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domingo, 14 de janeiro de 2024

Haia existe - O Globo

Ninguém gosta de ser submetido a julgamento. Países, também não. E o Estado de Israel, comandado por Benjamin Netanyahu, menos ainda. Mesmo que consiga convencer a Corte Internacional de Justiça (CIJ) a arquivar a acusação de genocídio apresentada pela África do Sul, ou mesmo que consiga evitar a petição por medidas provisórias urgentes, como a interrupção dos ataques a Gaza, Netanyahu jamais conseguirá apagar o dano moral, político, diplomático e histórico sofrido em Haia. A sentença final a ser decidida pelos 15 juízes da Corte pode demorar dias, semanas, meses, até anos, mas a mera questão central — Israel cometeu genocídio? é devastadora em si.

Relegada ao papel de cemitério do Direito Internacional, a Palestina como um todo, e Gaza em especial, pouco espera da Justiça dos homens. Só que a petição apresentada pela África do Sul pode ter desdobramentos inesperados. 
Como previsto, foi desconsiderada como frivolidade pelo secretário de Estado americano, Antony Blinken. 
Mas não por Netanyahu, que optou por apresentar sua defesa perante a Corte. 
Não é de hoje que lideranças israelenses se preocupam com uma eventual percepção mundial de que a opressão sofrida pela Palestina ocupada é uma forma de apartheid.  
O espectro de isolamento internacional semelhante ao imposto ao regime de minoria branca na África do Sul — que culminou na extinção do apartheid nos anos 1990 — sempre existiu. Et pour cause.

Desde as décadas da descolonização, dos movimentos de libertação, dos Não Alinhados e da Tricontinental, o partido de Nelson Mandela e a militância palestina andaram lado a lado.— Nossa liberdade é incompleta sem a libertação dos palestinos — lembrou o líder negro em 1997.

Tinham em comum a revolta contra opressores que se ajudavam mutuamente. O jornalista Tony Karon, nascido na África do Sul, sionista na juventude e atual produtor na Al Jazeera, lembra seus tempos de militância anti-apartheid na Cidade do Cabo. 
Em artigo recente, escreveu: “Muitos de nós ficamos horrorizados quando, em 1976, Israel recebeu a visita oficial do primeiro-ministro sul-africano John Vorster, nazista convicto que trabalhou numa organização paramilitar ligada à Abwehr [serviço de inteligência militar de Hitler]”. 
 A venda de armas de Israel para a África do Sul era segredo de polichinelo, assim como a assistência israelense à Força de Defesa do regime bôer. 
 
A descolonização, como se sabe, não seguiu propriamente o roteiro sonhado pelo intelectual martinicano Aimé Césaire — restituir humanidade tanto ao colonizado como ao colonizador, numa mesma comunidade de pertencimento. 
Fracassos se acumularam, e correções de curso continuam a coalhar a caminhada com desgraças. 
Contudo a cartada da África do Sul, ao cobrar da Corte de Haia um posicionamento, tem o mérito de conseguir nos envergonhar pela cumplicidade mundial diante de décadas de desenraizamento e opressão de um povo. 
Silenciadas, gerações e gerações de palestinos tiveram existência apagada, nulificada. Gaza é apenas a aberração mais gritante.
 
Para Netanyahu, a semana foi indigesta também no front interno. 
O conservador Yedioth Ahronoth, maior jornal do país, divulgou uma notícia sombria: “Ao meio-dia do 7 de Outubro, as Forças de Defesa de Israel (FDI) ordenaram a todas as unidades de combate em ação usar a Diretiva Hannibal, sem menção explícita ao nome. A ordem era parar ‘a qualquer custo’ toda tentativa de retorno a Gaza dos terroristas do Hamas, apesar do temor de que levavam consigo reféns.(...) Estima-se em cerca de mil os terroristas e infiltrados mortos entre o assentamento de Olaf e a Faixa de Gaza. Não está claro quantos reféns foram mortos em decorrência dessa ordem”. 
Perto de 70 veículos foram encontrados na mesma área, atingidos por um helicóptero de combate ou mísseis antitanque das FDI. 
 
“Diretiva Hannibal” é o nome dado a um procedimento militar oficialmente abandonado pelas FDI em 2016. 
Visava a impedir a captura de soldados israelenses por tropas inimigas. Sua versão mais genérica ensinava: “A tomada de reféns precisa ser impedida por todos os meios, mesmo ao preço de alvejarmos e causarmos danos a nossas próprias forças”.  
Sujeitas, portanto, a interpretação e aplicação elásticas. 
No mês passado, o diário liberal Haaretz já havia aventado a hipótese de a Diretiva Hannibal ter sido usada no fatídico 7 de Outubro, quando 40 terroristas do Hamas foram alvejados por dois disparos de canhão numa casa em Be’eri, assentamento israelense. Havia 14 reféns civis na casa. Apenas uma saiu com vida do horror. Hadas Dagan, cujo marido foi uma das vítimas, não culpa as equipes de socorro israelenses:

— Eles também deram a vida por nós.

Hoje é o centésimo dia de cativeiro para mais de 130 reféns ainda em mãos do Hamas. Quanta tragédia entrelaçada!

Dorrit Harazim, colunista - O Globo

 

sábado, 13 de janeiro de 2024

Diplomacia de Lula, Janja e Amorim soma declarações cretinas a desejos inúteis - Gazeta do Povo

Vozes - J.R. Guzzo

Após um ano de política externa de grêmio estudantil, repetindo como um papagaio as mesmas bobagens contra “o imperialismo” das quais se fala há 75 anos, o presidente Lula ganhou de lavada a taça de “Perfeito Idiota Latino-Americano” de 2023
Você conhece o tipo – o perdedor clássico, que fica sempre do lado errado, nunca escolhe a opção racional e vive num mundo mental em que o pensamento é substituído o tempo todo por desejos inúteis.
 
