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domingo, 30 de junho de 2019

A nova abertura comercial

O acordo entre o Mercosul e a União Europeia é uma derrota da retórica antiglobalista e a reafirmação do velho pragmatismo do Itamaraty”


A assinatura do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia é um novo marco na abertura comercial do Brasil, depois de 20 anos de negociações. Para que finalmente fosse fechado, foi fundamental a permanência do Brasil no Acordo de Paris nossa saída chegou a ser aventada pelo presidente Jair Bolsonaro e o desatrelamento do governo Bolsonaro da política climática do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No G20, os EUA são o único país a não endossar o Acordo de Paris.

A negociação do acordo foi uma longa e tortuosa construção diplomática do Itamaraty, cujo desfecho foram as conversas positivas de Bolsonaro com a primeira-ministra da Alemanha, Ângela Merkel, e o presidente da França, Emmanuel Mácron, durante a reunião do G20 em Osaka, no Japão. O presidente brasileiro chegou ao encontro como uma espécie de patinho feio, amargando notícias ruins, como a prisão, na Espanha, de um sargento da Aeronáutica que integrava a equipe de apoio da comitiva presidencial com 39kg cocaína. Desembarcou trocando farpas com os dois chefes de Estado, que questionavam a política ambiental de seu governo. Voltou para o Brasil com um grande troféu diplomático nas mãos.

As declarações de Merkel não impediram a conversa com Bolsonaro nem o encontro com Macron, cujo cancelamento chegou a ser anunciado, mas resultou num convite de Bolsonaro a dois colegas para sobrevoarem a Amazônia. Não houve o anunciado encontro com o presidente da China, Xi Jinping, por incompatibilidades de agendas, mas nem por isso a ida de Bolsonaro à reunião do G20 deixou de ser um pleno êxito. As conversas entre o líder chinês e Trump sobre as relações comerciais entre os dois países também contribuíram para desanuviar um pouco o ambiente comercial mundial, o que é bom para o Brasil.

Estima-se que o acordo para a área de livre comércio entre os países do Mercosul e da União Europeia (UE) representará um aumento do PIB brasileiro de US$ 87,5 bilhões em 15 anos, podendo chegar a US$ 125 bilhões, com as reduções tarifárias. O aumento de investimentos no Brasil, nesse mesmo período, será da ordem de US$ 113 bilhões por conta do acordo comercial. Segundo o Itamaraty, as exportações brasileiras para a UE apresentarão quase US$ 100 bilhões de ganhos até 2035.

Globalização
Foram 20 anos de conversas multilaterais. No plano imediato, os detalhes do acordo precisam ser aprovados pelos congressos dos respectivos países. Produtos como cachaças, queijos, vinhos e cafés serão reconhecidos como distintivos do Brasil, que também terá acesso ao mercado europeu para diversos segmentos de serviços, como comunicação, construção, distribuição, turismo, transportes e serviços profissionais e financeiros. As empresas brasileiras terão acesso ao cobiçado mercado de licitações da UE, estimado em US$ 1,6 trilhão em compras públicas.
Em tese, o acordo barateará os custos de importação, exportação e trânsito de bens com a Europa, com redução de barreiras alfandegárias, segurança jurídica e transparência dos negócios, o que vai ampliar a inserção competitiva do Brasil nas cadeias globais de valor. Os consumidores serão os mais beneficiados, mas as empresas brasileiras também poderão dar um salto de qualidade e competitividade com mais facilidade de acesso a insumos e tecnologia de ponta. Em termos demográficos, trata-se de um mercado de 780 milhões de pessoas, ou seja, 25% da população mundial.

Atualmente, o fluxo de comércio entre o Mercosul e a União Europeia é da ordem de US$ 90 bilhões em 2018. Os investimentos da UE somam US$ 433 bilhões. Somente o Brasil registrou, em 2018, comércio de US$ 76 bilhões com a UE e superavit de US$ 7 bilhões. O Brasil exportou mais de US$ 42 bilhões, o que representa aproximadamente 18% do total exportado pelo país. O acordo comercial representa também a inflexão da retórica antiglobalista do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e a reafirmação do velho pragmatismo do Itamaraty. Por ironia, alguns vêm na assinatura do acordo uma estratégia de Merkel e Makron para neutralizar a política anti-acordo de Paris do presidente Donald Trump, nos Estados Unidos, aproveitando um momento de fragilidade econômica da Argentina e do Brasil. Faz sentido.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Globalização? É a Copa

Ângela Merkel foi obrigada a endurecer a política de imigração para salvar a coalizão que sustenta seu governo. A chanceler alemã está na centro-direita liberal, com o partido União Democrata-Cristã. Sua liderança foi essencial para desenvolver em toda a União Europeia um ambiente multilateral, democrático e livre, de fronteiras abertas. Não por acaso, a Alemanha é o país europeu mais recebe imigrantes. Recebia.

