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segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

A política dos perdedores

 Derrotados nas eleições tentam manter influência no jogo político


O escritor e jornalista britânico George Orwell dizia que a história é contada pelos vencedores. Ouvir os perdedores, no entanto, ajuda a compreender o fim de um ciclo no Brasil, que varreu nomes históricos (ao menos temporariamente), levou a uma renovação de 53% na Câmara e de 85% no Senado e inaugura, no período pós-eleições de 2018, um novo cenário político.

Na campanha eleitoral pautada pela rejeição a partidos, a políticos tradicionais e ao sistema vigente, venceu quem teve o menor descrédito e ocupou o vácuo de um centro que se esvaziou. Os perdedores foram, portanto, elemento definidor nos resultados das eleições, a começar da Presidência da República.  “Noventa milhões não votaram em [Jair] Bolsonaro, mas é preciso fazer um registro importante: 100 milhões não votaram no PT. Ou seja, o presidente foi eleito porque sua rejeição foi menor do que a petista”, afirma o analista político Carlos Melo, professor do Insper. Octavio Amorim Neto, professor titular da Fundação Getulio Vargas do Rio, emenda: “No desabamento completo do centro político brasileiro, quem preencheu o vácuo foi Bolsonaro”.

O fato de os perdedores estarem sem mandato não os tira do jogo a partir de agora. Alguns nomes, por meio de seus partidos e possíveis articulações e composições, funcionarão como peso e contrapeso, moldando as condições de governabilidade e a capacidade de sucesso do novo governo.  O jogo começará efetivamente no dia 1º, quando toma posse o novo Congresso. “Como teremos uma Câmara absolutamente fragmentária e um Senado que renovou 85%, haverá uma inexperiência brutal”, afirma Ciro Gomes, candidato [sempre] derrotado à Presidência da República pelo PDT e que integra o bloco de oposição. “Se fizermos um movimento competente, poderemos forçar Bolsonaro ao jogo democrático. Estimulá-lo, mas ao mesmo tempo garantir, se for necessário, a imposição desse jogo a ele. E é disso que nós estamos cuidando.”

O “nós” incluía, até o mês passado, PSB, PCdoB, PDT e Rede, que conta com apenas um deputado, mas cinco senadores. Após a derrota acachapante de Marina Silva na eleição presidencial de 2018, o Rede, de futuro incerto, cogita uma fusão com o PPS, assunto que será tema de congresso do partido a ser realizado neste mês. “Diante de riscos imediatos pela invocação que Bolsonaro faz contra questões muito importantes no processo político e civilizatório de qualquer nação, há necessidade de fazer uma oposição democrática”, diz Marina. Para ela, trata-se de não sabotar ou torcer pelo “quanto pior, melhor”. “Oposição contribui para o governo sendo oposição”, resume.

Ciro diz que quer fazer oposição em outro plano. Não em cima do desastre, porque o desastre não me ajuda. O desastre ajuda a fortalecer quem deu a Bolsonaro essa vitória, o PT.” Ele afirma que aceitaria apoiar a reeleição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), desde que haja um compromisso com três agendas centrais: garantir a democracia, perseguir o interesse nacional e proteger os pobres, temas de um livro de sua autoria, que estava sendo finalizado em dezembro. “Quer dizer que Maia tem de romper com Bolsonaro? Não, [quem diria] isso é o PT! Achamos completamente legítimo que Maia dialogue com o presidente da República.”

Marina Silva defende que não se deve ter uma ansiedade tóxica sobre quem comandará a oposição. “Não precisa ter um centro fixo para um partido, para uma liderança. Senão você enfraquece a própria ação”, diz a professora e ex-candidata que retomou a rotina de aulas e palestras. Ela entende a frente como “um processo multicêntrico de contribuições”, ou seja, “em alguns momentos haverá alguém que terá uma fala com maior legitimidade, e essa fala se intercalará com outras”.