A performance deste primeiro ano de diplomacia Lula-Janja-Amorim, que se resume em torrar fortunas em dinheiro público para ficar em hotéis “padrão Dubai” e viajar ao exterior a cada quinze dias fazendo declarações cretinas, acaba de receber um fecho perfeito. 
O Brasil, e mais uma vez de graça, toma a pior decisão entre todas as disponíveis: juntou-se à África do Sul numa denúncia contra Israel por “genocídio”.

    A política externa de Lula tem feito tudo o que é possível para hostilizar as nações prósperas, democráticas e mais justas.

A acusação é um despropósito em estado bruto – a começar pelo fato de que a definição técnica do crime de “genocídio” no direito internacional não tem nada a ver com o que Israel está fazendo em sua atual guerra contra o terrorismo “palestino”. Tudo bem – a África do Sul, referência mundial em matéria de corrupção maciça, concentração de renda e violência criminal, pode fazer o que bem entende para ocultar os seus problemas reais com acessos de demagogia primitiva. Mas e o Brasil? Por que raios teria de apoiar um disparate como esse? Vai ganhar o que na vida real?

Não vai ganhar absolutamente nada
– está apenas satisfazendo, mais uma vez, a compulsão da política externa de Lula em juntar-se à primeira gritaria de linchamento contra o “Norte” que encontra pela frente. É automático. É alguma coisa contra os Estados Unidos e o restante do mundo democrático, no qual se inclui Israel? Então o Brasil é a favor.

O mais patético, nessa em outras decisões da diplomacia Lula-Janja-Amorim, é a pretensão de querer ser “influente” nas questões mundiais sem ter a menor possibilidade de mudar nada, para lá ou para cá, em nenhuma das disputas hoje em andamento através do mundo. Se o Brasil fica contra ou a favor disso ou daquilo dá exatamente na mesma; ninguém, seja em briga de cachorro grande, seja em briga de cachorro pequeno (ou médio), está ligando a mínima para o que o Brasil acha ou não acha.  
A única atitude que faz sentido no cenário internacional é ficar fora de posições ideológicas mecânicas e cuidar dos interesses no Brasil
É o contrário do que Lula vem fazendo – ele fica sempre contra os interesses do Brasil para satisfazer as suas fantasias de “resistência” do “Sul Global” ao mundo que deu certo.

Tem sido assim desde o primeiro dia de governo. O bom, para o povo brasileiro, é integrar-se às esferas de prosperidade mais dinâmicas do mundo atual. A política externa de Lula tem feito tudo o que é possível para hostilizar as nações prósperas, democráticas e mais justas – e aliar-se, com paixão, aos fracassados, às ditaduras e aos infernos sociais.

O Brasil, hoje, é contra os Estados Unidos, os países livres da Europa e Israel – a única democracia do Oriente Médio. É a favor da Rússia (Lula acha que a Ucrânia é culpada pela invasão militar de seu próprio território), dos terroristas do Hamas e de tiranias patológicas como o Irã. 
Em troca disso, só arrumou até agora o desprezo e a má vontade dos países desenvolvidos – sem ganhar nada das confederações subdesenvolvidas que tanto encantam o Itamaraty lulista.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sexta-feira, 15 de setembro de 2023

O racismo escancarado no STF - O Globo

Duas décadas atrás, na esteira da Conferência Mundial contra a Discriminação Racial, em Durban (África do Sul), um conjunto de organizações da sociedade civil, sob protagonismo do movimento de mulheres negras, pôs na rua a campanha “Onde você guarda o seu racismo”. Até o lançamento, em 2004, a iniciativa colheu, em espaços públicos do Rio de Janeiro, três centenas de depoimentos, transformados em anúncios de TV, spots para rádios, outdoors, cartazes. A enquete tinha a intenção de tirar o véu da democracia racial e provocar brasileiros e brasileiras sobre o preconceito que levavam. Afinal, só guarda quem tem.

Hoje, a pergunta que cabe é outra: “Quando você libera o seu racismo?”. E já respondo. O racismo explode no momento em que organizações sociais, celebridades e formadores de opinião ousam apresentar uma campanha pela indicação de uma mulher negra para a vaga do Supremo Tribunal Federal em substituição à ministra e presidente da corte, Rosa Weber, que se aposenta mês que vem. Em 132 anos, o STF teve 171 ministros. Apenas três eram homens negros (Pedro Lessa, Hermenegildo de Barros e Joaquim Barbosa) e três mulheres brancas (Ellen Gracie, Cármen Lúcia e Rosa Weber).

O ativismo por identidade racial, bandeira histórica do movimento negro, alcançou as pesquisas do IBGE. Tanto assim que, no Censo Demográfico 2010, pela primeira vez, os negros (soma de pretos e pardos) tornaram-se maioria na população brasileira. 
Os brancos, que beiravam dois terços dos habitantes em meados do século passado, chegaram a 42,8% no ano passado, informou o órgão oficial de estatísticas em julho. Em 2022, 10,6% se declaravam pretos; 45,3%, pardos. Mulheres também somam mais da metade da população.

Nada mais natural que negros e mulheres, as maiorias minorizadas por um poder masculino, branco e hétero, reivindiquem democraticamente presença nos espaços de poder. Assim, crescem e se fortalecem as candidaturas diversas para cargos do Executivo e do Legislativo; multiplicam-se os programas em empresas e na produção cultural. Igualmente, ganha tração o esforço por representatividade no Judiciário, que tanta desigualdade produz ou confirma. Diversidade é riqueza, inovação, justiça.