Merkel está perdendo espaço para o partido mais à direita de sua coalizão, a União Social Cristã, dominante na estratégica Bavária, que exige praticamente o fim da imigração e ameaça deixar o governo. Como isso levaria à sua derrocada, Merkel topou um acordo. Imigrantes que tentarem acessar a Alemanha, depois de terem entrada na Europa por outro país, serão detidos e deportados.  Isso se aplica sobretudo à fronteira com a Áustria, cujo governo é uma coalizão bem mais à direita. E que reagiu. Se a Alemanha mandar de volta os imigrantes que chegarem pela Áustria, o governo austríaco diz que fará exatamente o mesmo, ou seja, os mandará de volta para Itália e Eslovênia, de onde chega a maioria. E estabelecerá controles rígidos em todas as fronteiras, inclusive para os europeus.

O governo da Itália, um porto de acesso de pessoas que fogem especialmente da África, informou que não pode aceitar nem um imigrante a mais e que pretende, ao contrário, reduzir o número dos que já estão lá.  Essa atitude é uma onda que se espalha pela Europa, um avanço das direitas não liberais.  É um contraste total com o que se vê nos jogos da Copa do Mundo. A Copa é uma síntese da globalização em todos os sentidos e mais especialmente quando se trata da União Europeia. Os times em campo refletem o multilateralismo, da livre circulação de pessoas, jogadores no caso, ao livre mercado dos clubes (empresas) e, sobretudo, ao livre trânsito e à comunhão de ideias.  Todos os times da União Europeia incluem descendentes de africanos. Até a cada vez mais fascista Áustria (que não foi para a Copa) tem negro no seu time.

Isso resulta de uma política de imigração liberal. Há mais. Considerem um dos artilheiros, Romelu Lukaku. Seus pais são congoleses, ele nasceu em Antuérpia, joga, pois, pela seleção belga, mas exerce sua profissão na Inglaterra, titular do Manchester United.  Temos aí a imigração e a livre circulação de profissionais dentro da União Europeia. Os casos se repetem. Conhecem Samuel Umtiti? Nasceu em Camarões, foi para a França, lá ganhou a cidadania, joga pela seleção francesa e sua carteira de trabalho é assinada pelo Barcelona da Espanha.  Os clubes da União Europeia são a origem da maior parte dos jogadores da Copa. Só o campeonato inglês, a Premier League, ofereceu 107 jogadores para os times que estão na Rússia. o começo dessa globalização, havia resistência no mundo do futebol. Era um nacionalismo rasteiro como em outras áreas da sociedade. Dizia-se que os estrangeiros tomariam a vaga de jogadores locais, com isso prejudicando o desenvolvimento do futebol nacional. Mais ou menos como dizer que a indústria nacional só sobrevive se for protegida da competição externa.

É o contrário, como o provam as seleções dos países que mais abriram o seu futebol – como a Espanha. Os craques estrangeiros trazem qualidade e evolução aos locais. Assim como os técnicos, protagonistas da livre circulação de ideias – táticas de jogo, no caso, claro. Repararam como os times jogam muito parecido? O toque de bola, as defesas bem organizadas, o agrupamento dos jogadores, a marcação na frente – são ideias espalhadas pelos técnicos internacionais, mais ou menos como engenheiros e cientistas que espalham conhecimento pelo mundo.  E, finalmente, no capítulo do livre mercado, tem a circulação de capitais que financiam e fortalecem os clubes e os campeonatos. Mais dinheiro, mais craques, mais espetáculo, que rende mais dinheiro e assim vai. Capital e agregação de valor.

