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quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

A Balenciaga e a ascensão da pedofilia chique - Revista Oeste

Brendan O'Neill, da Spiked

Adultos precisam parar de arrastar crianças para suas fantasias sexuais 

O mundo da moda não é exatamente famoso por sua moralidade. No entanto, até mesmo para os padrões da moda, a polêmica do ursinho sadomasoquista foi esquisita.

A estimada casa espanhola Balenciaga, amada pelas celebridades, foi atacada por colocar imagens de crianças segurando ursos de pelúcia vestindo apetrechos BDSM (sadomasoquistas)
As estranhas imagens aparecem na campanha de Natal da marca. 
Elas mostram crianças pequenas de olhar triste segurando ursinhos de pelúcia vestindo tops arrastão, coleiras com chave e cadeado e algemas.  
Normalmente, seria preciso ir a um clube sinistro em uma rua escura no Soho, em Londres, para ver trajes como esses. 
Agora, a Balenciaga colocou essas peças em bichos de pelúcia e deu esses bichos para crianças de verdade.

Balenciaga, a polêmica campanha acusada de incitar pedofilia e abuso infantil | Foto: Reprodução 

Balenciaga, a polêmica campanha acusada de incitar pedofilia e abuso infantil -  Foto: Reprodução

Em uma das imagens, a criança está em pé na cama segurando o ursinho proibido para menores. Em outra, ela está deitada de bruços em um sofá, com uma expressão desolada, cercada por taças de vinho, com dois desses estranhos brinquedos na parte de trás. Um dos ursinhos de pelúcia parece estar usando uma espécie de arreio de couro, do tipo visto em festas BDSM.

Campanha da Balenciaga para o Natal de 2022 -
 Foto: Divulgação/Redes Sociais

Vai piorar. Outra foto mostra uma bolsa sobre uma pilha de documentos. Parece inocente. A bolsa é bonita. Só que os detetives da internet deram zoom na imagem e descobriram que um dos documentos é uma impressão de algo relacionado ao processoAshcroft contra a Coalisão de Liberdade de Expressão”, a decisão de 2002 da Suprema Corte dos Estados Unidos que derrubou uma seção do Projeto de Lei de Prevenção à Pornografia Infantil e determinou que a pornografia infantil falsa está protegida como liberdade de expressão. Uau.

Isso sem dúvida requer uma explicação. Não pode ser coincidência que uma campanha publicitária com crianças muito pequenas segurando ursos de pelúcia sexuais também faça uma referência velada a uma decisão judicial que diz que nem todas as imagens sexualizadas de crianças devem ser consideradas ilegais.  
Alguém envolvido nisso, seja alguém na Balenciaga, seja alguém na produção de cena ou na equipe de fotografia contratada para a campanha, sabia o que estava fazendo.
Publicidade da bolsa Balenciaga; nos papéis sobre a mesa (detalhe) 
descobriram que se trata de documentos relacionado 
ao processo “Ashcroft contra a Coalisão de Liberdade de Expressão”
-  Foto: Divulgação/Balenciaga
A Balenciaga está culpando o fotógrafo e ameaçando processá-lo.  
A empresa pediu desculpas pelas imagens, pela inclusão dos “documentos preocupantes” e deletou a campanha do Instagram. Enquanto isso, o fotógrafo insiste que não teve nada a ver com a escolha dos produtos nem dos modelos. 
Ele só ajustou a iluminação e tirou as fotos. 
Então a culpa não é de ninguém? Sabe como é, você tira algumas fotos para promover seus produtos e, putz, acidentalmente inclui crianças com ursos de pelúcia pervertidos e uma referência a uma decisão judicial que derrubou parte da lei antipornografia infantil. Pode acontecer com qualquer um.

Difícil saber o que é pior. Que alguém tenha achado que seria divertido colocar crianças com uma expressão abatida junto com ursos de pelúcia que parecem ter acabado de sair de uma masmorra depravada em West Hollywood ou que ninguém na Balenciaga tenha pensado: “Não ficou um pouco estranho?”. 

