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domingo, 11 de setembro de 2022

Professora com pós-graduação em crueldade

Educadora desejou à Rainha Elizabeth II uma "dor insuportável" em sua morte

A parte mais civilizada do mundo ficou chocada com o tweet de U, professora da Universidade Carnegie Mellon da cidade de Pittsburgh, nos EUA. Anya, nascida na Nigéria, é professora de Linguística e na sua conta se define como “anti racista e feminista”.

No momento em que a rainha Elizabeth agonizava na Escócia, a professora escreveu o seguinte post: “Ouvi dizer que o monarca chefe de um império genocida de ladrões está finalmente morrendo. Que a dor dela seja insuportável.” [essa coisa está doente de corpo e espírito; nos recusamos sua foto - causa asco, repugnância. Também seu nome para as pessoas de BEM é apenas uma letra. Provavelmente, buscou alguns  miseráveis segundos de fama.]

Segundo o jornal New York Post, Jeff Bezos, o proprietário da Amazon, comentou na sua conta, sobre a professora: “Essa é uma pessoa que supostamente está trabalhando para fazer o mundo melhor? Acho que não”.

Outro usuário perguntou a U.,  por que ela desejava a morte da rainha. A resposta da educadora: “Eu não estou desejando que ela morra. Ela já está morrendo. Estou desejando a ela uma morte dolorosa como a que ela causou a milhões de pessoas.” E completou com um festival de clichês politicamente corretos: ““Por causa da exclusão sistêmica, minha voz é única e fundamental no campo. Sou a principal estudiosa que analisa a raça e as experiências de negritude no aprendizado de idiomas e uma das poucas que examinam a educação de idiomas a partir de uma perspectiva de justiça social.” [sempre o maldito politicamente correto; esquecem que,  sendo político não pode ser correto.]

Para deixar ainda mais claro seu ponto de vista, U., tuitou: “Se alguém espera que eu expresse qualquer coisa além de desprezo pela monarca que supervisionou um governo que patrocinou o genocídio que massacrou e deslocou metade da minha família e cujas consequências os que vivem hoje ainda tentam superar, pode continuar desejando a uma estrela”.

Revista Oeste 

 

quarta-feira, 6 de julho de 2022

O colapso econômico tem raízes no lockdown - Revista Oeste

Jeffrey A. Tucker.

Por razões estranhas, muitos imaginaram que os governos poderiam simplesmente fechar uma economia e ligá-la novamente sem consequências

Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock

A capacidade de negação dos norte-americanos é realmente espantosa. Por pelo menos 27 meses, deveria ter ficado óbvio que estávamos caminhando para uma grave crise. Não só isso: a crise já estava aqui em março de 2020. Por razões estranhas, muitos imaginaram que os governos poderiam simplesmente fechar uma economia e ligá-la novamente sem consequências. E ainda estamos aqui.

[atualizando: antes que a mídia militante contra o presidente Bolsonaro cite algo como  referente ao Brasil, a matéria cuida predominantemente do desastre economico dos Estados Unidos da América, sob a presidência do dorminhoco e senil Joe Biden, com leves passagens pela Europa.]

Os historiadores do futuro, se houver algum inteligente entre eles, certamente ficarão horrorizados com nossa espantosa ignorância. O Congresso promulgou décadas de gastos em apenas dois anos e imaginou que seria bom. As impressoras do Fed (Federal Reserve, equivalente à Casa da Moeda nos EUA) funcionavam a todo vapor. Ninguém se importava em fazer nada sobre os emaranhados comerciais ou as quebras da cadeia de suprimentos. E aqui estamos.

Nossas elites tiveram dois anos para consertar esse desastre que se desenrolava. Não fizeram nada. Agora enfrentamos uma inflação terrível, sombria, extenuante e exploradora, ao mesmo tempo em que estamos mergulhando novamente na recessão, e as pessoas ficam se perguntando que diabos aconteceu. Vou lhes contar o que aconteceu: a classe dominante destruiu o mundo que conhecíamos. Aconteceu bem diante de nossos olhos. E aqui estamos.

Não há mais brindes
Na semana passada, o mercado de ações cambaleou com a notícia de que o Banco Central Europeu tentará fazer algo sobre os mercados que combatem a inflação. Então, é claro, os mercados financeiros entraram em pânico, como um viciado que não consegue encontrar sua próxima dose de heroína. Esta semana já começou com mais do mesmo, por medo de que o Fed seja forçado a conter ainda mais seu evento de política de dinheiro fácil. Talvez não; mas a recessão parece iminente de qualquer maneira.

A má notícia está em toda parte. Mesmo em meio a mercados de trabalho muito apertados e desemprego muito baixo (principalmente mítico quando você considera a participação da força de trabalho), as empresas começaram a demitir trabalhadores. Por quê? Para se preparar para a recessão e a perspectiva de mais caos econômico à frente.

Funcionários do governo afirmavam que tudo ficaria bem. Muitas pessoas acreditaram neles, apesar de todos os dados apontarem exatamente o oposto

Gigantes da tecnologia que voam alto também estão restringindo seu entusiasmo. Aparentemente, o Facebook foi enganado ao pagar grandes agências de notícias para permitir que os usuários do FB tivessem acesso gratuito a artigos — sem dúvida àqueles que reforçavam a propaganda do governo, já que Mark Zuckerberg ofereceu toda a sua empresa para ser mensageira do regime em 2020. O FB foi roubado e agora está repensando. Não há mais brindes.

Este poderia muito bem ser o tema da vida norte-americana. Não há mais caridade. Não há mais bondade. Chega de fazer algo por nada. Em tempos inflacionários, todos se tornam mais gananciosos. A moralidade fica em segundo plano e a generosidade não existe mais. É cada um por si. Isso só pode ficar mais brutal.

Houve uma espécie de ruptura psicológica na última sexta-feira com as notícias da CPI (Índice de Preços ao Consumidor, na sigla em inglês). Não foi melhor do que no mês passado. Não foi o mesmo do mês passado. Foi pior: 8,6% ano a ano, o pior em 40 anos. Honestamente, todo mundo já sabia disso no fundo do coração, mas há algo sobre o anúncio oficial que o codificou.

Sem saída para o momento
Mas digamos que empilhamos os dados em dois anos em vez de um ano. Com o que se parece? Chega a 13,6%. Nunca vimos nada assim. E está realmente começando a doer como nunca. O gás está acima de US$ 5 e os aluguéis a mais de US$ 2 mil por mês, em média. Os aumentos no trabalho pararam de chegar também. Pelo contrário, os empregadores esperam maior produtividade por cada vez menos dinheiro em termos reais.

Os preços têm um longo caminho a percorrer para lavar o papel espalhado pela economia mundial. Aqui está a onda de impressão em comparação com as tendências atuais de preços. De jeito nenhum isso vai melhorar antes de ficar muito pior.

Junte tudo, especialmente com as finanças em declínio, com as quebras da cadeia de suprimentos e outros deslocamentos econômicos, e é por isso que parece que as paredes estão se fechando. É porque estão. E realmente não há saída para ninguém neste momento.

E é assim que você obtém o pior índice de confiança do consumidor já registrado.

O que torna hoje diferente da década de 1970 é o ritmo em que tudo isso se desenrolou. Mesmo um ano atrás, funcionários do governo afirmavam que tudo ficaria bem. Muitas pessoas acreditaram neles, apesar de todos os dados apontarem exatamente o oposto. Realmente parece que nossos senhores e mestres acreditam que suas fantasias são mais reais do que a própria realidade. Eles dizem isso e de alguma forma se torna verdade.

Você pode imaginar que, apenas no mês passado, o governo Biden inventou a ideia de estabelecer um “Conselho de Governança da Desinformação”?  
Ele foi projetado para roteirizar a verdade para todas as mídias sociais e meios de comunicação convencionais, censurando todas as dissidências.  
O plano explodiu apenas porque era abertamente orwelliano para consumo público. 
O que importa aqui é a intenção, que é nada menos que totalitária.

Vida de luxo sem trabalho
A política é uma boa diversão para muitas pessoas, um esporte real e uma boa distração da vida real. Mas a política se transforma num negócio muito sério quando as finanças pessoais tornam a vida boa cada vez menos viável. No momento, todo mundo está procurando alguém para culpar, e a maioria das pessoas deu em cima do velho da Casa Branca
De alguma forma, eles acreditam que Biden deveria fazer algo sobre todos esses problemas, apesar de uma carreira ao longo da vida de não saber nada e não fazer nada sobre nada.

