da Câmara tenta ocupar o espaço do Comitê de Imprensa, onde os jornalistas trabalham. [espaço interno da Câmara dos Deputados, sob administração daquela Casa legislativa - o novo espaço continua no interior da Câmara, apenas alguns metros distante do atual.]

Em 2007, o então presidente Arlindo Chinaglia, do PT, por exemplo, tentou. Eduardo Cunha, do MDB, também, em 2015. Na gestão passada da mesa diretora da Câmara, a deputada Soraya Santos, do PL, então primeira-secretária, assumiu o projeto da mudança. O presidente da Câmara, Arthur Lira, do Progressistas, decidiu dar prosseguimento.[se percebe que a necessidade da mudança vem sendo reconhecida pelas mais diversas correntes políticas; agora com Arthur Lira no comando, a mudança será realizada = o que complica é o atual presidente da Câmara ser aliado do presidente da República.] 

Como o Congresso Nacional é patrimônio cultural do Brasil, tombado em 2007 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a mudança teve que ser autorizada. O Iphan deu aval em 2018. Considerou que “a intervenção não apresenta riscos de descaracterização do edifício e se restringe à reorganização e redistribuição interna de diversos ambientes de trabalho, não havendo nenhuma alteração, seja na volumetria do edifício, suas fachadas ou obras de arte integradas”.

O comitê deve ir para um novo espaço, longe do plenário e bem menor que o atual, sem as cabines que são usadas pelas emissoras de rádio e TVs para gravações e entrevistas. O comitê tem 46 mesas para os repórteres e o novo espaço teria 41.Para sair da presidência da Câmara e chegar ao plenário, o presidente precisa passar por uma área de circulação, o chamado Salão Verde, onde pode ser abordado pelos jornalistas. Com a mudança da presidência para onde fica o Comitê de Imprensa, ele terá acesso direto ao plenário, sem passar pelos repórteres.

Já os repórteres vão perder esse acesso direto ao plenário - serão transferidos para outro andar. A mudança já tem data marcada. Os jornalistas deverão deixar o comitê na quinta-feira (11). Na segunda-feira (8), em nota, Arthur Lira disse que “a alteração em nada vai interferir na circulação da imprensa, que continuará tendo acesso livre a todas as dependências da Câmara como plenário, corredores, salões e à própria presidência”, e que “o objetivo da mudança é aproximar o presidente dos deputados”.

Na sessão desta terça-feira (9), deputados fizeram apelos para que Lira desista da mudança. Kim Kataguiri, do Democratas, que está recolhendo assinaturas de deputados para reverter a decisão, questionou o presidente: “Gostaria de questionar vossa excelência se essa decisão é definitiva ou se ainda existe possibilidade de 
reconsideração”.
Lira respondeu: “A decisão administrativa está tomada”. 

[nossa opinião: Considerando que tudo é judicializado no Brasil, estando qualquer assunto, por mais irrelevante que seja, sujeito a ser julgado pelo Supremo, acreditamos que algum partideco acionará o STF, para se manifestar sobre o tema.
Tem se observado, nos tempos recentes,  que os ministros do STF além do notório saber jurídico que a Constituição impõe que possuam, se consideram possuidores do saber holístico, sem prejuízo de especialização em algumas áreas. 
Exemplos: 
- O ministro Lewandowski, tem se destacado no conhecimento da área médica, especialmente a da imunização; 
- o ministro Gilmar Mendes atribuiu ao Exército Brasileiro a prática de genocídio - talvez pretendesse rechear o currículo para uma possível indicação ao TPI - Haia, Holanda; complicou quando o comandante da Força terrestre questionou sobre os cadáveres - indispensáveis a comprovação do crime de genocídio;
- o ministro Alexandre de Moraes, no entender do ministro Toffoli, está capacitado para atuar no campo do escatológico (nos referimos ao adjetivo  escatológico, o  que trata das implicações teológicas do fim do mundo, sobretudo o Juízo Final) tanto que foi designado  pelo então presidente do STF para conduzir o inquérito das fake news, mais conhecido como o inquérito do 'fim do mundo' - a designação foi nominal,sido dispensado o regular sistema de sorteio do relator.
Vamos torcer que a decisão da Suprema Corte seja favorável a que uma das casas de um dos Poderes da República possa administrar livremente sua área interna.]