A Balenciaga é uma potência no mundo da moda. Ela é amada pelas Kardashians. Está em todos os tapetes vermelhos. Mesmo assim, sua famosa atenção aos detalhes parece ter falhado quando foi mostrada uma criança num sofá sendo observada por um urso de pelúcia azul usando um traje que parece ter saído do filme Parceiros da Noite.

Parece ter havido um apagamento dos limites entre adultos e crianças, o que significa que as crianças são cada vez mais arrastadas para um mundo que costumava pertencer aos adultos

De outra forma, porém, faz um sentido absurdo que ninguém na cadeia de comando da moda tenha parado para se perguntar se tudo isso não seria um pouco esquisito. Porque o triste fato é que esse estilo “pedofilia chique” está em toda parte agora. 

Em um mundo saturado de imagens de crianças usando roupas de adulto, quando crianças ouvem canções de pop e hip hop sexualmente explícitas, e quando não é incomum ver crianças acariciando homens vestidos de cachorro na Paradas do Orgulho LGBT ou rindo com drag queens em trajes mínimos, por que qualquer um hesitaria diante da imagem de uma menina na cama com um urso de pelúcia pervertido?

O estilo “pedofilia chique” é uma das tendências mais preocupantes do nosso tempo. Parece que estamos testemunhando uma onda de sensibilização pedófila. Não, isso não quer dizer que alguém na Balenciaga seja pedófilo, nem que um pai seja um abusador se deixar seu filho andar com “transexuais” sem sutiã nessa orgias e bacanais de amor-próprio misturado com autocomiseração que os eventos do Orgulho LGBT se tornaram. Mas de fato parece que o imaginário pedófilo, a imagem de crianças como seres sexuais ou como figuras que podem ser expostas a seres sexuais está tendo uma retomada. E precisamos falar sobre isso.

Vimos o surgimento de drag queens infantis. Elas “desfilam”, elas “arrasam na passarela”, elas são “um luxo”, dizem os veículos de mídia mainstream sobre essas crianças que adotam trejeitos exagerados de artistas drag adultos. 

Vimos crianças frequentando narrações de história da drag queen Story Hour, que são estranhas, mas não são o fim do mundo, além de performances de drag abertamente sexuais. E quem é capaz de esquecer o espetáculo teatral Family Sex Show [Programa de Sexo da Família, em tradução livre — três palavras que realmente não deveriam andar juntas], que deveria ser encenado em Norwich no começo do ano? Era sobre sexo, trazia nudez frontal e era destinado a crianças de aproximadamente 5 anos.  
O site encorajava crianças a procurarem no Google animais se masturbando para ver como o ato é natural. 
Pesquisas on-line de imagens sexuais de animais? 
O que pode dar errado?

Não é preciso ser a ativista conservadora Mary Whitehouse para achar isso problemático. Preocupar-se que a cultura pop, sempre adorada pelos jovens, tenha adquirido um elemento pornográfico, com crianças entoando letras como “correntes e chicotes me deixam excitada” — obrigado, Rihanna. Achar preocupante que tantos professores norte-americanos estejam determinados a ensinar a suas classes que existe uma centena de gêneros e que você pode ser o que você quiser. Ficar preocupado com as reportagens sobre um professor canadense com uma prótese de seios de tamanho extragrande ensinando adolescentes ou livros de educação sexual contendo informações sobre orgias ou aplicativos de sexo. Tudo bem dizer que isso não é normal. Ou até — preparem-se, relativistas morais — dizer que isso é ruim.

