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sábado, 10 de janeiro de 2015

Na hora da verdade que valor tem o Ministério da Defesa? e o ministro da Defesa? que chefia o que nada vale

Jaques Wagner: um sindicalista no ninho militar

O Ministro da Defesa, no sistema estratégico de poder no Brasil, é tido como uma uma espécie de rei que reina, mas não governa

Nada mal a largada do ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, em seu novo endereço na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, neste começo de segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Se comparada com a trombada da infeliz e desastrada estreia de seu colega do Planejamento, Nelson Barbosa, o ex sindicalista do Pólo Petroquímico de Camaçari, que agora comanda os militares das três armas no Ministério da Defesa, saiu ganhando de lavagem.

Ressalve-se: esta é uma espécie de corrida de fundo. Longa, exaustiva e cheia de múltiplos e inesperados obstáculos e cascas de bananas jogadas na pista para escorregões e derrapagens. Quando não aparece um "maluco”, de repente, para segurar o corredor, como na maratona da Olimpíadas, em Atenas, impossível de esquecer. Quem sai na frente, nem sempre vence.

É bom observar a certa distância, "guardadas as proporcionalidades e relevâncias factuais”. Assim recomendava o mestre Juarez Bahia, no comando da Editoria Nacional do Jornal do Brasil, na saudosa redação da sede na Avenida Brasil, no Rio, que se irradiava com brilho e inteligência país afora. ”É preciso o máximo rigor técnico e profissional ao dimensionar os fatos que disputam espaços na edição do dia seguinte. É erro palmar de avaliação, em jornalismo, imaginar que a Bahia, Brasília ou mesmo o Brasil são o centro do mundo”, ensinava Bahia.    

É recomendável também (principalmente quando se opina), guardar uma margem de segurança necessária para evitar riscos de balas perdidas, no tiroteio das feiras de vaidades ou ataques insanos com as marcas da cegueira política, religiosa ou ideológica (o alvo a atingir é quase sempre é a liberdade de expressão), a exemplo da tragédia de quarta-feira,7/1, na redação do semanário Charlie Hebdo ( e seus desdobramentos), em Paris, que feriu de morte o coração livre e libertário da França e do planeta.


Sem a intenção de exageros retóricos, ou de produzir piadas de caserna, nos moldes da tradicional revista Seleções Readers Digest (tão apreciada pelos militares), o fato é que o ex ocupante do Palácio de Ondina deu indicações de que sabe mexer as pedras do jogo de Xadrez. Ou, mais provavelmente, andou consultando o clássico livro “A Arte da Guerra”, escrito pelo general chinês Sun Tzu, considerado “a Bíblia da estratégia”.
Antes da volta da inflação, uma edição de bolso podia ser adquirida por menos de R$ 10. Desconheço o preço atual. A última vez que comprei um exemplar de  A Arte da Guerra faz tempo. Para presentear o jornalista e amigo Ricardo Noblat (já com a ideia do blog político fervilhando na cabeça), quando de sua passagem pelo comando do jornalismo de A Tarde, em Salvador.

Esta semana, depois de duas reuniões no mesmo dia no Palácio do Planalto (uma delas fora da agenda oficial), o novo titular da Defesa obteve da mandatária petista, o anúncio de uma vez só - através de nota curta e grossa, produzida pela Secretaria de Imprensa da Presidência – a troca dos comandantes das Forças Armadas, acompanhada dos nomes dos novos chefes das três armas.

É a primeira troca no comando militar feita por Dilma, que não havia mexido ainda nos chefes da guerra, herdados do ex-presidente Lula. Cito os nomes para efeito de argumentação opinativa a seguir: O almirante Eduardo Bacellar Leal comandará a Marinha. O general Eduardo Dias da Costa Villas Boas mandará no Exército. O brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato comandará a Aeronáutica. Dilma agradeceu a “competência e dedicação” dos ex Júlio Soares de Moura Neto (Marinha), Enzo Martins Peri (Exército) e Juniti Saito (Aeronáutica). E ponto.

O caso do brigadeiro Saito, na chefia da Aeronáutica desde 2007, merece destaque, porque emblemático. Ele é tido, no meio, como um “detonador de ministro” desde a queda de Waldir Pires no Governo Lula, quando Dilma chefiava a Casa Civil. Já havia declarado seu desconforto desde a confirmação de Wagner. Piorou tudo com as declarações do novo ministro ao receber o relatório baiano da Comissão da Verdade, e falar sobre o papel de militares e “certos civís” na época da ditadura. Saito antecipou que iria sair da sua chefia. Mas era notório na caserna que ele tinha na manga da farda o nome preferido para sua sucessão na Força Aérea: o do brigadeiro Hélio Paes de Barros Junior. Perdeu a batalha.

O Ministro da Defesa, no sistema estratégico de poder no Brasil, é tido como uma uma espécie de rei que reina, mas não governa.

Dirige um órgão da administração civil cercado de militares por todos os lados. Um faz de conta que os ministros, em geral, fingem não entender para viver bem com os militares. Isso inclui toda mordomia que se possa imaginar: um gabinete com instalações de cinema (o melhor e mais confortável da Esplanada). Seguranças em tempo integral, ajudantes de ordem para tudo, durante 24 horas por dia, dentro e fora do ministério, em viagens nacionais e internacionais frequentes, e de dar inveja até em diplomatas. 

Restaurantes de primeira linha, taifeiros que fazem, inclusive, o serviço doméstico nas casas, tanto dos comandantes das Forças, como do Ministro da Defesa, se estes assim desejam. Um pequeno paraíso para Wagner (e dona Fátima, ex- primeira dama da Bahia, evidentemente) desde que não queira mandar nos chefes militares. Na primeira batalha, como se viu, deu Wagner. Mas a guerra está apenas no começo. A conferir.

Por: Vitor Hugo Soares É jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. 
E-mail: vitor_soares1@ terra.com.br