Que coisa surpreendente ver desenrolar-se diante de nossos olhos, e tão rapidamente! O “mal-estar” de 1979 demorou muito para chegar, mas o colapso de 2022 atingiu muitas pessoas como um furacão, que de alguma forma evitou a detecção do radar. E, no entanto, pode estar longe de terminar.

Em 2020 e nos anos seguintes, o dinheiro apareceu como mágica nas contas bancárias de todo o país. Um terço da força de trabalho havia se acostumado a definhar em casa, fingindo trabalhar. Os alunos começaram a usar o Zoom em vez de aprender. Adultos que passaram a vida inteira abraçando as desutilidades normais do trabalho ganharam pela primeira vez a visão de uma vida de luxo sem trabalho.

Um dos resultados foi um enorme boom nas economias pessoais, mesmo que apenas por um breve período. Parte do dinheiro foi gasta na Amazon, com serviços de streaming e entrega de comida, mas também grande parte foi parar em contas bancárias, pois as pessoas começaram a economizar dinheiro como nunca antes, provavelmente porque as oportunidades de gastar em entretenimento e viagens secaram. As economias pessoais subiram para mais de 30%. Parecia que éramos todos ricos!

Esse sentimento não poderia durar. Uma vez que a economia se abriu novamente e as pessoas estavam prontas para sair e gastar suas novas riquezas, uma nova e estranha realidade se apresentou. O dinheiro que eles achavam que tinham valia muito menos. Também havia estranhas carências de bens que antes eles davam como garantidos. Suas novas riquezas se transformaram em vapor em questão de meses, cada mês pior que o anterior.

Como resultado, as pessoas tiveram de esgotar suas economias e recorrer ao financiamento da dívida, apenas para acompanhar o declínio do poder de compra, mesmo quando sua renda em termos reais caiu drasticamente. Em outras palavras, o governo tirou o que deu.

A teoria do mingau
O longo período de negação parece ter acabado de repente
. Pessoas de todas as convicções políticas estão fumegando de raiva. O crime em todos os lugares hoje em dia não é incidental ou acidental. É uma marca do declínio civilizacional. Algo tem que dar e vai dar em algum momento. A classe dominante neste país e seus amigos ao redor do mundo causaram uma tremenda destruição.

Aqui está o poder de compra do dólar desde 2018. Veja o que nossos governantes fizeram!

Índice de Preços para Consumidores Urbanos. Poder de compra do 
 dólar em média nas cidades norte-americanas

E, no entanto, o que nossos governantes têm a nos dizer? Eles nos dizem para confiar mais no vento e no sol — as palavras exatas de Janet Yellen ao Senado. Eu costumava pensar que ela era uma espertinha, mas acho que o poder transforma mesmo as boas mentes em mingau. Mingau é exatamente o que eles fizeram de uma nação outrora próspera e esperançosa.

O aspecto mais frustrante de tudo isso é a falha desenfreada em conectar causa e efeito. A causa deve ser clara: tudo isso foi iniciado pelas políticas mais flagrantes, arrogantes, irresponsáveis, imprudentes e brutais já perpetradas em toda a vida norte-americana, tudo em nome do controle de doenças
Ainda estou para ver evidências de que qualquer uma das pessoas e agências que fizeram isso conosco está disposta a reavaliar suas decisões. Pelo contrário.
 
Deve haver um acerto de contas. Não foram os pobres, as classes trabalhadoras ou a pessoa na rua que fizeram isso
Essas políticas não foram um ato da natureza. 
Elas nunca foram votadas pelas legislaturas. 
Foram impostas por homens e mulheres com poder administrativo descontrolado, sob a crença equivocada de que tinham tudo sob controle. Eles nunca fizeram e não fazem agora.

Leia também “A política de racionalidade zero da China”

Jeffrey A. Tucker, colunista - Gazeta - VOZES

domingo, 26 de junho de 2022

Um homem brilhante - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

O juiz Clarence Thomas conquistou seu lugar na história de uma maneira edificante, mas, curiosamente, não é celebrado nas bolhas hollywoodianas ou no movimento Black Lives Matter

Clarence Thomas, juiz da Suprema Corte norte-americana | Foto: John Amis/AP/Shutterstock
Clarence Thomas, juiz da Suprema Corte norte-americana | Foto: John Amis/AP/Shutterstock

Apesar de Brasil e Estados Unidos serem países muito diferentes desde o seu nascimento, atualmente há similaridades impressionantes em pontos do cenário político. A esquerda, por exemplo, tanto lá quanto cá, vem usando as mesmas ferramentas para controle social e cerceamento de liberdades, seja através da mídia, de partidos e governantes, seja através do tosco ativismo judicial.

No entanto, quando o assunto é a comparação da Suprema Corte do Brasil com a Estados Unidos, talvez o único ponto em comum entre elas seja a toga preta que os juízes usam. Digo juízes, como nos Estados Unidos, e não essa colcha de retalhos que são nossos ministros do STF, indicados para a Corte mais importante da nação apenas como advogados.

As diferenças entre os tribunais são tão profundas que não caberiam em apenas um artigo.  
Nossos advogados de toga do STF, que adoram lagostas, vinhos caros e interferir em outros Poderes, vivem citando a SCOTUS (Supreme Court of the United States), mas, curiosamente, não citam como os honrados homens e mulheres da Corte constitucional norte-americana se comportam como verdadeiros magistrados e protetores da lei. É claro que há algumas pinceladas de ativismo judicial nas páginas da SCOTUS, mas elas são a exceção, não a regra, como no Brasil.
 
Nesta semana, a Suprema Corte norte-americana deu outra prova de que os juízes constitucionalistas, indicados por presidentes republicanos, sempre protegerão a letra fria das leis e a Constituição. A SCOTUS derrubou na última quinta-feira uma lei de Nova Iorque que restringia os direitos de porte de armas, no julgamento mais importante sobre o tema em mais de uma década. 
Na verdade, a decisão expande os direitos de armas em meio a um acirrado debate nacional sobre o assunto, quando a esquerda norte-americana tenta desarmar a população de bem que quer defender a propriedade, a família e o estado de lei e ordem. Essa é a grande e vasta maioria da população armada nos EUA.
 
A decisão, que compromete regulamentações semelhantes em Estados como Califórnia e Nova Jersey, deve permitir que mais pessoas carreguem armas legalmente. Cerca de um quarto dos norte-americanos vive em Estados que podem ser afetados se suas próprias restrições de armas forem desafiadas. O tribunal decidiu que uma lei de Nova Iorque exigindo que os moradores provem “causa adequada” — ou uma boa razão para portar armas de fogo escondidas em público viola a Constituição dos EUA. 
A decisão da Suprema Corte continua um padrão constante de decisões que expandiram esse direito, sustentando que o porte de armas de fogo tanto em casa quanto em público é garantido pela Segunda Emenda da Constituição dos EUA. Mesmo à sombra dos tiroteios em Uvalde e Buffalo, a maioria conservadora de seis juízes na Suprema Corte manteve uma ampla interpretação da Segunda Emenda de “manter e portar armas”.  
O juiz Clarence Thomas, escrevendo em nome dos seis juízes conservadores que compõem a maioria do tribunal, decidiu que os norte-americanos têm o direito de portar armas de fogo “comumente usadas” em público para defesa pessoal. Thomas escreveu: “Não conhecemos nenhum outro direito constitucional que um indivíduo possa exercer somente após demonstrar aos funcionários do governo alguma necessidade especial”.

Um exemplo a ser seguido
E, apesar de a Corte norte-americana e sua espinha dorsal serem um assunto fascinante (infelizmente um sonho inatingível para nós brasileiros), é exatamente sobre o brilhante juiz Clarence Thomas que gostaria de escrever hoje. Tento sempre trazer para nossos encontros semanais alguém de minha assembleia de vozes que possa refrigerar um pouco o espírito, não nos deixar desanimar diante de tantos descalabros e bizarrices no mundo atual. E Clarence Thomas é, sem dúvida, uma dessas vozes. Para a nossa sorte, ele ainda está vivo e sua altivez pode — e deve — ser um exemplo.
Quem sabe, não custa sonhar, nossos “juízes” não se inspirem em homens como Thomas.

Clarence Thomas completou 74 anos no último dia 23 de junho e segue sendo um dos juízes mais respeitados da Corte. No tribunal desde 1991, ele é o segundo afro-norte-americano a ser nomeado para a SCOTUS. Sua confirmação deu ao tribunal um elenco conservador decisivo. E a própria vida de Clarence Thomas repudia o ódio da esquerda pelos conservadores e pela América.

