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sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Juiz ladrão - Guilherme Fiuza

Revista Oeste

Manobra ocorrida depois de outra decisão importante do árbitro: recolocar no jogo o participante desclassificado por roubo 

O árbitro da disputa diz que as regras do jogo são claras. Clareza pressupõe segurança. Não é preciso mexer em nada — o garantidor da disputa limpa garante.

Não muito tempo antes o árbitro fora visto defendendo mudanças nas regras do jogo para aumentar a segurança da disputa. 
Aumentar a segurança pressupõe segurança insuficiente. 
Participantes do jogo e outros interessados encamparam a proposição de aprimoramento das regras — o mesmo aprimoramento defendido pelo próprio árbitro. Mas o árbitro ressurge afirmando que o aprimoramento que ele acabara de defender agora é retrocesso — e risco de insegurança.

Parte dos envolvidos na disputa pergunta ao árbitro o que mudou no jogo para que ele mudasse em 180 graus a sua posição sobre as mudanças propostas. O árbitro xinga os interlocutores e não responde. É soberano e não deve satisfações a ninguém.

Segurança mesmo só há sem a possibilidade de auditar o resultado

Participantes do jogo descobrem um relatório policial mostrando que o árbitro reconheceu violação das regras de segurança na disputa anterior. Essa violação chegou ao centro do sistema que rege a disputa, abrindo amplas possibilidades de manipulação de resultados. Não se sabe a extensão da manipulação porque todos os arquivos do sistema de segurança foram apagados pelo árbitro.

Por que o árbitro apagou a memória da disputa? Cala a boca que ninguém te perguntou nada.

O árbitro então se diz alvo de uma conspiração. Denuncia ameaça de golpe. Diz que os que propõem o aumento da segurança na disputa na verdade querem fraudá-la. Afirma que o sistema verificador de resultado que está sendo proposto é uma brecha para a manipulação
Segurança mesmo só há sem a possibilidade de auditar o resultado.
Mentir e dissimular é só começar. O soberano é justo — só mente por uma boa causa. Ele precisa livrar a coletividade de um golpe demoníaco e por isso sai mentindo furiosamente, acusando os que constatam a impossibilidade de auditagem da disputa de desinformação, fake news e sabotagem. O árbitro passa a agir para tirar do jogo o vencedor da última disputa. 
Diz que ele deve ser desclassificado por pleitear que o resultado seja verificável
O soberano afirma que isso é blasfêmia, então é porque é.A manobra ocorre após outra decisão importante do árbitro: recolocar no jogo o participante que foi desclassificado por roubo. O infrator é recolocado na disputa porque burlou todas as regras, mas foi sem querer.  
 
Fair play.
Por falar em roubo, a polícia constata a vulnerabilidade das regras do jogo. O país sai às ruas pedindo a atualização dessas regras para aumento da segurança na disputa — uma mudança simples que todo mundo entendeu. O árbitro diz que a polícia, os técnicos e o povo estão errados. São todos suspeitos de conspiração.

No gabinete está tudo tranquilo. É um ambiente limpo e seguro, sem barulho de povo e sem polêmica. As manchetes amestradas ecoam a voz do árbitro, que se delicia lendo e relendo o noticiário amigo no qual não há espaço para gentalha batendo pé nas ruas — essa massa ignara que nem fala cinco idiomas. Desse bem-estar profundo o soberano retira toda a verve e o elã do seu próximo libelo virtual. É ou não é doce, a vida?

Mas… Que ruído é esse? Parece estar vindo lá de fora. Está aumentando. Será o mundo real, esse inconveniente?  
Será que na verba para o ar-condicionado dos corredores subterrâneos se esqueceram da duplicação das paredes? Resolvam isso! Urgente!

Esta instituição é a dona da bola. Faz com ela o que quiser. Pode inclusive chutá-la para um dos gols, se assim desejar. Quem vaia já perdeu. Dupliquem as paredes e aumentem o som. Mozart ou Beethoven, tanto faz. O quê? Hackearam? Só tem forró?

OK. Vamos modernizar o sistema.

Leia também “Democracia na marca do pênalti”

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste

 

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Notas: a morte do leão e os abortos, conservadores, comunistas, etc.

Alguns eventos são importantes não por si mesmos, mas pela carga simbólica que têm. Com diferença de poucos dias, noticia-se a morte de um leão por um caçador e a venda de órgãos de bebês abortados. O primeiro caso traz comoção internacional, tendo o caçador sua reputação destruída e sendo obrigado a se esconder. Do segundo caso, quase não se fala, causando indignação apenas em pequenos grupos conservadores. Sim, para a elite bem pensante do mundo, a vida de um leão, "símbolo de uma nação", vale mais do que a de um bebê.

No meu entender, o significado é bastante claro: eticamente, a elite cultural passou a adotar padrões não apenas anticristãos mas também pré-cristãos. A "adoração à mãe natureza" conjugada com o sacrifício de crianças pode parecer representar o auge da modernidade, mas é simplesmente o retorno a costumes pagãos de dois milênios atrás.

A propósito, o infanticídio, praticado na Roma pré-cristã, já voltou a ser defendido, mas agora responde pelo curioso nome de "aborto pós nascimento". Esses conservadores são realmente uns estraga-prazeres, que teimam em ver diferenças onde o pessoal bacana só vê igualdade. Sim, os conservadores discriminam. Mais cedo ou mais tarde, o Supremo Tribunal Federal acabará declarando a inconstitucionalidade do conservadorismo, pois a nossa "Constituição cidadã" proíbe expressamente qualquer tipo de discriminação.

Para vocês terem uma noção, circula nos meios mais intelectualizados do conservadorismo a odiosa distinção entre cultura e entretenimento. De acordo com esses preconceituosos, existe uma diferença fundamental entre a verdadeira cultura e o mero entretenimento. Para eles, a primeira serviria para "elevar a alma" e o segundo apenas como passatempo. No auge de seu discurso de ódio, chegam a dizer que Beethoven é cultura enquanto MC Guimê seria apenas entretenimento. Mais ainda: esses fascistas ainda têm o despudor de afirmar que Shakespeare é melhor escritor do que Bruna Surfistinha!

No próximo informativo do CCC (Comando de Caça aos Conservadores) será demonstrado que eles são ainda mais perigosos do que parecem. Artistas sustentados pela Lei Rouanet, uni-vos! Vocês não têm nada a perder além dos milhões de verba estatal! PS: tenho um vizinho que faz uns sons engraçados com o sovaco. Será que ele conseguiria uns dois milhões para fazer uma turnê? Várias vezes, vi pessoas que se consideram bastante bem informadas dizer: "conservador é aquele que quer conservar as coisas como estão". Tudo bem que o nome induza esse tipo de definição, mas isso apenas indica que a pessoa não tem a mínima noção do que está falando.