Em nota, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) disse que “o presidente da Câmara desmerece e prejudica jornalistas que trabalham na casa; que Oscar Niemeyer projetou o comitê ao lado do plenário para que os jornalistas tivessem acesso ao principal local de debates e deliberações; que, ao propor a mudança do comitê, fere a memória da casa que, desde sua instalação, abriu espaço e facilitou a atuação dos jornalistas. A Fenaj pede ao presidente Arthur Lira que reveja a decisão”.

A Associação Nacional de Jornais também divulgou nota lamentando a decisão que “não contribuiu para aproximar a imprensa do Legislativo” e disse que “toda medida que dificulta o trabalho da imprensa atenta contra a transparência do parlamento e a necessária cobertura e acompanhamento dos trabalhos legislativos”.

 Jornal Nacional e G1Transcrito em 10 fevereiro 2021

 

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Só a luta amada evita a ditadura - Fernando Gabeira

O Globo

Só a luta amada evita a ditadura

Pena que os militares tenham embarcado nessa canoa. São potenciais interlocutores. Conhecem bem o Brasil

Felizes com a ideia, todos se preparam, sabendo que o bastão há muito foi passado para as novas gerações. Não importa a importância do papel, o que importa é estar presente. Da minha parte, a situação é clara. No passado, deixei o país. Hoje, sinto que o país é que está me deixando, dissolvendo-se numa bruma viscosa, tornando-se irreconhecível.

Por isso, quando um grupo gaúcho sugeriu a ideia de uma luta amada, disse imediatamente que para mim caía como uma luva.
Durante muitos anos, ao lado de outros, construímos uma legislação ambiental para proteger nossos recursos naturais. Relatei, por exemplo, o projeto do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, conhecido como Snuc. Parece um nome de cachorrinho, Snuc, mas encerra uma realidade de florestas, montanhas, rios e manguezais que visito com frequência.

Quando vejo que estão querendo desmontar a legislação, aproveitando-se do nosso foco na pandemia, quando ouço que querem fazer uma boiada passar sobre a tenra grama de nossa rede de proteção, sinto claramente que estão nos levando o Brasil. Ao saber que Bolsonaro decapitou a direção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, apenas para atender ao dono da Havan, sinto um calafrio. É um homem que vendia produtos chineses e tem uma cadeia de lojas com uma cafona Estátua da Liberdade na porta.

O Iphan foi dirigido por intelectuais como Rodrigo Melo Franco, Aloísio Magalhães, e Bolsonaro escolheu agora a esposa de um dos seus seguranças, para tomar conta de 1.300 bens materiais e 25 mil sítios arqueológicos. Foi barrado pela Justiça Federal. Bolsonaro acha que nosso patrimônio se confunde com o que ele chama de cocô de índio cristalizado. Das estátuas do Aleijadinho às pinturas rupestres da Serra da Capivara, é desse rico conjunto que extraímos o sentido de identidade nacional e também postos de trabalho para muita gente. Passam com uma boiada sobre os bens naturais e com um bando de javalis sobre nossos bens culturais.

Pena que os militares tenham embarcado nessa canoa. São potenciais interlocutores. Conhecem bem o Brasil. O escorregadão geográfico do general Pazuello foi apenas um acidente isolado. Não sei se os militares estão usando Bolsonaro como um bode na sala, para depois se apresentarem como moderadores no pântano que ele criou. Ou se simplesmente se deliciam com o acúmulo de soldos e salários como os militares da Venezuela. Em ambos os casos, estarão perdidos para sua tarefa maior, a defesa nacional. Não importa quantos aparatos de guerra possam comprar, se não têm mais o respeito do povo brasileiro.

