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sábado, 13 de novembro de 2021

VENDILHÕES DO TEMPLO DA DEMOCRACIA E DA LIBERDADE - Percival Puggina

Em 31 de maio de 2017, sob muita pressão, num tempo em que os grandes veículos de comunicação ainda cumpriam algum papel frente aos problemas nacionais, o Senado Federal aprovou, em 2º turno, a PEC 10/2013 que extinguia o foro especial por prerrogativa de função, mais conhecido no mundo do crime pela alcunha de foro privilegiado. Placar da votação 69 a zero. A proposta seguiu imediatamente para a Câmara dos Deputados, onde foi protocolada como PEC 133/17.

Desde então, muito provavelmente cumprindo acordo anterior, a proposta rolou como pedra de rio. Em fevereiro de 2019, redonda e polida como convém a uma boa pedra de rio, encalhou em remanso à porta do brioso plenário, aguardando a sábia deliberação dos 513 deputados ali aportados com seus novos e flamantes diplomas. Já recebeu mais de 30 requerimentos para ser posta em votação, sempre recusados pelos sucessivos presidentes daquele legislativo. Puxe o banco, sente e espere.

Salvo poucas, honradas e brilhantes exceções, a atual representação parlamentar nacional conseguiu a proeza de definhar moralmente em relação à anterior. Em votações sinuosas, anônimas, foi minuciosa no desempenho da tradicional função de cuidar bem de si mesma. Vingou-se da Lava Jato, restringiu quanto pôde a persecução criminal, aliviou eventuais próprias e futuras penas, transferiu à sociedade a conta de seus advogados. E por aí andaram. A tranqueira da PEC sobre foro privilegiado é só um pequeno exemplo.

Recentemente recebi da Editora Avis Rara um exemplar de Os artigos federalistas”, célebre coletânea dos textos publicados pelos três principais inspiradores da Constituição dos Estados Unidos – Alexander Hamilton, John Jay e James Madison. No artigo 57, Madison se debruça sobre as tentações a que estão sujeitos os representantes do povo e aponta os modos de obstar suas consequências.

Lá pelas tantas, Madison escreve que a adoção de medidas opressivas pela Câmara dos Representantes também é tolhida porque seus membros não podem fazer nenhuma lei que não tenha seu pleno efeito sobre eles mesmos e seus amigos, tanto quanto sobre a grande maioria da sociedade. Esse sempre foi considerado um dos mais fortes elos que permitem à política humana unir governantes e povo”. A seguir, Madison se pergunta: “O que poderá impedir os membros da Câmara de Representantes de fazer discriminações legais em favor de si mesmos e de uma classe da sociedade?”. E responde: “a índole de todo o sistema; a natureza das leis justas e constitucionais, e acima de tudo, o espírito vigilante e varonil que move o povo da América, um espírito que alimenta a liberdade e é, em troca, alimentado por ela”.[espírito que não existe na parte da América que abrange o Brasil - se algum existiu, dele só restam resquícios, visto que desde o inicio da década em curso o objetivo passou a ser o de sufocar, eliminar, o pouco que insista em se manifestar.
Afinal, a regra é: desagradou aos 'donos do poder' , automaticamente é antidemocrático, anticonstitucional e anti Estado Democrático de Direito.]

Peço a Deus que os leitores destas linhas, em vez de se deixarem abater pela realidade sobressaliente do contraste acima exposto, reconheçam seu próprio valor e enxotem os vendilhões do templo da democracia e da liberdade. E que o façam, com vigor cívico, para que os votos a serem dados em outubro do ano vindouro sejam apenas reflexos finais de uma longa ação esclarecedora  sobre as verdades, princípios e valores fundantes de uma democracia que assegure nossa liberdade. Assim, este povo não mais será vassalo de ninguém.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


terça-feira, 11 de outubro de 2016

Seguidoras de Trump ignoram escândalo por declarações ofensivas às mulheres



Comentários lascivos sobre as mulheres? É só papo de vestiário. Acusar o ex-presidente Bill Clinton de abuso sexual? Ele precisou fazer isso. Queda nas pesquisas? Os institutos de pesquisa mentem.  As seguidoras de Donald Trump parecem alheias à gravidade dos escândalos que cercam o candidato republicano à presidência, assim como as deserções que ocorrem em campanha de figuras e legisladores de seu partido.

