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terça-feira, 1 de março de 2022

Putin prepara assalto mais destrutivo após erros na guerra da Ucrânia - Folha de S. Paulo

Folha Press

Após enfrentar problemas logísticos e violar o manual das invasões militares, as forças de Vladimir Putin chegam ao sexto dia da guerra na Ucrânia numa nova etapa, potencialmente mais destrutiva para Kiev. O surgimento do comboio de 64 km de comprimento rumo à capital ucraniana e a intensificação do bombardeio sobre Kharkiv, a segunda maior cidade do país, são o símbolo dessa mudança.

A resistência local deverá ter problemas para segurar o assalto que se ensaia. Não que ela não tenha tido seus momentos de glória, apesar da romantização exacerbada na mídia ocidental, mas eles parecem ter derivado mais de erros de Moscou do que de sua qualidade técnica intrínseca.

Em novembro de 2020, após a derrota armênia na guerra contra o Azerbaijão, o analista militar russo Konstantin Makienko, do Centro de Análises de Estratégias e Tecnologias, de Moscou, escreveu um texto profético no jornal Vedomosti. "A principal lição que Moscou deve tirar da tragédia [a Armênia é um aliado indócil russo, e o apoio de Ancara a Baku aumentou a influência turca no Cáucaso] é que nunca subestime o inimigo. Reina aqui uma atitude condescendente e irônica em relação ao Exército ucraniano", afirmou. "Os militares ucranianos já possuem sistemas de armas que os russos não possuem. Mísseis antitanque de terceira geração e drones kamikaze. E, em breve, os drones turcos Bayraktar-TB2", completou.

Kostia, como era chamado pelos amigos, não viveria para ver a profecia realizada: morreu há um ano. Mas seus alertas eram precisos acerca das dificuldades que os russos encontraram. Mas não só essas.

Dois princípios de invasões terrestres foram violados por Moscou. O primeiro, o da finalidade: a mais bem-sucedida operação do gênero da guerra moderna, a expulsão do Iraque do Kuwait na Guerra do Golfo (1991), era desenhada com um objetivo só. O conflito que tirou Saddam Hussein 12 anos depois, também. Não foi o que se viu agora. Putin deixou claro desde o começo que seu objetivo era Kiev: decapitar o governo de Volodimir Zelenski com o mínimo de danos civis, para provavelmente instalar um aliado que não enfrentasse uma guerra civil e manter apoio em casa.

Mas seu ataque foi extremamente complexo, envolvendo as forças irregulares do Donbass, a ação rumo a Kiev pela Belarus sem uma coordenação aparente com a força vinda mais do leste e uma ofensiva com rumos divergentes no sudeste do país: tropas que deveriam atacar Mariupol se dividiram no meio.

O segundo princípio é um corolário do primeiro: concentração de forças. Apesar de chegar às ruas centrais de Kiev no terceiro dia de ação, o fez apenas com infiltrações mínimas de militares aerotransportados. Isso sugere que Putin subestimou Kiev, acreditando que apenas sua chegada ao país forçaria a rendição de Zelenski, pintado na Rússia como um fantoche americano, uma versão vida real do comediante que vivia na TV antes se tornar presidente, em 2019.

Pedra angular da doutrina militar russa, o uso maciço de barragens de artilharia e mísseis não foi aplicado nas primeiras fases do conflito. Houve, claro, ataques mais fortes como os vistos em Kharkiv e Mariupol, mas ainda não configura o "choque e terror" do então secretário de Defesa dos EUA Donald Rumsfeld no Iraque de 2003.

A Força Aérea russa ainda não foi usada de forma decisiva, deixando o trabalho principal para mísseis de cruzeiro e balísticos. Apenas um punhado de aviões de ataque Su-25 e talvez algum modelo avançado Su-34, amplamente usados na guerra civil síria, foi visto em ação. Helicópteros só foram vistos na tomada do aeroporto de Hostomel, perto de Kiev. A ideia é destruir toda a defesa antiaérea ucraniana, e esse objetivo parece perto de sua conclusão, evitando assim o constrangimento de ver aeronaves abatidas.