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Nesse contexto, Maria Hermínia Tavares de Almeida, professora aposentada do Departamento de Ciência Política da USP, lembra que o presidente Bolsonaro formou seu ministério sem negociar com os partidos que o apoiam, cumprindo uma promessa de campanha. Cita estudos de Octavio Amorim Neto, segundo os quais governos compostos dessa maneira, independentemente da qualidade dos escolhidos, são mais frágeis e sujeitos a crise na medida em que não possuem uma base firme no Legislativo. “Foi o que aconteceu no final do governo João Goulart e durante o governo Fernando Collor, dois presidentes que não completaram seu mandato”, afirma.

“No começo, governar assim é perfeitamente possível. Jânio Quadros fez isso, Fernando Collor fez isso. Mas, a partir de um certo momento, os presidentes vão sentindo a necessidade de uma integração maior com o poder político, com o Congresso Nacional”, diz o veterano Edison Lobão (MDB-MA), que acumulou 32 anos de mandatos no Congresso, governou o Estado do Maranhão, foi ministro em dois governos, presidiu o Senado Federal – e não se reelegeu senador em outubro.
Em seu currículo consta também a Emenda Lobão, que restabeleceu as eleições diretas de governadores e senadores a partir de 1982, mas ele mesmo se absteve na votação das Diretas-Já para Presidência da República por considerar que “era necessário haver mais segurança na consolidação do processo”. Hoje, diante da gestão Bolsonaro, Lobão questiona: “Quero saber até que ponto o presidente conduzirá o governo com essa linha de atuação”.

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“Não esqueçamos que o desgaste de Dilma [Rousseff] começou na noite da apuração e só foi aumentando até a posse.”
Segundo pesquisa do Datafolha, no entanto, 65% dos entrevistados acham que a situação econômica do Brasil vai melhorar nos próximos meses, ante apenas 23% que diziam isso no levantamento anterior, de agosto de 2018. É o mais alto índice de uma série histórica que começa em 1997, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).  Segundo pesquisa CNI/Ibope, a expectativa de 64% dos brasileiros é de que governo Bolsonaro será ótimo ou bom. Desse percentual, 39% dizem acreditar que a futura administração será ótima e 25%, boa. Para 18%, o governo será regular; para 4%, ruim; e para outros 10%, péssimo.


(...)
“Se, por exemplo, a gestão de Wilson Witzel [PSC-RJ, eleito governador do Rio] der errado rapidamente, não é impossível que eleitores voltem a sentir saudades do MDB, que teve Eduardo Paes como candidato derrotado à reeleição. Além disso, quadros relativamente novos, como os ex-senadores Lindbergh Farias [PT-RJ] e Vanessa Grazziotin [PCdoB-AM] têm mais chance de retornar”, afirma Amorim. [Lindbergh Farias e Grazziotin, foram cassados pelo povo e tem tantas chances de voltar quanto outra escarrada: Dilma Rousseff.]

(...)  

Trata-se, a seu ver, de um fenômeno capaz de alterar instituições e configurações de liderança. Mais que fechar ciclos, essas mudanças provocam a necessidade de transição geracional. “Quem será o próximo líder do PT em dez anos? Não será Lula, e ninguém pode garantir que será [o candidato derrotado à Presidência Fernando] Haddad. Aliás, não se pode nem mesmo garantir que haverá PT nos próximos dez anos. Mas há dez anos você podia garantir que o PT continuaria existindo”, afirma. [se vivo estiver Lula será um fantasma arrastando tornozeleira eletrônica.]
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Matéria completa, em Valor Econômico




terça-feira, 21 de março de 2017

Lista de Janot: hecatombe provocada pelo lulopetismo

Delações, Lava Jato e Procuradoria mostram hecatombe provocada pelo lulopetismo

Metamorfose na capital do poder. A desfaçatez dos políticos

Enquanto Brasília ainda contabiliza os atingidos pela “lista de Janot”, os integrantes de quase todos os partidos já começam a articular a reação para evitar que venham a ser punidos pelos crimes que cometeram