Não é por acaso que o mundo inteiro se rende ao “beautiful game”, como o futebol é conhecido globalmente. Ali se encontra o que há de melhor no mundo: integração, liberdade, portas abertas, arte e talento.  Toda vez que a pressionarem, Merkel deveria passar uns vídeos da sua seleção, com Boateng, Ozil, Khedira, Sané. Idem para os demais líderes europeus liberais.  Em tempo: Vladimir Putin reclamou uma vez do campeonato russo. “Parece uma liga africana”, disse. Exagero racista. Mesmo porque a presença de estrangeiros ainda não foi suficiente para formar lá um grande futebol, verdadeiramente europeu.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista
 


 

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O golpe do papa



O papa Francisco, de maneira indireta, portanto dissimulada, está fazendo coro com a militância ideológica que grita contra o golpe de Estado
O papa Francisco cancelou sua viagem ao Brasil em 2017 afirmando que o paísvive um momento triste”. Vamos traduzir essa tristeza: o líder máximo da Igreja Católica está apoiando Dilma Rousseff, a despachante da quadrilha que depenou o país entristecido. Mas a tristeza sentida pelo sumo pontífice não é com o roubo, é com a punição aos ladrões.

O papa Francisco, de maneira indireta, portanto dissimulada, está fazendo coro com a militância ideológica que grita contra o golpe de Estado – esse em que a criminosa golpeada dialoga com os golpistas (e ri com eles), sob a regência constitucional da Corte máxima do país. Uma bandeira de mentira, fajuta e imunda, que agora é levantada também pelo papa Francisco.

Isso não teria a menor importância num mundo que soubesse distinguir um líder espiritual de um mercador da bondade. Mas a demagogia supostamente progressista – na verdade reacionária – é hoje a commodity mais valorizada do planeta, e nenhum candidato à popularidade perante as massas admite mais abrir mão dela. Até a alemã Ângela Merkel, guardiã quase solitária da responsabilidade europeia, andou fazendo proselitismo com o tema dos refugiados. Se você não der ao menos uma bicadinha na vitamina populista, você morre. 

A gangue que inventou o golpe no Brasil para brincar de resistência democrática – e se encher da preciosa vitamina demagógica – está quebrando tudo. Durante 13 anos quebraram por dentro, agora estão quebrando por fora – o que é bem mais prático e leve. O caixa da revolução está cheio, após a proverbial transfusão da Petrobras, dos bancos públicos e dos fundos de pensão. O lanche é mortadela por questão de estilo, poderia ser caviar. E não existe vida mais fácil: você recruta um bando de inocentes úteis e não inocentes alugados e manda todo mundo para cima da polícia. Fustigar a boçalidade das polícias militares é brincadeira de criança para essa turma. Não tem erro.
O caixa da revolução está cheio. O lanche é mortadela por razão de estilo, mas poderia ser caviar

O papa Francisco e sua falsa tristeza apoiam essa depredação teatral – que tem consequências reais e sujas de sangue. O religioso bonzinho, com seu gesto grave – vamos repetir: gravede desistir da visita ao Brasil por causa do impeachment, jogou uma tocha nessa gasolina. Não adianta fugir dessa responsabilidade. Não adianta rebolar na retórica. Não adianta fazer cara de piedade. O papa abriu mão da missão de paz do estadista para entrar num jogo partidário. Se meteu num conflito político nacional para exacerbá-lo – para dar sua contribuição incendiária.

A política existe para organizar a vida das sociedades. Só isso, mais nada. Não é um campeonato de siglas, cores e credos, nem um palco para apoteoses românticas. No caso do Brasil, o governo canastrão do PT incensou todos esses símbolos emocionais e fulminou a organização social e institucional. Isso não é política, é contrabando. O governo Temer assumiu no cenário de terra arrasada e está repetindo o governo Itamar (por questão de sobrevivência): dando espaço a quem entende de administração pública, substituindo militância partidária com o dinheiro dos outros por trabalho. É o PMDB, há os caciques velhos, há a podridão – mas os principais cargos de comando foram entregues aos bons. Assim como fez Itamar, no mesmo PMDB.

Há 23 anos isso deu no Plano Real – o momento mais significativo da história recente em que a política serviu para organizar a sociedade. Os veículos da mudança foram o PMDB e o PSDB, mas a virtude não estava neles. Estava nos homens. Sempre está. Repetindo a ruína do pós-Collor, a ruína do pós-PT abriu uma janela de oportunidade para quem quer usar o poder para organizar, e não para surfar. Os surfistas estão naturalmente desesperados, porque num país organizado as ondas de malandragem somem da política – ou ao menos ficam pequenininhas, sem força para impulsionar os proselitismos coitados e os heroísmos de aluguel. É preciso, portanto, bagunçar.

