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quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Moro ofendeu a neutralidade da Justiça

Publicidade da confissão de Palocci ofendeu a neutralidade da Justiça 

Juiz Sérgio Moro optou por revelar conteúdo seis dias antes da eleição 

[as decisões de um juiz, proferidas nos autos, estão sujeitas ao entendimento do magistrado, só sendo possível contestá-las na via judicial = instância superior a do magistrado que as prolatou, excluindo análise do Conselho Nacional de Justiça.

Por óbvio, cabe ao magistrado decidir a ocasião em que um acusado prestará depoimento - tal decisão não está sujeita ao arbítrio do depoente e deverá ocorrer de forma a impedir que o criminoso use o interrogatório em beneficio dos seus interesses.] 

Se era bala de prata, o teor da colaboração do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci tornou-se um atentado à neutralidade do Poder Judiciário, à desejada exposição das roubalheiras do comissariado petista e à boa fé do público. Foi uma ofensa à neutralidade da Justiça porque o juiz Sergio Moro deu o tiro seis dias antes do primeiro turno da eleição presidencial.    Trata-se de um depoimento tomado em abril que não revela o conjunto da colaboração do poderoso detento-comissário. Podia ter esperado o fim do processo eleitoral, até mesmo porque o doutor Moro é pessoa cuidadosa com o calendário. Com toda razão, ele suspendeu dois depoimentos de Lula porque o ex-presidente transforma "seus interrogatórios em eventos partidários". 

Foi uma ofensa para quem espera mais detalhes sobre as roubalheiras petistas, porque a peça de dez páginas tem apenas uma revelação factual comprovável, a reunião de 2010 no Alvorada, na qual combinou-se um processo de extorsão, cabendo a Palocci "gerenciar os recursos ilícitos que seriam gerados e seu devido emprego na campanha de Dilma Rousseff para a Presidência da República".   Traduzindo: Palocci foi nomeado operador da caixinha das empresas contratadas para construir 40 sondas para a Petrobras. Só a divulgação de outras peças da confissão do comissário poderá mostrar como o dinheiro foi recebido, a quem foi entregue e como foi lavado. O juiz Sergio Moro fica devendo essa.

Afora esse episódio, o que não é pouca coisa, a colaboração de Palocci é uma palestra sobre roubalheiras que estão documentadas, disponíveis na rede, em áudios e vídeos, na voz de empresários e ex-diretores da Petrobras. Em julho passado o procurador Carlos Fernando de Souza contou que a força-tarefa da Lava Jato tratou com Palocci: "Demoramos meses negociando. Não tinha provas suficientes. Não tinha bons caminhos investigativos". Se as confissões de Palocci à Polícia Federal quebraram a sua barreira de silêncio, só se vai saber quando o conjunto da papelada for conhecido.

Nessa parte da colaboração, Palocci, quindim da plutocracia que se aninhou no petismo, diz na página dois que em 2003 o governo tinha duas bandas: a "programática" e a "pragmática". Ao longo do tempo "a visão programática adotada pelo colaborador (ele) foi sendo derrotada". Na página seis o doutor conta que foi nomeado operador da caixinha das sondas. Isso é que é derrota.   Em 2006, quando estava prestes a ser defenestrado do Ministério da Fazenda, uma pessoa presente a uma conversa no Alvorada ouviu Lula dizendo-lhe: "Pô, Palofi, você não para de mentir?"

Segundo Palocci, de cada R$ 5 gastos nas campanhas, R$ 4 vêm de propinas e a candidatura de Dilma Rousseff recebeu algo como R$ 400 milhões de forma ilícita. Como gerente de uma parte dessa caixa, a palavra está com ele. Até lá, o ex-ministro continuará na carceragem de Curitiba onde teria um pequeno cultivo de alecrim e lavanda, ecoando o jardim do falsário Louis Dega na Ilha do Diabo. (Dustin Hoffman no filme "Papillon".)

Antes mesmo da "bala de prata", Lula, Haddad e o comissariado tinham motivos para duvidar que a postura de soberba castidade do PT teria um preço. A conta chegou: a rejeição a Haddad subiu 9 pontos em cinco dias, chegando a 41%, segundo o Datafolha. É rejeição ao PT e ao "Andrade" que percorre o Brasil blindando-o. Faltam cinco dias para o primeiro turno e nesta quinta-feira (4) os candidatos irão ao último debate. A ver. 