“Cuidado com os idos de março”. A expressão, que remonta a 44 a.C., numa alusão à conspiração senatorial contra Júlio Cesar em 15 de março, ajusta-se como uma luva ao atual momento político. Mesmo com a escassez de chuvas em Brasília na última semana, uma nuvem negra com estrondosos relâmpagos estacionou sobre o Congresso Nacional e não tem previsão de se dissipar tão cedo. A aguardada “lista de Janot”, baseada na delação dos 77 executivos da Odebrecht, com 83 pedidos de abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) e 211 solicitações de distribuição de investigações para outras instâncias da Justiça, atingiu em cheio a classe política brasileira e provocou um festival de desfaçatez, mesmo ainda sem a revelação dos detalhes que fundamentam as futuras investigações. 


Os políticos, verdadeiros camaleões que se adaptam a toda e qualquer nova situação, começaram a se movimentar nos porões do navio em busca de boias para salvarem a própria pele, nem que para isso precisem editar leis que apaguem os crimes que cometeram no passado. O grande perigo é a lista de Janot ser triturada pelas conveniências políticas do momento. Fazer picadinho do material encaminhado pelo procurador-geral significa submeter as investigações da Lava Jato ao risco de terminar como a Operação Mãos Limpas, na Itália, que perdeu fôlego e, ao fim e ao cabo, serviu aos interesses dos corruptos. “Não pode acontecer o que ocorreu na Itália. Logo depois da operação, houve uma redução dos crimes. É verdade. Mas como os políticos agiram para garantir a própria impunidade, os crimes voltaram a ocorrer e de forma ainda mais sofisticada. A mobilização da sociedade diminuiu porque as pessoas caíram em desesperança”, alertou o coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol.

(...)

 Primeira lista foi aperitivo


O que os parlamentares tentam fazer agora é o mesmo que mudar as regras de um jogo com a partida em andamento. Ou pior. É como se tivessem sido flagrados roubando lanche da cantina do Congresso e, de repente, resolvessem estabelecer que o furto não só será permitido como quem furtou não receberá qualquer tipo de sanção ou punição. Atingido pela lista, o PMDB do Senado convocou uma reunião de emergência na quarta-feira 15 no gabinete do presidente da Casa, Eunício Oliveira. Na saída, os parlamentares evitaram comentar o motivo da reunião, mas não puderam se esquivar das perguntas sobre o assunto. 



Sem meias-palavras, o senador Edison Lobão (PMDB-MA) classificou as delações como “má-fé”. “A investigação não constitui uma acusação concreta. Não me oponho a nenhuma investigação. É o momento de se provar inocência”, repetia. O atual líder do PMDB no Senado, Romero Jucá (RR), conhecido por suas declarações desastrosas, não fugiu ao hábito. Primeiro, tentou transparecer tranquilidade: “A melhor resposta que o Congresso pode dar é trabalhar. Votar aquilo que precisa ser votado”, explicou. Mas, em seguida, escancarou seu verdadeiro estado de espírito: “Estamos em guerra e, morrer na guerra, acontece, faz parte”.

Ler MATÉRIA COMPLETA, IstoÉ

 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Por vaga no STF, Moraes pede apoio de senadores que poderá julgar

Em peregrinação por votos, indicado por Temer posa para fotos com Edison Lobão e Renan, almoça com Collor e tem ‘sabatina informal’ com Benedito de Lira

Desde que se licenciou do Ministério da Justiça, Alexandre de Moraes, o escolhido pelo presidente Michel Temer para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) com a morte do ministro Teori Zavascki, tem como principal ocupação peregrinar pelo Senado, onde a sorte de sua nomeação será definida – primeiro na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e depois no plenário.

A estratégia de Moraes, mero reflexo do rito da indicação dos ministros ao STF, não foi inventada pelo ex-tucano, ex-peemedebista e ex-democrata, que não deve encontrar na Casa grandes dificuldades para vestir a toga. O beija-mão, no entanto, não deixa de escancarar o cenário contraditório em que senadores investigados em inquéritos sob responsabilidade do Supremo participam da escolha de um juiz que deve julgá-los em breve.