Os drones turcos que dominaram a guerra de 2020, como Kostia previu, fizeram estrago. Até a última conta disponível, Kiev tinha recebido seis deles, e ao menos uma coluna de blindados russa foi destruída. Os russos, contudo, dizem que já praticamente abateram todos. "A operação inicial foi baseada em suposições terríveis sobre a capacidade e a vontade da Ucrânia de lutar, e um conceito operacional impossível. Moscou errou feio no cálculo. Mas suas forças ainda não entraram na guerra", escreveu no Twitter o americano Michael Kofman, diretor para Rússia do centro CNA. "Houve dificuldades, claro. Mas a degradação das forças ucranianas é diária. É matemática, ao fim", afirmou Konstantin Frolov, analista político em Moscou.

Na segunda (28) e nesta terça (1º), o cenário mudou. O Kremlin não colocaria quilômetros de veículos expostos a ataques aéreos, o que mostra confiança em sua tática de supressão. E a intensificação dos bombardeios em Kharkiv, para onde foi enviada ao menos uma bateria do temível sistema de mísseis termobáricos TOS-1, quase uma arma de destruição em massa, prenuncia uma escalada.

Não é casual, assim, as informações vazadas pelo Pentágono à mídia americana sobre a renovada ação do Kremlin. Mais importante, tudo indica que as linhas de suprimento foram regularizadas. Este é um problema inerente a qualquer operação terrestre: os nazistas perderam a conquista de Moscou porque acabaram a gasolina, a munição e a comida às portas da capital soviética, em 1941.

Em 1991, a famosa "guerra das 100 horas" dos EUA contra Saddam só não perdeu o título porque soldados americanos foram feitos de motoristas de caminhões-tanque para levar combustível para a exaurida 1ª Divisão Blindada rumo a Bagdá.

O que se coloca agora é cálculo cruzado com o relógio correndo contra o Kremlin, pressionado sob todos os lados por sanções econômicas e políticas. Com o canal diplomático bem ou mal aberto em Gomel (Belarus), os russos podem contar ainda com alguma chance de rendição ucraniana. As promessas de ajuda militar dos vizinhos da Otan não parecem se materializar na velocidade para mudar a guerra: se Kiev de fato receber algum caça, não será em quantidade para mudar o rumo da ação.

Mas Zelenski parece bastante firme em seu posto de defensor, dado o apoio que recebe no Ocidente. Nisso concordam Kofman e Frolov: Kiev tem enorme vantagem na guerra midiática, o que não é pouco no mundo das redes sociais. Enquanto o Kremlin basicamente tenta esconder a guerra em casa, proibindo até as TVs de chamarem assim, Zelenski tem vantagem mundo afora. Putin se importa com isso? Enquanto sua posição interna não estiver ameaçada, parece que não. Mas uma intervenção prolongada traz riscos crescentes que sua retórica inflamada de guerra nuclear e confronto com a Otan indica.

O baixo número relativo de vítimas civis, central para o russo dada interligação entre seu povo e o ucraniano, também não ficará assim se ele usar mão pesada enquanto retém a iniciativa para subjugar a Ucrânia ou encontrar um cenário intermediário para manter o país dividido e fora da órbita do Ocidente.

Mundo - Folha de S.Paulo 


domingo, 5 de maio de 2019

Israel ordena resposta em massa aos ataques com foguetes dos palestinos

Os 250 foguetes palestinos disparados no sábado representam o maior ataque palestino contra Israel em um único dia nos últimos anos


O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ordenou que as Forças Armadas continuem seus “ataques em massa” contra alvos do Hamas e da Jihad Islâmica na Faixa de Gaza, em uma escalada que deixou cerca de dez palestinos e três israelenses mortos em pouco mais de 24 horas. [oportuno lembrar que a Faixa de Gaza é uma pequena área, um gueto, super habitado por civis palestinos e é praticamente impossível a separação entre alvos, digamos, hostis a Israel e civis palestinos desarmados, incluindo crianças.
Isso faz com que bombardear Gaza a pretexto de atacar alvos hostis a Israel é a mesma coisa que atacar alvos civis.]
“Eu instruí o exército a continuar seus ataques em massa contra elementos terroristas da Faixa de Gaza, e ordenei reforços com tanques, artilharia e tropas”, disse Netanyahu no começo do conselho semanal de ministros.