É claro que alguém que sai de casa para forjar um tumulto e posar de perseguido pela polícia não vale a mortadela que come. Mas o interessante é imaginar o que essa criatura pensa a sós com seu travesseiro. Se o país tivesse de repente um surto de dignidade, a fila do confessionário chegaria a Roma. Puxada pelo papa.

Fonte: Guilherme Fiuza

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Choque e convencimento

Alain Juppé, o mais popular entre os políticos de centro-direita, provável candidato à Presidência da República, acha que a França só vai com um tratamento de choque
Michel Temer não terá vida fácil no Congresso e na sociedade para aprovar as reformas que começa a propor. Mas o que seria mais difícil, isso aqui no Brasil ou tentar votar, na França, a extensão da jornada semanal de trabalho de 35 para 39 horas, sem aumento de salário?

Alain Juppé, o mais popular entre os políticos de centro-direita, provável candidato à Presidência da República, acha que a França só vai com um tratamento de choque. E que começa com um choque de sinceridade. “Não vai ser um rock’n’roll”, ele adverte.
Eis o que vem propondo, além de aumentar a jornada de trabalho:
— Elevar a idade mínima de aposentadoria de 62 para 65 anos;
— demitir 250 mil funcionários públicos;
— cortar 100 bilhões de euros (5% do PIB) nos gastos públicos, em cinco anos;
— cortar impostos de empresas e de empresários, de modo a estimular investimentos;
— eliminar o imposto sobre a riqueza;
— flexibilizar a legislação trabalhista, para reduzir o custo de contratações e demissões;
— fazer com que os acordos entre empresas e trabalhadores sejam superiores ao legislado.

Jupeé está correndo o país para apresentar seu programa. Começa assim a conversa: “Espero que tenham paciência comigo”.

Já o presidente François Hollande perdeu a paciência com a Assembleia Nacional, o Parlamento, com seu Partido Socialista e com a principal central sindical, a CGT. E baixou por decreto um conjunto de reformas na mesma direção: cortar o gasto público o déficit do governo francês está sistematicamente acima dos 3% do PIB permitido pela União Europeia e flexibilizar a mais do que confusa legislação trabalhista (um código de quatro mil páginas).

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No geral, é uma drástica mudança de posição política. Hollande elegeu-se em 2012 com um discurso contra a austeridade alemã, contra o mercado “muito aberto” da Inglaterra e, pois, propondo uma política de estímulo ao crescimento. Jurou que só assim seria possível reaquecer a economia e, sobretudo, reduzir o desemprego, sua maior bandeira.

Dilma Rousseff,. a Afastada lembram-se? adorou a vitória de Hollande e foi ela mesma à Europa dar lições de economia para Angela Merkel.  Passados quatro anos, a França recuperou algum crescimento, mas abaixo do ritmo alemão e inglês, e o desemprego aumentou, enquanto caía nos outros dois países. Dilma, a Afastada,  teve resultado pior ainda.

Hollande acredita ter uma última chance de ganhar a reeleição em 2017 — essa virada de política econômica, na direção contrária daquela pela qual se elegeu.  Daí a fraqueza da proposta. O presidente francês nem pediu desculpas. Apenas apresentou um novo pacote ao Parlamento. Boa parte de seu partido rejeitou, é claro. Iniciou-se um processo de negociação. Hollande já havia topado mais de 300 emendas quando o processo se paralisou com as greves da CGT.

Foi aí que Hollande recorreu a um artifício legal para aprovar o pacote sem o voto da Assembleia Nacional. A batalha agora é com os sindicatos e as ruas.  E capaz de ser uma batalha inglória, qualquer que seja o resultado. O pacote saiu aguado. Cortes de gastos menores; permite mais horas extras, com pagamento menor, mas mantém a semana de 35 horas; autoriza demissões em caso de crise, mas com restrições.  Deixa enfurecidos os militantes da CGT, funcionários públicos e estudantes e deixa desapontados os empresários e investidores.

Nesse cenário, entra Alain Juppé com seu tratamento de choque. Meias medidas não servem para tirar a França do buraco e do desemprego. Ocorre que a política francesa está acostumada com essas inúteis tentativas de conciliação.  Mas, como a eleição será em 2017, Jupeé acredita ter uma chance: “Teremos muito que explicar, pois os franceses tendem a não gostar da ideia”. Esse é o bom caminho: ser claro na eleição e tentar obter um forte mandato para reformar.