Luiz Inácio Lula da Silva, em todas as pesquisas da disputa pelo terceiro mandato, tinha a preferência das ditas minorias. Foram as mulheres, os negros, os pobres que pavimentaram o caminho do presidente ao Planalto. [e que hoje estão sendo ignoradas pelo boquirroto presidente - oportuno ter em conta que mulheres que o petista nomeou 'ministras' sequer foram recebidas por ele.] Também eles, com indígenas, pessoas com deficiência e LGBTQIA+, subiram a rampa em cerimônia tão simbólica quanto comovente no primeiro dia de 2023.

Desde o início do governo, é constante a cobrança por diversidade nas escolhas de Lula. A primeira-dama, Janja da Silva, costuma manifestar publicamente satisfação pela nomeação de mulheres. Na origem, eram 11 em 37 pastas, recorde que ultrapassou as dez ministras do primeiro governo de Dilma Rousseff (2011-2014). Passados oito meses, restam nove em 38, porque o presidente cedeu à pressão de cartolas do Centrão e limou Daniela Carneiro do Turismo e Ana Moser do Esporte. Medalhista olímpica, com duas décadas de ativismo em programas de inclusão pelo esporte, a ex-ministra era a legítima encarnação do que significa representatividade feminina em espaços de poder.[foi praticamente expulsa a pontapés do governo que imaginou integrar e para tanto não vacilou em envergonhar seus fãs, quando aceitou ser ministra.]

O presidente entregou um tanto de diversidade nos gabinetes da Esplanada. Indicou Daniela Teixeira, uma mulher branca, para o STJ, e Edilene Lobo, negra, como substituta no TSE. Escolheu Marcelise Azevedo, negra, para o Conselho de Ética Pública da Presidência e Cristina Nascimento de Melo, branca, como desembargadora no TRF 3ª Região. São nomeações bem-vindas, mas não suprem a lacuna que Lula produzirá se apresentar um homem para o lugar de Rosa Weber, tal como já fez ao pôr Cristiano Zanin em substituição a Ricardo Lewandowski. No colegiado de 11, restaria uma só ministra, Cármen Lúcia.

Ao fim dos trabalhos do governo de transição, em 2022, foi Lula quem declarou que “um governo tem que ser cobrado”. E pediu isso. Organizações sociais que reivindicam a indicação de uma jurista negra para o STF — como Coalizão Negra por Direitos, IDPN, Mulheres Negras Decidem, Instituto Marielle Franco, Instituto Peregum, Nossas — estão fazendo em declarações, textos, outdoor e vídeo exatamente o que Lula sugeriu. Dentro e fora do país, cobram publicamente do presidente, tal como fazem, quase sempre em privado, líderes de União Brasil, PP, Republicanos, representantes do empresariado, figurões do Judiciário.

Na ágora moderna, a platitude sobre uns contrasta com os ataques àqueles, inclusive à esquerda, que defendem a primeira mulher negra no STF. Democracia pressupõe troca de ideias e disputas, vitórias e derrotas. Mas, toda vez que pessoas negras se levantam por direitos, emerge a ira dos que não abrem mão de ocupar o topo e nem sequer se enxergam como identitários. O racismo, de nós, quer obediência. Em silêncio.

 

Flávia Oliveira - O Globo

 

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Alexandre de Moraes finalmente se lembrou do que diz a Constituição

Vozes - Alexandre Garcia

Inquérito contra empresários 

 Alexandre de Moraes mandou arquivar investigação contra seis empresários, mas manteve inquérito contra outros dois.| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil.
 
O presidente Lula está na África do Sul, na reunião dos Brics, e tudo indica que a China está querendo formar um grande bloco para se contrapor ao mundo ocidental liderado pelos Estados Unidos. 
Lula parece estar apoiando essa ideia. Ele tem falado de uma “nova governança global”, talvez partindo do pressuposto de que a velha governança global seja dos Estados Unidos, e uma nova possa ser da China, que está nos Brics, ou seja, a “nova governança” seria teoricamente dos emergentes.
 
Lula pretende que Cuba, Venezuela, Irã, esses tradicionais inimigos dos Estados Unidos, entrem nessa. Assim como a Argentina, por causa do amigo Fernández. Lula critica muito o dólar e chegou a propor que, nas trocas entre Brasil e Argentina, imaginem só, aqui no âmbito do Mercosul, se use a moeda chinesa, o yuan. Fica meio estranho, tudo para não ficar dependendo do dólar.
 
O que se fala por lá, no entanto, é que quem tem força para entrar nesse grupo são o Egito, a Indonésia, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos. Celso Amorim, que esteve semana passada em Cuba e parece ser o ministro de Relações Exteriores de facto – o outro parece que cuida mais das questões de rotina, administrativa etc. –, está lá na África do Sul, inclusive no mesmo isolamento dos chefes de Estado. Ele também está falando nessa nova força, em um mundo não ditado pelo G7, ou seja, um mundo que não é ditado por Estados Unidos, Alemanha, Japão, França, Reino Unido, Itália. 
Será que nosso presidente está nos levando para o guarda-chuva da China? Temos de ficar muito atentos a essa reunião na África do Sul; depois Lula vai para Angola, enfim, vai voltar só depois de uma semana de ausência. [ops ... o presidente petista está viajando? são tantas as viagens inúteis que sua falta sequer é notada = ao contrário, poupa nossos ouvidos e olhos das bobagens que expele via oral.] 


