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quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Temer fica - golpistas perdem mais uma e Temer, graças a Deus, está recuperado do problema de saúde

Síndrome do pato manco

O presidente Michel Temer, mesmo que se confirme hoje, como tudo indica, a maioria necessária para superar a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República contra ele, não escapará de ser um “pato manco” até o fim de seu governo, o que muito o constrange neste momento em que as forças políticas se mobilizam para sua sucessão.

“Pato manco” (lame duck), é uma expressão usada principalmente na política norte-americana que define o político que continua no cargo, mas por algum motivo não pode disputar a reeleição e perde a expectativa de poder. A expressão nasceu na Bolsa de Valores de Londres, no século XVIII, em referência a investidor que não pagou suas dívidas, e ficava exposto à pressão dos credores. A ave (e o político) com problemas torna-se presa fácil dos predadores. [Temer tem 77 anos e é este o principal motivo para que não queira disputar a reeleição - apesar de sempre existir a possibilidade que  com a recuperação da economia e do pleno emprego, ele mude idéia.
O importante é que hoje a Câmara dos Deputados sepultou de vez a ideia do golpe e os apoiadores do golpe estão procurando abrigo no lixo da história.]

A expressão surgiu de um velho provérbio de caçadores que diz: Never waste powder on a dead duck, isto é, “nunca desperdice pólvora com pato morto”. Temer, a exemplo de Sarney no final de seu governo, não terá mais força política para levar adiante seu projeto econômico, embora vá tentar evitar a síndrome do “pato manco”, justamente para não se tornar um presidente sem influência na sua sucessão.   O governo quer voltar à agenda econômica depois da votação da denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara, mas reformas como a da Previdência, que precisam de um quórum mais alto para serem aprovadas, vai ser muito difícil passar. Talvez o governo consiga aprovar outras medidas que podem ser feitas por projetos de lei, como controle de gastos.

Mas a um ano da eleição – quinta-feira já entramos no ano eleitoral – nenhum político vai querer entrar em algum assunto polêmico, que possa prejudicar uma reeleição. Nada que provoque muita discussão vai passar no Congresso. Antes da crise política que paralisou o governo Temer, com a gravação de sua conversa com o empresário da JBS Joesley Batista, já estava muito difícil aprovar a reforma da Previdência, a joia da coroa da proposta econômica do governo. Agora, provavelmente não haverá mais tempo útil nem meios para negociar o apoio necessário à sua aprovação. É possível que a fixação de uma idade mínima acabe sendo aprovada, pois já existe um consenso na sociedade em torno desse item da reforma. Mas a complexidade da reforma integral da Previdência não tem mais espaço político para uma negociação exitosa.

Além da dificuldade crescente que o governo tem para pagar dívidas contraídas nas duas votações para livrar Temer do processo no Supremo Tribunal Federal, há necessariamente o receio do contágio da impopularidade do presidente na próxima eleição geral de 2018. [com juros baixos, inflação abaixo da meta e pleno emprego, não há impopularidade que resista.
Basta se ouvir as asneiras que muitos deputados - especialmente os da turma do Lula vomitaram hoje quando iam votar na segunda denúncia e mesmo vomitando NÃO, estavam jogando mais uma pá de cal, simbólica, na cova do golpe e dos golpistas.]
Na tramitação inicial do projeto de emenda constitucional havia ainda o argumento político de que a aprovação da reforma alavancaria a economia, fazendo com que a eleição de 2018 fosse disputada em um ambiente econômico mais promissor, ajudando a melhorar a imagem do governo e, consequentemente, a de seus aliados.

Já não há mais tempo útil agora para esse tipo de especulação, e ninguém vai querer arriscar um movimento tão polêmico sem a garantia de que haverá uma reviravolta na economia. O presidente Temer tem toda razão de tentar até o fim, assim como o ex-presidente Lula também insiste em uma candidatura presidencial praticamente inviável.

Mas os dois jogam seus futuros nas eleições. Se Temer ganhar musculatura para se tornar um eleitor de peso da sua própria sucessão, pode ter esperança de apoio do futuro presidente para se salvar do processo a que responderá sem o foro privilegiado. Foi-se o tempo em que era possível cogitar ele próprio como o candidato à reeleição.  Uma anistia direta, ou mesmo indireta, com alguma decisão que atinja todos os ex-presidentes (beneficiando até mesmo Lula) pode ser uma saída. [Lula não pode ser anistiado; tem que morrer encarcerado. E, milhões de brasileiros desejam que a morte do ...... coisa ruim.... só ocorra após ele puxar muitos anos de cadeia.] Assim como Lula vê na presidência a salvação pessoal e de seu projeto político.
Os dois correm o risco de morrer na praia.

Fonte: Merval Pereira

 

domingo, 6 de março de 2016

Dilma, e agora?

O governo Dilma está diante do fim antecipado, independentemente de quanto tempo ela fique no cargo. Um governante se sustenta em apoios, e hoje concretamente ela não os tem. A base política há muito tempo desmoronou, o PMDB tem seu próprio projeto, que só se encontra com o de Dilma quando a mesma ameaça paira sobre ambos. Até o PT se afastou. A presidente não tem, há muito tempo, apoio popular.

Seu governo é altamente impopular. Qualquer pesquisa de opinião mostra que pouco mais de 10% acham seu governo bom ou ótimo e sobe de 60% a 70% os que a rejeitam. A situação econômica torna pouco provável qualquer recuperação dessa popularidade que se esvaiu rapidamente após a reeleição. Seu mago publicitário permanece na prisão, sem poder ensinar para ela qualquer outro dos seus truques, que ademais não estavam mais funcionando.

Sem apoio popular, sem base parlamentar, sem partido que a sustente e diante de uma devastadora crise econômica é a hora de perguntar, como nos versos de Drummond: Dilma, e agora? Há um equívoco sobre a relação causal entre a crise política e a econômica. A economia foi ferida pelos erros na condução da política econômica, ela não foi vitimada pela política e muito menos pela Lava-Jato. A política também entrou em seus próprios descaminhos por outros motivos que não a crise econômica, mas um ambiente de recessão de dimensão histórica, aumento do desemprego, de quebra de empresas, certamente piora qualquer crise política. Se o país estivesse crescendo, ou revertendo situação desfavorável, seria mais fácil para a presidente recuperar um pouco a popularidade e a partir daí se fortalecer para o diálogo político. Tudo está ligado de certa forma, mas sem que um seja a causa do outro. A economia criou a sua crise; a política criou a sua crise. São dois tornados que se encontraram e viraram gêmeos. Agora um agrava o outro.

Nessa complexidade, a Lava-Jato tem efeitos econômicos sim e abala a política. A investigação não é a culpada, porque ela apenas procura saber, e punir, os que cometeram os mais diversos crimes contra a ordem política e econômica do país.  Neste quadro em que tudo se liga, mesmo que tenha origem diversa, produzindo uma crise de dimensões gigantescas, a presidente foi perdendo aos poucos a capacidade de iniciativa política. Ela apenas reage aos eventos. Ela não governa. O ex-presidente Lula disse que não a deixam governar, e assim terceirizou, novamente, a culpa que é do governo.

A situação econômica é lastimável. Empresas estão vendo sumir os consumidores e contratantes, a produção está sendo reduzida, os empregos estão sendo cortados, a renda, caindo, e a arrecadação, diminuindo. O efeito dominó das dores econômicas está se espalhando como foi previsto tantas vezes por tantos. Tudo está dando errado porque o governo errou. A dívida pública aumentou de forma assustadora e não há perspectiva de estabilização e queda. Isso alimenta a incerteza. Quanto mais o governo erra nas decisões que toma — ou adia as medidas necessárias — mais fundo fica o fundo do poço; mais longa será a caminhada até a recuperação.

Diante disso, o governo Dilma esgotou-se muito tempo antes do seu fim. Esta é a armadilha na qual o país está. Uma presidente sem força e sem poder é um lame duck, como se diz em inglês, mas só se pode estar assim quando o governo apenas conta o tempo para passar a faixa. De tudo o que disse Lula na sexta-feira, o mais importante talvez seja que ele quer de novo viajar pelo Brasil. Sonha assim em recriar o ambiente da caravana da cidadania em que viajava atacando o governo de então e prometia que mudaria tudo.

Ele tenta recriar o ambiente de campanha eleitoral no qual se sente imbatível — apesar das várias derrotas eleitorais que amargou — e poderá defender sua tese de autolouvação. “Eu fui o melhor que todos os presidentes, melhor que os cientistas políticos, melhor que os advogados...”, disse Lula. Poderá também defender sua tese distorcida de que a elite não o aceitou, apesar de ele, o PT e o governo estarem em apuros pelas relações promíscuas com empresas e empresários da elite brasileira. Se Lula tiver sucesso nesse ilusionismo populista, no qual, de fato, é bom, ele estará tornando ainda mais pálida a figura da presidente Dilma.

Fonte: Coluna da Míriam Leitão