Um comandante do movimento islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza, foi morto em um ataque israelense.  Hamad al Jodori, 34 anos, era comandante do braço armado do Hamas, informou o movimento.  O exército israelense confirmou esta morte.
Desde o início dos confrontos, as autoridades de Gaza relataram a morte de nove palestinos, incluindo um bebê e sua mãe, mas os israelenses acusaram o Hamas por essas duas mortes. O Ministério da Saúde de Gaza havia dito no sábado que a palestina Abu Arar, 37 anos, e sua filha de 14 meses foram mortas em um bombardeio israelense.
“Essa morte infeliz não foi resultado de armamento (israelense), mas de um foguete do Hamas que explodiu onde não deveria”, declarou Jonathan Conricus, porta-voz do Exército israelense, falando aos jornalistas.

Os 250 foguetes palestinos disparados no sábado representam o maior ataque palestino contra Israel em um único dia nos últimos anos.  O exército israelense declarou que seus tanques e aviões atingiram cerca de 220 alvos militares em Gaza. [a situação geográfica e demográfica exposta em nosso comentário acima, deixa claro a impossibilidade de tanta precisão na limitação dos danos a alvos considerados militares.] 
 
Os palestinos dispararam contra locais no sul e no centro de Israel. Várias dezenas de mísseis foram interceptados pela defesa antimísseis, disseram as Forças Armadas de Israel, e uma grande parte deles atingiu áreas desabitadas.
A Turquia, por sua vez, falou de “agressividade sem limites”, após o ataque israelense a um prédio de vários andares em Gaza que, segundo moradores e Ancara, abrigava a redação da agência de notícias estatal turca Anadolu.
Imagem mostra fumaça após ataque aéreo de israelenses em Gaza – 05/05/2019 (Mohammed Salem/Reuters)

Segundo a Anadolu, a equipe da agência evacuou o prédio pouco antes do ataque, que foi precedido por uma advertência. Neste contexto, Israel anunciou o fechamento dos pontos de passagem da fronteira de Gaza e o fechamento das áreas pesca na costa do território.

Mediação do Egito
Segundo uma fonte da Jihad Islâmica, o Egito, que atua como intermediário entre o Hamas e Israel, tenta mediar para reduzir a tensão.  Em Bruxelas, a União Europeia pediu o “cessar imediato” dos disparos.  O enviado da ONU encarregado do conflito israelense-palestino, Nickolay Mladenov, pediu “a todas as partes que acalmem a situação e retornem ao entendimento dos últimos meses”.
Por sua vez, os Estados Unidos disseram que apóiam o “direito” de Israel à “legítima defesa”. [é uma legitima defesa em que quem se defende - Israel - o faz atacando área predominantemente ocupada por civis desarmados - Faixa de Gaza.]
Israel e Hamas entraram em confronto em três guerras desde 2008.


No final de março, por patrocínio do Egito e da ONU, um cessar-fogo foi negociado, anunciado pelo Hamas, mas nunca confirmado por Israel.  Isso permitiu manter relativa calma durante as eleições legislativas israelenses de 9 de abril.  Mas a situação se degradou durante esta semana. Os disparos palestinos foram retomados, assim como as represálias israelenses.

Três fatores poderiam levar Israel a acalmar a situação: as negociações em curso para formar uma coalizão governamental após a vitória de Netanyahu nas eleições, o concurso de música Eurovision planejado para Tel Aviv em meados de maio e as comemorações para a criação da Estado de Israel na quinta-feira.  Desde março de 2018, os palestinos protestam na fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel contra o bloqueio do enclave e o retorno de refugiados que foram expulsos ou tiveram que deixar suas terras após a criação de Israel em 1948.

Pelo menos 271 palestinos foram mortos desde o início da mobilização, em manifestações ou em ataques israelenses em retaliação. Do lado israelense, dois soldados morreram. Os organizadores das manifestações e do Hamas asseguram que o movimento da “Grande Marcha de Retorno” é independente.  Israel, por outro lado, acusa o Hamas de orquestrar essas manifestações.

 AFP - VEJA


terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Imagens pavorosas do assassinato do embaixador russo na Turquia

O embaixador russo em Ancara, Andrei Karlov, foi assassinado nesta segunda-feira por um jovem policial turco diante das câmeras, em uma cena pavorosa.

 Andrei Karlov jaz no chão após ser baleado por Mevlut Mert Altintas


As imagens mostram o autor dos disparos, Mevlüt Mert Altintas, de terno, gravata e uma pistola na mão junto ao corpo do embaixador, caído no chão com os braços abertos. Antes de atirar, o policial se colocou discretamente atrás de Karlov, durante a inauguração de uma exposição de fotos, como se fosse um guarda-costas.
Segundo várias testemunhas, o policial de 22 anos atirou nas costas do embaixador. Em meio ao pânico das pessoas na galeria de arte, o policial permaneceu tranquilo, completamente indiferente aos gritos, e revelou que agia para vingar o drama da cidade síria de Aleppo. Após matar o embaixador, "disse algo sobre Aleppo e sobre uma vingança", declarou à AFP Hasim Kiliç, repórter do jornal Hürriyet, que estava no local.
Também gritou "Alá Akbar" (Alá é Grande) e conclamou em árabe os "que juraram lealdade à Jihad".
"Não esqueçam a Síria, não esqueçam Aleppo", gritou em turco em duas ocasiões, constatou a AFP no vídeo do crime. "Todos os que participam desta tirania prestarão contas, um a um", diz o policial, membro das forças especiais em Ancara. Imediatamente após os disparos, ocorridos às 19H05 (14H05 Brasília), policiais de uma delegacia próxima seguem para o local e trocam tiros com o assassino.
Em seguida, chegam homens da força de intervenção especial da polícia e o atacante é "neutralizado" pouco depois. Fotos que circulam na Internet mostram Altintas no chão, com o tórax crivado de balas. Segundo o ministro do Interior, Süleyman Soylu, o embaixador russo chegou ao hospital de Ancara às 19H53 (14H53), mas já não apresentava sinais de vida.
Durante a noite, a polícia realizou uma batida na casa de Altintas e deteve seus pais e sua irmã, no oeste da Turquia, para interrogá-los. O prefeito de Ancara, Melih Gökçek, sugeriu no Twitter que o atirador pode estar ligado a Fethullah Gülen, o pregador islâmico residente nos Estados Unidos que a Turquia acusa de orquestrar a tentativa de golpe de 15 de julho.

Fonte: AFP
 

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Guerra declarada

Derrubada de avião russo por militares da Turquia expõe os perigos do conflito civil na Síria e embaralha a estratégia do Ocidente para combater os terroristas do Estado Islâmico

Na terça-feira 24, onze dias depois dos atentados terroristas perpetrados pelo Estado Islâmico em Paris, os ânimos das nações mais poderosas do mundo foram de novo postos à prova quando o governo da Turquia decidiu derrubar um caça Su-24 pertencente à Rússia após este supostamente invadir espaço aéreo turco durante missão na Síria. Os relatos do que aconteceu são contraditórios. A Turquia diz que enviou, durante cinco minutos, dez mensagens ordenando que o avião se afastasse do território. Como os pedidos não foram atendidos, caças F-16 destruíram a aeronave. As autoridades russas dão uma versão diferente e afirmam que o jato não invadiu o espaço aéreo vizinho, sem representar ameaça ao país. O incidente embaralha a estratégia não só das duas nações diretamente afetadas, mas de todos os envolvidos no conflito civil sírio e no combate ao Estado Islâmico, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia.

 Explosão no Iraque,  a derrubada do avião russo e protestos na embaixada turca em Moscou:
tensões tornam o xadrez diplomático mais complicado 

Há cerca de dois meses a Rússia entrou com força na Guerra da Síria. Seu objetivo é combater o Estado Islâmico e os rebeldes que ameaçam o regime do ditador Bashar al-Assad, aliado de Moscou. Entre as milícias de oposição ao regime estão guerrilheiros turcomenos, que contam com o apoio de Ancara. Durante essas missões, as forças russas realizavam constantes incursões aéreas próximas à fronteira da Turquia. A derrubada do Su-24 – que foi ordenada pelo presidente turco Recep Tayyip Erdoğan – representa o ponto de ebulição de tensões que já colocavam os dois países em rota de colisão. A rapidez com que a decisão foi tomada sugere que a Turquia só esperava a oportunidade para mandar um recado ao rival. Também explica por que a Rússia considerou o ataque como uma “emboscada” e a razão pela qual o presidente Vladimir Putin classificou o episódio de “facada nas costas”. “O conflito entre a Rússia e a Turquia poderá aumentar ”, diz Chuck Freilich, cientista político e ex-analista do Ministério de Defesa de Israel. “Não militarmente, mas diplomaticamente, com um pequeno teatro bélico.” 


Mais importante do que isso são as consequências para o conflito na Síria e o combate ao Estado Islâmico. A Turquia é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Em tese, deve ser defendida pelos demais componentes do bloco (como Alemanha, Estados Unidos, França e Reino Unido) em caso de ofensiva inimiga. Para piorar, apesar de todas as principais nações do mundo estarem de mãos dadas no discurso contra o Estado Islâmico na Síria, elas possuem posições bem diferentes sobre Assad. Os russos apoiam o ditador lutando contra rebeldes, enquanto o Ocidente é contrário a ele. “A entrada da Rússia na equação síria mudou o equilíbrio do jogo”, afirma Hussein Kalout, professor de Relações Internacionais na Universidade de Harvard. “O país está ganhando terreno e encurralando o Estado Islâmico em áreas estratégicas.” 

Fonte: Isto É 
Ler na íntegra:  http://www.istoe.com.br/reportagens/441667_GUERRA+DECLARADA?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

Fotos: Ali Mukarrem Garip/Anadolu Agency; KIRILL KUDRYAVTSEV/AFP PHOTO, Andrew Harnik/AP Photo  
 

quinta-feira, 2 de julho de 2015

O pior dos crimes no mundo islâmico



Uma ideologia que trata as mulheres como propriedade, que assassina ou encarcera intelectuais e sentencia um blogueiro a 1000 chicotadas e dez anos de prisão, se ele sobreviver, não tem o direito de jogar a culpa pelos seus problemas no Ocidente ou em quem quer que seja.

Violência e intolerância permeiam o mundo muçulmano. Pessoas que cometem crimes bárbaros, massacres de cristãos, judeus, muçulmanos e hindus, todos enfim, dizem que estão meramente pondo em prática a lei da Sharia islâmica contra a "blasfêmia", apostasia e contra os "infiéis". Esses extremistas islâmicos tomam diariamente a lei em suas próprias mãos, assassinam qualquer um que queira pensar livremente ou de maneira diferente. Todos os dias, detenções, julgamentos, açoitamentos, tortura e assassinatos de jornalistas, poetas, estudantes e ativistas de direitos humanos já viraram rotina.

Em 2013, o professor paquistanês Junaid Hafeez que leciona o idioma inglês, foi detido e encarcerado, acusado de blasfêmia depois que um estudante filiado ao grupo Jamaat-i-Islami acusou-o de insultar Maomé, o fundador do Islã, no Facebook. Seu primeiro advogado, Chaudhry Mudassar, abandonou o caso em junho de 2013 após receber um grande número de ameaças de morte. O segundo advogado Rashid Rehman, foi morto a tiros em seu escritório em frente de colegas em 7 de maio de 2014. O advogado atual Shahbaz Gurmani, foi ameaçado de morte, houve disparos defronte de sua casa e lhe foi enviado uma carta do grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS em inglês), recomendando que ele abandonasse o caso, ameaçando decapitá-lo se ele insistisse em defender o cliente.