De que adianta entrar para o Ministério da Saúde e empilhar cadáveres com a naturalidade com que pintam as árvores de branco? Nossas populações indígenas estão sendo dizimadas pela Covid-19, nossa juventude negra massacrada pela opressão policial, nossas favelas organizam-se como podem para substituir um governo ausente na pandemia, ausente em todos os tempos. Só não saímos às ruas porque o vírus tem sido implacável com os mais velhos. Por mais que Bolsonaro arme seus aliados e os filhos lutem para trazer do exterior novos brinquedos de morte, é preciso viver um pouco. Na verdade, é preciso cautela nas ruas, pois todos precisam estar vivos. Cada um de nós que resiste é um pedaço do Brasil que pede socorro à humanidade, ao que resta de humano na humanidade.

Nem todos sabem como este país é grande, diverso, solidário, magnífico em sua beleza. Impedir que se dissolva nas mãos de vendedores de bugigangas, grileiros, racistas, incendiários é a grande tarefa de construir uma civilização tropical onde querem apenas pasto, fuzis, asfalto, carros e eletrodomésticos. Como não suprimir o “r” das lutas passadas e chamar isto de uma luta amada?
Como não compreender que todas as gerações pretéritas nos lembram de que o Brasil existe para todo o sempre, e que reinventá-lo depende de nós?

Fernando Gabeira, jornalista - O Globo


sexta-feira, 1 de junho de 2018

Planalto considera greve dos caminhoneiros encerrada [exceto no DF]

[no Distrito Federal continua faltando gás (seja o botijão de 13 kg., quando o de cilindros e o fornecimento para condomínios e quando aparece é pouco e chega a ser vendido por até 150 reais. 

Quanto à gasolina uma simples passagem hoje por Taguatinga, - parcial, apenas na Hélio Prates e Centro -  constatamos 'apenas' 15 postos de combustível, em sequência, com filas imensas e detalhe: nenhum dos postos tinha combustível nem previsão de quando chegaria. Imagine em toda Taguatinga, mais Ceilândia e Samambaia.

O governado Rollemberg por sua vez e com sua  proverbial incompetência suspendeu aulas e reduziu o atendimento na Saúde e em outros órgãos públicos.

Com isso os ônibus urbanos adotaram a escala de domingos e feriados - com grande redução de ônibus nas ruas - esquecendo que a maior parte da população trabalha em empresa privada e teriam que trabalhar. Resultado: milhares de pessoas nas paradas, aguardando ônibus que não apareciam e quando aparecia algum, sequer parava por estar superlotado.]

Sem bloqueios registrados pela Polícia Rodoviária Federal nas estradas, estimativa é de que abastecimento seja normalizado em sete dias 

 

O Palácio do Planalto considera que a greve dos caminhoneiros chegou ao fim. Apesar de divergências a respeito da quantidade de pontos de concentração de manifestantes e veículos em rodovias federais no país, o governo federal celebra a retomada do abastecimento nas principais cidades. Frutas e hortaliças começaram a ser descarregadas ontem de norte a sul do país. Apesar das filas, postos de combustíveis começaram a receber gasolina, etanol e diesel com mais frequência. O presidente Michel Temer e ministros avaliam como sendo um sinal da volta da normalidade ao país.



A avaliação do governo é de que o abastecimento deve retomar aos índices anteriores à greve em uma semana. A previsão foi feita, na quarta-feira, pelo chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, almirante Ademir Sobrinho. Até as 19h de quarta, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) contabilizava 197 pontos de bloqueio. Ontem pela manhã, chegou a 30 focos de protestos. Às 12h12, o órgão não contabilizava mais aglomerações. O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, celebrou de maneira comedida os dados recebidos pela PRF. [o comedimento do Marun é fácil de explicar: nem ele, trator de Temer, acredita nos dados que divulga; já ocorreu, não apenas uma vez, de na entrevista do "gabinete 'gerador' de crise" só notícias maravilhosas, que tudo está bem e os participantes quando saem do Palácio do Planalto constatam que a realidade nas ruas - especialmente nos postos de combustíveis com filas, mesmo sem combustível e sem previsão de quando chegará - é bem cruel.]  “A greve dos caminhoneiros já acabou, mas não podemos comemorar ainda o fim do movimento. Há bem menos do que 50 pontos de concentração, que eu diria que são quase que piquetes”, disse. 

