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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Esquecer jamais

Levou mais de uma década para os cidadãos americanos serem oficialmente informados sobre os crimes cometidos em seu nome depois dos ataques do 11 de Setembro. 

O relatório da Comissão de Inteligência do Senado dos EUA detalha métodos ainda mais cruéis do que as já conhecidas cenas de terror protagonizadas por agentes da CIA nas prisões americanas e nos cárceres secretos de outros 54 países, às vezes mentindo para as complacentes autoridades do governo Bush. No Brasil, foram necessárias quatro décadas até o relatório da Comissão da Verdade dar nome e sobrenome aos responsáveis pela tortura durante a ditadura, também uma história já contada e recontada mas ainda com capacidade de surpreender. Por coincidência, a narrativa da guerra suja nos EUA e no Brasil entra para a história oficial na mesma semana. Não foi fácil lá nem aqui, mas reconhecer os erros do passado é reduzir o risco de ver de novo o mesmo detestável filme.[existe uma diferença fundamental entre o relatório da Comissão de Inteligência do Senado dos EUA e o da tal "Com (omissão) da Verdade" brasileira.
O relatório da Comissão do Senado dos EUA certamente expressa a verdade.
Já o relatório da Comissão Nacional da Verdade brasileira apresenta um festival de conclusões parciais, ajustadas a interesses revanchistas e que se fosse apresentado pela comissão americana implicaria na imediata prisão de seus membros por calúnia, difamação, mau uso do dinheiro público, formação de quadrilha com o objetivo de mentir, etc.]
O relatório americano sobre tortura foi torpedeado — claro — pelos republicanos, pela CIA, pelas inúmeras agências e departamentos de segurança americana. O mais surpreendente foram os muitos impedimentos levantados pelo governo Obama, obrigando a sucessivos adiamentos da publicação deste adendo negro à guerra ao terror, em nome de um suposto equilíbrio entre segurança nacional e liberdades civis. 

A tese de que a verdade poderia botar vidas em perigo ressurgiu. Na tensa espera pela publicação do relatório, o secretario de Estado, John Kerry, alertou para um possível impacto das revelações na política externa do país. “Isto inclui nossos esforços contra o Estado Islâmico”, teria dito o secretário segundo seu porta-voz. Diplomatas e embaixadores pelo mundo estão em estado de alerta, em pânico com a possibilidade de retaliações diante da narrativa do sofrimento imposto pelos agentes americanos a cidadãos do Iraque, Afeganistão, Paquistão e outros países aliados. 

O telefonema de Kerry para a senadora Diane Feinstein, a democrata presidente da Comissão de Inteligência, foi apenas o último ato da prolongada e difícil negociação com o governo Obama sobre os trechos a serem mantidos em sigilo. Ela entregou muitos anéis — das 6 mil páginas, só 524 tornaram-se públicas —, mas era uma corrida contra o tempo: se a comprovação das torturas não fosse divulgada neste momento, a partir de janeiro o documento seria engavetado com a maioria republicana já em ação e, possivelmente, assumindo a Comissão de Inteligência do Senado.

As pressões contra a investigação foram truculentas. Numa ação inimaginável até para roteiristas delirantes, em abril deste ano, os agentes da CIA invadiram os computadores da Comissão do Senado quando suas excelências estavam em visita aos escritórios da agência do serviço secreto. Foi uma escandalosa tentativa de fazer os senadores desistirem de acessar os documentos sobre a tortura em interrogatórios, numa prova de que se consideravam acima da lei.“Não conheço uma única vida salva com o uso da tortura”, disse à CNN um dos advogados de presos de Guantánamo, repetindo com outras palavras a conclusão do documento do Senado, de que a tortura destruiu a imagem dos EUA no mundo e foi completamente ineficaz para levantar informações úteis à proteção dos cidadãos americanos.

A derrubada das torres gêmeas criou um sentimento de solidariedade com os americanos no mundo inteiro. Até Yasser Arafat doou sangue para os nova-iorquinos, lembra Simon Jenkins, colunista do Guardian”. Só que a simpatia transformou-se em perplexidade e, depois, escândalo com as progressivas restrições às liberdades democráticas. A paranoia com a segurança nacional levou a guerras injustificáveis no Iraque e Afeganistão, a defesa transformou-se em beligerância e torturadores foram chamados de patriotas. Tudo estava fora de ordem.

Foi pura trapaça do destino o Senado dos Estados Unidos e a Comissão da Verdade no Brasil acertarem contas com o passado na mesma semana. Amanhã, a Comissão da Verdade vai listar 300 responsáveis pela tortura de presos políticos durante a ditadura. São três volumes com 400 páginas, cheios de histórias de vida e morte de uma geração que lutou pela democracia. 

Cidadãos têm o direito de saber o que foi feito em seu nome, mesmo se às vezes leva tempo. [encerramos repetindo: o relatório apresentado pela "Comissão do Senado dos EAU" expressa a verdade; já o relatório apresentando no Brasil, apresenta versões que interessam a corja revanchista.
Aliás, nos EUA nenhum terrorista, ou mesmo suspeito de terrorismo, participa do governo, já no Brasil os terroristas são governo e tem seus interesses revanchistas plenamente atendidos pela caluniosa "comissão nacional da verdade".
Veja que inauguraram em São Paulo um 'monumento' aos mortos e desaparecidos políticos.
E, para ficar só em dois exemplos, na letra "C" tem o nome de dois porcos: Carlos Lamarca e Carlos Marighella e nada é dito que são assassinos cruéis e covardes e um deles é também traidor e desertor.]

Fonte: O Globo