E se mostram mais apaixonadas do que nunca para votar no magnata do setor imobiliário.  Os eleitores indecisos podem descartar Trump, o Grand Old Party (GOP, Partido Republicano) pode ter abandonado toda esperança de vencer a eleição de 8 de novembro, mas há poucos sinais de que os seguidores do ex-astro dos reality shows estejam desertando. Trump! Trump!, vocifera uma multidão enquanto espera o candidato em seu primeiro comício desde que explodiu o escândalo da divulgação de uma gravação de 2005 na qual se gaba de utilizar sua condição de celebridade para abusar sexualmente das mulheres.  Seus seguidores se dirigiram à arena de Wilkes-Barre, um ex-povoado minerador governado por um prefeito democrata no estado chave da Pensilvânia.

Hillary Clinton acumula uma vantagem de 9,4 pontos percentuais neste estado, de acordo com uma média das pesquisas do RealClearPolitics. “Posso estar mancando na linha de chegada, mas vamos cruzar a meta”, disse Trump na segunda-feira depois de receber boas-vindas dignas de um astro do rock de seus defensores incondicionais, embora o recinto, com capacidade para 10.000 pessoas, não estivesse lotado.

Seguidores que faziam fila – inclusive desde sete horas antes do início do comício – estimaram que a gravação de 2005 na qual Trump faz suas declarações escandalosas sobre as mulheres mostra apenas que tem a aspereza necessária para olhar fixamente nos olhos de homens como o russo Vladimir Putin. “Não significa nada para mim”, disse Lynae Kuntz, que há 30 anos trabalha no setor de saúde. Ela considerou que o democrata Bill Clinton foi um bom presidente e tolerou suas infidelidades, assim como também tolera as de Trump. “Isso não tem nada a ver com a presidência”, afirmou. “O que quer que tenha feito, não gosto de julgar as pessoas, só quero alguém que faça com que as coisas melhorem para nós”, disse.
Os democratas e os indecisos não estão de acordo. Uma pesquisa recente da NBC-The Wall Street Journal mostra Hillary Clinton com uma vantagem de dois dígitos, enquanto 41% dos eleitores consideram os comentários de Trump “completamente inaceitáveis”.  Uma pesquisa recente da Universidade de Quinnipiac revelou que as mulheres apoiam Hillary por uma margem de 53% contra 33%.

E, embora Trump tenha um bom desempenho entre a população operária branca, havia entre a multidão um bom número de mulheres profissionais de classe média.  – Muito impressionado –  Sua atratividade como outsider político, suas promessas de criar postos de trabalho e colocar fim à imigração ilegal, assim como a forma como desafia a correção política, atraíram milhões de americanos fartos dos políticos de carreira.

Frequentemente ignoram ou desculpam seus insultos – contra as mulheres, os mexicanos, os muçulmanos e os deficientes – no âmbito da agressiva campanha que polarizou o país.  “Estamos realmente excitados”, disse Kim Herron, de 44 anos, de Wyoming, Pensilvânia, que trabalha em marketing, enquanto estava na fila com o namorado. Disse que admirou o desempenho de Trump no debate, e destacou como ponto alto quando afirmou que enviaria Hillary à prisão. Minimizou suas declarações lascivas sobre as mulheres como “provavelmente nada que uma mulher ou um homem não tenha dito”.

Defendeu seus ataques contra Bill Clinton a quem Trump acusou de ser “abusivo” com as mulheres como justos, considerando que pode voltar a ocupar a Casa Branca como primeiro-cavalheiro, algo que “não seria bom”. Bev Rose, uma dona de casa que no ano passado se mudou à Pensilvânia com seu marido depois de permanecer por 13 anos na Grã-Bretanha, disse que nada poderia dissuadi-la de votar em Trump.

E embora tenha estimado que o magnata apresentou bons pontos no debate de domingo, se preocupa com a possibilidade de que não vença as eleições em menos de um mês.  “Qualquer outra pessoa que tivesse cometido apenas uma parte de tudo o que ela (Hillary Clinton) fez estaria presa agora mesmo, e ela se lança à Casa Branca”, algo que “nunca deveria ter sido permitido”, lamentou Rose.

Neil, seu marido britânico, um engenheiro aposentado, considerou que Trump redefiniu o republicanismo.  “O GOP parece estar fora de linha”, considerou apenas algumas horas após o titular da Câmara de Representantes, Paul Ryan, dizer que não podia defender Trump.  “Olhe as pessoas aqui hoje, é uma corrente tão popular”, considerou enquanto apontava a enorme fila. “Estou fortemente impressionado, é chocante”.

Fonte: AFP