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Quem vai compensar os empresários por todas as injustiças cometidas contra eles?
Tivemos aqui o arquivamento do inquérito contra seis empresários que simplesmente exerciam o direito de tomar partido, como garante o artigo 5.º da Constituição, que protege a liberdade de expressão
Os empresários eram e são contra o PT, temiam fraude nas urnas, ponderavam que um golpe militar seria preferível a um governo do PT; por isso foram acusados, perante o Supremo, pelo senador Randolfe Rodrigues e pelo PSol. 
Fizeram um inquérito que durou um ano, e agora o ministro Alexandre de Moraes aparentemente reabriu as páginas dos livros que escreveu sobre Constituição, direitos, devido processo legal.  
Ele disse que é patente a ausência de causa para se ficar mexendo numa coisa dessas. Ainda perguntou: quais os fatos praticados por eles? Nenhum. Que meios eles têm para dar golpe de Estado? Nenhum. Capacidade de fazer acontecer algum dos objetos de comentário deles? Zero. Ou seja: ausência absoluta de materialidade.

E aí o ministro reconhece que houve um injusto e grave constrangimento. Quebraram sigilos, bloquearam bens e atingiram famílias desses empresários, responsáveis por empresas como Coco Bambu, Multiplan, Barra Shopping, W3, Mormaii, Sierra Móveis; só continuam sendo investigados o dono da Tecnisa e o Luciano Hang, da Havan, que se recusou a fornecer a senha para acessarem os computadores e celulares. Aliás, Moraes mandou devolver os computadores e celulares dos seis. E agora, depois que lançaram tudo no ventilador? 

Sabem aquela história de abrir o travesseiro e jogar todas as penas ao vento, do alto das torres da igreja?  
Agora vão juntar pena por pena? O que vai acontecer? 
E aí as pessoas se perguntam sobre os outros, que estão em situação semelhante e que foram levados para o presídio, viraram réus. 
Tudo isso é para pensarmos a respeito das liberdades, do devido processo legal e do que está acontecendo no nosso país.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 29 de junho de 2023

O ressentimento como moeda - Revista Oeste

Theodore Dalrymple

A luta contra a hegemonia global do dólar pode levar a uma situação muito pior


 Foto: Shutterstock

Tanto na imprensa britânica quanto na francesa muito tem se falado recentemente, não sem certa satisfação maliciosa, sobre o declínio do dólar americano como a moeda de reserva do mundo
Afinal, a importância do dólar americano há muito tempo é um lembrete da substituição permanente da Europa como o centro do mundo depois da Primeira Guerra Mundial.

Claro, o ressentimento causado pela dominação do dólar americano não se restringe à Europa.  
Países, tanto quanto indivíduos, gozam de um status de subordinados. 
E a situação do dólar como moeda de reserva é o que permite aos Estados Unidos — ao que parece, indefinidamente — gastarem mais do que podem, ou seja, consumirem mais do que produzem à custa de outras nações. Enquanto a fé no dólar durar, e não existir outra moeda de último recurso em vista, isso deve continuar acontecendo.

A hegemonia do dólar também dá — ou dava — aos Estados Unidos um imenso poder político
De um só golpe, eles podem — ou podiam — eliminar países das linhas normais de crédito e dos meios de troca. 
Mas essas sanções não são fatais para as nações que as enfrentam. 
A necessidade de escapar das sanções econômicas afia e concentra a mente das pessoas, acaba com a rotina e encoraja governos sobre a necessidade de serem mais flexíveis. 
A primeira vez que me dei conta disso foi em Rodésia, que era como o Zimbábue ainda era conhecido na época, cujo regime colonizador branco basicamente transformou o país em pária internacional. Graças às sanções, a eficiência do governo e uma disposição para desobedecer às regras se tornaram uma questão de sobrevivência. Onde quer que existam sanções econômicas existirão pessoas dispostas a ganhar fortunas fugindo delas, inclusive nos países que as impuseram.

Isso posto, nenhum país quer ser objeto dessas sanções, e ser vulnerável a elas é uma das razões por que muitos países desejam desdolarizar a economia mundial — ou é isso que dizem. Se isso é verdade, é outra história. Foto: Shutterstock

O Brasil não vai ficar feliz em ser dominado por um regime asiático autoritário

Tanto a China quanto o Japão têm enormes reservas de dólares, cujo valor eles certamente não querem ver sofrer uma queda súbita e dramática. Um declínio semelhante na capacidade dos Estados Unidos de pagar por importações teria um sério efeito deletério na economia mundial como um todo.

Mesmo assim, fala-se muito sobre alguma forma de moeda do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Pelo que sei, só poderia ser o yuan chinês em tudo, menos no nome; pelo menos num futuro próximo.

A ideia de os países do Brics serem uma grande família unida e feliz em sua oposição à hegemonia norte-americana é absurda. Os indianos que conheço têm medo dos chineses e não gostariam de ser dominados por eles. 
Os russos também temem os chineses e estão preocupados com sua penetração na Sibéria, que já é em boa parte uma colônia econômica chinesa. 
A Rússia, que costumava tratar a China com condescendência, se tornou o sócio minoritário nessa suposta parceria. 
Seja qual for o resultado da guerra na Ucrânia, a inferioridade do poderio militar russo não vai passar despercebida para os indianos, que há tempos se armam com os mesmos equipamentos. 
 Quanto ao Brasil (ainda que eu possa estar errado), o país é culturalmente parte do Ocidente e não vai ficar feliz em ser dominado por um regime asiático autoritário.
Fala-se muito sobre alguma forma de moeda do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
 
 O ressentimento nunca é um bom conselheiro ou motivador de políticas, mesmo quando existe uma razão genuína para ele. A condição do dólar americano como moeda de último recurso é injusta, sem dúvida, e traz vantagens imensas aos Estados Unidos que eles não merecem. 
Essa é uma causa de ressentimento em muitas partes do mundo, inclusive na Europa, que ainda amarga sua destituição como potência hegemônica mundial e sua marginalização cada vez maior no globo, tudo em um doloroso contraste com sua autoimagem. 
O presidente Macron pediu diversas vezes que os europeus deixassem suas pequenas diferenças de lado para obterem uma independência estratégica em relação aos Estados Unidos, de cujo poder ele se ressente, mas deseja copiar. 
Mesmo assim, as diferenças culturais e políticas entre as nações e regiões europeias continuam emergindo, como água passando pela areia. 
A centralização de poder na Europa que o presidente francês gostaria de estabelecer com quase toda certeza causaria uma forte reação centrífuga e em pouco tempo levaria a um conflito potencialmente desastroso — a condição historicamente normal da Europa.