A vida de Thomas é um testemunho emocional da persistência do homem aliada à sua fé em Deus em meio aos altos e baixos da história norte-americana. “Venho de um lugar regular”, diz o juiz. Thomas conquistou seu lugar na história de uma maneira edificante, mas, curiosamente, não é celebrado nas bolhas hollywoodianas, na imprensa, no movimento Black Lives Matter ou no Mês da História Negra. O documentário sobre sua vida, “Created Equal: Clarence Thomas In His Own Words” é simplesmente espetacular e foi retirado em 2021 do site da Amazon. Sua história é, ao mesmo tempo, o epítome do melhor e do pior da América.

Sem fugir das sérias razões que ele e muitos outros norte-americanos tratados injustamente podem ter para o cinismo sobre o projeto de “liberdade e justiça para todos”, o juiz da Suprema Corte também demonstra como transcender o ódio com magnanimidade. É uma lição que todos podemos aprender melhor. Justice Thomas tem razões legítimas para odiar a América. Aos 6 anos, vagava sozinho pelas ruas segregadas de Savannah, na Geórgia, enquanto sua mãe trabalhava em turno duplo depois que o pai abandonou a família. 
Eles moravam em um cortiço só para negros, com esgoto a céu aberto nas valas perto de onde as pessoas cozinhavam. “Savannah era o inferno”, diz ele, no documentário. Seus avós assumiram a responsabilidade de criá-lo e o enviaram para escolas católicas, onde Thomas recebeu uma rara e excelente educação para um jovem negro. 
 
Após o colegial, Thomas se matriculou no seminário com o objetivo de se tornar um padre católico. O racismo cultural de seus colegas brancos, no entanto, acabou fazendo com que ele abandonasse o seminário depois de receber bilhetes dizendo “Eu gosto de Martin Luther King — morto” e ouvir um estudante do seminário se alegrar quando MLK foi baleado. Isso foi seguido pelos distúrbios raciais e pelo assassinato de Robert Kennedy, no verão de 1968, e fez Thomas mergulhar na raiva: “Pela primeira vez na minha vida, o racismo e a raça explicavam tudo para mim. Tudo aquilo havia se tornado uma espécie de religião substituta. Eu empurrei o catolicismo de lado, e fiz tudo ser sobre raça”.

Ele se juntou aos revolucionários marxistas negros no College of the Holy Cross, em Worcester, Massachusetts. Passavam o dia demonizando as forças policiais e planejando atacá-las com pedras. Durante uma visita aos avós na Geórgia, o avô de Thomas e o irmão veterano do Vietnã ficaram envergonhados e irritados com suas atividades e ideologia de “poder racial negro”, mas ele ainda se sentia justificado por fazer parte daquele grupo e beber daquela fonte.

Depois que ele se formou na Faculdade de Direito de Yale, no entanto, a única pessoa que contrataria Thomas era um republicano. Os empregadores presumiram que os graduados negros de Yale eram de menor calibre do que os brancos por causa da ação afirmativa e se afastaram dele. “A parte mais difícil de aceitar o emprego foi que ele era republicano. E a ideia de trabalhar para um republicano era, na melhor das hipóteses, repulsiva”, diz Thomas. No entanto, com uma esposa e um filho para sustentar, Thomas engoliu seu desgosto e aceitou o emprego no Missouri. [ação afirmativa, no caso  = privilegiar um aspecto - por exemplo, a raça - em prejuízo do mérito.]

O trabalho era como procurador-geral adjunto. Hoje, rindo de seu eu mais jovem, ele diz: “Na época, meu pensamento era que todos os negros eram prisioneiros políticos. Esse era o nível com que eu olhei para o sistema de justiça criminal”. No entanto, através de seu trabalho, Thomas entrou em contato com tantos casos e dados que ele teve de finalmente reconhecer que isso não era verdade.  
A grande maioria dos negros envolvidos no sistema de justiça criminal estava lá por motivos justos. “Foi uma dessas experiências de estrada para Damasco”, diz ele, no filme, engolindo em seco, com uma dor óbvia em seus olhos.

O tratamento injusto de Thomas continua até hoje, principalmente nas mãos de pessoas filiadas ao partido político que afirma representar o antirracismo

Thomas trabalhou em Direito societário em seguida, depois voltou para o Direito público. Ao longo do caminho, tornou-se cada vez mais conservador em seu pensamento. A imprensa acabou descobrindo e o tornou notório. O ápice disso foi a batalha de confirmação de Thomas para a Suprema Corte dos EUA, em 1991 recomendo uma pesquisa no YouTube, você assistirá a cenas lamentáveis de latente racismo de senadores democratas, inclusive Joe Biden

O documentário explora de forma significativa essa saga, incorporando imagens da audiência com flashbacks atuais de Thomas e sua esposa, Virginia. Você verá que não é difícil se emocionar com os clipes do que Thomas chamou de “linchamento de alta tecnologia”, diante de acusações hediondas de abuso sexual. Sim, como todo manual para desacreditar conservadores, havia uma acusação de assédio sexual. A acusadora de Thomas, Anita Hill, mudou sua história várias vezes e não conseguiu corroborar suas alegações. Pesquisas da época mostram que a maioria dos norte-americanos acreditava que ela estava mentindo.

O tratamento injusto de Thomas continua até hoje, principalmente nas mãos de pessoas filiadas ao partido político que afirma representar o antirracismo. O documentário mostra alguns dos insultos que pessoas e publicações proeminentes aplicaram a Thomas que seriam furiosamente criticados como racistas se aplicados a alguém com diferentes compromissos filosóficos. Aparentemente, o racismo só importa para as pessoas que controlam a cultura e se ele puder ser usado como arma política contra seus oponentes.

Mesmo já próximo de uma possível aposentadoria, a história de Clarence Thomas não termina com um documentário. Seu corpo monumental de erudição constitucional justifica sua mente, e a fé justifica sua alma. Como reflexo dessas graças, e embora tenha todos os motivos para ser vingativo e amargo, Clarence Thomas escolheu não ser. Em vez disso, ele é grato, eficaz e alegre. Talvez acima de tudo entre os juízes da Suprema Corte, a jurisprudência de Thomas mostre veneração pelas ideias majestosas do que alguns racistas automaticamente desqualificam porque um bando de “homens brancos” concordou com eles. No entanto, as maiores ideias dos Pais Fundadores da América — homens que descendem de uma grande gama de pessoas de aparências diferentes — transcendem construções mentais menores, como raça, sexo e opção sexual, e nos possibilitam fazê-lo também. É por isso que Thomas ama e enaltece esses homens, assim como todas as pessoas sábias o suficiente para ver além da pele na alma o fazem.

O honroso cumprimento de seus deveres por Clarence Thomas, independentemente do sofrimento que eles trouxeram, não apaga os pecados cometidos contra ele, mas os redime. Ele, majestosamente, transforma o que foi um trampolim para a glória em apenas uma pedra de tropeço de vergonha. Esta é a história norte-americana e a história de Thomas. E pode ser a de cada um de nós também. Pena que essa estirpe de homem e juiz não faz parte dos discursos hedonistas de nossos ministros do STF.

Leia também “A nova histeria da esquerda”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

“De olho no agro” e outras notas - Revista Oeste

Bruno Meyer

Campo de plantação | Foto: Shutterstock
Campo de plantação - Foto: Shutterstock 

…depois do tiro no pé…
A elaboração dessa nova linha de crédito ocorre cerca de um mês depois de o Bradesco ter arranhado a imagem com o público-alvo. Um vídeo publicitário para promover um aplicativo do banco que calcula pegadas de carbono foi tirado do ar após irritar o agronegócio e levou o presidente do Bradesco a se retratar. Diversas associações, federações e sindicatos emitiram notas de repúdio e ameaças de fechamento de contas. Não ficaram só nas ameaças. A Caixa e o BB viram um aumento de novas contas no setor nos últimos dias de 2021.

…100 agências
Com 4.200 agências atualmente, a Caixa vai abrir mais 300, sendo 100 exclusivas para o agronegócio, sem porta giratória, uma em cada Estado brasileiro, para servir de relacionamento ao pequeno, médio e grande produtor. Executivos do banco, incluindo o presidente, identificaram o Espírito Santo e Santa Catarina como regiões de maciços pequenos agricultores, que praticamente nunca receberam auxílio. “São colônias italianas e alemãs, com 10 ou 15 hectares, mas com grande produtividade. A orientação da Caixa antes era o repasse apenas para cooperativas de crédito e bancos, como Bradesco e Santander. “Decidi acabar com os repasses e assumir a operação”, disse Guimarães a Oeste.

