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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O bando do Fuzilão



Faz tempo que a bandidagem e o universo das drogas saíram das cidades grandes para aterrorizar o interior
Prefeito acorda aí! Mataram os policiais e a cidade tá na mão dos bandidos. Era madrugada e o povo estava todo desperto, assustado e encolhido. Os policiais não estavam mortos. Só fugiram, quando um grupo de 20 bandidões, armados com fuzis e, no maior alarde, tomaram de assalto a cidade.


Caixas eletrônicos da agência do Banco do Brasil no Centro de Pedregulho, SP (Imagem: Stella Reis / EPTV)
O alvo eram caixas eletrônicas. Todas devidamente explodidas e esvaziadas. “Ganho” rápido. Ninguém ferido. Um puta susto coletivo. Para ninguém se meter a herói, a operação foi toda acompanhada de rajadas de tiros pro alto. Aconteceu em dezembro passado, na pequena cidade de Pedregulho, no interior de São Paulo. Só virou notícia agora, domingo, 8 de fevereiro. Deu na imprensa é verdade, não?

Pedregulho tem 15 mil habitantes. Na mesma época, contava a matéria, 10 outras cidades do mesmo porte, nas vizinhanças da rica Ribeirão Preto, também viveram suas madrugadas de faroeste caipira. A maioria delas é defendida por dois PMs! Sem fuzis, claro. Os fuzis dos invasores – batizados de Bando do Fuzilão - perfuram até blindados

Não há outra saída se não dar no pé, como bem fizeram os PMs de Pedregulho. Lá no interior de Minas, onde nasci, nos idos de antigamente, quando se indignava com alguma barbaridade, meu avô bradava: “Mas onde nós estamos?”  Estamos no século 21. 

Pedregulho é de São Paulo, o estado mais rico do país – onde também de dia falta água e de noite falta luz. (No Rio também. Em Minas Gerais e Espírito Santo idem). Mas lá em SP, agora, tem cangaço como nos tempos do Lampião, que atuava longe, no nordeste pobre e, então, seco. Diz a lenda que ele tirava dos ricos e dividia com os pobres.

Romantizado no imaginário popular, o Rei do Cangaço, seria bandidinho nos dias de agora. O novo cangaço paulista, do Bando do Fuzilão, até pelo seu poder de fogo, não tem qualquer romance. O dinheiro roubado às claras financia compra de mais e melhores armas, drogas e outras bandidagens e barbáries. Há anos - e muitas eleições vividas – que a Segurança é apontada como principal preocupação da população, que é o coletivo de nós, os peões desse jogo/jogado. Também é tema recorrente de suprapartidárias promessas eleitorais. Balela. A coisa só piora.

Se hoje temos mais eficiência em prender e até condenar bandidagens de colarinho branco, o time da corrupção e assemelhados, na chamada segurança pública do dia a dia a coisa degringola em ritmo acelerado de confrontos armados, chacinas, sem mocinhos, mas com polícia-bandido, balas perdidas, tortura, sequestros e cangaços.

Faz tempo que a bandidagem e o universo das drogas saíram das cidades grandes para aterrorizar o interior, num vale tudo explícito de ações como do Bando do Fuzilão. Serão presos, serão mortos e outros virão pelo óbvio – não há decisão política, no macro e no micro, de combate real contra a violência e suas principais causas: o internacional e poderoso business das drogas e das armas. (Perdi a conta de quantas vezes já escrevi sobre isso).

Enquanto não nos atinge diretamente, somos eternos compadecidos das vítimas que, todo dia, relatam suas tragédias em rede nacional. Pequenos grupos vão as ruas bradar contra a violência. Movimentos sociais fazem campanhas contra a impunidade. Parlamentares prometem novas leis.

Governantes, também compadecidos (?), juram providências e “rigorosa apuração e punição exemplar aos culpados”. (Aliás, alguma apuração/investigação pode não ser rigorosa? Punições não deveriam sempre ser exemplares?) Balela. De verdade mesmo, eles fingem que farão, nós fingimos que acreditamos. Enquanto isso... fuzilões fuzilam.

Fonte: Tânia Fusco – Blog do Noblat