Em outras palavras, a Europa não pode ser um contrapeso independente para os Estados Unidos ou a China; ela precisa escolher se aliar a um ou ao outro. 
Por mais que o continente se ressinta da liderança norte-americana, e por mais incompetente ou moralmente dúbia essa liderança tantas vezes tenha provado ser, os Estados Unidos são preferíveis a qualquer outro; e na política o preferível é uma categoria muito mais importante que o bom.

Opor-se à hegemonia norte-americana, por mais injusta que ela seja, não é o suficiente para criar um mundo melhor, e é muito provável que crie um mundo pior

Entre a passividade e a fúria insensata
O ressentimento, pessoal ou em escala nacional, é uma emoção encantadora que, ainda que invariavelmente danosa, tem suas recompensas psicológicas. Primeiro, ele pode durar para sempre, ao contrário de praticamente todas as demais emoções. 
Ele convence quem o sente de sua própria superioridade moral em relação àqueles que supostamente o causaram. 
E reduz a necessidade de reflexão ao convencer a pessoa que se ressente de que todos os seus problemas e fracassos vêm de fora e de que, se não fossem os outros, ela teria sido brilhantemente bem-sucedida. O ressentimento permite que as pessoas sintam seu ódio em nome da própria virtude. 
E propõe soluções que costumam ser piores que a situação que deveriam melhorar. 
Ele coloca o foco no que é impossível, e não no que é possível, justificando assim a alternância entre a passividade e a fúria insensata. 
É uma das grandes causas da autodestruição.

Existe alguém que nunca foi tentado pelo ressentimento, ou que nunca respondeu ao seu canto de sereia? Existe alguém que não tenha causa nem motivo para se ressentir (o que é uma das razões para o seu potencial de longevidade)?

Muitos países se candidataram a fazer parte da “aliança” do Brics.  
É importante lembrar que uma perna não se fortalece quando fica inchada e edematosa. 
Opor-se à hegemonia norte-americana, por mais injusta que ela seja, não é o suficiente para criar um mundo melhor, e é muito provável que crie um mundo pior.
 

Leia também “O espetáculo sinistro das ditaduras”

 

Theodore Dalrymple é pseudônimo do psiquiatra britânico Anthony Daniels. É autor de mais de 30 livros sobre os mais diversos temas. Entre seus clássicos (publicados no Brasil pela editora É Realizações) estão A Vida na Sarjeta, Nossa Cultura… Ou o que Restou Dela e A Faca Entrou. É um nome de destaque global do pensamento conservador contemporâneo. Colabora com frequência para reconhecidos veículos de imprensa, como The New Criterion, The Spectator e City Journal.

 

Theodore Dalrymple, colunista - Revista Oeste

 

 


quinta-feira, 1 de junho de 2023

BRIC, BRICS, BRICSA, BRICSAV... - Gilberto Simões Pires


     

O BRICS

Primeiramente, para que fique bem claro, BRICS é uma ASSOCIAÇÃO DE CINCO PAÍSES - BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA, CHINA E ÁFRICA DO SUL (ou SOUTH AFRICA). Como tal é -O BRICS- e nunca -OS BRICS- como se refere todos os dias a péssima mídia tradicional, que se recusa a entender que o -S- não é indicativo de -plural-, mas de -SOUTH AFRICA-. 

BANCO DO BRICS

Para que também fique claro, o NOVO BANCO DE DESENVOLVIMENTO, formado com recursos dos países associados, é, portanto, o BANCO DO BRICS e não BANCO DOS BRICS. 

FUNDO PERDIDO

Feitos estes esclarecimentos, a partir do momento em que Dilma Petista, o POSTE DE LULA, assumiu a presidência do BANCO DO BRICS, no discurso de posse o nosso neo-ditador disse =alto e bom tom- que o NOVO BANCO DE DESENVOLVIMENTO precisa lançar um olhar de ajuda imediata para a Argentina e Venezuela, reconhecidamente como -países latinos falidos-. 

Ora, mais do que sabido entregar recursos para caloteiros contumazes nada mais é do que colocar dinheiro a fundo perdido. 

COMBINAR COM OS RUSSOS

Ontem, para dar seguimento à suas pretensões, Lula foi mais adiante: disse, na frente do DITADOR NICOLÁS MADURO, que a Venezuela e a Argentina precisam integrar O BRICS. Que tal? Supondo que os países-membros concordem com a entrada desses CALOTEIROS CONTUMAZES, a sigla BRICS passaria, provavelmente, a ser BRICSAV ou BRICSVA.  
O mais importante, no entanto, é -COMBINAR TUDO ISSO COM OS RUSSOS-. 
E também com a ÍNDIA , CHINA E ÁFRICA DO SUL, certamente.
 
Gilberto Simões Pires, PONTO CRÍTICO. 

sexta-feira, 28 de abril de 2023

O Cara nunca existiu - Augusto Nunes

 Revista Oeste

O mundo começou a enxergar a face sombria de Lula

 

Janja e Lula | Foto: Reprodução

Em 22 de janeiro deste ano, o presidente da República reassumiu o posto de Primeiro Passageiro do Aerolula para uma visita à Argentina e ao Uruguai. Nos dois países, cumprimentou-se por ter livrado o Brasil de Jair Bolsonaro e prometeu reabrir o cofre do BNDES para socorrer nações necessitadas em geral e, em particular, ditaduras amigas. 
 