 

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Carta aberta ao Cirino



O texto que se segue é do ex-ponta esquerda Zé Roberto Padilha. Leia-o bem, Cirino:
“Bom dia, Marcelo. Temos algo em comum: chegamos como promessas à Gávea, aos 23 anos. Eu vindo de um troca-troca com o Fluminense, você como destaque no Atlético Paranaense. Mesmo sendo tricolor, mas amante do futebol arte, juntei-me à nação rubro-negra para reverenciá-lo".

Sim, porque você parecia o atacante que está fazendo falta ao futebol brasileiro. E o Flamengo seria a porta que o levaria à seleção. Habilidoso e veloz, suas atuações celebravam o surgimento de um novo Jairzinho, um Müller, um Búfalo Gil que levantava a torcida em cada contra-ataque. Os grandes times do futebol brasileiro sempre contaram com um, pois os gênios que empunham a dez precisavam de uma flecha para acionar o seu habilidoso arco em direção ao gol adversário.

Você começou bem, mas foi caindo de produção e fui temendo pelas suas atuações na noite do Rio. De tão bonita e concorrida, é um colírio para o turista. E uma armadilha para os que chegam à Gávea e não encontram os atletas que encontrei. Outro dia, na Internet, havia sua foto entre Pico, Éverton e outros candidatos ao sumiço, com uma
“long neck" às mãos comemorando... a zona do rebaixamento?

Em 1976, com sua idade, saia da concentração do Flamengo, em São Conrado, para estrear no Fla-Flu do troca-troca. Não tinha dormido direito. Havia deixado meu time de coração, o que defendi desde os 16 anos até os profissionais, e estava ansioso, pensando como me comportaria defendendo uma camisa por profissão. Não mais como prazer e por paixão. Até que o ônibus, antes de ultrapassar o túnel Dois Irmãos, passou diante da favela da Rocinha. Pela janela, vi gente despencando por aquelas escadas em euforia em direção ao Maracanã. Gente simples, humilde, trabalhadora, que se dirigia ao estádio para dar sentido a sua vida. Uma vitória do Fla, e esta fé estava escancarada nos olhos de cada torcedor, era o combustível que precisavam para ser feliz. E a medida que nos aproximávamos do Mário Filho, mais gente vinha chegando, como numa procissão. Por respeito a eles, lutei 90 minutos como se o adversário fosse mesmo um adversário.

Não tive sorte dentro de campo. Na quinta partida defendendo o clube, fraturei o tornozelo direito, passei dois meses com gesso e quando voltei, pressionado e com botinha de esparadrapo, era cedo demais para a lesão e cumpri meu contrato capengando. Ao seu final, restou-me tentar a vida em Recife, no Santa Cruz. Mas tive sorte fora de campo. Nos vestiários, no dia a dia com meus companheiros.
Zico, Junior, Cantarele, Jaime, Rondinelli, Geraldo, Tadeu e Luisinho eram autênticos funcionários da nação. Treinavam em dois períodos, dormiam cedo, se cuidavam. Tinha samba no ônibus e cerveja gelada, mas apenas no domingo. Após o dever. Nos juniores, chegando, surgiam Adílio, Andrade, Leandro, Tita e Julio César. Era uma família que, quando se juntou, ganhou tudo. Viraram exemplos porque conquistaram o mundo. Mas, antes respeitaram sua nação. Honraram o futebol.

Permita-me um conselho, Marcelo. Largue esta turma. E volte a treinar e dormir cedo. Se cuidar. Brindar com “Stelinha” apenas quando atingirem o G-4. O anti legado que Ronaldinho Gaúcho deixou ao clube foi abrir sua mansão a semana toda para o pagode. Implantou o desrespeito com o torcedor, atrasou a vida de tantas promessas, como você, que poderiam chegar à seleção, mas que hoje não passam de “adrianos”. Dignos de pena pelos atletas que poderiam ser diante de dom concedido para reverter uma injustiça social. Só depende de você mudar este jogo

Um grande abraço. Zé Roberto”.

Fonte: Blog do Renato Mauricio Prado