 

 O momento, ressaltou o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen, é de monitoramento. “As concentrações continuam monitoradas. Estão reduzindo e significam que, além disso, as cargas voltam a circular e teremos mais caminhões disponíveis para a normalização do abastecimento”, destacou. [o receio do brasiliense é que esta normalização ocorra junto com a construção do viaduto que desabou, parcialmente, centro de Brasília,e que até agora só tem promessa de ser recuperado. 

A falta do que fazer para retardar a obra o GDF arruma uma encrenca com o IPHAN - alguém sabe para que serve aquele instituto? - sobre as dimensões dos pilares: o GDF quer pilares mais largos e o Iphan quer mais estreitos - enquanto isso a obra permanece parada.]

 

Em um culto evangélico, Temer também mostrou confiança nas mudanças no país após a greve dos caminhoneiros. “Graças a Deus, estamos encerrando a greve dos caminhoneiros. Encerrando por meio de uma atitude minha que tem sido criticada, que é o diálogo. Não do uso da força”, ponderou. A declaração foi um gesto de pedir apoio a religiosos da Assembleia de Deus, instituição representada por alguns parlamentares da bancada evangélica no Congresso. “Orando por mim e pelo governo, estarão orando pelo país”, disse o presidente.

 

Força-tarefa
O governo, no entanto, avalia que a efetiva redução do preço do diesel nas bombas é uma das preocupações. É um acordo que o Planalto não pretende descumprir, até para evitar que os caminhoneiros voltem a ocupar as estradas. Por esse motivo, será publicada hoje no Diário Oficial da União uma portaria que trará regras e normas de uma fiscalização integrada entre diversos órgãos para certificar que o desconto subsidiado de R$ 0,46 seja repassado integralmente, a partir de amanhã.

A portaria trará definições e atribuições do que o governo chama de “rede de fiscalização”, uma força-tarefa composta por seis órgãos. O objetivo é fiscalizar o repasse do combustível de ponta a ponta. Ou seja, se o desconto de R$ 0,46 nas refinarias chegará nas bombas.

O ministro substituto da Justiça, Claudenir Brito Pereira, explica que a ideia é garantir uma fiscalização preventiva, mas que pode chegar a conclusões e consequências repressivas. “O próprio Código de Defesa do Consumidor permite aplicações de várias sanções a estabelecimentos que impõem práticas abusivas de preços, como multas que podem ultrapassar o valor de R$ 9 milhões, ou uma suspensão temporária das atividades”, destacou.

Correio Braziliense 

 

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Sobre a imoralidade

Por opção do presidente Michel Temer, Geddel permanece no cargo, enquanto o ministro que denunciou suas práticas patrimonialistas saiu do governo

[a manutenção de Geddel é uma imoralidade que além de desmoralizar o atual presidente da República - cargo que desde 2002 perdeu toda a estatura moral - demonstra a leniência de Temer com as imoralidades e ilegalidades praticadas por seus auxiliares.]

A persistência da confusão entre o público e o privado, que se manifesta especialmente na concepção segundo a qual o Estado é propriedade de quem está no poder e, portanto, deve servir aos interesses privados das autoridades, está na raiz do grande atraso nacional. 

Sendo assim, se o Brasil realmente tem a intenção de superar seu crônico descompasso com o mundo desenvolvido, o primeiro passo deve ser a renúncia à velha prática do patrimonialismo. Mas o recente caso envolvendo o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, que tentou usar sua influência para mover a máquina do Estado a favor de seus negócios particulares e ainda assim foi mantido no cargo –, serviu para lembrar que infelizmente estamos muito longe de dar esse passo.

Geddel, como se sabe, comprou um apartamento num prédio de Salvador cujas obras acabaram embargadas pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Diante desse contratempo, o ministro poderia ter recorrido aos serviços de um advogado, como faria qualquer cidadão comum, mas preferiu o atalho por onde transitam os cidadãos que se julgam incomuns: procurou o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, a cuja pasta se subordina o Iphan.