Em fevereiro, Lula baixou nos Estados Unidos. Na conversa com Joe Biden, disse que “Bolsonaro se automarginalizou durante quatro anos”, louvou-se por ter afastado do poder o cúmplice do inimigo comum Donald Trump e sugeriu que ambos se unissem “para impedir que haja algo semelhante ao Capitólio nos Estados Unidos ou à Praça dos Três Poderes no 8 de Janeiro”
Na hora da foto oficial do encontro na Casa Branca, numa demonstração de amor sem precedentes, chamou a primeira-dama para ficar entre ele e Biden. Janja capricha no sorriso de quem, poucos meses depois de noivar na cadeia em Curitiba, tem ao lado o número 1 do Brasil e o governante mais poderoso do planeta. Lula, Janja e Joe Biden - Foto: Reprodução/Instagram [Observem com atenção a foto e verão que Biden apesar de octogenário não perdeu tempo = enquanto o 'boquirroto' expelia, via oral, bobagens, Biden foi mais objetivo].

Entre janeiro de 2003 e dezembro de 2010, as duas mulheres que se alternaram no posto hoje ocupado por Janja nem sonharam com tamanho privilégio. Tanto a primeira-dama Marisa Letícia (por timidez) quanto a segunda-dama Rosemary Noronha (porque até no reino de um Lula há limites para a desfaçatez) nunca deram as caras em fotos nas quais só cabem chefes de Estado. Chance é que não faltou. 
Somados os dois primeiros mandatos, Lula fez 139 viagens internacionais e zanzou por 80 países, além de instalar o palanque ambulante na Antártida, na Guiana Francesa e na Palestina. Na segunda temporada no poder, resolveu aumentar a plateia de acompanhantes
Como era gente demais para o Aerolula, um segundo avião de grande porte foi requisitado para os deslocamentos presidenciais. Neste terceiro mandato, duas aeronaves têm transportado Lula e um séquito nunca inferior a 80 cabeças. A economia brasileira vai atravessando uma zona de turbulência de dimensões portentosas, mas o patrocínio compulsório dos pagadores de impostos induz a turma da primeira classe a enxergar o tempo todo um céu de brigadeiro.

Surpreendido pelo coronavírus, Lula teve de adiar a viagem à China marcada para o fim de março. Condenado a um mês inteiro sem voos transatlânticos, ordenou ao inventivo setor de viagens do Planalto que tratasse de evitar a reprise dessa tragédia em qualquer outro mês de 2023. É quase certo que o presidente itinerante revisitará a África em maio o roteiro inclui Angola, Moçambique e África do Sul. 
Ainda em maio, estará no Japão para acompanhar a reunião de cúpula do G7 a convite do grupo que reúne as sete maiores potências econômicas do mundo. 
Em setembro, pousará na Índia para participar do G20. 
No mesmo mês, vai discursar em Nova York na sessão de abertura da assembleia geral da Organização das Nações Unidas. Não é pouca coisa. Mas o presidente itinerante é ansioso. 
 Ainda não completara a convalescença quando esticou a passagem pela China com uma escala nos Emirados Árabes. 
No começo de abril, baixou em Pequim à frente de uma comitiva de espantar a realeza saudita — e com um bom pedaço do mesmo mês reservado a incursões pela Península Ibérica.

Os delirantes discursos de improviso informam que Lula 3, embora continue fazendo bonito na modalidade bravatas & bazófias, vai se tornando uma caricatura do populista espertalhão do começo do século 
 
Nesta quinta-feira, depois das cobranças e hostilidades engolidas em Portugal, Lula enfrentava na Espanha a onda de indignação provocada pelo besteirol produzido em território chinês — a que se somou o desempenho bisonho em solo europeu. 
Na China, claro, não faltaram insultos a Bolsonaro. Mas, animado com o sorriso profissional dos anfitriões, com o sorriso subalterno da comitiva, com o sorriso de professorinha-em-lua-de-mel de Janja, o pacificador de picadeiro revelou-se em sua repulsiva inteireza
Ficou claro que Lula sonha com a vitória da Rússia na guerra que Vladimir Putin tornou inevitável ao ordenar a invasão da Ucrânia. 
De novo, recorreu a argumentos que escancararam, mais que o desprezo pela soberania dos países, a profunda estupidez geopolítica e histórica. Lula ignora, por exemplo, que a Crimeia foi parte do mapa da Ucrânia até ser brutalmente confiscada por Putin
Ele também acha que os Estados Unidos e a União Europeia se meteram no conflito não para socorrer o agredido, mas para aumentar os lucros da indústria bélica dos aliados ocidentais. 
E continua convencido de que só a entrada do Brasil vai fazer funcionar o Conselho de Segurança da ONU. 
 
Sitiado por jornalistas independentes, o mais antigo candidato sem chances ao Nobel da Paz revidou com rajadas de mentiras. 
Afirmou que nunca dissera o que disse. Jurou que jamais atribuíra à Ucrânia um único e escasso pecado. 
Garantiu que a política externa da canalhice, que montou em parceria com Celso Amorim, é uma flor de neutralidade
Murmurou que o Brasil condenou a invasão na assembleia da ONU (sem informar que isso aconteceu no governo Bolsonaro).  
Vaiado nas ruas e repreendido no Parlamento, qualificou tais manifestações de “papelão”. Em Lisboa, não entendeu (ou fingiu não entender, para fugir do tema) uma pergunta formulada em português de Portugal). Reprisou o numerito em Madri, ao ouvir uma pergunta em espanhol com tradução simultânea para o português.

