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domingo, 16 de abril de 2023

Dureza da lei na Indonésia contrasta com a frouxidão do Brasil - Alexandre Garcia

Vozes - Gazeta do Povo

Legislação


Indonésia pune com pena de morte ou prisão perpétua quem é pego tentando entrar no país com drogas.-  Foto: Christian Rizzi/Arquivo/Gazeta do Povo [a Indonésia já executou brasileiros por tráfico de drogas; recentemente,a Tailândia aliviou para uma brasileira, presa em flagrante; defendemos que no Brasil,  passe a ser aplicado para traficantes de drogas, o chamado TRIO PUNITIVO IDEAL.]

Eu tenho falado aqui da leniência das leis penais brasileiras, e que por isso passa-se a ideia de que o crime compensa no Brasil, de que o Brasil é o país da impunidade. 
Aí as pessoas estranham muito quando brasileiros chegam com drogas à Indonésia, geralmente a pretexto de surfar nas ondas de alguma das milhares de ilhas do país, principalmente em Bali. 
A Indonésia tem 290 milhões de habitantes e é preciso ter cuidado, pois todo mundo sabe que a Indonésia tem pena de morte ou prisão perpétua para o tráfico de drogas
Conto isso porque anteontem houve uma primeira audiência em que a Justiça está julgando uma catarinense chamada Manuela.  
A jovem chegou ao aeroporto de Bali em 31 de dezembro com 3 quilos de cocaína na bagagem, cocaína que teria sido embarcada no Brasil, claro. Naquela audiência ouviram as autoridades que aprenderam a cocaína, para que elas testemunhassem ter encontrado a droga na bagagem dela.
 
Na terça-feira da semana que vem vai haver uma segunda audiência decisiva. A defesa de Manuela está alegando perante a Justiça da Indonésia que ela não é traficante, que ela foi aliciada por traficantes.  
A Justiça da Indonésia haverá de perguntar: por acaso as pessoas não sabem que a Indonésia tem pena de morte ou de prisão perpétua para quem chega com drogas?  
Aqui no Brasil, na nossa cultura, não daria em nada. 
Parece que ela teria alegado que a pessoa ofereceu um curso de surfe na Indonésia para ela levar aquela bagagem, e ela nem perguntou o conteúdo. [alegação que não pode, nem deve, ser considerada pela Justiça da Indonésia - impõe-se aplicação sumária da pena de morte = só executando, que o tráfico poderá ser reduzido. 
Entendemos oportuno que no Brasil além do endurecimento das penas para o tráfico de drogas,  também o consumo de drogas seja punido  com rigor - é o consumidor, o chamado 'noiado', que estimula o tráfico. 
NÃO HAVENDO DEMANDA, NÃO HAVERÁ O TRÁFICO. DEZ ANOS DE PRISÃO, COM TRABALHOS FORÇADOS, para o consumidor já está de bom tamanho.  
Aqui no Brasil, já criaram até cota para consumidor de droga - abaixo de uma certa quantidade o chamado usuário,  não será nem processado.]
 
Lembro que certa vez eu estava embarcando em Tel-Aviv, de volta para o Brasil, e um amigo pediu que eu levasse um perfume para uma parente dele no Brasil. Eu fiquei assustadíssimo, vi o líquido dentro do vidro, mas não sabia que líquido era aquele.  
E a Manuela nem perguntou, carregou aquela mala com 3 quilos de cocaína e agora está sujeita a pena de morte ou prisão perpétua. 
A defesa brasileira diz que, se conseguirem qualquer outra pena que não seja uma dessas, já será uma vitória. 
Ou seja, ela pode pegar uns 20 a 25 anos só porque foi boba de levar a bagagem. Isso se ela for julgada boba, que é o melhor que pode acontecer a ela. Agora, se resolverem que ela sabia, não tem jeito.

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    Justiça frouxa deixa bandidos nas ruas

    As leis e o Judiciário brasileiro não dão a mínima para a vítima

    Nossas leis e tribunais também são responsáveis pela tragédia em Blumenau

Conto esse caso para reforçar essa história de que aqui no Brasil as leis são fraquinhas. Soube que ocorreu um debate na Sociedade de Psiquiatria, ou de Psicologia, sobre as leis brasileiras que dizem que, por exemplo, esse sujeito que atacou com machadinha a escola em Blumenau só vai ter tratamento se quiser; se não quiser, não vai ter tratamento. 
 Vale a vontade do sujeito, não a vontade da pena, da lei, da ordem. 
É como naquela história que eu contei outro dia, dos desembargadores de São Paulo que soltaram um sujeito perseguido pela polícia, que bateu em vários carros, pegou um bebê que não era dele e saiu correndo. Soltaram porque ele tinha o “direito” de autodefesa, viu a polícia atrás dele e saiu correndo porque era um direito dele fugir dos policiais.
 