Diante da pressão, Calero decidiu pedir demissão e revelar o caso à imprensa. Em entrevista à Folha de S.Paulo, contou que a gestão de Geddel para que a obra fosse liberada foi explícita, incluindo uma ameaça de “pedir a cabeça” da diretoria do Iphan e de falar “até com o presidente da República”. No dia seguinte, Geddel disse ao Estado que Calero estava exagerando”, mas admitiu que conversara com o colega sobre a necessidade de liberar a obra. “Que ilegalidade há nisso? Qual a imoralidade que há em tratar desse tema com um colega meu?”, perguntou Geddel na entrevista. Quando um ministro de Estado flagrado em claro conflito de interesses questiona, em tom de indignação, onde está a imoralidade de seu ato, confirma-se que o rebaixamento dos padrões morais na política nacional não é um fenômeno isolado.

E no entanto, por opção do presidente Michel Temer, Geddel permanece no cargo, enquanto o ministro que denunciou suas práticas patrimonialistas saiu do governo. Não é uma situação condizente com o discurso de um presidente da República que, 12 dias depois de herdar uma administração esfacelada pela incompetência gerencial e pela corrupção avassaladora, prometera defender a moral pública – e “não porque eu queira que haja moralidade”, enfatizou Temer na ocasião, “é porque a Constituição determina”.

A permanência de Geddel indica que a disposição de Temer de honrar os ditames da Constituição a respeito da supremacia do interesse público começa a perder vigor diante das conveniências políticas. Entende-se que, ao montar seu Ministério para superar a situação crítica na qual o País fora deixado pela irresponsabilidade criminosa do lulopetismo, Temer tenha recorrido a amigos nos quais reconhecia a habilidade necessária para ajudá-lo na tarefa de mobilizar o Congresso em favor da governabilidade. O problema é que esses auxiliares começam a se considerar intocáveis exatamente porque julgam controlar a base aliada, cuja coesão é essencial para Temer.

Nesse contexto, Geddel tornou-se “fundamental” para o governo, como disse o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao defender o ministro: “Geddel tem o apoio do Parlamento, tem a confiança, tem exercido papel fundamental para o governo na articulação política”. Para Maia, “o governo precisa de tranquilidade e precisa continuar contando com Geddel”, razão pela qual é preciso “virar essa página”. Na mesma linha foi o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), para quem “a oposição está se aproveitando de um assunto que é muito pequeno perto de outros assuntos de interesse do País para poder fazer disso um cavalo de batalha”.

Diante de tamanha veemência dos governistas, é o caso de perguntar até que ponto o discurso sobre a necessária governabilidade não está servindo para perdoar pecados que, fossem outros os pecadores, seriam considerados capitais.

Fonte: Editorial - O Estado de S. Paulo 

Geddel agiu igual todo inquilino da Casa do Espanto = Zé Dirceu, Erenice Guerra, Gleisi Hoffmann... - Temer dá posse a Freire em cerimônia fechada e continua errando no caso Geddel

Ética é isso aí

Líder do PTB explica que Geddel fez o que todo inquilino da Casa do Espanto adora fazer

“Isso é um absurdo o que aconteceu. Precisa dar piti? Por que a palavra do ex-ministro tem mais força que a de Geddel? É uma conversa natural existente entre políticos. Em qualquer parte do país político é demandado. O assunto se encerra quando você diz ‘não'”. (Jovair Arantes, líder do PTB na Câmara dos Deputados, sobre a colisão entre Geddel Vieira Lima e Marcelo Calero, revelando que, no dialeto falado na Casa do Espanto, “piti” significa pedido de demissão e “conversa natural” quer dizer pressão ilegítima, e garantindo que todo ministro tem o direito de dizer “não” desde que renuncie ao cargo em seguida)

Publicado na Coluna do Augusto Nunes

Temer dá posse a Freire em cerimônia fechada e continua errando no caso Geddel

Presidente evidencia irritação contida em cerimônia e foi, o que não é de seu feitio, grosseiro com o ex-ministro Marcelo Calero. Ocorre que este era o mocinho do filme...