No primeiro ato da peregrinação, há uma semana, Moraes entregou seu currículo ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), acusado por um delator da Odebrecht de embolsar 2,1 milhões de reais em propina, e declarou que buscaria conversas com os 81 senadores. Se a promessa for cumprida, ao final de suas andanças pela Casa, Moraes terá feito corpo a corpo com treze alvos de inquéritos da Operação Lava Jato somente na CCJ, que irá sabatiná-lo, há dez deles. Até agora, o ministro licenciado conversou com quatro.

Entre os oito senadores a bordo da chalana Champanhe, atracada na casa do senador Wilder Morais (PP-GO), durante a “sabatina informal” a Moraes, na terça-feira da semana passada, estava Benedito de Lira (PP-AL). Ele e o filho, o deputado Arthur Lira (PP-AL), foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao STF em setembro de 2015 pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no escândalo da Petrobrás. A denúncia, que pede cassação dos mandatos de pai e filho, ainda não foi analisada pelo Supremo, onde correm outros dois inquéritos contra Benedito Lira.

Edison Lobão (PMDB-MA), eleito presidente da CCJ sob as bênçãos dos caciques do PMDB, também recebeu Moraes. Lobão, que aparece abraçado ao candidato ao STF em fotos do encontro, é investigado em dois inquéritos da Lava Jato na Corte. As apurações miram corrupção em contratos da Petrobras e do setor elétrico à época em que o peemedebista foi ministro de Minas e Energia nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, entre 2008 e 2010 e 2011 e 2014.

Denunciado pela PGR por supostamente ter embolsado 29 milhões de reais em propina retirada de contratos da BR Distribuidora, o senador e ex-presidente Fernando Collor de Melo (PTC-AL) também já teve contato com Moraes. Collor estava entre os senadores a quem o ministro licenciado da Justiça disse ontem, durante almoço, ser contrário às prisões “ad eternum” da Lava Jato.

Além da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ainda não apreciada pelo STF, Collor é alvo de outros cinco inquéritos da Lava Jato no Supremo.
Ainda ontem, Moraes posou para fotos ao lado do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Investigado em nove inquéritos do escândalo da Petrobrás no STF e réu por peculato no caso em que a empreiteira Mendes Júnior pagou pensão a uma filha sua fora do casamento, Renan aproveitou o encontro para dizer que as arestas entre ele e o futuro ministro ficaram para trás.

Em outubro de 2016, o então presidente do Senado afirmou que Moraes, à época ministro da Justiça, “no máximo, tem se portado como um ministro circunstancial de governo, chefete de polícia. Renan estava contrariado pela Operação Métis, em que policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão no Senado.

Fonte: Revista VEJA - João Pedroso

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Mais do que um abuso, um escárnio!

Foi muito mais do que apenas chacota, escarnecimento, ironia, gozação, troça e zombaria, alguns dos sinônimos da palavra abuso.


Foi exorbitância, desacato, desplante, sem-vergonhez, descaramento, ultraje, afronta, desfaçatez, cinismo, prepotência, atrevimento e arrogância a indicação feita pela bancada do PMDB do nome de Edison Lobão (MA) para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ).

Um insolente escárnio, enfim.
Ex-ministro das Minas e Energia do governo Dilma - justamente a área onde brotou o maior escândalo de corrupção da história do Brasil -, investigado pela Operação Lava Jato, Lobão responde a quatro inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).

Dois apuram a participação dele no esquema de roubalheira na Petrobras. Os outros, em irregularidades na construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. A primeira tarefa de Lobão à frente da CCJ será comandar a sabatina de Alexandre de Moraes, indicado para ministro do STF.

A CCJ é a mais importante comissão do Senado. Antes de uma proposição ser aceita, independentemente do tema, ela precisa ser apreciada pela CCJ. É ali que se avalia se a proposição está de acordo com a Constituição. Se a CCJ decidir que não está, ela não será votada pelo Senado.

