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quarta-feira, 27 de julho de 2016

Força Nacional enfrenta a insegurança no Rio de Janeiro


Policiais da Força Nacional enfrentam a insegurança no Rio de Janeiro


Cercados por milicianos e sem conhecer o Rio, os agentes da Força Nacional vivem momentos de alta tensão antes mesmo de a Olimpíada começar 

Os agentes da Força Nacional que desembarcaram no Rio de Janeiro no final de junho com a missão de proteger estádios e arenas dos Jogos Olímpicos não devem estar se sentindo muito bem-vindos. Eles levam sustos diários, em nada relacionados com as ameaças de atos terroristas que preocupam autoridades, população e turistas. O que os espanta são as condições em que estão instalados, os alertas da violência que podem sofrer por algum descuido. Hospedados em um condomínio do Minha Casa Minha Vida na Zona Oeste da cidade, eles se chocaram ao constatar que nos apartamentos não havia nem o indispensável. 
 SOB ATAQUE
Um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal sobrevoa o Parque Olímpico. Por causa da artilharia dos traficantes, o voo é feito apenas uma vez sobre favelas (Foto: Stefano Martini/ÉPOCA)

Os imóveis não tinham colchões, chuveiros ou lâmpadas. Do lado de fora, a situação era igualmente preocupante. O condomínio fica em frente a uma favela dominada por milícias, que cobram taxas de moradores em troca de proteção e exploram serviços clandestinos. Ao buscar empresas que oferecem o serviço de conexão de internet, a Força Nacional ouviu várias negativas. Nenhuma delas se dispôs a fazer o trabalho, para não afrontar o controle dos milicianos nessa seara e sua notória truculência. Como a única opção que restou era um “gatonet” fornecido pelos criminosos, os soldados seguem sua rotina na pré-histórica vida off-line.


As trapalhadas na acomodação dos agentes são sucessivas. Os uniformes fornecidos ao efetivo eram do tamanho GG. Um cabo de 34 anos contou a ÉPOCA que ouviu a recomendação de procurar uma costureira na favela vizinha para fazer o conserto. Ali, o serviço custaria R$ 30. Temendo ser identificado como policial pelos milicianos, ele preferiu ir a uma loja num shopping. O preço: R$ 170. O cabo ainda gastou R$ 50 com o táxi – e para isso teve de driblar outra vez o assédio da milícia, que opera um serviço de transporte clandestino. A costureira do shopping não se surpreendeu quando o rapaz desembrulhou a farda. Muitos de seus colegas já haviam procurado a loja.

>> Luiz Felipe Linhares: “A chance de um ataque terrorista é baixíssima”

O cabo está pela primeira vez no Rio de Janeiro, assim como boa parte de seus 6 mil companheiros da Força Nacional, formada por policiais militares cedidos por outros estados. Patrulhar e proteger um local de que tão pouco se conhece é inerentemente perigoso. Na noite de 4 de julho, véspera do início de suas operações, a Força Nacional teve uma demonstração da hostilidade dos anfitriões. O retrovisor de um de seus carros foi destroçado por tiros no entroncamento da Avenida Brasil com a Linha Amarela, duas das principais vias da cidade. O Rio ainda sustenta uma aterrorizadora estatística: pelo menos 60 policiais foram assassinados neste ano – a maioria em dias de folga. Por isso, logo nos primeiros dias, os agentes da Força Nacional receberam um aviso: devem evitar andar armados nas folgas, deixar a carteira de policial no alojamento e apagar mensagens, vídeos e fotos no celular que revelem sua profissão. Fácil, não?
PRECAUÇÃO
Serão usadas 500 motos durante os Jogos. Os agentes treinam rotas alternativas para não se perder em regiões inóspitas (Foto: Stefano Martini/ÉPOCA)
 

Os altos índices de violência despertam cautela até nos agentes de segurança mais experimentados. Com mais de 3 mil horas de voo e 16 anos de serviço, a comandante Gilda Cardona pilota helicópteros da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Em uma arriscada missão no Polígono da Maconha, em Pernambuco, sua aeronave foi alvejada por traficantes. Nas folgas, Gilda, que mora em Brasília, não sai armada. No trabalho, está sempre de colete à prova de balas e carrega uma quantidade extra de munição para emergências. A PRF terá cinco helicópteros em operação durante os Jogos. 


 Comandante Gilda Carmona - PRF

Mas seu uso será restrito. “Não vamos dar mais de um [giro] de 360 em cima de locais de alerta máximo, porque senão vem tiro”, diz Gilda, referindo-se a sobrevoos em favelas cariocas ainda dominadas por traficantes armados com fuzis, alguns até com metralhadoras antiaéreas. A estratégia é sobrevoar as áreas apenas uma vez, sempre em velocidade e altitude maiores que o normal. Na quinta-feira passada (22), ÉPOCA embarcou no helicóptero Bell 407 da PRF para um voo de dez minutos, da base policial ao Parque Olímpico, palco das principais competições. No curto trajeto, um inspetor se posicionou na porta aberta da aeronave, sempre atento, com um fuzil na mão.

O inspetor Paulo Oliveira, de Uberlândia, Minas Gerais, chefia uma equipe de nove motociclistas que fará a escolta de autoridades. No total, a PRF usará 500 motos. Nas últimas semanas, Oliveira e sua equipe vêm percorrendo as rotas que farão nos Jogos. São três caminhos possíveis: o principal, o alternativo e o de emergência. O treinamento à exaustão tem como objetivo evitar que alguém entre por engano em uma área desconhecida.

 As Forças Armadas também atuarão com militares vindos de outros estados. Para amenizar os erros estratégicos, o Ministério da Defesa tem à disposição 5 mil homens de uma “tropa de elite”, fuzileiros navais e integrantes da Brigada Paraquedista que têm experiência no Rio: participaram de ocupações de favelas cariocas, como as dos complexos do Alemão e da Maré. O Ministério da Justiça elevou o valor da diária dos policiais da Força Nacional de R$ 220 para R$ 550. Aposta que é o suficiente para compensar a sensação de insegurança deles.

 Fonte: Revista Época