I have a dream
Pessoas próximas a João Doria nutrem um sonho: colocar o governador de São Paulo na liderança da chapa presidencial, com a senadora Simone Tebet como vice e o ex-juiz Sergio Moro como senador. Argumentam, inclusive, que o silêncio de Doria neste mês é estratégico e seria uma prova de que ele quer deixar o ex-juiz da Lava-Jato “se queimar” sob os holofotes no começo de 2022, para abraçá-lo daqui uns meses. Todos são unânimes em dizer que não há nenhuma chance de Doria abrir mão da candidatura a presidente para ser vice de um nome da terceira via.

Sem calça apertada
Aos 60 anos, o empresário de hotéis e restaurantes de luxo Rogério Fasano vai se aventurar em outro ramo em 2022: ele prepara o lançamento de uma grife de roupas masculinas. A Gero Fasano será uma linha mais sofisticada, premium — com a promessa, diz Fasano, de acabar com as calças justas para os homens.

Tudo por um popstar
A ordem na operação brasileira da Netflix, com sede em Barueri, é não economizar para reter as grandes estrelas de seu casting no país. Na surdina, o maior serviço de streaming do mundo tem oferecido a seletos nomes bolsas de estudos para cursos de atuação, direção ou inglês no Estado norte-americano da Califórnia e um contrato maior para estrelar produções estrangeiras da empresa. A ideia é investir no que o país tem dado em troca: a Netflix tem cerca de 221 milhões de assinantes no mundo, e o Brasil já é o segundo maior mercado da empresa. No último trimestre de 2021, a empresa adicionou 8,2 milhões de novas contas em sua base. Parece muito (e é), mas o mercado financeiro esperava mais — razão pela qual as ações da companhia já recuaram 40% só em janeiro. 

Duelo de gigantes
Os mimos oferecidos a poucos nomes brasileiros são uma resposta à concorrência feroz no mercado. A Disney quer expandir seu orçamento de conteúdo em US$ 8 bilhões em 2022. A Netflix deve gastar US$ 17 bilhões. A Amazon nem precisa falar: o gigante norte-americano de Jeff Bezos não mede esforços no conteúdo do Prime Video. Entre os funcionários da Netflix no Brasil, o nome mais temido é o da executiva Malu Miranda, da Amazon. É ela quem tem assediado nomes fortes do showbiz nacional, para atrair para a plataforma. Na lista, figuras com contrato vigente na Globo e na Netflix.

Brasil na tela
De fato, o Brasil gosta de ver o Brasil na tela:
entre as dez produções mais vistas da Netflix, a maioria é nacional, como as novelas infantis do SBT. Com uma semana no ar, a comédia brasileira Lulli, estrelada por Larissa Manoela, virou o filme de língua não inglesa mais visto no mundo na Netflix. A consultoria inglesa Ampere Analysis reportou, recentemente, que o investimento em conteúdo vai ultrapassar US$ 230 bilhões (R$ 1,3 trilhão), sobretudo por serviços de streaming por assinatura.

“Os brasileiros estão lendo mais e continuarão a ler”
Além dos gigantes norte-americanos — como Google, Amazon e Microsoft, esta última viu o lucro crescer 21% no último trimestre —, um dos setores que se beneficiaram na pandemia foi o mercado de livros. No Brasil, o faturamento das editoras brasileiras subiu 29% em 2021, comparado com o ano anterior. A bonança se traduz em mais números: a indústria faturou R$ 2,28 bilhões no ano passado, contra R$ 1,76 bilhão em 2020. Os brasileiros compraram 55 milhões de exemplares em 12 meses, outro aumento significativo, comparado aos 42,5 milhões de 2020. Os dados são do Sindicato Nacional de Editores de Livros, o SNEL, em parceria com a consultoria Nielsen.

“Os brasileiros estão lendo mais”, conclui Marcos da Veiga Pereira, dono da editora Sextante e que acaba de encerrar um ciclo de sete anos na presidência do SNEL. Ele fala, em entrevista a Oeste, sobre os resultados positivos atuais e os desafios da indústria livreira, com a concorrência de gigantes como a Amazon às séries populares de TV. Para ele, o hábito das pessoas em maratonar uma série talvez inviabilize o surgimento de um novo fenômeno livreiro nos próximos anos, como Harry Potter, Cinquenta Tons de Cinza, O Código da Vinci, A Cabana e O Segredo. A propósito, os três últimos foram lançados por Pereira. 

Como o senhor vê o aumento de faturamento e exemplares vendidos no Brasil?
Foi uma gratíssima surpresa. Nenhum de nós imaginava isso no início da pandemia. Os brasileiros estão lendo mais e continuarão a ler, porque o hábito da leitura é muito poderoso. Há ainda uma porção de novas lojas menores surgindo e fazendo sucesso, como a rede Leitura, em Salvador, e a Vila, no Rio. Entre setembro de 2020 até o fim de 2021, 40 novas lojas foram abertas. Estão redescobrindo os novos lugares. Não é mais a megastore. A ideia da megastore (um dos motivos da recuperação judicial da Saraiva e da Cultura, duas redes que já foram as maiores do país) é ineficiente, desnecessária. Para que 100 mil títulos diferentes? A livraria tem de ter uma boa curadoria, bons livreiros, bom atendimento, ter os lançamentos. Hoje, a tendência são lojas que precisam ser menores, aconchegantes, como se fosse um ponto de encontro.  

Leia também “‘Os abusos do politicamente’ correto e outras notas”

Por falar em agro,  sugerimos: Cultivar é preciso

Bruno Meyer, Colunista,Revista Oeste - MATÉRIA COMPLETA


domingo, 30 de janeiro de 2022

Como pular do fogo do ensino público para a frigideira do ensino privado - Gazeta do Povo


Educação - Bruna Frascolla
Foto de perfil de Bruna Frascolla
 
Uma reação comum quando se fala da ideologização no ensino público é atribuir o problema ao fato de ser público
Trata-se de um legado petista para o senso comum brasileiro: a panaceia da privatização. Antes do PT, tínhamos uma boa imagem dos Correios e das universidades federais. 
Essa boa imagem era parcialmente injustificada, já que sempre houve nas federais mais ideologia do que o desejável. 
Ainda assim, ninguém na década de 90 esperaria encontrar alunos pelados, de quatro, arreganhando a bunda e dizendo que isso é arte
Uma coisa era o marxista chique de gola rulê tentando vender sua ideologia entre uma e outra baforada de charuto cubano. 
Outra coisa, bem diferente, é a escatologia normalizada. Isso é posterior à gerência do Ministro Haddad. 
E foi isso que fez com que, pela primeira vez, os pais comuns, despolitizados, temessem, e não mais desejassem, o ingresso dos seus filhos numa federal. Será que o sistema público é tão ruim, ou não fará sentido dizer que o PT esculhambou uma coisa que poderia ser melhor? A resposta a isso eu vou chamar de consenso liberal: o PT só fez o que fez porque era possível. O Estado tem que ser mínimo para não ficar oscilando ao sabor dos mandatários eleitos de quatro em quatro anos. Até aí, tudo bem. O problema é que disso se segue a panaceia da privatização: se todo o ensino brasileiro fosse privado, estaria tudo bem!

Monopolista privado também é ideológico
Nem bem o rótulo “liberalismo” foi reabilitado no pós-PT, os eleitores de Haddad, aqueles esquerdistas “moderados” o tomaram para si. 
A esquerda brasileira se americanizou com o PT, e hoje tudo é coisa de mulher, negro, LGBTQUIABO e girafas da Amazônia. 
Perdendo cada vez mais o pudor, a “esquerda moderada” passou a aderir abertamente à cartilha de grandes corporações. As suas novas pautas cabem na sigla ESG (Governança Ambiental e Social, em inglês), inventada no mundo corporativo para o mundo corporativo. E que é o mesmo pacote ideológico que casa identitarismo (ou wokismo, ou progressismo, ou globalismo – chamem como quiser) com mau ambientalismo.
 