Novo superbloco demonstra a força de Arthur Lira
Um fato político muito importante desta quarta-feira: Arthur Lira, com seu partido, o Progressistas, formou o maior bloco da Câmara, com 175 deputados, surpreendendo o governo e mostrando que tem muita força, que não adianta Rodrigo Pacheco [o talento enorme] ficar atrás de Lula na fotografia de chegada lá na China, junto com Dilma e Janja
O alagoano Lira mostrou sua força, porque um bloco que tentou surpreendê-lo conseguiu 142 deputados, mas nesse bloco do Progressistas estão o União Brasil, o PDT e o PSB, que juntos têm nove ministros no governo Lula.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 25 de agosto de 2019

Como recuperar a imagem queimada - Míriam Leitão

O Globo
 
O Brasil enfrentou, ao longo da história, diversas ondas de críticas e indignação no exterior. No século XIX, os ataques eram à prolongada escravidão e ao tráfico de africanos. Joaquim Nabuco foi acusado de difamar o país porque condenava os crimes cometidos aqui. Na ditadura, a acusação era de tortura e morte de opositores. Na hiperinflação, o Brasil era ridicularizado como um país de economia bizarra. No caso do desmatamento, várias vezes elevou-se o tom das críticas ao Brasil. Em todos esses casos, só um método funcionou para recuperar a imagem queimada: ir às causas do problema para eliminar os motivos das críticas.

A Amazônia sempre estará no radar do mundo e, quando o desmatamento cresce, as críticas são fortes. Ocorreu nos governos Fernando Henrique e Lula, e a reação, nas duas administrações, foi ampliar os esforços de combate. Mesmo que tenha havido, no caso de Lula, críticas às críticas, o que de fato se fez, sob o comando da ministra Marina Silva, foi ampliar o esforço para reduzir o ritmo de destruição e só por isso é que a taxa anual de 2004 a 2012 caiu 80%.  Esta semana, no meio da nossa aflição, era possível apontar os aviões e até as roupas dos brigadistas comprados com dinheiro do Fundo Amazônia. Ele está sendo destruído agora pelo atual ministro do Meio Ambiente. Destruir é fácil, construir foi um caminho longo e árduo no qual houve a soma de forças de ONGs, cientistas, Ministério do Meio Ambiente, Itamaraty. A questão do pagamento por desempenho dentro das negociações do clima foi sugestão de ONGs, na COP-6, em Haia, em 2000. No Protocolo de Kyoto o pagamento era feito por floresta plantada. O debate que o Brasil sustentou foi o de receber por desempenho no combate ao desmatamento.

Nas reuniões seguintes, introduziu-se o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, com grande protagonismo do Brasil. A liderança da ex-ministra Marina Silva, a partir de 2003, foi fundamental para se firmar o conceito. O que ajudou foi a relação que ela estabeleceu com o ministro do Meio Ambiente da Noruega Erik Solheim. Só em 2007, em Bali, consolidou-se a ideia. O Fundo Amazônia já trouxe mais de US$ 3 bilhões ao Brasil. A maior parte do dinheiro foi para os governos estaduais, para financiar ações de proteção ambiental. Diversas ONGs trabalham nesse esforço. Há crime nisso? A sociedade se organiza assim nas democracias. Pode-se não gostar de uma, se entender com outra. O que não se pode é impedir que as pessoas se organizem em torno dos seus sonhos e projetos.

Houve inúmeras ações nos municípios que uniam o trabalho de ONGs com o de prefeituras, do Ibama, do Ministério Público, da Polícia Federal em ações de repressão ao crime da grilagem, desmatamento e queimada e de apoio aos produtores que implantavam as melhores práticas. Eu vi isso acontecendo em Paragominas, em 2008, e na Operação Arco de Fogo. Foi assim também que se venceram outros momentos de dor e crise no Brasil. As conexões entre pessoas que compartilhavam o mesmo sonho civilizatório venceram a escravidão, a ditadura, a hiperinflação. Em cada um desses avanços houve alianças entre sociedade, governo, cientistas, artistas, sonhadores. A proteção da nossa preciosa floresta também se faz através de alianças.

Só quando a escravidão foi extinta no Brasil, as críticas pararam. Quando a tortura e morte de presos políticos foi encerrada, o assunto deixou de ser notícia na imprensa internacional. Quando o Brasil, ao final de uma verdadeira saga, encerrou seu longo período hiperinflacionário, o país passou a ser levado a sério. Sonho com o dia em que não haverá mais críticas ao desmatamento da floresta amazônica brasileira porque, nesse dia, teremos alcançado o ideal do desenvolvimento sustentável.

Certa vez, numa viagem de Pedro II a Paris, o jornal “Le Figaro” publicou uma série de reportagens de Adele Toussaint-Samson sobre o Brasil, país no qual ela havia morado por 10 anos e onde se escandalizara com o tratamento dado aos negros. A comunidade brasileira em Paris pediu que o imperador protestasse junto ao jornal contra as reportagens. Ele se negou a fazê-lo e explicou, segundo relato da autora, que “os povos, da mesma maneira que os indivíduos, não podem julgar a si próprios”.

Blog da Míriam Leitão, com Alvaro Gribel, de São Paulo  - O Globo



quarta-feira, 14 de setembro de 2016

O cinema do terror

Anteontem, o mundo mudou para sempre. Há 15 anos. Isso.