Michel Temer não foi eleito nessas condições. Longe disso. Mas a situação econômica brasileira é bem pior que a francesa. Assim, a sociedade pode topar as reformas mais por necessidade do que por convencimento. Já aconteceu antes, aqui e em outros países.  Mesmo assim, Temer e sua turma econômica precisam de um permanente trabalho de esclarecimento e persuasão. As reformas anunciadas nesta semana são fortes, consistentes e atacam os principais problemas: gasto público excessivo; dívida muito alta; e baixo nível de investimentos. E tudo isso depende das reformas previdenciária e trabalhista.

Será um choque. Se quiserem conciliar muito, vão cair no destino de Hollande.  Com uma diferença importante. A França já havia se tornado rica quando a economia engasgou.

Fonte: Carlos Alberto Sardenberg - www.sardenberg.com.br
 

domingo, 15 de maio de 2016

Dilma levou o Brasil à falência porque é mulher e tinha em seu ministério negros e outras mulheres?

Eu não estou interessado em saber o que as pessoas têm entre as pernas quando em pauta estão assuntos de estado. Ou qual é a cor de sua pele. Eu estou interessando em saber o que elas têm dentro da cachola

Ah, mas era só questão de tempo. Começou a gritaria da esquerdalha, à qual aderiu, claro!, a presidente afastada, Dilma Rousseff, segundo a qual o ministério de Michel Temer não reproduz o Brasil porque a fotografia revela que ele é composto apenas de homens brancos, de meia-idade. Afinal, lá não há negros, mulheres, pessoas mais jovensMais um pouco, e os policiais da vida alheia vão indagar se todos ali são hetereossexuais… Tenham paciência!

Ser homem não é categoria de pensamento. Ser mulher não é categoria de pensamento. Ser branco não é categoria de pensamento. Ser negro não é categoria de pensamento. Ser gay não é categoria de pensamento. Ser heterossexual não é categoria de pensamento.

Notem que, por enquanto, falo em tese apenas. Nenhuma dessas condições garante competência a quem quer que seja. Uma política estúpida implementada por um negro será tão estúpida quanto uma política estúpida implementada por um branco. O dinheiro público desperdiçado por um homem infelicita os pobres do mesmo modo que o dinheiro desperdiçado por uma mulher.

A estupidez não tem cor. A estupidez não tem sexo. A estupidez não tem preferência sexual.

As ditaduras mais sangrentas da Terra hoje são comandadas por negros. Que infelicitam a vida de outros negros. A cúpula nazista estava lotada de homossexuais. Ernst Röhm, um gay assumido, comandou a SA, a tropa de assalto nazista. Acabou sendo eliminado pelos próprios parceiros de ideologia, tão inconvenientes, brutais e contraproducentes eram seus métodos.

Mas agora quero pensar a questão na realidade aplicada. Dilma é branca e mulher. E conduziu o país à falência, à maior crise de sua história.

Seu ministério refletia, em tese, a suposta “diversidade do Brasil”. E olhem a areia em que estamos. Todo pensamento tem consequências e implicações. Os que pretendem dizer que o ministério Temer é ruim porque nele não há mulheres e negros teriam de admitir, então, que o Brasil só foi à breca porque governado por uma mulher, com o auxílio de negros e de outras mulheres.

Um raciocínio como esse seria aceitável? Não! Um raciocínio como esse seria apenas um lixo moral, como lixo moral é a gritaria promovida agora por feministas, racialistas e intelectuais. São uns farsantes: antes de cada um exibir essa condição, todos eles são, na verdade, petistas de carteirinha. O melhor chefe de estado e de governo hoje do mundo é uma mulher: chama-se Angela Merkel, chanceler da Alemanha. Ela não pensa como homem. Ela não pensa como mulher. Ela pensa como governante da Alemanha, a maior economia da Europa e uma das maiores do mundo.

Eu não estou interessado em saber o que as pessoas têm entre as pernas quando em pauta estão assuntos de estado. Ou qual é a cor de sua pele. Eu estou interessando em saber o que elas têm dentro da cachola.
Com os miolos que tem, Merkel faz o governo que faz.
Com os miolos que tem, Dilma fez o governo que fez.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo