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domingo, 31 de janeiro de 2021

A pajelança das va$$inas - Vexame de compra de vacinas por empresas foi produzido - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

Vexame de compra de vacinas por empresas foi produzido pela opção preferencial de um governo disfuncional 

Descobriu-se que eventuais compradores não queriam entrar no projeto

Çábios do Planalto e libélulas da plutocracia jogaram o andar de cima num dos maiores vexames dos últimos tempos

Do nada, na semana que começou no dia 18, apareceu a ideia de se juntar pelo menos 12 grandes empresas brasileiras para comprar 33 milhões de vacinas Oxford/AstraZeneca. Metade dos imunizantes iriam para o SUS, e a outra metade serviria para vacinar funcionários das empresas e seus parentes.

Deu-se um fenômeno raro na história do capitalismo. Em poucos dias, descobriu-se que eventuais compradores não queriam entrar no projeto e que o eventual vendedor também não estava oferecendo a mercadoria. Durante a semana, o assunto foi discutido com o presidente Jair Bolsonaro, e o governo avalizou a operação na sexta-feira, dia 22, com uma carta enviada ao fundo BlackRock, acionista da AstraZeneca.

Na segunda-feira, a repórter Julia Chaib mostrou a girafa, informando que pelo menos cinco das empresas listadas já haviam se dissociado da iniciativa. Se a Ambev, a Vale, o Itaú, o Santander e a JBS não queriam entrar no negócio, algo havia de esquisito nele. Nos dias seguintes, nove das 12 empresas listadas haviam saltado. As empresas saltaram por diversos motivos. O preço de US$ 23,79, quatro vezes superior aos US$ 5,25 do mercado, não fazia sentido nem era explicado. Também não se conhecia a engenharia do negócio. Além dessas questões, havia também o risco da associação das marcas de grandes empresas a uma operação fura-fila.

A proposta viria do fundo BlackRock, a quem foi dirigida a carta do governo. O presidente-executivo da empresa no Brasil, Carlos Takahashi, detonou a mentira para os repórteres Vera Brandimarte e Francisco Goes: “Isso é ficção, se estão usando o nome da BlackRock, é fraude. (...) Nunca tivemos nada a ver com isso e não conhecemos essas empresas e essas pessoas que estão usando o nome da BlackRock. (...) Estes rumores são completamente falsos. Autoridades em todo o mundo já alertaram para esquemas relacionados com a suposta comercialização de vacinas, e é importante que as empresas e os governos se mantenham vigilantes.”

O laboratório, por sua vez, informou que não negocia com particulares. Ademais, a AstraZeneca está encrencada com suas encomendas europeias. O vexame foi produzido pela opção preferencial de um governo disfuncional, que vai da marquetagem à fantasia, e dela às fake news sem qualquer constrangimento.

(.....) perder em 48 horas 16% do ativo que negocia, vai para a rua.

A ideia de privatizar parte das vacinas é coisa que ainda não apareceu em outro país. Foi aparecer logo em Pindorama.Para efeito de raciocínio, admita-se que a ideia deva ser discutida. Isso pode ser feito de forma clara e competente, longe do escurinho dos palácios. As dúvidas que levaram grandes empresas a fugir do modelo que foi posto em circulação ainda não foram respondidas. Por que uma vacina de US$ 5,25 será comprada por US$ 23,79?

Folha de S. Paulo - Jornal O Globo - Elio Gaspari, jornalista - MATÉRIA COMPLETA

 

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Celeiro de CFOs, PwC quer acelerar carreira de profissionais negros - O Globo

Mariana Barbosa

Eduardo Alves está acostumado a ser o único da turma. Sócio da empresa de consultoria e auditoria PwC Brasil na área de consultoria tributária e serviços financeiros, ele foi o único negro da turma quando ingressou como estagiário há 18 anos. E também era o único negro em um curso de contabilidade na FEA/USP. Hoje na liderança do programa de diversidade racial dentro da PwC, ele está lançando um programa para que os profissionais negros em postos de liderança deixem de ser exceção: o Black as Manager.

[sem uma mudança na legislação - que implica em modificar Cláusula Pétrea da Constituição, modificação que só pode ser efetuada   via  'poder constituinte originário'.

Sem esta modificação é racismo ao contrário, racismo reverso, especialmente com a agravante de além de priorizar contratação de estagiários negros, obriga os recrutadores ao eliminar profissionais ao longo do processo,apresentar justificativa.

Saber mais, leia POST ACIMA. ]

Trata-se de um programa de aceleração de carreira que vai proporcionar formação de inglês, treinamento de habilidades sócio emocionais e técnicas, e mentoria com profissionais da alta liderança. O programa é ainda uma forma de reter esses profissionais em um momento da carreira em que eles costumam ser bastante assediados com propostas externas.

Mas o programa tem um alcance que vai muito além da própria PwC, com potencial para mudar a cor dos departamentos financeiros das grandes companhias do país. A PwC, e as demais auditorias globais que formam o Big Four (KPMG, Deloitte e E&Y), funcionam como um celeiro de formação de diretores financeiros e controllers para o mercado. Muitos dos executivos que hoje ocupam cargos de CFO nas grandes empresas iniciaram a carreira em uma das Big Four.

O Black as Manager está sendo lançado dois anos depois de a PwC implementar mudanças na dinâmica do processo de seleção de estagiários visando a eliminação de vieses racistas. Até 2016, 8% dos estagiários eram negros. Na nova dinâmica de seleção, além de um esforço proativo para atrair um pool maior de estudantes negros, os recrutadores passaram a ter que justificar seus motivos ao eliminar profissionais ao longo do processo. O resultado dessa espécie de auditoria foi um aumento da participação de negros selecionados, para 35%.

A lógica é a mesma com a qual a PwC trabalha. — Empresas auditadas costumam apresentar números melhores — diz Eduardo. Não há uma meta escrita, mas a intenção é que 50% dos estagiários sejam negros. O programa da PwC tem um alcance diferente dos programas de trainee de Unilever, Ambev e outros, que selecionam duas ou três dezenas de jovens recém formados que logo são promovidos a gerente. Na PwC, a cada ano são formadas três turmas de estagiários, com mais de 300 jovens cursando o segundo ou terceiro ano da faculdade. Eles entram como associate e levam em média 6 anos até alcançar o cargo de gerente.

O Globo - Capital

quinta-feira, 2 de abril de 2020

O ponto fraco - Nas entrelinhas


“Com a falta de testes, o número de óbitos e casos de coronavírus confirmados está subnotificado. Pode ser muito maior o contingente de infectados

[FATO:
O ministro da Saúde ou de qualquer outra área não tem política, a política dos ministérios segue  as determinações do Presidente da República, cabendo a cada ministro à execução.

Toda essa celeuma em torno da política atribuída ao ministro Mandetta  e as opiniões do presidente Bolsonaro, é inútil, por desnecessária, visto que apesar de contrário, o presidente permite que sejam executadas.] 
Enquanto a maioria esmagadora da sociedade vê a epidemia de coronavírus como uma terrível ameaça, a aposta do presidente Jair Bolsonaro foi de que era uma oportunidade de encurralar os adversários políticos, principalmente os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB); do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC); e do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que enfrentam mais dificuldades na crise. Fez um movimento de altíssimo risco: responsabilizá-los pela paralisia da economia, que entraria em recessão inevitavelmente, até porque a retração é global. Para isso, porém, Bolsonaro se lançou contra a política de distanciamento social e conclamou comerciantes, ambulantes, diaristas e outros trabalhadores informais a saírem da quarentena, entrando em choque aberto com a política de seu próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Bolsonaro cometeu um crasso erro: se aventurar num terreno que não conhece, a saúde pública. Não percebeu que a gravidade da situação estava acima de suas disputas políticas e fez uma aposta no ponto futuro, a retomada da economia, que não será nada fácil, outro assunto que não domina. Se isolou dentro do próprio governo, porque os generais que hoje formam seu estado-maior administrativo não concordaram com essa estratégia de alto risco, bem como os ministros da Justiça, Sérgio Moro, e da Economia, Paulo Guedes. Enquanto o primeiro barrou qualquer possibilidade institucional de confrontação com os governos estaduais, o segundo deu um salto triplo carpado na política econômica: abandonou as reformas ultraliberais e abriu os cofres da União para atender aos trabalhadores que ficaram sem nenhuma fonte de renda por causa do confinamento.

O núcleo político que assessora Bolsonaro, liderado pelos filhos e pela equipe de comunicação do Planalto, tentou uma reação, mas fracassou. O apoio a Bolsonaro nas redes sociais está sendo volatilizado e o presidente da República passou a ser cobrado pela demora na liberação dos recursos, que exigem uma agilidade da administração federal, que, até agora, não foi revelada. Tanto os governadores como o Congresso passaram a cobrar do governo que os recursos fossem repassados imediatamente para a população, enquanto a força-tarefa de ministros formada para gerenciar a crise, coordenada pelo ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto, passou a ser uma espécie de fiadora da política de Mandetta no governo. Para se fragilizar ainda mais, Bolsonaro demorou a sancionar a lei que concedeu uma ajuda de R$ 600 aos sem nenhuma atividade econômica, o chamado “corona voucher”.

Enquanto Bolsonaro saía às ruas no Sudoeste, em Ceilândia, em Taguatinga, em Brasília, para estimular que comerciantes e ambulantes mantivessem suas lojas funcionando, a maioria da população preferiu seguir a orientação do Ministério da Saúde, dos governadores e dos prefeitos e se manteve dentro de casa, se resguardando da epidemia. A adesão da sociedade ao isolamento social é o ponto forte na crise. 

Mesmo assim, os números estão dobrando a cada três dias. [Tem uma repórter de um jornal local que se manifesta contra a que as pessoas façam atividades física, estilo caminhada.
Caminhar em área descampada, descoberta, no máximo duas pessoas próximas, não é uma fonte de contágio.
Ou será que no entendimento da ilustre repórter o isolamento tem que ser um confinamento nos moldes da Coreia do Norte?
Os dados abaixo mostram que tem alguma coisa errada na política seguida no DF, SP e outros estados governados por 'presidenciáveis'.] No balanço de ontem, já eram 241 mortes e 6.836 casos confirmados, a uma taxa de 3,5% de letalidade. Na terça-feira, eram 201 mortes e 5.717 casos confirmados de infectados pelo novo coronavírus, o que aumentou a tensão entre os profissionais de saúde. Como há escassez de testes, o número de óbitos e casos confirmados está subnotificado. O próprio ministro Mandetta admitiu ontem que pode ser muito maior o contingente de infectados.

Equipamentos
O ponto fraco do sistema, por ora, não é a falta de leitos, é de equipamentos de proteção para o pessoal da saúde. O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) já registrou 2.600 denúncias de falta, escassez e restrição de equipamentos de proteção entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. As denúncias vão desde relatos de proibição de uso do material existente na instituição, para não instaurar pânico na população atendida, à falta de equipamentos básicos. Entre aqueles que fizeram as denúncias, 87% relatam a falta de máscaras do tipo N95 ou PF2, indicadas para o atendimento de casos da doença, e a falta do álcool em gel com 70% de álcool, em 28% das denúncias. Além disso, em 51% dos locais denunciados, faltam de quatro a sete tipos diferentes de materiais, como luvas, gorro e álcool.

[Máscara não é problema no DF = o governador Ibaneis alardeia na mídia que vai distribuir máscaras para todos os feirantes e para os clientes das feiras que quiserem.
Poucos acreditam, diante do costume do governador de anunciar como acontecimentos, coisas que não acontecem.]

Mesmo os hospitais de referência estão tendo problemas. 
O Hospital Albert Einstein e Sírio-Libanês já afastaram 452 funcionários. No Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), 125 profissionais foram afastados por infecção. O hospital utiliza, em média, 5.700 máscaras. Com o coronavírus, passaram a ser 40 mil máscaras. O consumo de álcool em gel passou de 1.330 litros para 6.700 litros mensais; aventais, de 15 para 45 mil, e toucas, de 105 mil para 211 mil. Esse é o cenário mais delicado no momento, apesar da mobilização de indústrias, como Ambev e Natura; confecções, como a Lupo, e até bancos, como Bradesco, Itaú e Santander, para produzir ou doar equipamentos. É grande o risco de o sistema de saúde entrar em colapso por causa do número de casos da epidemia, daí a importância de manter o confinamento. Há que se considerar, sobretudo, a situação dos médicos e enfermeiros, principalmente intensivistas e infectologistas. Ontem, por exemplo, o infectologista Hélio Bacha, de 70 anos, do Alberto Einstein, confirmou que está com coronavírus.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense





segunda-feira, 30 de março de 2020

O que você fez durante a epidemia - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

 O que você fez durante a epidemia?

Ambev, Gerdau e hospital Albert Einstein deram lição ao grande empresariado     

Quando a crise passar, veremos quem fez o quê

O pavilhão ficará anexo ao hospital M’Boi Mirim, na periferia da cidade. A Gerdau doará a estrutura do prédio, a Ambev bancará o custo, e o Einstein cuidará dos pacientes. Nenhum grande acionista da Gerdau ou da Ambev ficará mais pobre com a doação. Nas últimas semanas nenhum deles saiu por aí dizendo tolices demófobas em eventos teatrais. Sem espetáculo, fizeram o que acharam que deviam.

O Albert Einstein, nascido da filantropia da comunidade judaica de São Paulo aderiu à iniciativa num momento em que as grandes empresas de medicina privada (inclusive algumas que se dizem filantrópicas) oferecem aos brasileiros um virótico silêncio. Quando celebridades e ministros adoecem, é comum ver-se o logotipo desses hospitais na telinha. Agora que a emergência sanitária chegou ao andar de baixo, sumiram. (O ministro Luiz Henrique Mandetta queixou-se de que um desses potentados sequer devolveu seu telefonema.)

Coisas boas também acontecem. O colégio Miguel de Cervantes, situado nas proximidades do Einstein, abriu 300 vagas para filhos de enfermeiros, técnicos e médicos do hospital. A escola ocupa uma área de 60 mil metros quadrados e as crianças ficarão lá durante os turnos dos pais, assistidos por voluntários, sem contato físico. O hospital fornecerá a alimentação da garotada. Outro colégio da cidade, o Porto Seguro, aderiu à iniciativa.

Em Manaus, uma rede de lojas Bemol doou ao governo do estado seu estoque de mil colchões e máscaras. (Repetindo, doou o estoque.) No Rio de Janeiro, pizzarias continuam mandando refeições aos profissionais de saúde da cidade. Alguns deles trabalham em turnos de 24 horas. Coisas assim parecem gotas d’água, mas como dizia Madre Teresa de Calcutá, “toda vez que eu ponho minha gota no oceano, ele fica maior”.
Um dia isso tudo terá passado e uma pergunta haverá de alegrar muita gente, encabulando outros: “O que você fez durante a epidemia do Covid?”

(.....)

A lição de Bernanke
Durante a crise financeira de 2008 o professor Ben Bernanke (Stanford) estava à frente do Federal Reserve Bank americano. Ele era um verdadeiro economista liberal e fizera carreira estudando a Depressão dos anos 1930.
A situação estava tão braba que o secretário do Tesouro, Henry Paulson, em jejum, trancou-se no banheiro para vomitar.

Ambos decidiram despejar dinheiro no mercado, resgatando empresas que corriam o risco de quebrar, espalhando o pânico. Era o contrário do que havia aprendido, ensinado e praticado. Diante do que parecia uma contradição, ele ensinou ao mundo e a seus pares: “Não há ateu em trincheira, nem ideólogo em crise financeira”.

Banqueiro doido
Quando ninguém sabe o que fazer, ou quando as rotinas não apontam uma saída, surgem loucos que se revelam gênios.
Em 1906, a cidade de San Francisco foi destroçada por um terremoto, seguido de incêndios. Amadeo Giannini tinha um pequeno banco e sua clientela vivia no andar de baixo. Ele alugou um caminhão de lixo e tirou todo o dinheiro de seu cofre. (Outros banqueiros achavam que deviam deixá-los nas caixas fortes e o calor assou as notas.)

A grande ideia de Giannini foi botar uma mesa na rua. Ele passou a emprestar dinheiro a quem estivesse precisando, confiando nos fios dos bigodes. Ele contava que recebeu de volta tudo o que emprestou e que, no primeiro dia dessa operação maluca, recebeu depósitos equivalentes a 1,5 milhão de dólares em dinheiro de hoje.
Mesmo que tenha exagerado, seu tamborete virou o Bank of America, um dos maiores dos Estados Unidos e ele entrou para a história da banca.

(.....)

Eremildo, o idiota
Eremildo é um idiota, venera todos os governantes presentes, passados e futuros. Por isso se aborreceu ao saber que a revista inglesa Economist chamou o capitão de “BolsoNero”.

O cretino acha que o imperador romano ganhou má fama por causa de historiadores marxistas da época. Ele teria tocado violino durante o incêndio de Roma, mas os violinos só apareceram séculos depois.

Folha de S. Paulo O Globo - MATÉRIA COMPLETA - Elio Gaspari, jornalista


quarta-feira, 25 de março de 2020

A Fiesp expôs sua alma em reunião com Bolsonaro - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

 Videoconferência com empresários em meio à crise do coronavírus é penoso documento histórico - Grandes empresários mostraram-se pedestres e pedinchões

Ofertas concretas e bem-vindas vieram de Jean Jereissati (Ambev) e de David Feffer (Suzano). Um contou que sua fábrica do Rio foi reciclada para produzir álcool que será doado à rede pública. O outro revelou que doará 500 mil máscaras. A  reunião produziu três “Momentos Fiesp”. O primeiro aconteceu depois que Eugênio de Zagottis, falando pelas farmácias, pediu o razoável adiamento da remarcação de preços prevista para a semana que vem: “O Brasil não precisa dessa manchete”.

Deu-se uma saia justa. Carlos Sanchez, representante da indústria farmacêutica, retomou a palavra, dizendo que os aumentos para remédios relacionados com a Covid-19 poderiam ser adiados. Quanto aos demais, só haveria dois caminhos, um dólar de R$ 4 para o seu setor ou uma redução de 5% na margem das farmácias, que deveria ser repassada à sua indústria. A proposta de Zagottis ficou no ar.

Num outro episódio, Rubens Ometto, o maior produtor de álcool neutro do país, trouxe uma agenda filosófica: “A gente precisa tomar muito cuidado com as promessas que têm sido feitas para a população, porque às vezes você pode quebrar uma cadeia dos serviços e dos negócios que são feitos, como a promessa de itens grátis, como água, como luz, como esse negócio todo. Vai se criando uma ideia de que não há necessidade de pagar.”

Tudo bem, mas tinha-se acabado de tratar, sem sucesso, da conveniência de se adiar um aumento de preços de remédios.
No terceiro episódio, Edson Queiroz Neto pediu que aviões da FAB fossem à China para buscar suas encomendas relacionadas com a epidemia. Tomou um contravapor do ministro da Casa Civil, Braga Netto, lembrando-lhe que a Vale fretou um avião para buscar o material que doará.

A Vale, que não estava na reunião, fechou na China a compra de cinco milhões de testes rápidos. A primeira remessa, de um milhão, deve chegar na sexta-feira. Os quatro milhões restantes chegarão em meados de abril. Essa doação equivale à metade das unidades que o Ministério da Saúde estima necessitar. Tudo sem necessidade de pagar. [É muito generosidade, especialmente por parte de uma Empresa que foi vítima de uma fatalidade e que há mais de um ano vem suportando uma "industria" de  indenizações que favorecem a milhares de pessoa, que se apresentam como parentes de vítimas do desastre Brumadinho.]

A Fiesp mostrou um rosto cenográfico, e alguns grandes empresários mostraram-se pedestres e pedinchões. (Paulo Skaf, presidente da Fiesp, prometeu cinco mil leitos. Enquanto ele falava, o ministro Luiz Henrique Mandetta tamborilava com os dedos na mesa.) No dia seguinte a essa cena espetaculosa e irrelevante, uma franquia da Domino’s, sem fanfarra, mandou umas 30 pizzas aos profissionais da saúde de um hospital público do Centro do Rio, com o seguinte bilhete:
“Com um toque de amor, em agradecimento a todos vocês que estão na linha de frente, se sacrificando por nós”.

De vez em quando, surge a ideia de que o ato de pagar (e de receber) não é tudo na vida de um povo, de uma empresa ou até de uma pessoa.

Folha de S.Paulo - O Globo - Elio Gaspari, jornalista



domingo, 11 de agosto de 2019

De novo com vocês, delações de Palocci - Revelações de Palocci cheiram a pirotecnia - Elio Gaspari





Folha de S. Paulo - O Globo





A colaboração do ex-ministro, divulgada a seis dias do primeiro turno da eleição, era um pastel de vento. Há forte cheiro de pirotecnia nas novas revelações 

[preciso lembrar que houve um segundo turno e muitos esperam um terceiro; 

o capitão não espera, caso esperasse com certeza sequer pensaria na volta da CPMF, ainda que com outro nome.]

Foi assim no ano passado: faltavam seis dias para o primeiro turno e o juiz Sergio Moro divulgou um anexo da colaboração do ex-ministro Antonio Palocci à Polícia Federal. Era um pastel de vento em cujo recheio havia uma única informação (Lula organizou uma caixinha de fornecedores da Petrobras e colocou o comissário como gerente), mas faltava a investigação. Quem pagou? Como? Para quem foi o dinheiro?
 
O efeito da “mão de Deus” no gol de Moro foi sentido no escarcéu que acompanhou a revelação. Hoje, graças ao Intercept Brasil, conhecem-se as mensagens trocadas pela turma da Lava-Jato em torno do assunto. Uma semana antes, no dia 25 de setembro, referindo-se a Moro e às confissões de Palocci, um procurador escreveu:
“Russo (apelido do juiz) comentou que embora seja difícil provar, ele é o único que quebrou a ‘omertà’ petista”. (Falava do código de silêncio dos mafiosos.)

Uma procuradora acrescentou: “Não só é impossível provar como é impossível extrair algo da delação dele.”
Um terceiro procurador foi além: “O melhor é que fala até daquilo que ele acha que pode ser que talvez seja. Não que talvez não fosse.”
Dois dias depois da divulgação do anexo por Moro, uma procuradora perguntava:
“Vamos fazer uso da delação do Palocci?”
Outro respondeu:
“O que Palocci trouxe parece que está no Google”.
Segundo outro procurador:
“O acordo é um lixo, não fala nada de bom (pior que anexos Google).” [os hackers (marginais contratados para invadir celulares) são bons na prática criminosa;
já o que redigiu os diálogos e os inseriu, fraudando as conversas roubadas, não é bom em criar clima de suspense.]
Fez-se um banquete com o lixo e o resto é história. Dez meses depois, Antonio Palocci volta a atacar com um novo vazamento de sua colaboração para a Polícia Federal. Moro é ministro da Justiça e uma parte da turma da Lava-Jato está sendo confrontada com suas próprias malfeitorias, mas pode ser coincidência.

Desta vez o comissário teria contado que a Ambev, uma das maiores empresas do país, fez “pagamentos indevidos” a Lula e Dilma Rousseff. Não se conhecem os anexos e, portanto, não se pode saber que pagamentos são esses, nem como foram feitos. Inicialmente a Ambev disse que não comentaria o caso (o que foi má ideia), mas sabe-se que durante três anos ela pagou legalmente um total de R$ 1,2 milhão à empresa de consultoria de Antonio Palocci. Como essa firma era um lindo biombo, nesse caso os doutores da Ambev foram comprar pasta de dentes na Cracolândia. Há um forte cheiro de pirotecnia nessa nova série de revelações de Palocci. Quanto mais cedo forem conhecidos os anexos, melhor.

Levando areia para o vento pirotécnico, Palocci teria contado que em 2002 o ditador líbio Muamar Kadafi deu o equivalente a um milhão de dólares ao PT. Para quem olha esse caso de fora, a primeira pista de que havia algo de estranho na relação de Lula com Kadafi surgiu em 2003, quando ele foi a Trípoli e disse que “jamais esqueci os amigos que eram meus amigos quando eu ainda não era presidente”.Palocci mencionou o dinheiro líbio pela primeira vez no final de 2017, quando negociava sua colaboração com o Ministério Público. Os procuradores acharam que suas revelações tinham muito pirão e pouca carne, e ele foi se confessar na Polícia Federal. Lá, voltou a falar do caso. É razoável supor que em dois anos o comissário tenha sido capaz de lembrar como esse dinheiro chegou ao Brasil e a quem foi entregue.

Na semana passada Palocci tornou-se o primeiro comissário a ganhar o direito de andar livre pelas ruas (de tornozeleira eletrônica). Ex-quindim da plutocracia, comprovadamente tornou-se um milionário durante o consulado petista.

A força de Bolsonaro no Brasil seguro
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgaram a lista das 20 cidades mais violentas e de outras 20 que poderiam ser consideradas as mais pacíficas. Cruzando-se esses dados com os números da última eleição, resulta que o capitão venceu em todas as 20 cidades onde a taxa de homicídios é baixa. Em 17 teve mais de 70% dos votos e em cinco delas, mais de 80%. Essas cidades estão em São Paulo (14), Minas Gerais (3) e Santa Catarina (3). No mapa das 20 mais violentas, Bolsonaro venceu em seis, divididas entre o Pará (3), Acre (1), Rio de Janeiro (1) e Rio Grande do Sul (1). Nas demais, todas do Nordeste, venceu Fernando Haddad. [interpretação simples: os eleitores das cidades com menos homícidios optaram pelo capitão, pela certeza que ele iria manter os índices baixos, até mesmo, reduzindo-os - não imaginaram que os inimigos do capitão, iriam criar muitas dificuldades para impedir, no mínimo dificultar, o governo do capitão;
já as cidades mais violentas (a campeã, Maracanaú, fica no Nordeste, Ceará) por razões desconhecidas, temeram que o capitão acabasse com a violência.]

Esse resultado reflete a tendência geral do eleitorado, que ficou com Bolsonaro nas regiões Sudeste e Sul, enquanto o Nordeste preferiu Haddad.Foram poucas as cidades de São Paulo e Santa Catarina onde Haddad venceu, mas mesmo assim, o desempenho do capitão nas 20 cidades mais pacíficas superou o percentual que ele obteve nos dois estados.

A segurança pública foi um fator relevante na eleição, mas não foi o único. Houve sobretudo o fator “medo”, real e manipulado. Se o discurso da lei e da ordem do capitão fosse aceito nas cidades violentas, ele teria vencido em Maracanaú (CE), a campeã na desgraça. Lá deu Haddad. [a violência. o crime e tudo que não presta estão associados ao Perda Total e Haddad foi o candidato petista.] Num raciocínio inverso, se ele fosse repelido, Bolsonaro teria perdido na vice-campeã, Altamira (PA), mas ali ele venceu.

O comportamento do eleitorado nas cidades violentas ficou tremido, mas nas cidades mais seguras bateu um 100% onde deve-se reconhecer que estava embutido um aviso. Algumas explicações para o resultado de 2018, coisas como “voto anti-PT” ou “efeito facada” valem pouco para quem quer pensar na eleição do ano que vem ou na de 2022. Quem olha a lista das 20 cidades menos violentas e vê que 14 delas estão em São Paulo deve reconhecer que Geraldo Alckmin, o “picolé de chuchu”, podia não ter sabor, mas refrescava.

 

(...)

Lula livre
Quem conhece as costuras das togas da magistratura acha que Lula pode ir para o regime semiaberto a partir do mês que vem. A decisão poderá vir do juízo de primeira instância. Se não vier, a questão irá para o Superior Tribunal de Justiça. Em último caso, a decisão será do Supremo Tribunal. [resta torcer que o TRF-4 confirme antes do presidiário cumprir 1/6 da pena confirme a segunda condenação;
devido o tratamento especial que o ladrão petista recebe do Supremo - Lula vai ao Supremo, atropelando todas as instâncias, com mais facilidade do que a encontrada por um cidadão comum para falar com o guarda da esquina - o STF é a primeira instância para Lula.
Podemos também esperar que confirmada pelo TRF-4 a segunda condenação, o presidiário mais famoso do Brasil vá direito para uma penitenciária comum.]]
O desfecho será a saída de Lula da carceragem da Polícia Federal.

(...)

Folha de S. Paulo - O Globo - Elio Gaspari




domingo, 19 de março de 2017

Churrasco no Brasil em tempos da maldita herança do PT

Olha o povo no grupo...

" Sobre o escândalo dá carne só me resta um pedido: Que Deus ilumine o dono dá AmBev para que ele seja uma pessoa honesta, senão lascou..."

Churrasco receita maldita herança PT:

Final de semana chegou, vamos fazer churrasco de papelão: 


" Venho aqui a público,  pedir desculpas à Schin, Itaipava, Kaiser, etc. por todas as vezes que as culpei de ter passado mal após os churrascos. A culpa sempre foi da carne."

terça-feira, 17 de março de 2015

Lava Jato: Dirceu faturou R$ 29 mi em consultoria



Homem forte do governo Lula, mensaleiro recebeu repasses de empreiteiras envolvidas em corrupção na Petrobras
O ex-ministro José Dirceu faturou 29,2 milhões de reais com a prestação de serviços de consultoria de 2006, depois de deixar o governo Lula, a 2013. Os dados constam em documento elaborado pela Receita Federal que analisou a movimentação financeira da empresa de Dirceu, a JD Assessoria.  Só em 2013, a empresa de Dirceu faturou 4,2 milhões de reais. Dirceu iniciou o cumprimento de pena pela condenação no mensalão em dezembro e ganhou o direito de responder em regime aberto a partir de novembro do ano passado.

Nenhum ano foi tão lucrativo para Dirceu quanto 2012: amealhou 7 milhões de reais. A movimentação financeira do ex-homem forte do governo Lula consta de dados requeridos pelos investigadores da Operação Lava Jato da Polícia Federal. Agora, o juiz federal Sérgio Moro retirou o sigilo dos autos em que houve a quebra do sigilo fiscal e bancário de Dirceu. A decisão ocorreu depois que o empresário Gerson Almada, sócio da Engevix, prestou depoimento sobre Dirceu. No rol de clientes de Dirceu há diversas empresas envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras, mas também há gigantes de outros setores, como a Ambev.

Fonte: Revista VEJA