Que manda na CCJ manda, portanto, no Senado. Por saber disso, o presidente Michel Temer logo se apressou em telefonar para Lobão desejando-lhe sucesso.  A escolha de Lobão representou a vitória do grupo do ex-senador José Sarney (PMDB-AP), que ainda controla o PMDB do Senado e tem hoje como principal representante Renan Calheiros (AL).

Lobão disse que ser investigado não deve causar constrangimento a ninguém. E ensinou:
- É uma forma inclusive de o alegado poder demonstrar que não é responsável por tais alegações caluniosas. A investigação não deve molestar a ninguém, não molesta a mim. Se houve alegação contra mim, é bom que seja investigado para que eu possa demonstrar que não passa de uma calúnia. Sempre dormi tranquilo, graças a Deus.

Quem não dormirá somos nós.

Fonte: Blog do Noblat - O Globo



sábado, 16 de janeiro de 2016

O domínio do fato

Delatores apontam que Lula e Dilma sabiam do Petrolão e a conexão com o Mensalão poderá servir para denunciar o ex-presidente pelos mesmos critérios que condenaram José Dirceu

Procuradores e delegados que atuam na Operação Lava Jato estão convencidos de que há uma forte conexão entre o Mensalão e o Petrolão. E, de acordo com dois deles ouvidos por ISTOÉ na última semana, essa conexão poderá permitir a abertura de processo criminal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seguindo o mesmo critério adotado pelo Supremo Tribunal Federal para condenar José Dirceu no caso do Mensalão: a teoria do domínio do fato. Na ocasião, a Procuradoria da República não precisou arregimentar provas materiais, mas comprovou que o ex-ministro sabia que dinheiro público era desviado para a compra de apoio político no Congresso e se beneficiava disso. 

No caso de Lula, os investigadores da Lava Jato e a própria Procuradoria Geral da República admitem já possuírem elementos suficientes para afirmar que o ex-presidente sabia que havia desvio de recursos da Petrobras pelo menos para saldar dívidas do PT e financiar campanhas políticas do partido e de aliados. Agora, se empenham para comprovar que o Petrolão financiou o Mensalão.


 REVELAÇÃO
Delação de Cerveró pode fortalecer o impeachment de Dilma e complica a situação de Lula

Os mais fortes indícios de que Lula tinha pleno conhecimento sobre o propinoduto da Petrobras estão em um documento chamado Termo de Colaboração número 11/12. São sete páginas que reproduzem a delação premiada feita pelo ex-diretor da estatal, Nestor Cerveró, no dia sete de dezembro do ano passado. O delator afirma que, em 2008, assumiu a Diretoria Financeira da BR Distribuidora, como retribuição por serviços prestados ao PT enquanto esteve na Diretoria Internacional da estatal. Cerveró diz que Lula o “premiou” pela ajuda dada na quitação de um empréstimo de R$ 12 milhões, que a Lava Jato e o Banco Central já comprovaram ter sido irregular, como foi revelado por ISTOÉ em fevereiro do ano passado. Em 2004, o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo muito próximo de Lula, obteve o dinheiro junto ao Banco Schahin e confessou à PF que parte dos recursos foi destinada ao PT. A Lava Jato investiga a suspeita de que R$ 6 milhões foram repassados ao empresário de Santo André (SP) Ronan Maria Pinto, que ameaçava a cúpula petista com informações comprometedoras sobre o assassinato do ex-prefeito do município Celso Daniel. Tempos depois, sob o comando de Cerveró, a Petrobras contratou a Schahin Engenharia para operar o navio-sonda, Vitoria 10.000, por US$ 1,6 bilhão. 