"Lula tem dificuldade para entender pergunta de jornalista em Portugal"
 
 
"Mesmo com tradução simultânea, Lula não entende pergunta em Madri" 

O mais idoso brasileiro a assumir a Presidência da República tem 77 anos. Mas com tesão de 20, ressalva nosso Charles Chaplin de botequim. Tanto assim que vai muito bem o casamento com Janja, 56. Tanto assim que já anda pensando na candidatura à reeleição. 
Ele já sabe que Barack Obama, em seu livro de memórias, confessou que abandonou o time de admiradores do colega brasileiro depois de descobertas as bandalheiras em que se envolvera. 
 Falta alguém disposto a contar a Lula que não foi Obama quem o promoveu a O Cara.  
Foi o intérprete que acompanhava o governante brasileiro numa reunião de chefes de Estado.

“I love this guy”, disse Obama a assessores ao topar com Lula. Tradução correta: “Eu gosto desse rapaz”. Para lustrar o ego do chefe monoglota, o intérprete fingiu ignorar que gírias não têm correspondentes em outros idiomas e, resolvido a transformar afago em condecoração, promoveu “this guy” a “O Cara”. 
 O mundo enfim começou a ver a face sombria do rapaz que sumiu com a passagem do tempo. O Cara, esse nunca existiu.

Leia também “Dias de loucura”
 
 
 
 

quinta-feira, 13 de abril de 2023

Lula e o dólar - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

“Toda noite me pergunto por que todos os países estão obrigados a fazer o seu comércio lastreado no dólar. Por que não podemos fazer nosso comércio lastreado na nossa moeda? Por que não temos o compromisso de inovar? Quem é que decidiu que era o dólar a moeda, depois que desapareceu o ouro como paridade”, questionou o presidente Lula na cerimônia de posse de Dilma Rousseff para comandar o Novo Banco de Desenvolvimento, também chamado de Banco dos Brics – sigla formada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Mais tarde, Lula ouviu que o presidente da China Communications Construction Company (CCCC), Wang Tog, estaria disposto a criar mecanismos de troca direta entre o yuan, a moeda chinesa, e o real. 
O acordo seria uma forma de facilitar transações financeiras entre os dois países. No Brasil, a CCCC investe em obras de infraestrutura, como a construção da ponte Salvador-Itaparica. 
Lula foi acompanhado na reunião por ministros, incluindo o da Fazenda, Fernando Haddad, e cinco governadores, entre eles o da Bahia, Jerônimo Rodrigues.
 
Que a China tenta substituir o dólar como moeda básica do comércio mundial não é novidade alguma
Mas agora a ditadura comunista conta com o apoio aberto do Brasil, graças a um presidente alinhado com o comunismo chinês. 
A esquerda radical brasileira sempre alimentou um antiamericanismo patológico e infantil, e nessa Guerra Fria 2.0, nem pisca antes de escolher o lado do regime tirânico oriental.
 
Vamos responder a pergunta feita por Lula: quem escolheu o dólar como moeda internacional depois do ouro? Simples: o mercado, ou seja, os próprios indivíduos livremente. 
Se o trabalhador brasileiro, argentino, venezuelano ou indiano puder escolher se quer seu salário definido em dólares, reais, bolívares ou yuans, ele muito provavelmente escolherá a moeda americana. Se ele tiver algum conhecimento econômico, ele certamente fará isso.
 
Lula sempre coloca a carroça na frente dos bois, confunde causalidade, acha que tudo é uma questão de "vontade política"
É a mesma mentalidade que clama pela redução artificial na taxa de juros. Ele não compreende que tais índices são consequência, são efeitos de medidas econômicas. 
O dólar é considerado mais seguro pois os Estados Unidos, apesar de seu endividamento crescente e preocupante, ainda são o país mais livre e sólido.

O mundo prefere uma moeda que tem lastro numa sociedade próspera, com império das leis, propriedade privada garantida, liberdade. Tais valores já foram mais robustos na América, é verdade, mas não há a menor dúvida de que a China e o Brasil não são substitutos decentes.

Uso meu exemplo para ilustrar isso: no Brasil do arbítrio supremo, minhas contas bancárias foram congeladas do nada
Meus reais ganhos honestamente com meu trabalho estão retidos nos bancos. 
Se eu recebesse tudo nos bancos americanos em dólares, certamente estaria mais tranquilo. 
É por isso, Lula, que o mundo todo prefere dólar a real lulista!

terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Agora, Lula acha que pode salvar o mundo

Lula se voluntaria como construtor da paz global, mas demonstra mais condescendência com a invasora Rússia do que compaixão com a vítima Ucrânia

Lula atravessou as últimas três semanas apresentando um esboço do seu projeto de política externa. Quer ser o construtor da paz entre Rússia e Ucrânia, deixou claro aos jornalistas que acompanhavam a visita do chanceler alemão Olaf Scholz a Brasília, na segunda-feira (30). Scholz preferiu falar sobre a salvação da Amazônia.

Projeta liderar a mediação da guerra com apoio dos governos da Turquia, Índia, Indonésia e África do Sul, e com alguma ajuda da China que, nas palavras dele, precisa “pôr a mão na massa”.

Na lógica do mundo de Lula, o projeto expansionista de Vladimir Putin pode até ser condenável, pelo aspecto da invasão brutal da vizinha Ucrânia. Mas, torna-se palatável, senão justificável, como instrumento de política a partir do momento em que as potências ocidentais colocaram seus “cachorros” da aliança militar Otan para “latir” na fronteira do antigo império russo que Putin tenta restaurar.

Para Lula, a Ucrânia agredida é tão culpada quanto a agressora Rússia, que invadiu o país vizinho. Nas suas palavras, “a Rússia cometeu um erro crasso de invadir o território de outro país. Mas acho que quando um não quer, dois não brigam.” Se tem alguém nesse mundo que não merece ser aplaudido, acha Lula, é o ucraniano Zelensky: “Às vezes, fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Ele é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado.”