Hoje, é tendência global exigir das empresas a adesão ao ESG para poderem ser listadas na bolsa. A Nasdaq já exige quotas para mulheres e LGBTQUIABOs nos conselhos das empresas. Agora imaginemos: no que depender dessas empresas e elas mandam mais do que muito governo inclusive porque financiam parlamentares e ONGs –, quanto tempo falta para obrigar todas as empresas a terem quotas para mulheres, negros e LGBTQUIABOs? 
Basta alegar que quem não seguir tais quotas é racista, machista e homotransfóbico, que toda uma certa imprensa apoiará a medida e difamará os seus críticos. 
Nisso, fecham-se as empresas pequenas, que não têm condições de contratar mulheres, negros, transexuais, anões, e o que mais calhar, só para preencher a quota da lei.
 
[BOM LEMBRAR:
Não Criarás a Prosperidade se desestimulares a poupança.
Não fortaleceras os fracos por enfraqueceres os fortes.
Não ajudaras o assalariado se arruinares aquele que o paga.
Não estimularás a fraternidade humana se alimentares o ódio de classes.
Não ajudarás os pobres se eliminares os ricos.
Não poderás criar estabilidade permanente baseada em dinheiro emprestado.
Não evitarás as dificuldades se gastares mais do que ganhas.
Não Fortalecerás a dignidade e o anônimo se Subtraíres ao homem a iniciativa da liberdade.
Não poderás ajudar os homens de maneira permanente se fizeres por eles aquilo que eles podem e devem fazer por si próprios.
Abraham Lincoln.]

E quantas empresas não podem ser fechadas com leis ambientais restritivas de aplicação seletiva? Conversando com pequeno produtor rural, a gente descobre fácil que aquele selo de orgânico é pago e é caro; serve para limitar concorrência. E se o selo de orgânico se tornar obrigatório? Basta mostrar imagens de girafas morrendo queimadas por produtores rurais na Amazônia, e uma certa imprensa apoiará a medida. Quem disser que não tem girafa na Amazônia vai preso por fake news e discurso de ódio contra girafas.

Então podemos dizer que o âmbito estatal está longe de ser o monopolista da ideologização. A nossa visão se clareia se considerarmos que existe um grupo político de veio totalitário, e que esse grupo migrou do Estado para as corporações. Não faz o menor sentido supormos que trocar o ensino público pelo privado acabará com a ideologização. Basta que o ensino caia na mão desses monopolistas da ESG.

Um cenário tenebroso e factível
O que os esquerdistas “moderados” que se dizem liberais não defendem é o livre mercado. Defendem monopolistas, e fazem isto às expensas tanto dos pequenos e médios, quanto da livre escolha do cidadão.

Vejamos o caso da pandemia. A política do confinamento foi adotada como verdade inquestionável, muito embora fosse radicalíssima e, de fato, questionável
Se no caso da imposição das vacinas de Covid é fácil apontar o interesse das Big Pharma, que as vendem para os governos, no caso dos confinamentos muitos apontaram, corretamente, que empresas como a Amazon e o Magazine Luiza tinham tudo para ganhar com a situação, pois quebravam os pequenos e levavam seus clientes.

Ora, outro setor que quebrou com a imposição do confinamento foi o da educação privada. Falidos, os pais passaram a dever mensalidades e as escolas afundaram em dívidas. O resultado disso, no Brasil, foi a compra de vários conglomerados educacionais por Jorge Paulo Lehmann. Ele, que já era o monopolista das cervejas, passou a ser também o monopolista da educação básica. Hoje seu conglomerado de educação básica, o Eleva, é um dos maiores do mundo.

Lehmann é o patrono de Tabata Amaral, que se diz defensora da educação. Que tipo de escola Lehmann ofereceria ao público?

Foquemos ainda em Tabata. Onde houver uma “causa nobre” que envolva compra pelo Estado e distribuição para a população, lá estará ela. Na última vez, foi o caso da bolsa modess. A P&G, que fabrica modess, cunhou a expressão “pobreza menstrual”, arranjou estudos para partir o coração do público e disse que o Estado tinha que comprar modess. E lá estava Tabata para combater a “pobreza menstrual”. É isso que é ser “de esquerda” e “liberal” hoje.

Agora olhemos para o ensino superior privado. Com o PT, o Fies e o Prouni passaram a despejar dinheiro público nos bolsos de conglomerados estrangeiros que saíram comprando as faculdades particulares brasileira. A prática do EAD se disseminou e, ao contrário do que muita gente imagina, trata-se simplesmente de aulas gravadas: a empresa paga a um professor para dar aulas uma vez e não os mantém em seus quadros. 
Disso resulta, para o alunado, que as aulas são todas iguais Brasil afora. Já no ensino básico, estamos familiarizados com módulos, que também podem ser iguais Brasil afora. 
Agora imaginem se um Lehmann consegue um megacontrato com o Estado para se responsabilizar pelo ensino das crianças pobres: como não será esse material didático? 
Tenho todos os motivos para crer que seja tão lacrador quanto Tabata, sua aluna modelo.

O cenário que eu enxergo como muito factível no Brasil é a substituição do ensino público pelo privado. Mas isso tende a acontecer com a queda da qualidade (sempre é possível piorar) e da liberdade. Porque você vai fugir de uma escola e encontrar outra igualzinha, com as mesmas aulas gravadas e as mesmas apostilas.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

O QUE HÁ DE MAIS "FAKE" QUE AS "FAKE NEWS" - Fernão Lara Mesquita

O empreendedorismo é o domínio do instinto. Não é para quem quer é para quem é. A política e seu produto por excelência na democracia -- a lei -- é a superação da que rege o instinto e manda todo bicho "usar sua força para comer o mais possível sempre que a ocasião se apresentar", um movimento concertado de defesa das presas contra os predadores que acaba por ser acatado até por esses últimos quando a História os ensina a pensar adiante da próxima refeição.

A informática não mudou rigorosamente nada na essência das relações humanas que já foi bem precisamente sintetizada no adágio de que "o homem é o lobo do homem". Ela criou uma reprodução matemática do mundo real sujeita não mais às velocidades e multiplicações do universo da História e do mundo físico mas às próprias a essa ciência abstrata, o que subverteu violentamente as noções de espaço e tempo, fundamentos do conhecimento humano, com implicações altamente disruptivas nas aplicações que daí decorrem, especialmente as ligadas à produção e à transação de bens e riquezas e, mais que para todas as outras, para a capacidade de cada nação de impor leis precisas, estáveis e bem delimitadas como têm de ser as das raras democracias de fato existentes. 

Como sempre, desde o controle do fogo, do arco e da roda e da domesticação dos animais, das plantas e dos metais, essa disrupção proporcionou aos "predadores alfa" da política e da economia explorar os vazios de regulamentação que se abriram com a violência e o oportunismo que o instinto lhes pede. Sob a bandeira da "reforma da humanidade" de sempre, o Google auto-atribuiu-se o direito de mudar as regras do ciclo de vida da informação espionando, indexando e tornando acessíveis para todo o sempre os pormenores das manifestações de preferência e trocas de informações entre cada um dos seres humanos sem pedir licença a ninguém, ato criminalizado em todas as legislações do mundo para todas as tecnologias não baseadas em bits. 

Em paralelo, na melhor técnica do malandro que atrai a vítima sempre com a promessa de benefícios impagáveis, copiou e indexou a informação coletada e sistematizada por profissionais de todos os campos do saber em todos os tempos sem pagar direitos a quem trabalhou para produzi-la, outro crime tipificado para todos os meios anteriores, e entregou o produto desse saque planetário como um "presente grátis" a quem antes tinha de pagar por ele, "apenas" em troca da livre espionagem dos hábitos, preferências, intimidades e roteiros dos consumidores desse "serviço". E então amealhou uma fortuna indecente vendendo os segredos de cada eleitor e cada consumidor aos tubarões da política e da economia.

Escancarada a porta, por lá passaram as boiadas da Amazon e do Facebook, as "ferrovias" de hoje com seu séquito de robber barons de vida curta, comprados com baratos bilhões para colocarem-se à salvo sem incomodar ou concorrer, e todo o resto das mazelas que conhecemos, com as Apples no fim da fila, explorando nas chinas da vida o trabalho escravo pelo qual seriam presas em casa e arrastando todos os seus concorrentes para o mesmo atalho que matou, numa só cajadada, séculos de conquistas dos trabalhadores nas democracias, tudo sob o silêncio cúmplice da política podre que finge não entender a exata semelhança entre os crimes dos donos das big techs e seus caronas de hoje e os dos robber barons de ontem.

Agora, montados nos trilhões de dólares amealhados com esse tipo de "competência", já se sentem fortes o bastante para desafiar as maiorias de frente com a censura explícita e a incineração virtual dos "hereges" em autos-de-fé públicos mediante os quais ficam "cancelados" não só das tribunas a partir das quais a política captura os votos necessários para deter essa gigantesca falcatrua como também da vida econômica que migrou totalmente para a reprodução virtual do mundo real.

Em maio de 2014, depois que a Agência de Proteção de Dados da Espanha reassegurou a um professor o direito de ter o seu passado esquecido, a União Européia como um todo, mais "freguesa" que proprietária das mega multiplataformas da internet, restabeleceu o princípio de que o futuro da vida digital deve ser estabelecido pelas pessoas, suas leis e suas instituições democráticas e não por qualquer grupo de moleques montados numa tecnologia nova o bastante para não ser imediatamente compreendida, em seus meandros e processos, nem pelos seus usuários, nem muito menos pelos legisladores, o que recoloca nos seus devidos termos a questão decisiva deste início de 3º Milênio marcado pelo desvio do "capitalismo de espionagem" (surveillance capitalism) que só pode prosperar com a morte da democracia.

O atual impasse prende-se mais à corrupção que às dificuldades técnicas envolvidas. Não é preciso inventar nada de conceitual ou filosoficamente novo, como querem fazer crer os enganadores de sempre, apenas submeter as big techs e suas praças públicas virtuais às mesmas leis que enquadraram os robber barons do passado e garantem o exercício dos direitos fundamentais do homem nas praças públicas físicas (à propriedade, à sua intimidade #ownyourdata, à liberdade de crença e expressão, ao devido processo, etc.), impondo aos tecnólogos, como condição para operar seus aplicativos, plataformas e redes, a busca das soluções necessárias para implementar essas garantias.

Sim, conseguir são outros 500. Mas ser obrigado a tentar é tudo que sempre fez a humanidade andar para a frente...

Quanto ao gigantismo que desenvolveram violando as leis que todos os seus concorrentes eram obrigados a cumprir, vale o mesmo princípio. A democracia se reapresentou ao mundo em 1787 com a missão de evitar a criação de superpoderes no universo da política com a bandeira de que somente cada indivíduo tinha o direito de escolher o seu modo de alcançar a felicidade e definir o que era ou não "fake" para ele em matéria de pensamentos e crenças, o que lhe deu um impulso inicial brilhante mas não suficiente.

Na virada do século 19 para o 20, refém da corrupção gerada pelo seu principal "defeito de fabricação" que foi a blindagem, ainda que temporária, dos mandatos dos representantes eleitos contra seus eleitores, acrescentou à sua lista de objetivos prioritários, mediante o aparato antitruste que só pôde impor armando a mão do eleitor para dar a palavra final sobre cada ato dos seus representantes, a prevenção da criação de superpoderes também na economia privada, o que pôs em cena o único "estado de bem estar social" que jamais se materializou no mundo real: não o que o socialismo prometia autorizando o governante de plantão a distribuir dinheiro alheio entre seus amigos e correligionários mas aquele que Theodore Roosevelt dotou do moto continuo naturalmente invulnerável à politicagem da limitação da competência para açambarcar mercados pela manutenção obrigatória do grau mínimo de competição necessário em cada setor da economia para obrigar os empreendedores a disputar trabalhadores aumentando salários e consumidores reduzindo preços, com o Estado estritamente no papel de árbitro.

Foi esse o truque simples que fez dos Estados Unidos o que são (estes em que o PIB do estado de Nova York equivale ao do Brasil inteiro e o dos outros 49 estados é "lambuja" e não aquele que nossa imprensa mostra) e propiciou que arrastassem a humanidade inteira atras de si para patamares mais altos de liberdade, afluência e progresso da ciência ao longo de escassos ¾ do século 20 que os alcançados na soma de todas as centenas de séculos anteriores.

Agora quer a horda dos reacionários a volta ao padrão anterior a 1787, com sua igreja ditando o que é e o que não é "verdade" e calando quem discorda na marra em nome da "defesa da democracia".

"FAKE"!

A tergiversação em torno dessa empulhação, do gigantismo das big techs e de todos os seus nefandos corolários explica-se pelos trilhões acumulados pelos modernos robber barons, que engraxam tanto os que correm atras do poder de explorar o próximo pela via da economia quanto os especializados em faze-lo pela da política, muito mais que por qualquer dificuldade técnica para corrigir o rumo e aplicar a elas regulamentos honestos, democráticos e limpos.

Publicado originalmente em O Vespeiro, blog do autor.

O autor é jornalista, ex-diretor do Jornal da Tarde e ex-diretor de opinião de O Estado de S. Paulo.


quarta-feira, 7 de julho de 2021

UTILIDADE PÚBLICA - Microsoft revela falha de segurança no Windows e lança atualização de emergência

Windows: Entenda a falha de segurança revelada pela Microsoft e veja o passo a passo para atualizar o sistema 

Companhia americana lançou atualização de emergência que deve ser feita imediatamente para proteger computador de vulnerabilidade conhecida como 'PrintNightmare

A Microsoft lançou uma atualização de emergência do Windows que deve ser feita imediatamente pelos usuários para para corrigir uma vulnerabilidade identificada por especialistas no sistema operacional que pode dar a hackers acesso a computadores. Segundo a CNN, a falha de segurança, conhecida como PrintNightmare (pesadelo da impressão em português), afeta o serviço Windows Print Spooler, responsável pela comunicação com as impressoras.

Microsoft x Amazon: Pentágono decide cancelar contrato bilionário do projeto de computação em nuvem JEDI

A brecha virtual permitiria a um criminoso digital invadir e controlar o computador por meio do sistema de impressão usado em locais de trabalho que possuem impressoras em rede.   O GLOBO preparou uma série de perguntas e respostas para você entender melhor o problema e saber como agir em relação ao seu computador. Confira a seguir: 

Quais versões do Windows estão vulneráveis?
Todas
as versões do Windows contêm o código vulneráve
l e estão vulneráveis, segundo o Microsoft Security Response Center (MSRC), setor da empresa que monitora e resolve incidentes de segurança.  Isso inclui as versões do Windows Server de 2004, 2008, 2012, 2016, 2019, 20H2, além das versões Windows 7, Windows 8.1 e Windows 10.
 
Como a falha de segurança foi identificada?
Pesquisadores da empresa de segurança cibernética Sangfor identificaram a falha, mas publicaram por engano na internet códigos para entendê-la. Excluíram logo, mas as informações foram copiadas e publicadas em outros ambientes on-line.  Daí o temor de que possam ser usadas por hackers para invadir computadores que usam o Windows.
 
O que os hackers poderiam fazer?
Essa brecha, segundo a Microsoft, daria a hackers a chance de invadir computadores conectados à internet para instalar programas, visualizar e excluir dados ou até mesmo criar novas contas com direitos de usuário para assumir o controle da máquina.

Qual é a vulnerabilidade?
De acordo com o Microsoft Security Response Center (MSRC), há dois CVEs (sigla em inglês para Vulnerabilidades e Exposições Comuns), que afetam o Spooler de impressão (conhecido como fila de impressão).

Essas vulnerabilidades abririam caminho para hackers controlarem o computador por meio do sistema de impressão usado em locais de trabalho que possuem impressoras em rede. Uma delas, listada como "CVE-2021-1675", já foi resolvida pela atualização de segurança lançada em 8 de junho de 2021, o que a Microsoft reforça agora como uma necessidade.

Já o outro caminho para um ataque, vulnerabilidade descrita como "CVE-2021-34527" ainda não foi corrigido. Também está vinculado ao PrintNightmare, embora o modo de invasão apresente características distintas.  "A Microsoft está ciente e investigando uma vulnerabilidade de execução remota de código que afeta o Spooler de Impressão do Windows e atribuiu o CVE-2021-34527 a essa vulnerabilidade. Essa é uma situação em evolução. E atualizaremos o CVE à medida que mais informações estiverem disponíveis", informou a empresa.

Como se proteger?
A Microsoft recomenda que o usuário mantenha sempre o computador atualizado com a versão mais recente de segurança, a fim de proteger o dispositivo de vulnerabilidades e ataques identificados.

No caso do Windows 7, o suporte foi encerrado em 14 de janeiro de 2020. A empresa recomenda que o usuário mude para um computador Windows 10 para que ele continue a receber atualizações de segurança da Microsoft.

Qual é o Passo a passo para fazer a atualização nas principais versões do Windows?
Windows 8.1:
A melhor maneira de manter o Windows 8.1 atualizado é ativar as atualizações automáticas, assim o Windows Update instala as atualizações importantes automaticamente, conforme elas se tornam disponíveis.

Para ativar as atualizações automáticas:
Abra o Windows Update apontando com o ponteiro do mouse para o canto inferior direito da tela e mova-o para cima). Selecione Configurações  > Mudar configurações do computador > Atualização e recuperação > Windows Update. Se você quiser verificar manualmente se há atualizações, selecione Verificar Agora.
Selecione Escolher como as atualizações são instaladas, e então, em Atualizações importantes, selecione Instalar atualizações automaticamente (recomendado).

Em Atualizações recomendadas, selecione Quero receber atualizações recomendadas da mesma maneira como recebo atualizações importantes.
Em Microsoft Update, selecione Quero receber atualizações para outros produtos Microsoft quando eu atualizar o Windows, e então selecione Aplicar.

Windows 10:
Para manter seu Windows atualizado, a empresa recomenda que você acesse o Windows Update.
Selecione Iniciar > Configurações > Atualização e Segurança > Windows Update > Windows Update e, em seguida, selecione Verifique se há atualizações.

Se uma atualização de recurso estiver disponível para o seu dispositivo, ela aparecerá separadamente na página do Windows Update. Para instalá-lo, selecione Baixar e instalar agora
 
Economia - O Globo
 

quinta-feira, 27 de maio de 2021

A pandemia do silêncio começa a ceder - Senadores criticam postura de Aziz e dizem que ele está fazendo papel de ‘advogado’ e ‘comentarista’

Afonso Marangoni

Presidente da CPI fez vários contrapontos às falas de senadores aliados ao governo 

Após fazer vários contrapontos às falas de senadores aliados ao Palácio do Planalto na oitiva do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), foi criticado nesta quinta-feira, 27, por integrantes da comissão que o classificaram como “comentarista da comissão” e “advogado de São Paulo”.

As declarações foram dadas após Aziz afirmar que o governo federal não investiu no Instituto Butantan para o desenvolvimento da CoronaVac. O presidente da CPI afirmou que o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), quis dar a entender que foram repassados recursos para esta finalidade. [esse senador que ainda preside a CPI não deveria ter sequer seu nome indicado para participar da CPI Covidão ou de qualquer outra - menos ainda para o cargo de presidente.
A vantagem é que com o 'cabeleira' na relatoria e o senador Omar presidindo fica ainda mais fácil o desmonte da Covidão; 
o passado de ambos, as folhas.... ops ... os currículos dos dois e de familiares, não permitiriam em um país sério, que sequer fossem candidatos a vereadores.
Mas, o relator Calheiros já levou um arrocho em passado recente - para não perder o mandato teve que cair da cadeira de presidente - e  o senador Omar teve familiares encarcerados por corrupção na área de Saúde. Enquanto aqui, na Pindorama, conseguem ocupar os cargos mais importantes de uma CPI criada para 'prender ladrões da saúde pública'. A presença do 'drácula' - vulgo do senador petista Humberto Costa - seria mais útil para o conceito da Covidão, se ele fosse o ocupante do cargo de vice-presidente.]

Diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas; preside da CPI da Covid, Omar Aziz; e relator da CPI da Covid, Renan Calheiros | Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas; preside da CPI da Covid, Omar Aziz; e relator da CPI da Covid, Renan Calheiros | Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Leia mais: “Dimas Covas: cronograma de entrega da CoronaVac vai atrasar”

“Vossa excelência está atuando como comentarista da comissão. Vossa excelência não é analista da fala dos senadores. Presidente de Comissão não tem este papel”, apontou o senador Marcos Rogério (DEM-RO), que finalizou:Você está atuando como advogado de São Paulo”.  “O senhor está sendo advogado de defesa. Ele [Dimas Covas] está ao lado de dois advogados de defesa, um advogado e um advogado que é o senhor”, criticou o senador Eduardo Girão (Podemos-CE). “Não, eu sou engenheiro”, respondeu Aziz.

O presidente da Comissão afirmou que não estava defendendo o governo de São Paulo, mas o Instituto Butantan, que “não tem politicagem”. Girão ainda alfinetou: “Está ficando feio, senador”. Aziz respondeu: “Pode ficar muito feio, a verdade tem que ser dita, a verdade é uma: não se repassou adiantado nem um real para comprar vacina de ninguém a não ser da AstraZeneca”. “Não dá nem pra disfarçar, presidente”, voltou a criticar Girão.

 Dagomir Marquezi
 
A pandemia do silêncio começa a ceder
Surgem novas evidências de que o novo coronavírus pode mesmo ter sido criado em laboratório. Cientistas e países ocidentais cobram uma investigação transparente 
 
O que aconteceria se um novo vírus mortal paralisasse o mundo a partir de um incidente ocorrido no Brasil? 
O que fariam a Organização Mundial da Saúde e os países mais poderosos do mundo se autoridades brasileiras deixassem que o vírus se espalhasse antes de avisar a comunidade global? 
Em quantos dias teria início uma ampla investigação internacional no nosso território? 
Qual o tamanho da indenização que seria cobrada do governo brasileiro pelo estrago na economia mundial?


Edição de arte Oeste | Foto: Shutterstock

Bem, o Brasil não é a China.A covid-19 explodiu em parte porque o Partido Comunista Chinês foi omisso sobre a saúde em outros países e escondeu a pandemia durante seus meses iniciais ao mentir para organizações internacionais de saúde pública”, escreveu o senador republicano Ben Sasse no Wall Street Journal. “O PCC explorou o sofrimento do mundo em desenvolvimento para fazer avançar seus interesses. Do seu jeito mafioso, Pequim fez com que a distribuição de suas vacinas estivesse vinculada ao rompimento de relações diplomáticas com Taiwan ou à adoção da Huawei — a gigantesca agência de tecnologia e espionagem chinesa — para fornecer serviço de 5G. E está cobrando preços astronômicos por um lixo de vacina.”

Entre 24 e 29 de janeiro de 2020 (segundo o próprio governo chinês), o regime comunista importou uma quantidade massiva de equipamentos de proteção pessoal, incluindo 2 bilhões de máscaras. Só no dia 30 a OMS declarou a emergência médica global, já anunciando que a China não tinha culpa nenhuma. No início de junho de 2020, o ministro de Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, afirmou que as notícias de adiamento do anúncio da doença eram “completamente mentirosas”.

Ao que tudo indica, enquanto o resto do mundo era devastado pela covid-19, a China se protegia com o equipamento que comprou de outros países antes de dar o alerta. Ou a gente não teria números como estes, hoje:  Como a China, o país mais populoso, onde aparentemente o vírus mais letal dos últimos tempos surgiu e se espalhou antes de ser identificado, está em 99º lugar entre os países mais infectados (90.908 casos), atrás até da Faixa de Gaza?

Perguntas pedem respostas. E o regime do Partido Comunista Chinês resistiu e continua resistindo a dar qualquer satisfação ao mundo sobre seus atos. Depois de muita insistência, o presidente Xi Jinping permitiu, em janeiro deste ano, a entrada de cientistas ligados à Organização Mundial da Saúde para uma investigação sobre as origens da pandemia. A comissão, representando uma organização já submissa a Pequim, enviou 17 cientistas internacionais, estritamente vigiados por igual número de cientistas chineses. Tiveram apenas 14 dias para uma investigação que demandaria meses se fosse séria. O veredicto foi que o vírus havia surgido espontaneamente, como um fruto da natureza. Segundo esse princípio, doenças catastróficas como a covid-19 podem pipocar a qualquer momento em qualquer lugar onde exista vida selvagem.

Aparentemente a pandemia do silêncio começa a ceder. No dia 14 deste mês, um grupo de 18 cientistas (de Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Suíça) publicou uma carta aberta na revista Science com um título simples e direto: “Investiguem as origens da covid-19”. Os signatários dizem que “mais investigações são necessárias para determinar a origem da pandemia; as teorias de liberação acidental do vírus de um laboratório ou o transbordamento zoonótico permanecem viáveis”.

O grupo dos 18 revelou um detalhe pouco divulgado da investigação inicial realizada pela OMS: “Informações, dados e amostras para a primeira fase de estudos foram coletados e sumarizados pela metade chinesa da equipe; o resto do time tirou suas conclusões a partir dessa análise. Apenas quatro das 313 páginas do relatório e seus anexos se referem à possibilidade de um acidente de laboratório”.