Parece ter havido um apagamento dos limites entre adultos e crianças, o que significa que as crianças são cada vez mais arrastadas para um mundo que costumava pertencer aos adultos. As consequências podem ser sinistras. Vamos pensar em Mermaids, a instituição de caridade voltada para a juventude trans. Ela não só publicou imagens de crianças com maquiagem e roupas sexualizadas sentadas na cama com drag queens. Um membro de seu conselho também fez um discurso em uma conferência para “pessoas atraídas por menores” (isto é, pedófilos) que escreveu sobre a dança de um garoto de 12 anos, que ele estava “reproduzindo atos sexuais, repetindo as evoluções dos movimentos pélvicos tão fáceis de reproduzir”. Outro membro de sua equipe, um homem, posou como uma colegial em fotos explícitas. De novo, isso não é normal.

Mais adiante, nos recônditos mais excêntricos da política identitária, conversas solidárias sobre “pessoas atraídas por menores” estão se tornando cada vez mais comuns. Até o USA Today publicou uma reportagem sobre “O que o público continua entendendo errado sobre a pedofilia” — desde então a manchete foi corrigida para “A complicada pesquisa por trás da pedofilia”. E se a “atração por menores” for só mais uma identidade com que as pessoas nascem, ponderou o jornal? Ele cita especialistas que acreditam que precisamos conversar sobre “desestigmatizar a pedofilia”.

“Desestigmatizar a pedofilia” é, ao mesmo tempo, uma ideia aterrorizante e que faz sentido nesta era caótica de covardia moral e ausência de julgamento.  
Não reprove a perversão, eles nos dizem o tempo todo, mesmo quando a perversão de alguém seja digna de reprovação, como aqueles homens de 50 anos que vão para a parada do Orgulho LGBT usando roupas de bebê e chupando chupetas. 
Não questione a identidade de gênero de ninguém, eles nos ensinam, mesmo quando ela é palpavelmente uma identidade de gênero maluca — como o aerogênero, digamos, em que seu gênero muda dependendo de onde você está.

Não sejam pudicos, os wokes dizem para os pais que ficam bravos que seus filhos estejam sendo bombardeados com besteiras sobre fluidez de gênero e participando de aulas de educação sexual que beiram a pornografia. O julgamento se tornou o grande pecado. E esse abandono do julgamento abriu a porta para exigências cada vez mais loucas para que se “respeite a minha identidade!”, sendo que “identidade” muitas vezes significa “perversão”. Que alguns pedófilos de fato agora estejam exigindo sua parcela de não julgamento, como noticiou o USA Today, não é uma surpresa. Pessoas atraídas por menores, eu deveria dizer. Não queremos censurar suas perversões.

Precisamos enfrentar o culto da infantilização. A infantilização dos adultos de hoje em dia leva, perversamente, à adultização das crianças. Por que se os adultos são crianças crescidas, adolescentes permanentes que relutam em aceitar as responsabilidades de ser maior de idade, então sem dúvida não existe tanta diferença entre eles e as crianças. Pouco a pouco, o velho limite que separa adultos e crianças está se apagando, de modo que os adultos podem parecer crianças — morando com os pais até os 30 anos, sendo excessivamente emotivos e alérgicos ao compromisso —, e as crianças podem parecer adultos. Vestir-se como adultos, falar de sexo como adultos, ir a shows de drag como adultos. A destruição dessa fronteira entre a infância e a vida adulta significa que todos nos encontramos em um território novo e perturbador em que bebês e pessoas crescidas estão dizendo, vestindo e fazendo o que não deveriam.

Isso vai muito além dos ursos de pelúcia da Balenciaga. Não precisamos de nada além da restauração total da autoridade adulta. De uma compreensão de que crianças são crianças, e não são como nós. Apenas a volta da sensibilização adulta vai acabar com a sensibilização pedófila que está ganhando um terreno assustador neste jovem século. 

Brendan O’Neill é repórter-chefe de política de Spiked e apresentador do podcast da SpikedThe Brendan O’Neill Show.
Ele está no Instagram: @burntoakboy

Leia também “Donald Trump e os imbecis do selinho azul”

LEIA TAMBÉM: O Twitter, a liberdade de expressão e a pornografia infantil - Bruna Frascolla

Brendan O’Neill - Colunista Spiked - Revista Oeste

 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

A jararaca está viva

Temer despencou no Datafolha, e Lula foi de 17% para 25% em quatro simulações de um primeiro turno 

[a forma segura, infalível, de acabar de vez com uma jararaca é após matá-la, partir em diversos pedaços.]
 