O presidente Michel Temer parece ter ficado irritado mesmo com o quiproquó no Ministério da Cultura, envolvendo Geddel Vieira Lima (ministro da Secretaria de Governo) e Marcelo Calero, ex-ministro. A lamentar no particular: o alvo de sua irritação, que sempre é má conselheira, está errado. Infelizmente, fosse um filme, o presidente não estaria simpatizando com o mocinho. Logo…

Vamos ver. Temer deu posse nesta quarta ao novo titular da Cultura, Roberto Freire, uma pessoa, já disse aqui, de muitos méritos políticos. Nada sei que o desabone, concorde eu com ele ou não. Optou-se por uma cerimônia fechada, sem a presença da imprensa. O que isso indica? Que o governo está com problema. O normal seria fazer o contrário. Mas não se vive uma quadra normal.

Para lembrar: Calero pediu demissão acusando Geddel de pressioná-lo para que o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) liberasse a construção de um edifício de mais de 30 andares, em Salvador. Segundo o órgão, que vetou a construção, a obra teria impacto negativo em áreas tombadas da cidade. O argumento mais forte empregado por Geddel foi o de que ele próprio havia feito uma oferta de compra. Descobriu-se depois que um primo e um sobrinho seus eram os representantes da empreiteira — com cujos donos o ministro mantém relações de amizade — no confronto com o Iphan.

Pois bem… No discurso de posse de Freire, Temer, normalmente um homem educado, elegante, beirou a grosseira ao se referir, sempre de forma indireta, a Calero, a quem não agradeceu, como reza o protocolo. O ex-ministro virou apenas o “outro companheiro”. Disse o presidente: “Nós temos hoje a absoluta certeza de que o governo federal está ganhando muito. E, se o governo federal foi bem até agora, a partir do Roberto Freire, vai ganhar céu azul, velocidade de cruzeiro e vai salvar o Brasil”.

Salvar o Brasil? Trata-se, obviamente, de um exagero. Mais do que isso: é um despropósito. Não se salva o Brasil a partir do Ministério da Cultura. Não se salva o Brasil a partir de ministério nenhum.  A passagem em que chamou Calero de “outro companheiro” saiu arrevesada. Falando com Freire, afirmou:  “Houve uma grita natural na área cultural à junção das pastas, e acho que nós, alertados, devemos verificar a procedência ou improcedência dessas contestações. Quando são legitimas, você revê o ato, e foi isso que fiz. Mas, a essa altura, não foi possível levá-lo, porque já havia outro companheiro na então Secretaria de Cultura”.

Não houve uma “grita”. Houve protestos, absolutamente previsíveis. O governo cometia, então, um erro, para o qual adverti aqui. Teve o mérito de recuar. Mas não é verdade que Freire só não foi o escolhido porque “já havia um outro companheiro”. Já então foi um dos nomes cogitados. Ditas as coisas desse modo, fica parecendo que Calero havia se imposto ao governo, o que teria impedido a tempestiva escolha de Freire.

Reitero: Freire é um bom homem e um político hábil. Depois da posse, disse que vai conversar com seu antecessor e garantiu que Kátia Bogea, a presidente do Iphan, permanece no cargo. Melhor assim. Defendeu ainda a Lei Rouanet e coisa e tal… Nada que tenha fugido de um discurso correto de quem chega à pasta.  A cerimônia de posse de Freire coroa a má condução dada ao caso pelo governo federal até aqui. A blindagem de Geddel, num caso em que lhe bastaria admitir o erro, foi despropositada. Ficou parecendo que estavam tentando mexer com o condestável da República ou que o ministro estava sendo alvo de alguma conspiração. E não estava.

É Geddel que foi flagrado fazendo o que não devia, como resta notório a qualquer pessoa razoável. Por mais que Temer tenha se sentido, sei lá, “traído” pela entrevista concedida por Calero, a reação foi e continua a ser destrambelhada. Um céu de brigadeiro não comporta nuvens onde interesses cinzentos como as de Geddel.

Começou errado. Terminou errado. E isso sempre tem consequências.

 Publicado no Blog do Reinaldo Azevedo

 

 

domingo, 20 de novembro de 2016

Geddel tem que ser demitido ou o Governo Temer fica desmoralizado

Prédio em que Geddel tem apartamento tem imóveis a partir de R$ 2,5 milhões

O prédio tem 24 apartamentos, um por andar. São 23 unidades de 259 metros quadrados, com quatro suítes e uma cobertura "top house" de 450 metros quadrados

 [A entrevista do Geddel - TV Globo - deixa claro que ele se julga com direitos a adaptar as decisões do Governo aos seus interesses individuais.

