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domingo, 12 de novembro de 2017

Rixa entre famílias deixa rastro de sangue e mortes no sertão de Alagoas




Desde o início da tarde de quinta-feira (9), os órgãos públicos de Batalha, no sertão alagoano, estão de portas fechadas. A cidade está com ruas quase vazias e ocupadas por mais de 50 policiais. Tudo isso foi causado pela tensão e pelo medo da população após o assassinato do vereador Adelmo Rodrigues de Melo, o Neguinho Boiadeiro (PSD), ocorrido na porta da Câmara Municipal naquele dia.

Entrada de Batalha, em Alagoas; cidade vive disputa sangrenta entre duas famílias
Entrada de Batalha, em Alagoas; cidade vive disputa sangrenta entre duas famílias... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/11/12/rixa-entre-familias-deixa-rastro-de-sangue-e-mortes-no-sertao-de-alagoas.htm?cmpid=copiaecola

Mais do que um tradicional crime de mando em Alagoas, o caso incendiou de vez uma das rixas políticas mais conhecidas do interior do Estado, envolvendo as famílias Dantas e Boiadeiro, e que já teria resultado em pelo menos seis mortes em 18 anos. Hoje, Batalha é comandada por Marina Dantas (PMDB), mulher do ex-prefeito Paulo Dantas e nora do presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Luiz Dantas (PMDB). Já os Boiadeiro têm uma atuação mais tímida na política: além de  de eleger Neguinho em Batalha, o outro político é Zé de Laércio, vereador na cidade de Craíbas. 

O crime da quinta-feira foi praticado por dois homens que usaram pistolas de uso restrito de forças policiais. Eles esperaram o vereador sair do prédio da Câmara e entrar no carro para atirar. Neguinho morreu minutos depois. Os criminosos também acertaram outras duas pessoas que estavam no carro. Elas sobreviveram e não correm mais risco de morte. 



Câmara de Batalha; atentado a tiros matou vereador na porta da Casa legislativa


O clima pesou. Logo ao saber do atentado que vitimou o pai, José Marcio de Melo, conhecido como "Baixinho", pegou uma arma e foi até a casa de José Emílio Dantas supostamente vingar a morte. Emílio estava armado e reagiu. Houve troca de tiros, e Emílio foi atingido no ombro. Como havia gente ferida do "lado rival" nos hospitais de Batalha e de Arapiraca (a 50 km de Batalha), ele foi socorrido de helicóptero e levado até Maceió, onde foi atendido no Hospital Geral do Estado, e passa bem. "Baixinho" foi indiciado na sexta (10) e teve a prisão preventiva decretada, mas ainda é procurado pela polícia. 

O UOL visitou a casa da troca de tiros na sexta-feira e encontrou o local aberto, já que o portão arrombado foi retirado para conserto. As marcas de tiros, de vidros quebrados e de manchas de sangue no chão denunciavam o cenário de batalha que ocorrera ali horas antes. Por conta do clima de tensão, integrantes da família Dantas foram retirados de Batalha pela polícia. Segundo apurou o UOL, eles devem se ausentar da cidade por pelo menos cinco dias. 

Árvore arrancada pelo carro de Neguinho Boiadeiro para tentar fugir dos assassinos

 O corpo de Neguinho Boiadeiro foi trasladado sob escolta policial até Craíbas, cidade próxima a Batalha e onde a família tem uma fazenda. Centenas de pessoas participaram do velório e do enterro, ocorrido na tarde de sexta. Muitos políticos alagoanos também foram ao sepultamento ou visitaram a família.  A viúva, Mércia Boiadeiro, precisou ser amparada por familiares próximos. Muitos carros e militares estavam espalhados por todo o trajeto do cortejo, desde a fazenda até o cemitério.

Quase duas décadas de mortes
Para entender a rixa familiar, é preciso voltar a pelo menos 1999. As primeiras mortes de que se têm notícia foram a do ex-prefeito de Batalha José Miguel Dantas e a de sua mulher, Matilde - eles foram assassinados em uma emboscada em março de 1999. José Miguel era irmão do então presidente da Assembleia, Luis Dantas. O crime foi imputado a Laelson Rodrigues de Melo conhecido como "Laércio Boiadeiro". Ele foi condenado a 35 anos de prisão em júri popular em 2012 pelo duplo homicídio. Laelson é irmão de Neguinho Boiadeiro e nega até hoje ter cometido o crime.

A partir dali, as famílias acirraram uma disputa por poder na cidade. Em 2006, outro crime aconteceu. Samuel Theomar Bezerra Cavalcante e o sargento Edvaldo Joaquim de Matos foram mortos em Batalha. Eles eram, respectivamente, cunhado e segurança de Paulo Dantas --que na época era prefeito da cidade. O autor dos disparos foi José Emanoel Boiadeiro. Emanoel confessou os disparos e alegou legítima defesa. Ele chegou a ser condenado e estava em liberdade condicional quando morreu durante uma operação policial em outubro de 2016, na cidade de Belo Monte, vizinha a Batalha. 

A versão oficial é que ele foi alvejado em uma troca de tiros com a polícia --que também resultou em um policial ferido na mão. Emanoel seria segurança de um candidato a prefeito da cidade de Belém e estaria armado. Um outro homem que estava com ele também foi morto. A família Boiadeiro contesta a história e alega que foi a família Dantas que ordenou a morte de Emanoel por vingança do crime ocorrido uma década antes.

Segundo o comandante do 7º Batalhão da PM, tenente-coronel Genival Bezerra, "desde a morte de Emanoel a polícia havia ficado atenta para possíveis ânimos acirrados pelas famílias em Batalha, mas clima aparentava total tranquilidade. Desde aquele momento ficamos monitorando [a situação], mas os retornos que tivemos eram de que estava tudo calmo, até demais. Aí infelizmente ocorre isso, num lugar de grande movimentação, ao meio-dia", afirmou.




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