Segundo revela Cerveró, o contrato seria uma forma de o PT retribuir ao grupo Schahin o empréstimo feito por Bumlai e jamais quitado. “Se Lula sabia que o contrato da Petrobras foi uma retribuição ao grupo Schahin por ter atendido o PT e seu amigo Bumlai, é evidente que o presidente sabia o que se passava na estatal”, disse um dos procuradores na quarta-feira 13. Além de envolver Lula no empréstimo do amigo Bumlai, Cerveró disse que o ex-presidente deu ao senador Fernando Collor (PTB-AL) “influência política” sobre a BR Distribuidora. “Isso significa que as nomeações na estatal seguiam um script político nada republicano”, comenta o procurador. No mesmo documento, Cerveró aponta para a presidente Dilma Rousseff. De acordo com ele, Collor teria dito que “havia falado com a presidente, a qual teria dito que estavam à disposição dele (Collor) a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora”. Agora, a oposição quer levar Cerveró para depor no Congresso, o que poderá fortalecer o processo de impeachment, e vai solicitar que as informações obtidas pela Lava Jato sejam anexadas ao processo que tramita no TSE.


A convicção de que o ex-presidente Lula de fato tinha conhecimento da corrupção generalizada na Petrobras não é apenas dos procuradores envolvidos na Lava Jato. Na denúncia que apresentou ao STF sobre o envolvimento do deputado Vander Loubet (PT-MS) no Petrolão, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, coloca Lula como protagonista do loteamento da BR Distribuidora. “O PT, por meio da chefia do Executivo federal, juntamente com sua bancada no Congresso, procurou reservar para si parcela da sociedade de economia mista em questão, mantendo-a em sua esfera de influência”, escreveu o procurador no despacho de dezembro de 2015. Nesta partilha de cargos, o senador Fernando Collor (PTB-AL) também teria sido contemplado. “Após o fim do período de suspensão de direitos políticos, Fernando Collor retornou à vida pública. Na condição de senador pelo PTB, por volta do ano de 2009, em troca de apoio político à base governista no Congresso, obteve do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ascendência sobre a BR Distribuidora”, escreveu Janot. Além de Janot e Cerveró, os delatores Fernando Baiano e Alberto Youssef, e o ex-deputado Pedro Correa (PP-PE) também mencionaram Lula em suas revelações. O doleiro Youssef foi claro: Tanto a Presidência da Petrobras quanto o Palácio do Planalto tinham conhecimento da estrutura que envolvia a distribuição e repasse de comissões no âmbito da estatal”, afirmou. Em seguida, ele citou os nomes de Lula, Gilberto Carvalho, Ideli Salvatti, Gleisi Hoffmann, Dilma Rousseff, Antonio Palocci, José Dirceu e Edison Lobão.

A conexão com o Mensalão deverá ser confirmada nos próximos dias com a delação premiada que vem sendo negociada entre a Procuradoria e o publicitário Marcos Valério, operador do Mensalão, já condenado a 34 de prisão. Valério quer ver reduzida a sua pena e manifestou interesse em contar o que sabe. Em 2012, ele já havia relatado o empréstimo feito por Bumlai, mas na época as investigações não prosseguiram. Agora, ele se compromete a dar detalhes do esquema e afirma que poderá provar que o esquema de corrupção na Petrobras ajudou a financiar o Mensalão. Ou seja, mesmo depois de descoberto, é possível que o PT tenha continuado a operar a compra de apoio parlamentar com recursos desviados dos cofres públicos.

O caso FHC
O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró disse a procuradores da República que a venda da petrolífera Pérez Companc envolveu pagamento de propina no valor de US$ 100 milhões ao governo de Fernando Henrique Cardoso. A compra da empresa argentina pela Petrobras ocorreu em 2002. De acordo com o depoimento, Cerveró disse que quem repassou essa informação a ele foram os diretores da Pérez Companc e o operador Oscar Vicente, ligado ao ex-presidente argentino Carlos Menem. O delator não apontou pessoas que teriam sido beneficiadas. As informações constam de documento apreendido no gabinete do senador Delcídio Amaral (PT/MS), ex-líder do governo no Senado, preso em dezembro passado.