Se em uma entrevista, vista por milhões de pessoas, demonstrou todo aquele empenho em usar a força do cargo em defesa dos seus interesses pessoais, fica fácil deduzir a pressão que ele fez sobre o então Secretário de Cultura em uma reunião a dois.

Temer não deve esperar nem pelo Conselho de Ética e demitir,  ainda hoje,  o ainda ministro.]

No centro da polêmica que custou o cargo ao ex-ministro da Cultura Marcelo Calero está um empreendimento de alto padrão, em um bairro nobre de Salvador, com unidades vendidas a partir de R$ 2,5 milhões. Não por acaso, o prédio de 30 andares recebeu o nome de La Vue - vista, em francês. No site do empreendimento, a promessa é de vista total para a Baía de Todos os Santos, o que será prejudicado com a decisão do Iphan de não permitir prédios maiores do que 13 andares na região. 

Segundo Calero, sua saída do cargo foi decidida após ter sofrido pressão do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, para liberar a obra, onde o ministro tem um apartamento. Geddel admite ter conversado com Calero sobre o assunto, mas nega a pressão.

O prédio tem 24 apartamentos, um por andar. São 23 unidades de 259 metros quadrados, com quatro suítes e uma cobertura "top house" de 450 metros quadrados. Todas as unidades têm quatro vagas de garagem, além de vagas para visitantes. O empreendimento prevê ainda piscina com borda infinita e vista para o mar, espaço gourmet, academia, SPA, sauna, sala de jogos, brinquedoteca, quadra e parque infantil. 

Segundo corretores, apesar dos problemas que envolvem o processo de licenciamento da obra, o prédio estaria em fase de construção e, inclusive, com apartamentos à venda. O prédio é construído pela empresa Cosbat Engenharia. Trata-se de um dos prédios mais nobres de toda a região e a demanda é muito grande, porque não há muitas opções de espaço disponível para construção de outros imóveis na área.

Por: Agência Estado
 

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Agora que falta pouco



Você já foi a Brasília? Se foi, naturalmente, não perdeu a oportunidade de visitar os belos edifícios que fazem da cidade uma Capital da Arquitetura. Da emocionante Catedral que nos remete à imagem de mãos postadas em oração, aos palácios do Itamaraty, do Planalto, da Alvorada e tantos outros.


A capelinha nos jardins do Alvorada (Foto: Arquivo Google)

Brasília é obra de dois gigantes da Arquitetura: Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Eis as palavras que Lúcio Costa usou para apresentar seu Plano Piloto que tiraria do barro a nova Capital Federal: “Nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz”.

Oscar Niemeyer, além de desenhar a Catedral, desenhou duas das mais belas obras que podemos visitar em Brasília: a Igreja de Nossa Senhora de Fátima e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, duas capelinhas que representam muito bem o gênio do imenso arquiteto.  A dedicada a Nossa Senhora de Fátima é inspirada no chapéu engomado de algumas congregações de freiras. A de Nossa Senhora da Conceição, nos jardins do Alvorada, que compete em beleza e engenhosidade com as célebres colunas daquele palácio, é um exemplo extraordinário do domínio que Niemeyer tinha do concreto armado: parece um objeto feito em cartolina por uma criança talentosa. Ambas tombadas pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).  O arquiteto não contava, é claro, com a presença em palácio de uma presidente que despreza quem pensa diferente dela e que não respeita quem tem Fé. E que também demonstrou que desconsidera a cultura brasileira, assim como a lei que tomba nossas obras mais valiosas.

Não se trata aqui de chamar a atenção para o fato de Dilma não aparentar ser religiosa. Isso é da alçada íntima de cada um. O que choca é o desacato à nossa História e à nossa Cultura.  O leitor há de pensar: que importância tem isso diante do total desrespeito que o governo de Dilma Rousseff demonstrou pelo Brasil, ao passar por cima de nossas leis a ponto de deixar o Brasil na terrível situação em que nos encontramos?  

