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segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Menos, menos!

Deltan pediu para ser ridicularizado, e foi. Lula se acha Jesus Cristo, mas só o inocenta quem o idolatra 

[certo que os procuradores pisaram na bola e forneceram alguma munição para aumentar a duração dos últimos estertores do Lula;
mas, o importante é que são essas acusações, hilárias ou não, que vão levar o Lula para a cadeia. Isto é o que conta. Queremos Lula preso, apodrecendo no xadrez igual está o Zé Dirceu. E o melhor é que junto com Lula, vai a esposa e dois filhos.]

Não tenho provas, mas tenho convicção de que os dois lados o procurador do Ministério Público Federal e da Lava Jato Deltan Dallagnol e o ex-presidente Lula – exageraram tanto em suas retóricas, comparações e adjetivos que acabaram por virar piada. Pior, prejudicaram um processo que se arrasta há mais de dez anos, quando Lula pediu desculpas ao Brasil pelo mensalão, jogou Zé Dirceu às feras e se disse traído pelos companheiros.

O primeiro tiro no pé foi de Dallagnol. Com seu rosto imberbe e óculos de primeiro aluno, tem 36 anos e é procurador da República desde os 22. Fez mestrado em Harvard, é especialista em crimes financeiros. Em seu currículo, constam mais de 200 horas de cursos sobre lavagem de dinheiro, corrupção, evasão de divisas, técnicas de denúncias. Nesse último item, tem muito a aprender. O show de acusações hiperbólicas a Lula, ele ilustrou com um “quebra-cabeça. Um powerpoint tão tosco quanto hilário, com erros de digitação (“proinocracia”), [uma acusação se sustenta pela exposição dos FATOS e não pela grafia de algumas palavras;  uma pessoa é assassinada a tiros de fuZil e o digitador no libelo erra e digita fuSil, não será o simples erro de digitação que absolve o assassino.] palavras hifenadas como expres-sivida-de, enri-queci-mento, corrom-pida, men-salão. Algumas bolas eram incompreensíveis, como “vértice comum” ou “reação de Lula”. No centro, LULA, flechado por todos os lados. Nem na era pré-­digital essa ilustração seria aprovada numa sala de aula. Originou memes de morrer de rir nas redes sociais. O procurador foi ridicularizado. Pediu por isso. Recebeu.

Dallagnol extrapolou do substantivo para o adjetivo. Em arroubos que deveriam ser vetados, chamou Lula de tudo o que pudesse levantar a bola para o ex-presidente. “Grande general no comando da engrenagem.” “O comandante máximo da propinocracia e da corrupção.” “O maestro da orquestra criminosa.” Menos, Dallagnol, menos.

O procurador disse coisas que já sabemos, que o petrolão não se limitava à Petrobras, mas envolvia a Eletrobras, os ministérios do Planejamento e da Saúde e a Caixa Econômica, entre outros órgãos públicos. Com a saída de Dirceu do governo, segundo Dallagnol, a continuidade do mensalão (que virou petrolão) só foi possível porque o ex-ministro não era o líder – e sim alguém acima dele, o então presidente Lula. Essa convicção é provavelmente nacional.

Talvez não seja eu apenas que não aguente mais ouvir falar das reformas no tríplex em Guarujá e no sítio em Atibaia, embora saibamos que é nos detalhes que mora o diabo. Os valores são ínfimos comparados ao que o PT deve ter roubado do país todos esses anos. Quando o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, diz que recorreu à empreiteira OAS para guardar os 14 contêineres com presentes ganhos por Lula no Planalto porque “não tinha outro jeito”, é claro que não passa de história da carochinha.

Mais importante é a gigantesca promiscuidade com empreiteiras, o pacto bilionário que tirou do povo o dinheiro para a educação, saúde, trabalho, saneamento, transporte, que iludiu os mais necessitados, e que deixou tantos esqueletos de obras essenciais paradas pelo país afora. O conjunto da obra, do qual Lula parece mesmo ser o chefe. Só o inocenta quem o idolatra.

Lula é um mito, por suas conquistas pessoais, por superar uma infância de miséria, por liderar greves históricas, [Lula liderava as greves e ao mesmo tempo negociava por baixo da mesa com os patrões ferrando os liderados.] por se tornar o primeiro operário a ser presidente da República e ser reeleito. Sua consagração como líder popular é legítima. Sua retirada de milhões da pobreza e da fome é uma verdade, mesmo de vida curta por erros no comando da economia. Seu carisma é irrefutável. Sua capacidade de fazer alianças espúrias e mesmo assim manter a militância a seu lado é notória. Sua malandragem é conhecida.

Lula também exagera. Ofende a inteligência dos brasileiros ao insistir que nunca soube de nada. Mente sobre um monte de números. Acusa os procuradores de farsa lulocêntrica para levá-lo à cadeia, mas promove uma farsa demagógica. “Só ganha de mim aqui no Brasil Jesus Cristo”, afirmou. Já disse que seu corpo levou “mais chibatadas” do que o corpo crucificado de Jesus. Onde estão os memes de Lula/Jesus na cruz? Menos, Lula, menos.

Sempre chora ao lembrar que não tinha “um bocado de feijão para botar no fogo” na infância ao lado de cinco irmãos, na Vila São José, região carente de São Paulo. Felizmente, dinheiro não o preocupa mais. Ao contrário do uruguaio Mujica, que não enriqueceu nada, o patrimônio de Lula cresceu 360%, em valores nominais, após o fim de seu segundo mandato, em 2010.


Enquanto os procuradores da Lava Jato levarem Lula a se fazer de vítima, ouvirão bravatas assim: “Provem uma corrupção minha que irei a pé ser preso”. E prejudicarão a acusação preparada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Não dá para chamar esses jovens procuradores estudiosos de “força-tarefa”. Falta força (e comedimento) na tarefa.


Fonte: Ruth de Aquino - Época


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