No filme Godzilla, há uma imagem da rua por onde multidões fugiam do grande macaco. É a mesma rua que vimos depois, sob a nuvem de pó dos prédios caindo no 11 de Setembro. Já era a previsão do que aconteceria em 2001.  Osama usou o Ocidente contra si mesmo. Melhor que os filmes catástrofes que o inspiraram, Osama inventou o espetáculo como arma.

Osama inventou o “cinema do terror”. Isso. Vejam seu legado cinematográfico: o EI decapita os infiéis em fila bem enquadrada, vestidinhos, rostos cobertos, com botas amarelas e macacão azul, todos chiquérrimos, como num filme. Daí para frente, todos os atentados foram cinematográficos: ataque em Nice, Áustria, Londres, Paris metralhado por sua beleza...

Osama mudou o mundo com as armas do Ocidente – os aviões transformados em mísseis contra o WTC. Osama inaugurou a “Época da Normalidade Perdida”, como nomeou Martin Amis, e nos legou a imagem das torres caindo por toda a eternidade; ele fez a “mise-en-scène” de um importante momento histórico, como a queda da Bastilha, o fim do Império Romano, sei lá.  Passaram-se 15 anos e o mundo só piorou. A disseminação dos horrores nos faz sentir que algo mais terrível pode acontecer. Estamos num tempo em que se enterram vivas crianças pelo Boko Haram, em que um porco como o ditador da Coreia do Norte já tem mísseis, um mundo em que um rato psicótico como o Trump pode ser candidato a presidente. Tudo isso ameaça as amarras, as traves que sustentavam a estrutura da nossa vida social. O mundo está fora do eixo, declarou Hamlet. Pois está.

Estamos vivendo um suspense histórico, com trágicos conflitos descentralizados no mundo todo.  Como isso começou? Alguma coisa ou alguém deflagrou este tempo. Foi o George W. Bush, nossa besta do apocalipse. É impressionante como ninguém fala mais do Bush. Ele é culpado por tudo que acontece no mundo atual e ninguém fala nele. Começou com a absurda invasão do Iraque, em 2003. Qualquer ser pensante sabia que a invasão do Iraque seria um erro tão grave quanto, digamos, atacar o México por causa do bombardeio a Pearl Harbour, como disse o Kerry.

Mas, aconselhado por seu vice-papai Dick Cheney, Bush resolveu mentir que o Iraque teria “armas de destruição em massa”. Todo mundo sabia que não tinha; só havia interesses de Cheney por petróleo e outras jogadas. E Bush virou o “presidente de guerra”, comandando a paranoia americana; invadiu o Iraque e derrubou o Saddam (um canalha, sem dúvida), mas que ainda era o único a refrear os jihadistas. A partir daí, os homens-bomba floresceram como papoulas, iniciando a série de atentados na Espanha, Inglaterra, Índia, Bali, Boston e outros que vieram e virão. O criminoso Bush (esse pré-Trump) devia ser julgado pelo dano que fez ao mundo, mentindo, matando 50.000 jovens e quebrando o país, com trilhões em gastos de guerra.

Foi o pior presidente americano de todos os tempos, ignorante, alcoólatra e mau estudante, coisa de que se orgulhava. Até que um dia, para seu azar e sorte, o Osama derrubou as torres gêmeas e deflorou os Estados Unidos, nunca atacados dentro de casa. Além de estimular a crise da economia, o ataque de 11/9 acabou com a fama de infalibilidade dos EUA. Acabou com a ideia de solução, com a ideia de vitória, impossível diante de inimigos sem rosto.

De uma forma repugnante, a verdade do mundo atual apareceu. Estão irrompendo todas as misérias do planeta para além do circuito Helena Rubinstein: uma religião da vingança e da morte, formada pela ignorância milenar de desgraçados no deserto, sofrendo com imensa inveja das conquistas do Ocidente.  Não me esqueço da cara do Bush em 11/9, quando lhe contaram a tragédia, em uma palestra para um colégio. A cara do Bush foi de gesso, paralisada, sem uma rala emoção, sob o olhar das criancinhas em volta. A partir daí, a América quis vingança e Bush iniciou uma linha reta de erros para um futuro apavorante. Foi nessa época que a direita republicana mais degenerada começou a se articular.

Osama nos jogou numa era pré-política, em busca de algum “futuro”, mas os islâmicos já chegaram lá, já vivem na eternidade. Suas multidões jazem na miséria, conformadas, perfazendo um ritual obsessivo cotidiano que os libertou da dúvida. Sua obediência ao Corão lhes ensina tudo, desde como cortar as unhas até como matar “cães infiéis”. Como disse o “mulá” Mohammad Omar, com desdém: “Nós amamos a morte; vocês sempre gostaram de viver...”.

Se Bush não tivesse invadido o Iraque, o mundo seria outro. Mas o “se” não existe na História. Foi o que foi. Osama morava fora da História, contemplando-a com ódio e fascinação lá da eternidade desértica de sua terra. Osama desmoralizou nossas ilusões de continuidade, de lógica, de finalidade. E nos trouxe a morte, atacando feito cachorro louco.  Osama atacou a contemporaneidade com um estilo bem “contemporâneo”. Ele trouxe o “intempestivo” para o início do século 21 que, achávamos, seria confortável, seguro, controlável.