Os números da pesquisa Datafolha foram claros. Em julho, 31% dos entrevistados achavam que o governo de Michel Temer era ruim ou péssimo. No início de dezembro, antes que se conhecesse o conteúdo da primeira colaboração da Odebrecht, eram 51%. Tudo bem, ele recebeu uma herança maldita, mas enquanto o PT paga sua conta com a Lava-Jato há mais de um ano, o PMDB de Renan Calheiros, Romero Jucá, Moreira Franco e Eliseu Padilha só agora começou a receber a visita dos cobradores. Quem sabe, um dia a economia começa a respirar, a Lava-Jato sai da ribalta e São Jorge ajuda. Prometendo uma “Ponte para o futuro”, Temer oferecia esperança, pedindo confiança. A ponte virou pinguela e, como diz Fernando Henrique Cardoso, é a que temos.

A mesma pesquisa informou que, entre março e dezembro, Lula pulou de 17% para 25%, nas preferências para um primeiro turno na próxima eleição presidencial, com variações desprezíveis dependendo do cenário. Atrás dele vem Marina Silva, com cerca de 15%, em queda em todos os cenários. Numa previsão de segundo turno, Marina derrota Lula e todos os outros. Nessas simulações, “Nosso Guia” (expressão cunhada pelo então chanceler Celso Amorim) derrota todos os outros, salvo Marina. A cruz de Lula é sua rejeição (44%), empatado com Temer (45%).

Pesquisa de opinião em 2016 para uma eleição que está marcada para 2018 vale pouco mais que um horóscopo, mas o sinal que vem do Datafolha é claro: o caminho de “todos os outros” será pedregoso. Marina Silva prevalece num segundo turno, contra Lula, Geraldo Alckmin, Aécio Neves e José Serra. Lula só perde para ela. Como ele mesmo disse, “a jararaca está viva”.

Não só viva, como tonificada por um governo que anuncia uma reforma da Previdência que mais se parece com um rebanho de bodes. Se isso fosse pouco, falta-lhe a humildade de reconhecer que a prometida (e indefinida) reforma trabalhista foi um balão de ensaio para enternecer o andar de cima, que acabou enfurecendo o de baixo.

A jararaca poderá morrer com uma sentença judicial, mas o acordão do Supremo Tribunal que manteve Renan Calheiros na presidência do Senado foi um presente para o comissariado. Só o tempo e os autos dirão se as culpas de Lula são suficientes para torná-lo inelegível. Para quem se esgoelou na Avenida Paulista gritando “Lula cachaceiro, devolve o meu dinheiro”, as notícias são ruins.

Os brasileiros olham com desdém para a política argentina e desprezam os vizinhos encantados pelo fenômeno do peronismo. Afinal, Juan Perón foi um general larápio deposto em 1955 que voltou ao poder, caquético, em 1973 e morreu em 1974, deixando o governo para sua mulher, Isabelita, uma senhora que conheceu num cabaré panamenho. 

O peronismo sobreviveu a dois golpes e, na sua última encarnação, chamou-se kirchnerisno. Quando Perón foi deposto em 1952, os militares fizeram uma exposição das joias e vestidos de sua mulher, Evita, morta pouco antes. Coisa para classificar o luxo do casal Sérgio Cabral como “periferia chic”. Vestidos? Christian Dior e Balenciaga. Joias? Uma tiara de brilhantes.

São muitas as teorias para explicar a resistência do peronismo. Seu oxigênio é a demofobia do andar de cima argentino. É uma gente finíssima, deu a duquesa de York à Inglaterra e a rainha Maxima à Holanda, só não entende um povo que vê em Evita uma princesa.

Fonte: Elio Gaspari, jornalista - O Globo