Junaid Hafeez continua preso.  Em 28 de dezembro de 2014 a escritora egípcia Fatima Naoot foi levada a um tribunal por ter, segundo consta, "insultado" o Islã. O "crime" dela foi ter tecido comentários em sua página do Facebook criticando o massacre de animais durante o Eid al-Adha, a festa do sacrifício celebrada pelos muçulmanos. "Não esmorecerei mesmo se eu for encarcerada", disse Naoot à Reuters. "O perdedor será o movimento cultural".

Fatima Naoot é uma colunista e poeta com pensamento crítico. Ela tem a coragem de se manifestar abertamente contra as injustiças da sociedade em que vive, características estas ameaçadoras demais para muitos muçulmanos. O Artigo 98(f) do Código Penal Egípcio proíbe cidadãos de "ridicularizarem ou insultarem religiões divinas ou incitarem agitação sectária". Mas no Egito a lei, ao que tudo indica, vale apenas contra seguidores de qualquer religião que não seja a Islã sunita. 

De acordo com o relatório anual de 2014 da Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos EUA,  "o grosso das acusações tem como alvo artistas muçulmanos sunitas, importantes personalidades e jornalistas. No entanto, a maioria dos condenados à prisão por blasfêmia em um tribunal é formada de cristãos, muçulmanos xiitas e ateus, na maior parte dos casos em julgamentos viciados. Cerca de 40% dos réus eram cristãos, proporção esta extremamente alta se comparada com a população cristã de aproximadamente 10% a 15%".

O clérigo muçulmano Hussein Ya'qoub, declarou em 2009: "os judeus são inimigos dos muçulmanos independentemente da ocupação da Palestina. Vocês têm que acreditar que nós lutaremos, os derrotaremos e os aniquilaremos até que não reste nenhum judeu sobre a face a terra".

Outro clérigo muçulmano Sallah Sultan, afirmou em um discurso transmitido pela TV do Hamas em 2012, que as pessoas com as quais ele tem se encontrado, em qualquer lugar a seja, têm "sede do sangue dos judeus... Israel usou meninas com AIDS para seduzir jovens egípcios com o objetivo de infectá-los", segundo ele, evidentemente sem se preocupar em apresentar provas, o que é apenas mais um exemplo da imaginação do ódio contra os judeus.

Nenhum dos clérigos foi intimidado a comparecer perante um tribunal por ter orgulhosamente proposto genocídio, mas Fatima Naoot é julgada por criticar o massacre de animais durante o Eid al-Adha. Em 30 de agosto de 2014, o fotógrafo iraniano Soheil Arabi, 30, foi condenado por um tribunal penal em Teerã à pena de morte por enforcamento por "insultar o profeta do Islã" (Sabbo al-Nabbi) em postagens no Facebook. Em 24 de novembro de 2014, o Supremo Tribunal do Irã manteve a sentença de morte.

Em 2014, Raif Badawi, 31, um blogueiro saudita e criador de um website destinado a fomentar o debate político e religioso, foi condenado a 10 anos de prisão, 1000 chicotadas e uma multa de 1 milhão de riais sauditas (cerca de US$267.000) por "adotar pensamentos liberais" e "insultar o Islã". Badawi recebeu as primeiras 50 chicotadas da sentença em 9 janeiro de 2015 em frente a uma mesquita logo após as rezas matinais, "rodeado por uma multidão entusiasmada que entoava incessantemente Allahu Akbar (Deus é grande)" durante as chicotadas". A sentença foi mantida na semana passada pelo Supremo Tribunal da Arábia Saudita, a comutação da pena só pode ser promulgada pelo Rei Salman.