Por outro lado, Bush continuou sua trajetória de boçalidade e cumpriu todos os desejos de Osama, como um lugar-tenente burro. Tudo que o terrorista queria Bush fez. Essa invasão absurda estimulou o terror.  Osama morreu, mas sua obra foi bem sucedida. Ele semeou o terrorismo e Bush legitimou-o para sempre. Bush veio para acabar com todas as conquistas liberais dos anos 60. Só faltava um pretexto; Osama deu-o.

Mais tarde, Obama conseguiu matar o Osama. No entanto, a morte de Osama no Paquistão indispôs mais o Oriente Médio contra nós e fragilizou a liderança dos Estados Unidos como potência. [mais uma das burrices cometidas por Obama.]  Daí, Irã, Egito, Líbia, guerra da Síria contra seu povo, apoiada claro, pela China e (oba!) pela Rússia da KGB. E hoje, 15 anos depois, por causa desse homem e sua estupidez nefasta, estamos perdidos nessa briga de foice em quarto escuro.


Fonte: Arnaldo Jabor - Estadão

Força-tarefa da Operação trabalha a todo vapor em denúncias criminais contra o ex-presidente - See more at: http://www.folhabrasilnoticias.com.br/2016/09/lava-jato-devera-concluir-hoje-denuncia.html#sthash.EBBH08TM.dpuf


Lava Jato deverá concluir hoje denúncia contra Lula

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terça-feira, 26 de julho de 2016

A boca, Bush e Trump

É espantoso o mal que a estupidez de um só homem pode provocar no planeta

Vivemos um suspense histórico, uma situação de trágicos conflitos descentralizados no mundo todo, principalmente no Oriente Médio. Como isso começou? Alguma coisa ou alguém deflagrou este tempo. Na minha opinião, foi o George W. Bush, nossa besta do apocalipse.  Ele é culpado por tudo que acontece no mundo atual e ninguém fala nele. Bush está pintando quadros em sua fazenda do Texas, enquanto o mundo que ele armou se destroça.

Finalmente, depois de 13 anos dessa vergonha, a Comissão de Crimes de Guerra de Kuala Lumpur, na Malásia, julgou e condenou Bush e Cheney por crimes de guerra. Isso. Claro que não há quem prenda o nefasto elemento. Mas, já é um consolo.  Tudo começou com a absurda invasão do Iraque em 2003.  A invasão do Iraque foi um erro tão grave quanto, digamos, atacar o México por causa do bombardeio a Pearl Harbor em 1941. Aconselhado por seu vice-papai Dick Cheney — um dos piores ratos da América —, Bush mentiu que o Iraque tinha “armas de destruição em massa”.

A partir daí, Bush continuou a construir nosso futuro apavorante. Ele não era um Hitler nem um Mussolini, com seus dogmas psicóticos. Ele era a estupidez destrutiva, com trapalhadas trágicas que não tinham a obstinação sangrenta de loucos, mas a desorientação porra-louca de um bêbado boçal. A partir daí o mundo entrou numa ciranda de horrores. Eu estava lá nos Estados Unidos e vi. Parece loucura, mas tudo começou quando Bill Clinton teve um caso com Monica Lewinsky, aquela estagiária gorda de Washington. Monica fez-lhe um boquete na cozinha da Casa Branca, entre pizzas, enquanto a Hillary dormia. Ela denunciou-o e Clinton, encurralado, mentiu na TV, declarando que nunca tivera relações sexuais com Monica. Mas ela guardara um vestido marcado por esperma do presidente, cujo DNA provava sua atuação. Vexame total para Clinton e quase um impeachment.

Aí, o Al Gore, candidato democrata contra o Bush, ficou com medo de defender o Clinton na campanha, para não ser considerado cúmplice de adultério até por sua esposa. Gore medrou. E Bush foi eleito. Foi nessa época que a direita republicana mais degenerada começou a se articular. Bush foi o pior presidente americano de todos os tempos, uma espécie de Forrest Gump no poder, ignorante e alcoólatra.

Até que um dia, para seu azar e sorte, o Osama Bin Laden derrubou as torres gêmeas no evento mais espantoso do século 21 (até agora...) e deflorou os Estados Unidos, nunca atacados dentro de casa. Não me esqueço da cara do Bush quando lhe contaram no ouvido a tragédia, enquanto ele dava uma palestra para meninos de um colégio. A cara do Bush foi de gesso, paralisada, sem uma rala emoção, sob o olhar das criancinhas em volta. A partir daí, a América quis vingança. Bush virou o “presidente de guerra” comandando a paranoia americana. Bush veio para acabar com todas as conquistas liberais dos anos 60. Só faltava um pretexto; Osama deu-o.

Aí, Bush e Dick Cheney, seu vice, derrubaram o Saddam Hussein, um ditador sunita escroto, mas que servia ao menos para segurar o Oriente Médio com sua intrincada geopolítica fanática e religiosa. [aqui o Jabor acerta; e os que quiserem ler, uma obra escrita com vários anos de antecipação, nos tempos do Bush pai, terão oportunidade de entender as razões que tornavam conveniente a permanência de Saddam Hussein comandando o Iraque, o que levou a 'coalizão' a não invadir o Iraque, depondo Saddam durante a Guerra do Golfo.
A obra magistral, de Frederic Forsyth, O PUNHO DE DEUS, antecipa e explica tudo.

No Oriente, o ódio ancestral contra os USA cresceu como nunca. Isso fortaleceu não só a Al Qaeda como seus filhotes e os homens-bomba floresceram como papoulas, iniciando a série de atentados em Espanha, Inglaterra, Índia, Bali, Boston, Paris e outros que vieram e virão. Errando sempre, Bush cumpriu todos os desejos de Osama, como um lugar-tenente burro. Essa invasão absurda estimulou o terrorismo. Osama morreu, mas sua obra foi bem-sucedida. Bush legitimou-o para sempre. Amigos, esta é a verdade brutal: a gênese do Estado Islâmico está na invasão do Iraque pelos Estados Unidos.

A América jogou dois trilhões de dólares no Iraque para uma guerra sem vitórias, porque os inimigos eram e são invisíveis. Mataram milhares de americanos jovens e arrasaram um país que hoje já é dominado pelo Estado Islâmico, perto do qual a Al Qaeda é uma ONG beneficente. Somou-se a essa (perdão...) cagada a crise econômica de 2008, provocada pela desregulação total das finanças de Wall Street por Bush, precedido erradamente por Clinton.

E por essas linhas tortas, surgiu o Trump, essa ameaça à humanidade. Como? Eu chego lá...
A globalização da economia e da políticainevitável com a mutação do capitalismo — trouxe uma obrigatória convivência com o “incontrolável”, trouxe o fim de certezas, trouxe uma relativização de valores morais, sexuais, políticos, insuportáveis para a grande massa da estupidez americana endêmica. A paranoia da América não podia suportar tanta democracia. O fim das certezas enlouqueceu o absolutismo fundamentalista cristão. 

Depois começou a era que chamávamos de Primavera Árabe — ridícula ilusão do Ocidente de que os árabes estavam obcecados pela democracia dos Estados Unidos... Rs rs rs...
Obama conseguiu então matar o Osama e foi reeleito. [o que possibilitou mais quatro anos de destruição dos valores morais, sexuais e que agora, com as bênçãos de DEUS, Trump corrigirá.] 
 
Mas, a morte de Osama no Paquistão indispôs mais ainda o Oriente Médio contra nós e fragilizou a liderança dos Estados Unidos como potência. Daí, tudo andou para trás: Irã, Egito, Líbia, guerra da Síria contra seu povo, apoiada claro, pela China e, oba!, pela Rússia da KGB. E hoje estamos nessa briga de foice em quarto escuro, estamos na véspera de novos horrores que não param de acontecer, agora com a terceirização do terror, com o EI oferecendo franquias para os lobos solitários do Ocidente.

Se não tivessem invadido o Iraque, o mundo seria outro. Mas o “se” não existe na História. Foi o que foi. A história é intempestiva e ilógica e as tentativas de dominá-la em geral dão em totalitarismo e ditaduras. A pior estrada foi tomada, como um fim de porre do texano fraco e incompetente. É espantoso o mal que a estupidez de um só homem pode provocar no planeta. Mas, afinal, pergunta o leitor, que que o Trump tem a ver com isso?
É simples; ele nasceu da boca de Monica Lewinsky, em 1997, durante aquele devastador “boquete” que mudou o mundo. E que pode destruí-lo, um dia. [não devemos olvidar que a senhora Hillary foi responsável quando aceitou ser alcoviteira do próprio marido.]

Fonte: Arnaldo Jabor - O Globo

terça-feira, 28 de abril de 2015

Indonésia não cede a pressões e executa criminosos condenados



Brasileiro Rodrigo Gularte é executado em pelotão de fuzilamento na Indonésia
Condenado á morte por tráfico, brasileiro foi executado junto com outros sete presos
A Indonésia confirmou na tarde desta terça-feira (28) que o brasileiro Rodrigo Gularte foi executado por um pelotão de fuzilamento no complexo de prisões de Nusakambangan, em Cilacap, a 400 quilômetros da capital Jacarta. A informação foi confirmada pelo jornal local Jakarta Post.

Além de Gularte, outros sete presos condenados por tráfico foram executados nesta terça.
Rodrigo Gularte foi preso em 2004 ao tentar entrar na Indonésia com seis quilos de cocaína escondidos em prancha de surfe. Um ano depois, ele foi condenado à morte. Na prisão, ele desenvolveu problemas mentais. O brasileiro foi diagnosticado com esquizofrenia paranoide e, apesar dos inúmeros pedidos de autoridades brasileiras e da família de Gularte para interná-lo em um hospital psiquiátrico, o governo da Indonésia rejeitou os pedidos.
Perfil publicado em ÉPOCA em fevereiro conta um pouco sobre a vida de Rodrigo Gularte. Surfista, ele tinha o sonho de morar em Bali, na Indonésia, ilha conhecida pelas grandes ondas e praias exóticas. Ele saiu do Paraná, sua terra natal, com a promessa de ganhar quase US$ 500 mil para entrar com seis quilos de cocaína no arquipélago. A aventura terminou no aeroporto de Jacarta, quando o equipamento de raios-X detectou a droga. Gularte se torna o segundo brasileiro a ser executado em pena de morte na Indonésia. No dia 17 de janeiro, o carioca Marco Archer enfrentou o pelotão de fuzilamento, também condenado por tráfico de drogas. Nesta terça, outros sete presos foram executados: um indonésio, dois australianos e quatro nigerianos.
Filipina não foi executada
A Indonésia planejava executar nove condenados. No entanto, o governo decidiu adiar a execução da filipina Mary Jane Veloso. Segundo o jornal Jakarta Post, uma mulher se entregou às autoridades alegando ser a pessoa que aliciou Mary Jane nesta terça-feira, e por isso o governo decidiu adiar a execução da pena. [Joko Widodo, presidente indonésio, pisou nos tomates: o correto seria executar a sentença contra a filipina, levar a julgamento a mulher que diz ter aliciado Mary Jane, condená-la à pena capital e executar a sentença nos próximos dias.]

Crise diplomática
A execução de prisioneiros estrangeiros causou mal-estar entre o governo da Indonésia e de países com cidadãos no corredor da morte. A Austrália, por exemplo, fez uma intensa campanha para tentar evitar a morte de dois cidadãos australianos, e o ministro Tony Abbott pediu, sem sucesso, clemência para os dois.
No Brasil, a execução de Marco Archer causou uma crise diplomática com os indonésios. O governo brasileiro convocou o embaixador em Jacarta para explicações e a presidente Dilma negou as credenciais ao embaixador indonésio. [o “chilique” da Dilma não teve nenhum efeito; a Indonésia executou mais um brasileiro condenado por tráfico de drogas e, se necessário, executará outros que forem flagrados traficando drogas naquele País.
O embaixador indonésio tem mais é que agradecer a Deus por Dilma não ter recebido suas credenciais e com isso ele ficou livre de residir no Brasil e correr o risco de ser  um entre os mais 50.000 que são assassinados no Brasil.]

Fonte: BBC Brasil

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Indonésia adia execuções - se espera que não seja um recuo da política 'tolerância zero' com criminosos condenados

Indonésia adia execução de brasileiro


Paranaense Rodrigo Gularte está na fila da morte e deveria ser executado em fevereiro; família quer transferência dele para hospital psiquiátrico.

A Indonésia adiou a execução de prisioneiros, inclusive do paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, prevista para este mês, alegando que a prisão onde as sentenças de morte seriam cumpridas não está pronta. Rodrigo, de 42 anos, está preso desde julho de 2004, após tentar entrar na Indonésia com 6kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe. Ele foi condenado à morte no ano seguinte.

O porta-voz do procurador-geral da Indonésia, Tony Spontana, disse à BBC que "está quase certo" que as execuções não serão realizadas neste mês, mas não anunciou quando elas irão ocorrer. As penas de morte por fuzilamento são realizadas na ilha de Nusakambangan e, segundo ele, os preparativos se atrasaram.


A família de Rodrigo, no entanto, tenta impedir que ele seja executado, solicitando a transferência do brasileiro para um hospital psiquiátrico, após um médico do governo indonésio tê-lo diagnosticado com esquizofrenia. [com a execução a doença do traficante Rodrigo se acaba. Problema resolvido.]  A família espera que o diretor do presídio onde Rodrigo é mantido assine o laudo médico na quarta-feira. O documento, então, deverá ser enviado ao procurador-geral da Indonésia, que poderá solicitar a transferência do brasileiro para um hospital, disse à BBC Brasil Angelita Muxfeldt, prima de Rodrigo, que está na Indonésia.

Este é o último recurso para evitar a morte de Rodrigo, já que seus dois pedidos de clemência foram negados e, segundo a família, a lei indonésia proíbe a morte de um prisioneiro que não esteja em plenas condições mentais. [o que deve ser levado em conta é o estado do criminoso durante a prática do delito e não o constatado anos após o crime.] Na Indonésia, a execução é por fuzilamento.  "A pressão está fazendo efeito", disse ela, por telefone. "Ele realmente está doente e precisa de tratamento, não estamos inventando".

A mãe de Rodrigo, Clarisse Gularte, esteve com ele na prisão nesta terça-feira. Segundo Angelita, Rodrigo teve "conversas desconexas e falava nada com nada". "O mundo dele é outro, a realidade dele é outra. Não adianta falar (com ele). Ele não acredita em nada", disse ela.

No mês passado, outro brasileiro condenado à morte por tráfico de drogas na Indonésia - o carioca Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos - foi executado com outros cinco prisioneiros, apesar do pedido por clemência feito pela presidente Dilma Rousseff.  O presidente indonésio, Joko Widodo, se elegeu no ano passado após prometer rigor no combate ao crime e que negaria pedidos de clemência. O governo tem defendido o direito de usar a pena de morte para enfrentar o que chama de situação de emergência causada pelo tráfico de drogas.

O adiamento também beneficia outros prisioneiros, inclusive dois australianos - Myuran Sukumaran e Andrew Chan - condenados à morte em 2006 por liderar um grupo de tráfico de drogas conhecido como "Os Nove de Bali". Eles são mantidos em Bali e ainda têm que ser transferidos para Nusakambangan.  Mais cedo, o procurador-geral H.M. Prasetyo disse que a transferência dos australianos havia sido adiada para que eles pudessem passar mais tempo com seus familiares.

[qualquer recuo por parte da Indonésia na manutenção da política de 'tolerância zero' para traficantes vai desmoralizar o combate as drogas.
As execuções precisam ser sistemáticas, realizadas com regularidade e proximidade, já que só a persistência na manutenção da política antidrogas os 'barões do tráfico' começarão a ter dificuldades de arrumar criminosos para transporte das drogas.
O recuo - caso o adiamento não seja motivado por razões técnicas (dificil de acreditar, afinal seria plausível um adiamento na primeira rodada de execuções) fará com que prevaleça o argumento que de a pressão contra as execuções está dando certo, aliás, já manifestado pela prima do traficante brasileiro. Adiar a segunda rodada, com o êxito recente da primeira não convence.]

Fonte: G 1
Colaborou Alice Budisatrijo, da BBC em Jacarta

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Traficante brasileiro condenado à morte na Indonésia será transferido para o local de execução

Brasileiro e outros 7 condenados serão transferidos para execução na Indonésia

Autoridades indonésias informaram que oito condenados à morte por tráfico de drogas, dentre eles o brasileiros Rodrigo Gularte, serão transferidos para uma prisão numa ilha, onde serão executados, apesar dos apelos internacionais. 

Dentre os condenados estão também os australianos Andrew Chan e Myuran Sukumaran, além de homens da Indonésia, França, Gana e Nigéria e de uma mulher filipina. Segundo o governo indonésio, todos já esgotaram as opções legais e serão levados de suas celas na ilha de Bali para a prisão insular de Nusa Kambangan, ainda nesta semana. A data das execuções não foi anunciada. Os condenados serão executados por pelotões de fuzilamento e serão alvejados em pares. 

Especialistas em direitos humanos expressaram suas preocupações em relatórios que indicam que o julgamento de alguns dos réus não atendeu padrões internacionais de imparcialidade. [esse pessoal dos direitos humanos seguem a mesma tática da petralhada: quando não podem refutar as acusações, partem para críticas ao processo de julgamento.
Tanto é que no MENSALÃO - PT, alguns idiotas pró mensaleiros chegaram a contestar o julgamento por haver instância superior ao STF - que condenou aqueles criminosos - para julgar recursos dos mensaleiros.
No caso do traficante brasileiro, a exemplos dos demais, ocorreu flagrante do crime de 'tráfico de drogas' - flagrante incontestável. Constatado o flagrante daquele crime e a pena para o mesmo, até o julgamento se tornou desnecessário. Mas, mesmo assim, os criminosos foram julgados e devidamente condenados.]
 

 Fonte: Associated Press
 

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

JUSTIÇA IMPLACÁVEL e JUSTA - Mais um criminoso será executado na Indonésia



Rodrigo Gularte teve tudo do bom e do melhor. Agora está no corredor da morte na Indonésia
O brasileiro sonhava com festas, mulheres e drogas em Bali. Agora depende de uma improvável clemência para não ser fuzilado
O sonho do surfista paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte era morar em Bali, na Indonésia, pegar ondas o dia todo e viver rodeado por mulheres e amigos. Em busca desse objetivo, traçou um plano ousado: vender cocaína em um país que pune traficantes com a pena de morte. O retorno seria alto: quase US$ 500 mil como recompensa para levar 6 quilos de cocaína para Bali. Os devaneios de Rodrigo foram por terra em 16 de julho de 2004. Ao desembarcar em Jacarta, a capital da Indonésia, a aparelhagem de raios-X do aeroporto internacional, moderna e recém-adquirida, descobriu a droga, escondida em pranchas de surfe.

Preso e condenado à morte por fuzilamento, Rodrigo espera a execução no corredor da morte do complexo de prisões da ilha de Nusakambangan, conhecido como a “Alcatraz” da Indonésia. Os recursos judiciais praticamente se esgotaram e sobra-lhe a esperança de uma clemência para escapar da execução. Ele deve ser o segundo brasileiro condenado à morte a ser executado no mundo. O primeiro, o carioca Marco Archer, também condenado por tráfico de drogas no país asiático, foi fuzilado em pé e de olhos vendados em 17 de janeiro. Seus pedidos de clemência foram negados, apesar dos apelos do governo brasileiro. [O último pedido de clemência a que Gularte tinha direito foi devida e merecidamente negado pelo presidente da Indonésia.]

Nascido em Foz do Iguaçu, filho de Rubens Borges Gularte, um renomado médico gaúcho, e Clarisse Gularte, herdeira de uma tradicional família de latifundiários produtores de soja, Rodrigo sempre teve tudo do bom e do melhor. “O que ele queria, ele tinha, era só pedir”, diz Clarisse Gularte. “Ele era um anjo, tinha boas notas, estudava, era educado. Sonhávamos que seria médico, como o pai.” Como toda mãe zelosa, dona Clarisse culpa as “más companhias” pelo descaminho do filho. Aos 13 anos, em Curitiba, Rodrigo começou a usar drogas. Primeiro, fumou maconha. Depois cheirou solventes. Em pouco tempo já provara de tudo. Aos 18 anos, mesmo depois de ser preso por porte de maconha, ele ganhou um carro. Usou o presente para viajar pela América Latina com amigos, para beber e se drogar.

Enveredou então num frenesi de drogas, sexo e rock and roll. Patrocinado pela mãe, Rodrigo viajou pela América Latina, por Estados Unidos, África e Europa – sempre consumindo todo tipo de drogas. “Achei que essas viagens fariam bem, que ele ia espairecer, se livrar das más influências”, diz dona Clarisse. O resultado foi o oposto. Cada vez mais viciado, Rodrigo voltou em 1994 para Curitiba. Aos 24 anos, sem trabalhar nem estudar, notívago, Rodrigo se envolveu num grave acidente de trânsito depois de sair de uma festa, bêbado e drogado. Para evitar sua prisão, dona Clarisse internou o filho. 


Depois de seis meses de desintoxicação, em 1996, Rodrigo tentou mudar de vida. Tornou-se empresário, mas quebrou dois restaurantes. Em 1999, passou no vestibular de letras da Universidade Federal de Santa Catarina. No meio do curso, desistiu. Voltara a se encontrar com as “más companhias”. Entrou para o tráfico. Viajou para a Europa e para a América Latina trazendo na bagagem vários tipos de maconha. Em 2004, surgiu a oportunidade de levar as pranchas recheadas de cocaína para a Indonésia.

No afã de ganhar dinheiro fácil para concretizar seu sonho em Bali, Rodrigo não percebeu que traficar drogas no Sudeste da Ásia é brincar de roleta-russa. Traficantes podem encarar a pena de morte em sete dos 11 países da região. Na Indonésia, arquipélago com milhares de quilômetros de costas desprotegidas, o perigo ainda é maior. Estima-se que 45% das drogas em circulação na Ásia, vindas do chamado “Triângulo Dourado”, a região entre Mianmar, Laos e Tailândia, passem pela Indonésia.

Além de ser um centro de distribuição das drogas para vizinhos asiáticos e para a Austrália, o país se tornou o maior mercado de anfetamina, ecstasy e cocaína da Ásia. O governo indonésio afirma que quase 50 pessoas morrem por dia no país por causa do tráfico. “A questão das drogas é o maior problema social na Indonésia, e há um grande apelo para um combate firme dentro do país”, afirma Yohanes Sulaiman, professor de ciência política e relações internacionais na Universidade da Defesa da Indonésia. “Pode-se discutir a eficiência da pena de morte, mas essa é uma política que não vai mudar, venha o apelo de onde vier.” Em 1997, a Indonésia criminalizou o consumo e o porte de drogas e decretou a pena de morte aos traficantes. Desde 2007, 71 mil pessoas foram presas por suspeita de posse e tráfico de drogas. Quinze pessoas foram fuziladas por tentar entrar com drogas no país. Há 138 presos por tráfico – 55 são estrangeiros
. [a pena de morte pode não ser tão eficiente no combate ao tráfico de drogas. Mas, uma coisa é certa: cada  traficante executado é sempre um traficante a menos e sempre algum candidato ao tráfico desiste diante da certeza inarredável de que se pego, será fatalmente executado.]

O perfil dos estrangeiros presos na Indonésia por tráfico costuma ser igual. “São surfistas que viram no tráfico, em especial de cocaína, uma chance de se manter em Bali e viver uma vida de fantasia, pegando ondas, indo a festas e encontrando belas mulheres”, afirma Kathryn Bonella, uma jornalista australiana que escreveu o livro Snowing in Bali (Nevando em Bali), sobre o submundo das drogas na mais famosa ilha da Indonésia. “Eles viviam uma bolha de fantasia que não os permitia enxergar o risco do que faziam. Talvez a morte de dois ocidentais sirva de alerta.”

Marco Archer foi o primeiro ocidental a ser fuzilado na Indonésia. O holandês Ang Kiem Soe foi o segundo – no mesmo dia de Archer. Cinco fuzilamentos estão marcados para as próximas semanas. O de Rodrigo Gularte deve ser marcado para o fim de fevereiro. A última esperança da sua defesa é que a Justiça da Indonésia aceite os laudos psiquiátricos que dizem que ele tem esquizofrenia – diagnóstico que Rodrigo rejeita. Pelas leis do país, pessoas com problemas psicológicos não podem ser condenadas à morte. “Ainda temos essa última esperança, e vou me agarrar a ela com todas as forças”, diz dona Clarisse.
[quando cometeu o hediondo crime de tráfico de drogas, Rodrigo gozava de saúde perfeita. Portanto, era plenamente consciente e responsável pelo seu ato criminoso. Não tem sentido qualquer clemencia.]

É pouco provável que a Justiça da Indonésia aceite o pedido. Rodrigo desenvolveu problemas mentais depois da prisão. Nesses casos, segundo a ONG Death Penalty Worldwide, a lei na Indonésia permite a execução. Caso o último recurso também seja rejeitado, Rodrigo dependerá de uma improvável clemência presidencial. No fim do ano passado, o presidente Joko Widodo disse que havia 64 pedidos de clemência em sua mesa –  e que ele rejeitaria todos. 

Fonte: Revista Época