Fonte:  Marcelo Rocha e Mário Simas Filho - Isto É


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Contradições de delatores podem livrar investigados de punição na Lava Jato

Para Janot, só não há contradições e as delações são totalmente válidas e incontestáveis quando atacam Eduardo Cunha e Fernando Collor


Eduardo Cunha empilhou interrogações na nota que divulgou no sábado para manifestar seu incômodo com o que chama de “seletividade” do procurador-geral da República Rodrigo Janot. “A pergunta que não quer calar é onde estão as demais denúncias?”, anotou o presidente da Câmara. “Onde estão os dados dos demais investigados? Como estão os demais inquéritos?” Janot absteve-se de responder.

Na véspera, a defesa do ex-ministro Edison Lobão endereçara à Polícia Federal um ofício que ajuda a explicar o que sucede. Convidado a submeter-se a uma acareação com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que o arrastou para a lama da Lava Jato, Lobão deu-se ao luxo de dizer não. “Meu cliente queria fazer a acareação, mas eu desaconselhei”, disse ao blog Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, o advogado de Lobão.

Ex-ministro de Minas e Energia, Lobão responde a inquérito no STF ao lado da ex-governadora maranhense Roseana Sarney. O delator Paulo Roberto acusou-o de pedir propina de R$ 2 milhões para usar no financiamento da campanha de Roseana ao governo do Maranhão, em 2010. Segundo ele, coube ao doleiro Alberto Youssef providenciar a entrega da encomenda, em dinheiro vivo. Interrogado, Youssef negou, enfiando dentro do processo uma contradição letal.

Há quatro meses, a PF colocou Paulo Roberto e Youssef frente a frente. Submetidos a uma acareação, mantiveram as declarações de depoimentos anteriores. Youssef não contestou a existência ou não do pedido de Lobão e do repasse a Roseana. Mas ele foi categórico ao reafirmar que não realizara a entrega do dinheiro. Um dos dois está mentindo. O mais grave é que ambos assinaram acordos de delação. Em troca de favores judiciais, comprometeram-se a confessar seus crimes e entregar os comparsas. Os acordos prevêem o cancelamento dos benefícios caso os delatores sejam apanhados mentindo. Mas não há notícia de anulação. Ao contrário. Paulo Roberto, que estava em prisão domiciliar, acaba de migrar para o regime semiaberto.

Ao convidar Lobão para se contrapor a Paulo Roberto, a PF expôs o seu drama: continua rodando em falso ao redor das contradições dos delatores. Pediu a prorrogação das investigações até o final do ano. As divergências relacionadas a Lobão e Roseana não são as únicas. O ex-diretor da Petrobras e o doleiro apresentam versões diferentes em seis casos. Entre eles o que envolve o repasse de R$ 2 milhões para a campanha de 2010 de Dilma Rousseff, supostamente solicitado pelo ex-ministro petista Antonio Palocci.

Kakay, o advogado de Lobão e Roseana, sustenta que “a acareação já realizada entre Paulo Roberto e Youssef, desmoralizou a delação premiada.” Por quê? “Se a Polícia Federal e o Ministério Público não acreditam nos delatores, a ponto de pedir uma acareação, é porque alguma cosia está errada. Os dois teriam que perder os benefícios. Esse inquérito, para mim, está morto. Não há como oferecer denúncia. E não faria sentido o meu cliente submeter-se a uma acareação com um personagem que precisa sustentar a sua versão, sob pena de perder os benefícios obtidos como delator.”

Na parte que corre no STF, a Lava Jato resultou na abertura de 25 inquéritos. Juntos, envolvem 50 pessoas. Desse total, Janot denunciou formalmente apenas dois encrencados: Eduardo Cunha e o senador Fernando Collor. A descoberta de suas contas secretas na Suíça deve render a Cunha uma segunda denúncia. E nada dos demais investigados.  

