Como todas as medidas politicamente corretas, o Equality Act esconde-se atrás de um nome fofo. Na prática, se aprovado, afetará vários aspectos da vida de maneira inimaginável, desde o uso de talentos e habilidades — incluem-se as atléticas — até a fala obrigatória com “linguagem neutra”. A rotina em locais públicos, na escola, no emprego, em creches, hospitais e lares de idosos, em todos os meios de comunicação, de instituições religiosas a organizações de caridade, tudo será afetado porque os sentimentos de poucos precisam ser considerados antes da realidade, da ciência e da biologia. Nenhuma área de existência estará livre do alcance de seus tentáculos e do poder do Estado.

O ponto-chave a reconhecer sobre o projeto é que ele vai codificar em lei que você é um fanático, reacionário, racista, homofóbico e transfóbico, e que deve ser excluído da sociedade e, sempre que possível, assediado e perseguido por suas crenças obscuras se não aceitar as imposições ali descritas. Aqui estão apenas alguns exemplos dos resultados draconianos caso a Lei de (Des)Igualdade se torne realidade:

  • Proibição de que o indivíduo alegue exercício de liberdade religiosa — direito protegido pela Primeira Emenda da Constituição Norte-Americana — para não seguir a agenda LGBTQ na escola, no trabalho ou em qualquer outra “acomodação pública”;
  • Proibição da discriminação com base em sexo, orientação sexual e identidade de gênero em áreas como acomodações e instalações públicas, escolas, empresas e mais uma série de lugares públicos. Basicamente, acrescenta as expressões “orientação sexual” e “identidade de gênero” à Lei dos Direitos Civis de 1964;
  • Autorização para que homens que alegarem “identidade de gênero” feminina — mesmo os que não passaram por “cirurgia de redesignação de sexo” — possam utilizar “todos os banheiros e vestiários no país” destinados a mulheres (as aspas destacam a linguagem real do projeto de lei). Também estão explicitamente incluídos no projeto os abrigos para mulheres, prisões femininas e, como mencionei anteriormente, esportes femininos;
  • Inclusão no programa escolar de toda a rede pública e de estabelecimentos privados não religiosos de toda a agenda LGBTQ, a partir da pré-escola. Nenhum professor ou administrador poderá impedir um menino de entrar no banheiro feminino. Na prática, trata-se de pura e simples doutrinação;
  • Punição com multas pesadas a empresas que se recusem, mesmo por motivos religiosos, a prestar seus serviços a eventos LGBTQ, como casamentos entre homossexuais;
  • Cancelamento de financiamento federal — bolsas de pesquisa, empréstimos estudantis etc. — e até mesmo, em última instância, descredenciamento de todas as escolas e faculdades religiosas que não promovam a diversidade de “orientação sexual” e “identidade de gênero”;
  • Obrigatoriedade de que médicos e enfermeiras, mesmo em hospitais cristãos, realizem “cirurgia de redesignação de sexo” até mesmo para menores. Todos os funcionários serão obrigados a se referir a pacientes transgênero por seus pronomes preferidos. Profissionais de saúde que tentarem alertar jovens e adultos sobre os efeitos prejudiciais de bloqueadores de hormônios na puberdade, da cirurgia de redesignação de sexo e de práticas comuns ao comportamento homossexual masculino (como sexo anal) serão demitidos e perderão a licença profissional;
  • Perda da isenção de impostos, em certos casos, para igrejas que não promovam a agenda LGBTQ, incluindo a realização de casamentos entre homossexuais.

Se você ainda não está sentado, por favor, sente-se para ler o próximo item:

  • Autorização para que o Estado assuma a tutela de crianças “transgênero” cujos pais se recusem a chamá-las pelo nome e pronome que escolheram em desacordo com o sexo “atribuído” no nascimento. Os pais também não poderão recusar a aplicação em seus filhos de bloqueadores de hormônios na puberdade e de realização de cirurgia de “redesignação de sexo, mesmo em menores de idade.

Bem, há vários outros pontos assustadores no documento de mais de cem páginas, mas creio que já dá para vermos qual agenda seguirá Joe Biden, “o moderado” para muitos analistas brasileiros. Todo esse movimento legislativo ecoa de forma impressionante a estratégia para erradicar a religião na União Soviética e na China, entre outras nações, como observa o historiador Dimitry V. Pospielovsky, em Uma História do Ateísmo Marxista-Leninista e das Políticas Antirreligiosas Soviéticas: “A coexistência entre o materialismo ateísta e a interpretação religiosa da realidade é teórica e praticamente impossível. A hostilidade contra a religião não é uma questão de contingência, mas um compromisso profundo e fundamental de visão de mundo da ideologia oficial do comunismo.”

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