Os 18 cientistas, ligados a instituições como o MIT (Massachusetts Institute of Technology) e às universidades de Chicago, Toronto, Basileia e Stanford, não têm receio de dizer o óbvio: “Uma clareza maior sobre as origens desta pandemia é necessária e possível de ser obtida. Devemos desenvolver seriamente hipóteses sobre ambas as possibilidades, o surgimento natural e o vazamento de um laboratório, até que tenhamos dados suficientes. Uma investigação apropriada deveria ser transparente, objetiva, orientada por dados, incluir outros experts, ser sujeita a supervisão independente e gerenciada responsavelmente de forma a minimizar os impactos de conflitos de interesse. Agências de saúde pública e laboratórios precisam abrir seus registros ao público”.

Em março, outro grupo de cientistas já havia divulgado uma carta aberta pedindo uma “investigação legal completa e sem restrições das origens da covid-19”. Essa carta foi além da simples declaração de princípios e listou um manual detalhado de procedimentos técnicos para qualquer investigação do tipo. “Se falharmos em examinar completamente e com coragem as origens desta pandemia, nós nos arriscamos a estar despreparados para uma pandemia potencialmente mais grave no futuro”, completou a carta, que pede à comunidade internacional uma investigação séria e definitiva. Entre os signatários, estão cientistas de França, Austrália, Espanha, Nova Zelândia, EUA, Bélgica, Reino Unido, Áustria e Alemanha.

Os pedidos de mais esclarecimentos não se limitam à comunidade científica. Em 30 de março, governos de 14 países declararam num comunicado conjunto: “Juntos, apoiamos uma análise e uma avaliação transparentes e independentes, livres de interferência e influência indevidas. Expressamos nossas preocupações comuns em relação ao recente estudo convocado pela OMS na China, ao mesmo tempo em que reforçamos a importância de trabalharmos juntos para o desenvolvimento e o uso de um estudo rápido, eficaz, transparente, com base científica e processo independente de avaliação internacional de tais surtos de origem desconhecida no futuro”. Os países signatários, todos democráticos, são: Austrália, Canadá, República Checa, Dinamarca, Estônia, Israel, Japão, Letônia, Lituânia, Noruega, Coreia do Sul, Eslovênia, Reino Unido e Estados Unidos. “Com todos os dados em mãos”, afirma o documento, “a comunidade internacional deve acessar as origens da covid-19 de forma independente, aprender as valiosas lições dessa pandemia e prevenir as devastadoras consequências dos surtos de doenças.”

Laboratórios “brincam de Deus” e criam vírus mais perigosos do que os que já existem na natureza

A pressão por respostas está aumentando. O governo da Austrália é o mais firme na insistência por uma investigação independente, o que azedou a relação entre os dois países. A jornalista Sharri Markson, do canal Sky News australiano, divulgou em 9 de maio uma matéria explosiva sobre um livro escrito por um cientista ligado ao comando das Forças Armadas chinesas, Xu Dezhong, propondo o uso militar do coronavírus — cinco anos antes da atual pandemia. O livro menciona uma “nova era de armas genéticas” por meio da manipulação de vírus, transformados em armas e lançados “de maneira como nunca aconteceu antes”.

A matéria mostra também uma publicação assinada pelo mesmo Xu Dezhong falando abertamente no emprego de coronavírus como arma. Aponta inclusive que elas não devem ser usadas nos períodos mais quentes do dia, o que mataria os vírus antes que entrassem em ação. Vai além, sugerindo que um ataque em larga escala provocaria um colapso no sistema de saúde dos países atingidos, com baixas adicionais. E comenta outra “vantagem”: “Ataques com armas biológicas podem causar doenças psicológicas e mentais agudas e crônicas, como reações de estresse agudo”. Xu Dezhong continua dando aulas para a elite dos militares chineses.

Por citar o livro de Xu Dezhong como um segredo só agora revelado, o texto de Sharri Markson foi classificado de distorcido por “agências checadoras”. E o título está à venda na Amazon, e esgotado. O fato de o livro ser vendido abertamente torna a situação ainda mais preocupante. O uso de coronavírus como arma parece estar sendo discutido sem maiores restrições nos círculos militares chineses.  Por enquanto ninguém leva a sério a teoria do Sars-CoV-2 como arma militar. Mesmo a matéria de Sharri Markson deixa claro que a atual pandemia provavelmente surgiu por acidente. O que nos remete ao texto do autor britânico Nicholas Wade, que escreveu sobre ciências para o New York Times por 30 anos, e já citado aqui na Revista Oeste.

Numa atualização de seu artigo (com o título “Origem da Covid — Seguindo as Pistas”) em 2 de maio, Wade reafirma que não é só o governo da China que teme a conclusão de que o novo coronavírus seja resultado de um vazamento de laboratório. O que está em jogo é toda uma visão da ciência, toda uma cadeia internacional de laboratórios que “brincam de Deus”, criando vírus ainda mais perigosos para o homem do que os que já existem na natureza.

É a pesquisa conhecida como “ganho de função”, ou GOF. Doenças em potencial são criadas para que possam ser combatidas. Nessa linha de ação, o vírus da “gripe espanhola” de 1918 foi recriado em laboratório. Até o vírus da terrível poliomielite, que estava extinto, voltou a existir. Tudo em nome da “ciência”, essa deusa vaga tão adorada ultimamente. Uma descoberta de vazamento em Wuhan poria em xeque toda essa forma irresponsável de “fazer ciência”. Segundo Antonio Regalado, editor da MIT Technology Review, a descoberta poderia “sacudir o edifício científico de alto a baixo”.

Wade coloca em dúvida outra crença do mundo científico. Segundo ele, a manipulação genética era feita realmente de maneira primitiva como “um cortar e colar” de genomas que deixavam marcas evidentes. Não mais. Um novo método, apelidado de seamless (ou “sem costura”), não deixa nenhuma pista de manipulação.

A diretora Shi Zheng-li estava trabalhando no laboratório que dirige, em Wuhan, em vírus chamados de “quimeras”, pois uniam dois vírus naturais para criar um terceiro, artificial. Seguia os estudos e orientações do dr. Ralph S. Baric, pesquisador de coronavírus da Universidade da Carolina do Norte. Nos EUA, a dra. Shi pesquisava em laboratórios de nível de biossegurança 4 (de contenção máxima). Em Wuhan, o nível de biossegurança dos laboratórios era 2 e 3.

Ela teria conseguido criar artificialmente o novo coronavírus como uma “quimera” no seu instituto? Por alguma razão, o vírus teria escapado acidentalmente para o resto do mundo? Não teremos respostas enquanto o governo chinês não permitir uma investigação honesta e completa.

Ditaduras vivem nas sombras, e tornam-se suspeitas mesmo quando não cometem os crimes de que são acusadas. O próprio diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, marxista conhecido pela posição amistosa com o regime chinês, declarou abertamente que a possibilidade de o vírus ter escapado de um laboratório não foi avaliada o suficiente. E defendeu recentemente a formação de “mais missões [à China] envolvendo especialistas”, que ele estaria pronto a lançar.

Enfim, a parte mais livre do mundo começa a sair do torpor e exigir respostas
E o Brasil? Aqui, já temos o veredicto: a covid-19 foi criada pelo presidente Jair Bolsonaro para “matar pretos e pobres”.  
Qualquer crítica ao governo da China é considerada crime de lesa-pátria.  
O Partido Comunista Chinês conta até com o apoio da CPI de Renan Calheiros, que já tem suas musas da submissão: as senadoras Mara Gabrilli (“Eu sinto uma gratidão gigantesca à China”) e Kátia Abreu (“Qualquer um que tiver vacina eu sou capaz de deitar no chão e deixar que pise em cima de mim”).

A pandemia da covid-19 era para ser uma questão sanitária a resolver por critérios técnicos. Mas se transformou numa encruzilhada política. Estamos vivendo um daqueles momentos históricos em que cada cidadão é levado a escolher entre a obediência cega a uma tirania ou à luta pela liberdade. “Nestes tempos especialmente problemáticos, defenda a liberdade”, aconselhou Gordon G. Chang, jornalista e escritor especializado em assuntos chineses. “Nós podemos não ter outra chance.”

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Dagomir Marquezi, nascido em São Paulo, é escritor, roteirista e jornalista. Autor dos livros Auika!, Alma Digital, História Aberta, 50 Pilotos — A Arte de Se Iniciar uma Série e Open Channel D: The Man from U.N.C.L.E. Affair. Prêmio Funarte de dramaturgia com a peça Intervalo. Ligado especialmente a temas relacionados com cultura pop, direitos dos animais e tecnologia.