Entre os que permanecem a sombra está o presidente do Senado, Renan Calheiros. Estão também, para irritação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, os senadores petistas Lindbergh Farias e Humberto Costa, ambos beneficiados com contradições dos delatores. [ exatamente pelas contradições é que TODAS as delações precisam ser corroboradas por outros meios - regra válida para todas as delações, exceto as que acusam Collor e Cunha.
Alguém acredita que o Rodrigo Janot vai denunciar o Lulinha, o filho fenômeno do Lula, baseado apenas nas informações prestadas pelo Fernando Baiano?]

Fonte: Blog do Josias de Souza 

sábado, 7 de março de 2015

A lista que encolhe o governo - governo que acabou e a soberana ainda não percebeu

Lista aprofunda a crise

Relação encaminhada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao STF atinge a gestão de Dilma, amplia a divisão na base governista e leva os presidentes da Câmara e do Senado a partir para o confronto aberto contra o governo

 Sérgio Pardellas sergiopardellas@istoe.com.br

 "A tarefa de governar faz-se, a cada dia, mais complexa e difícil”. As palavras são de Getúlio Vargas, no célebre discurso do dia 7 de setembro de 1938, durante o Estado Novo, mas poderiam muito bem ter sido proferidas por Dilma Rousseff. A presidente da República inicia a semana mergulhada numa crise política e institucional sem precedentes na era petista no poder. Nem no ápice do escândalo do mensalão o governo esteve tão isolado. Um distanciamento para o qual ele mesmo contribuiu, através de manobras políticas atabalhoadas e de sérios equívocos administrativos cometidos pela presidente e seus auxiliares desde o início do segundo mandato. 

Nos últimos dias, a crise agravou-se em decorrência de uma aposta de elevadíssimo risco feita pelo Palácio do Planalto. Num esforço para conseguir escapar da agenda negativa, o governo jogou todas as suas fichas na divulgação da aguardada lista entregue pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao ministro do STF, Teori Zavascki. 

Apostava nos bastidores que, ao trazer integrantes da oposição e aliados que lhe causavam embaraços no Congresso, a relação dos 54 nomes – entre os quais 45 parlamentares, sendo 28 com pedidos de abertura de inquérito implicados no escândalo do Petrolão tiraria Dilma das cordas e equilibraria o jogo político. A estratégia revelou-se um tiro no pé.

A divulgação da lista de Janot, ao contrário do que acalentava Dilma e assessores, teve efeito explosivo no Planalto. Os vazamentos iniciais, que envolveram os nomes dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), instigaram ainda mais a ira dos já descontentes peemedebistas. Ao saber da inclusão de seus nomes, Renan e Cunha resolveram declarar guerra ao Planalto. A situação se deteriorou ao se conhecer o inteiro teor do documento enviado por Janot ao STF. Motivo: a relação empurrou cabeças coroadas da gestão Dilma para o epicentro do Petrolão. Figuram na lista, extraída a partir da delação de integrantes confessos do esquema de desvios bilionários de recursos da Petrobras, cinco ex-ministros do governo – Antônio Palocci e Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Edison Lobão (Minas e Energia), Mário Negromonte e Aguinaldo Ribeiro (Cidades)

E mais. Nas delações, a própria presidente Dilma foi mencionada. No entanto, a citação à presidente da República não foi considerada suficiente por Janot para ensejar um pedido de abertura de inquérito contra ela no STF. O procurador disse que a Constituição não permite que Dilma seja investigada por qualquer ato sem relação com o exercício do cargo de presidente, durante a vigência do mandato. Segundo Janot, as referências à presidente na Lava Jato são alusivas a fatos ocorridos antes de ela assumir o Planalto, em 2011, como a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, quando Dilma era ministra de Minas e Energia e presidente do Conselho de Administração da Petrobras. A decisão, no entanto, está envolta em polêmica. A exclusão do nome da presidente Dilma Rousseff da lista da Lava Jato não significa inocência”, reconhece Ophir Cavalcanti, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “Se quisesse, Janot poderia ter pedido licença ao Congresso para investigar a presidente".

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