De uma presidente que desconsidera os representantes do povo no Congresso Nacional ao esbravejar por aí que está sofrendo um golpe? (Ela insiste em que é vítima de um golpe e que vai ao Senado não para se defender, mas para defender a democracia. Dilma, desculpa lá: mas golpe dentro do Senado e sob a presidência do Supremo Tribunal Federal, e televisionado, é um engodo difícil de engolir...).

Tem importância, sim, leitor do Blog do Noblat.  Transformar a capelinha de Nossa Senhora da Conceição em escritório para seus aspones foi o cúmulo da desconsideração pelos brasileiros. E foi o que Dilma, a Afastada, fez. (Cláudio Humberto, Diário do Poder, 19/8/2016).

Agora que falta pouco para sua saída definitiva e antes que seja tarde, peço ao IPHAN que examine a capelinha e a devolva à sua qualidade precípua. Que julgue se houve algum dano à belíssima decoração de seu interior e de seu portal, trabalho magnífico do maior artista plástico de Brasília, Athos Bulcão.  Que examine com lupa o estado da pintura original que reveste o interior do teto, composta por quatro figuras - a cruz, o peixe, o sol e a lua.

Assim como aos lambris em jacarandá revestidos em ouro que forram as paredes internas.
Que veja o que foi feito da mesa de seu altar-mor e dos genuflexórios. Imagino que tenham sido retirados do interior da capelinha, já que não posso acreditar que os aspones usassem essas peças para apoiar seus smartphones e tablets. Onde estarão? E que, ao fim desse exame, o IPHAN puna os responsáveis se porventura encontrar algum dano. Quem sabe, assim, quando setembro vier, com a capelinha de novo um templo dedicado à Nossa Senhora da Conceição, a Iemanjá de muitos brasileiros, não poderemos recomeçar a reerguer o Brasil?

Fonte: Blog do Noblat - Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa É professora e tradutora, escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005.


terça-feira, 26 de julho de 2016

O MinC tem que ser extinto e o que sobrar – caso sobre alguma coisa útil – ser incorporado ao Ministério da Educação e com isso recriar o MEC – Ministério da Educação e Cultura



Ministério da Cultura exonera 70 funcionários de uma vez - A Cinemateca Brasileira, em São Paulo, teve cinco diretores exonerados, entre eles Olga Toshiko Futemma, coordenadora-geral

 Ministério da Cultura exonerou 70 pessoas de cargos de confiança, direção, coordenação e da cúpula de algumas de suas instituições. A Cinemateca Brasileira, em São Paulo, teve cinco diretores exonerados, entre eles, Olga Toshiko Futemma, coordenadora-geral, Alexandre Myaziato, Adinael Alves de Jesus, Nacy Hitomi Korim e Daniel Oliveira Albano. Da Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas foram exonerados, entre outros, o coordenador-geral, José Roberto da Silva.

As informações foram publicadas no Diário Oficial da União desta terça-feira, 26.

Outros funcionários demitidos estavam em diretorias do Ministério, como a coordenadora-geral de prestação de contas da Diretoria de Incentivo à Cultura, Denise Terra Nunes Ribas, e em outras instituições, como o diretor do Museu Villa-Lobos, no Rio, Wagner Tiso Veiga. Também há mudanças em superintendências regionais do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).  A reportagem entrou em contato com a assessoria do Ministério da Cultura com questionamentos sobre as demissões. A assessoria informou que uma nota será divulgada em breve.

O ex-secretário executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), José Castilho Marques Neto, criticou o que chamou de “desmanche”. “Esses fatos são de alta gravidade e indicam um esvaziamento, com evidentes sinais de possível futura extinção, da DLLLB”, escreveu em sua página no Facebook. “A história recente provou que sem uma Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas forte e atuante o MinC não realizará nenhum programa ou ação relevante nesta área. Sobrarão discursos e faltarão ações e desdobramentos que cumpram as aspirações republicanas e de políticas de Estado do Plano Nacional do Livro e Leitura.” Castilho menciona também a transferência da DLLLB da Secretaria Executiva do MinC para a Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC), mas essa informação não consta no Diário Oficial desta terça-feira, e não foi confirmada pela assessoria do Ministério.

Fonte: O Estado de São Paulo