“Ele [Zelensky] quis a guerra”, acrescenta. “Se ele [não] quisesse a guerra, ele teria negociado um pouco mais. É assim.”

Exala mais condescendência com a invasora Rússia do que compaixão com a vítima Ucrânia: “Eu fiz uma crítica ao Putin quando estava na Cidade do México [em novembro], dizendo que foi errado invadir. Mas eu acho que ninguém está procurando contribuir para ter paz. As pessoas estão estimulando o ódio contra o Putin. Isso não vai resolver. É preciso estimular um acordo.”

Apesar da evidente perspectiva enviesada, Lula diz que não tem lado, e pretende se apresentar a Joe Biden, em Washington, e a Xi Jinping, em Pequim, como voluntário para tentar salvar o mundo dos riscos de uma guerra nuclear. “A única coisa que eu sei é que se eu puder ajudar, vou ajudar”, disse, complementando: “Mas se for preciso conversar com o [Volodymyr] Zelensky, com o [Vladimir] Putin, eu faço.”

Ele quer ascender como líder global, e, para tanto, adota a tática de clamar num suposto vácuo de liderança política que neutralizou a iniciativa em organismos como a ONU. “Ela [ONU] não representa mais a realidade geopolítica. Queremos que o Conselho de Segurança da ONU tenha força, tenha mais representatividade e que possa falar mais uma linguagem que o mundo está precisando. Quando a ONU estiver forte, a gente vai evitar, certamente, possíveis guerras que acontecem. Porque hoje as guerras acontecem por falta de negociação, por falta de alguém, de um conjunto de países que interfira nisso.”

Lula tem um projeto biográfico para sua estadia no Palácio do Planalto. É legítimo. Agora, só falta combinar tudo o que deseja com os EUA, a União Europeia, a China, a Rússia, a Turquia, a Índia, a Indonésia e a África do Sul, entre outros.

O mundo, certamente, deverá atravessar os próximos quatro anos muito preocupado com a autoestima de Lula da Silva, presidente do Brasil.

José Casado, jornalista - Revista VEJA

 

sábado, 6 de agosto de 2022

“Que los hay, los hay.” - Percival Puggina

 Pois não é que a FIESP resolveu surfar, também, na onda dos manifestos iniciada na USP? Tarefa ingrata, essa de seguir o sulco das incongruências alheias, mas algum redator o fez.

Os uspianos, nos dois primeiros parágrafos de sua “Carta aos brasileiros e brasileiras”, resolveram dar aula de OSPB. A FIESP, nos dois primeiros parágrafos de seu manifesto resolveu juntar alhos com bugalhos e ligou a Semana de Arte Moderna de 1922 com a atual necessidade de encontrar “caminhos que consolidem nossa jornada em direção à vontade de nossa gente”.

Cultura é lindo, mas você entendeu o que uma coisa tem a ver com a outra? Eu não.

Em seguida, diz: Nossa democracia tem dado provas seguidas de robustez. Em menos de quatro décadas, enfrentou crises profundas, tanto econômicas, com períodos de recessão e hiperinflação, quanto políticas, superando essas mazelas pela força de nossas instituições”.

Oi? O conceituado The Economist Democracy Index, nos dados referentes ao ano de 2021, coloca o Brasil em 47º lugar e qualifica essa robustez como “falha” (flawed democracy), com pontuação inferior a países como Botswana, Cabo Verde, Timor Leste, África do Sul. A pontuação desse índice leva em conta o processo eleitoral e o pluralismo, as liberdades civis, o funcionamento da governança, a participação política e a cultura política. E note-se, despioramos: em 2018 ocupávamos o 50º lugar.

Surpreende que a assessoria da FIESP reduza a democracia a mero processo, à sua dimensão instrumental (mesmo esta tão deficiente na concepção), desconhecendo: a) a assiduidade com que a representação popular no Congresso vota em benefício próprio e contra o interesse nacional; b) o quanto essa democracia é surda à voz das ruas; c) o fato de que os cidadãos dessa democracia não se sentem representados por quem os deveria representar; d) que as instituições menos confiáveis do país são o Congresso Nacional e os partidos políticos.

O empresariado da FIESP faz de conta que não vê o deslocamento do eixo político para a cúpula do Poder Judiciário
Sua fala à nação rasga a mais fina seda ao combo STF/TSE desconhecendo aquilo que juristas notáveis, em consonância com dezenas milhões de brasileiros, denunciam como truculência, desrespeito à Constituição, ativismo judicial e protagonismo descabido em questões que não lhe correspondem.
 
É bom lembrar aos esquecidos, aos alienados e aos coniventes, que o ministro Fachin, uma semana antes de tomar posse como presidente do TSE, em entrevista ao Estadão (16/02), afirmou que “a Justiça Eleitoral já pode estar sob ataque de hackers, e não apenas de atividades de criminosos, mas também de países, como a Rússia, que não tem legislação adequada de controle”. 
A fé na invulnerabilidade do sistema eleitoral leva a crer que nossos ministros não acreditam mais em hackers. “Pero que los hay, los hay”. Daí o desejo de que se viabilizem meios visíveis e paralelos de apuração e controle. Simples assim.

A democracia é mais do que ciclos eleitorais periódicos e completos, que estes até Cuba tem. O que falta lá é o que está perdendo respeito também aqui: as liberdades fundamentais de pensamento, opinião e expressão, e um ativado senso moral nos poderes de Estado como indispensável sinal de respeito à soberania popular. Sem isso, qualquer manifesto pela democracia e estado de direito é conversa fiada.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.