De acordo com a lei da Sharia islâmica, o livre pensamento é o crime mais imperdoável no mundo muçulmano. Estar preso, ser torturado ou executado por pensar livremente também é a razão pela qual há uma defasagem de séculos entre os países muçulmanos e o Ocidente no que tange à emancipação humana. Para Eurípides "não poder expressar o próprio pensamento é a verdadeira escravidão, em muitos países muçulmanos o livre pensamento é sentença de morte.

Aqueles que têm a coragem de tentar abolir essa "escravidão" no mundo muçulmano, são forçados a pagar um preço incomensurável. A jovem ganhadora do Prêmio Nobel Malala Yousefzai foi baleada na cabeça por pleitear poder estudar. Advogados que representam aqueles que tentam abolir essa "escravidão" ou outras alegações, mesmo as fraudulentas, são assassinados.

É permitido explodir uma escola repleta de crianças, deliberadamente atropelar inocentes em nome da jihad, massacrar pessoas durante as rezas e logo em seguida distribuir doces para comemorar sua "vitória", depreciar o valor da mulher de incontáveis maneiras, tendo quatro esposas, espancando-as, divorciando- se delas com apenas uma palavra e você será elogiado por muitos muçulmanos por ser um "herói", um "mártir" ou "um verdadeiro muçulmano".

Essa maneira de ser nada tem a ver com o Ocidente ou qualquer tipo de interferência ocidental. Não foram os europeus, os Estados Unidos ou o Estado de Israel que espalharam essas coercitivas leis baseadas na sharia contra a blasfêmia e apostasia entre os muçulmanos. Os regimes muçulmanos, que sequer conhecem a definição de liberdade, sem falar da sistemática criminalização da liberdade de expressão, supressão da pesquisa e criatividade, intermináveis disputas tribais, são a razão pela qual seus povos continuam no século VII.

A ascensão do ISIS no Iraque e na Síria, a expansão do alcance do Irã em mais quatro países (Iraque, Síria, Líbano e Iêmen) à medida que os Estados Unidos vão se retirando de três (Líbia, Iêmen e Iraque) além da indiferença da maior parte do mundo muçulmano em face a essa nova catástrofe, tudo indica que ainda não pode haver muita esperança para alguma mudança positiva no mundo muçulmano. Até mesmo os visionários pedidos para a reforma islâmica do Presidente do Egito Abdel Fattah el-Sisi não foram bem recebidos publicamente por nenhum líder ocidental sequer.

Com exceção dos defensores da liberdade como Hafeez, Naoot, Arabi e Badawi, a situação parece estar piorando dia a dia. Um panfleto distribuído pelo ISIS responde a 27 perguntas, entre elas: "É possível capturar todas as mulheres infiéis"? E "é permitido manter relações sexuais com uma escrava que ainda não tenha atingido a puberdade"? O panfleto também aprova a escravidão, estupro (inclusive de meninas que ainda não atingiram a puberdade), espancamento para obter gratificação (darb al-tashaffi) e tortura (darb al-ta'dheeb).

Uma ideologia que incentiva seus adeptos a participarem de tumultos violentos que resultam em mortes, incendiarem embaixadas e a cometerem assassinatos devido a caricaturas e que não dão mostras de sinais de arrependimento quando meninas pequenas são vendidas e estupradas, muito provavelmente não tem muito a contribuir para o avanço da civilização.

Uma ideologia que trata as mulheres como propriedade, que assassina ou encarcera intelectuais e sentencia um blogueiro a 1000 chicotadas e dez anos de prisão, se ele sobreviver, não tem o direito de jogar a culpa pelos seus problemas no Ocidente ou em quem quer que seja.

Uzay Bulut, nascida e criada como muçulmana, é uma jornalista turca estabelecida em Ancara, Turquia.
Publicado no site do The Gatestone Institute - http://pt.gatestoneinstitute.org
Original em inglês: The Most Inexcusable Crime in the Muslim World

Tradução: Joseph Skilnik